PEQUENOS GRANDES PROBLEMAS
CAPÍTULO 10 – QUEM ESTÁ EM APUROS, AFINAL?
Os Weiss e Nagi alcançaram Farfarello e Schuldig. Logo que ficou sabendo do ocorrido, os olhos do jovem telecinético se estreitaram e ele apontou o dedo para o alemão:
-Conecte o link mental dos garotos AGORA! Veja pra onde elas os estão levando!
"Então é assim que eles sabem de todos os nossos passos. Nunca foi coincidência mesmo..." – pensou Yohji. – Vamos ligar para o Omitchi e saber em que ponto ele está com a pesquisa...
No carro, os garotos ameaçaram abrir o berreiro. Problema logo resolvido por Hell, que abriu um pacote de biscoito recheado e jogou no banco traseiro. Mas foi um paliativo. Na última bolacha, eles começaram a se provocar pra ver quem comeria e Brad levou a pior: o Aya sem a consciência adulta não tinha escrúpulo nenhum. Deu um safanão no pequeno americano e enfiou a bolacha na boca. Schöen começou a se desesperar com o alvoroço no carro, pois os meninos voltaram a brigar, gritar e chorar e Hell aumentava o barulho brigando com eles. Nunca uma viagem de volta pra casa foi tão longa.
Omi tinha encontrado os componentes da fórmula original e já estava correndo para os laboratórios da Kritiker para que os químicos tentassem reverter o processo. Avisou aos companheiros que resgatassem as crianças e corressem para lá.
-Se bem conheço o Brad, elas já estão se arrependendo de tê-lo levado. – Sorriu Schul. – Se pudéssemos