PEQUENOS GRANDES PROBLEMAS

CAPÍTULO 05 – ENCRENCAS, GRANDES E PEQUENAS

Jei chegou na mansão dos Schwartz carregando um triciclo de última geração. Os olhos de Brad brilharam. Schuldig ergueu uma sombrancelha:

Você comprou isso?

Acha? Tem uma casa no caminho em que o moleque nem sabe mais onde larga os brinquedos de tantos que tem. Duvido que se lembre deste aqui.

O alemão teve um vago pensamento que talvez até fosse o favorito do tal pivete mimado e que sim, faria falta. Mas isso não era problema dele e o seu próprio peste teria onde gastar energia agora. Porque Brad se interessa cada vez menos por leitura ou qualquer coisa que mantivesse-o parado e em silêncio. Queria correr, pular, subir em árvores, rolar com Farfarello pelo jardim em brincadeiras que invariavelmente terminavam com o pequeno chorando. E que voltava para continuar brincando tão logo a dor diminuísse. Nagi ficava confuso com isso. Schuldig se preocupava com o futuro de Brad e lia no olhar do telecinético a mesma preocupação. Até onde ia parar a involução de Crawford? Mas as "alquimistas do diabo" pareciam ter evaporado da face da terra.

Enquanto isso, na casa dos gatinhos, Omi estava preocupado porque Aya queria ficar assistindo Brinquedo Assassino com os outros dois.

É praticamente uma comédia, bishounen. Relaxa.

Ele pode ficar impressionado, Yohji-kun.

O máximo que pode acontecer é ele acordar gritando no meio da noite, encharcado de suor e xixi até os olhos. – riu Ken, levando um belo olhar "shine", o qual retribuiu com uma piscada (Estão perdendo a noção de perigo!)

Deixa ele aí, Omiitchi. Duvido que ele resista ao sono até mais que a segunda parte.

O arqueiro deu de ombros e subiu resmungando para o quarto. Aya lutou bravamente, mas foi derrotado pelo sono na metade da terceira parte do filme. Yohji o levou pra cama, mas deixou a porta aberta para que eles o escutassem, se ele realmente tivesse um pesadelo. O ruivo teve um sonho ruim, mas não foi com o Chucky, mas com o Taz, um dos bonecos de pelúcia que compraram pra ele, a boca arreganhada cheia de dentes sempre o assustando quando acordava e descobria que tinham posto o boneco ao seu lado pra dormir com ele. Depois de umas duas vezes que descobriram o bicho jogado longe, resolveram substituir por uma girafa de pelúcia de grandes e doces olhos azuis.

Aya acordou assustado de um sonho em que o Taz o perseguia para morde-lo e se sentou na cama. Seu lado adulto mandava que ele ficasse calmo, que aquilo era impossível de acontecer na vida real, que se ele olhasse, o boneco estaria ali, no chão, junto aos outros. Mas o seu lado criança, que já estava sobressaindo, se recusava a obedecer. Forçando muito, se obrigou a chegar na beirada da cama e olhar por cima. Aya arregalou os olhos violetas: o lugar do Taz estava vazio! Apertou os olhos, sentindo aquela vontade de fazer xixi e medo enorme de se mexer. A parte adulta ainda tentou argumentar: "Não seja besta, Fujimiya. Pensa. Só trocaram o boneco de lugar. O boneco não está vivo, espreitando pra te pegar. Olhe ao redor pra ver onde ele está. OLHE!" Respirando pesadamente, o menino desceu da cama e abriu os olhos, procurando, enquanto ia em direção ao banheiro. Foi quando ouviu um barulho parecido com unhas raspando na parede. Deu um grito, virou e disparou para o corredor, trombando em Ken, que o ergueu:

Ei, ei, calma, sou eu. Que foi? O Chucky veio te pegar?

Eu sabia. – Omi veio ao encontro deles no corredor. – Eu avisei que ele ia ficar impressionado. Vem comigo, Aya-kun.

Mas ele não parece encharcado de suor e xixi até os olhos, Kenken. – brincou Yohji.

Aya mostrou a língua pra ele (?) depois se lembrou:

Alguém viu meu Taz?

Está comigo. – disse Ken – Como você parece não gostar muito dele, levei pro meu quarto. Quer ele de volta?

Aya deu um suspiro aliviado e balançou a cabeça. Yohji tirou-o do colo de Omi (nossa, que passa-passa) e decretou:

Vamos, chibi, dar uma boa mijada, escovar os dentes e cair na cama. Aquele ali – apontou Omi – vai passar a noite no computador e você não vai dormir com o barulho do teclado e o outro vai acordar cedo pra abrir a floricultura. Além do mais, minha cama é maior e mais gostosa.

Aya concordou com tudo, mas se lembrou que esqueceu algo importante no seu quarto. Yohji esperou um pouco pra ter certeza que o corredor estaria vazio e foi lá pegar.

Pronto! Ta aqui a Bombay.

Não chame ela assim. O Omi pode não gostar.

Mas com esses olhões, parece, não parece?

No dia seguinte, Omi tinha novidades.

Li na Internet que a prefeitura vai fazer uma campanha de vacinação extra para crianças abaixo de cinco anos...

Mas no meu cartão de vacinação tem minha data de nascimento... E eu já to protegido contra tudo, minhas vacinas estão em dia...

Só que não queremos encrenca com fiscais enxeridos. O Omi pode providenciar um novo cartão, com seu novo nome Hiro e com data de nascimento trocada, não? Além do mais, há quanto tempo você não vê sua irmã? Podemos ir vacinar no mesmo hospital em que ela está.

Parece uma boa idéia. Vou tomar as providências agora mesmo.

Mas Aya não parecia tão animado na porta do hospital.

Ora, vamos, ruivo. Tem medo de agulhas?

Não sou fã delas, se quer saber. Nunca fui e não gosto de hospitais. Como vamos fazer pra subir no andar da minha irmã?

Calma, cada coisa a seu tempo e... droga!

Que foi?

Schwarz à vista. Com tanto posto de vacinação nessa cidade...

Vieram dar uma furadinha no seu líder também?

Cala a boca, Farfarello. E aí? Descobriram um antídoto?

Se tivéssemos descoberto, acha que ele ainda estaria desse tamanho?

Quais as limitações do seu pivete agora?

Schul...

Que é, Nagi? Por menos que a gente goste deles, temos que trocar informações. O nosso já não consegue mais ler nada complicado que gibi.

"Oh, claro. Trocar informações. Se esses daí descobrissem a cura, aposto que não nos contaria nada. Enfim..." – Aya não consegue fazer mais que as quatro operações matemáticas simples. – colocou o garoto no chão.

Consegue amarrar os cadarços do tênis sozinho? – riu Jei e Brad lhe mostrou o dedo médio.

Ainda consigo. Mas to com dificuldade com muitos botões.

Tem que dormir com alguma luz acesa?

Aya pensou que ultimamente andava dormindo cada vez menos sozinho em sua própria cama e como isso era um costume oriental. Brad talvez não soubesse disso ou talvez dormir com Farfarello não fosse a melhor pedida. Brad interpretou errado o sorriso que este último pensamento causou no ruivo e atacou:

Aposto que faz xixi na cama e fica aí, tirando onda de bonzão.

O mini-espadachim ficou da cor do cabelo e se defendeu:

Não faço não. Não sou eu que tenho medo do escuro...

Ora, seu...

Pra variar, precisaram ser apartados e ficar no colo pra não se pegarem. De repente, apareceu uma enfermeira de máscara, que olhou para os dois meninos. Olhou para uma prancheta e anunciou:

SCHULTZ, BRAD! KUDOU, HIRO!

Schuldig olhou para Yohji e deu uma risadinha. Mas o loiro estava sério. E ficou mais quando a enfermeira se aproximou deles.

Deixe eles comigo, senhores. Eu levo.

Brad até chegou a estender um braço, mas o playboy virou o ruivo.

Não. Meu filho fica muito nervoso ao ver injeção. Longe de mim vai dar trabalho.

O americano até pensou em gozar da cara do ruivinho, mas sentiu os braços do alemão o apertarem um pouco mais.

"Que foi?"

"O loiro ta desconfiado de alguma coisa. Além disso, Schultz e Kudou não estão próximos em ordem alfabética nenhuma. E por ordem de chegada, teria duas ou três crianças entre a gente."

"Scheirents?"

"Pode ser. Farfie, Nagi, fiquem de olho."

A enfermeira fez uma careta por debaixo da máscara, mas não revelou nada na voz. Convidou os dois "pais".

Compreendo. Venham comigo, então.

N/A: Pelo menos pra digitar, Kanon está colaborando. Aos poucos vou pondo tudo em ordem. Aqui eu andei fazendo umas pesquisas importantes sobre a infância no Japão. Recomendo o site Japão on-line. A vacinação é quase como no Brasil, tirando o fato de que a responsável é a Prefeitura de cada cidade ou aldeia. Se ela achar que se deve fazer uma campanha extra por causa de uma endemia ou suspeita de falha dos pais em manter o cartão em ordem, ela tem autonomia pra faze-lo. E quanto à criança pequena dormir junto com adultos, sim, ela pode dormir com a mãe enquanto a presença materna se fizer necessária. Lá pelos dois, três anos, que é a idade dos nossos pequenos aqui, geralmente já há outro irmãozinho pra tomar seu lugar. Mesmo assim, ela pode dormir com algum primo ou irmão mais velho. Em famílias muito grandes há até disputas entre os irmãos do meio pra saberem quem é o favorito do irmão mais velho, que tem a preferência no dormir. Pelo visto, aqui na Koneko, a disputa é ao contrário. Os mais velhos é que querem saber quem é o favorito do caçulinha da casa... No próximo capítulo, as Scheirentes atacam novamente... ou pelo menos tentam... eheheeh See you.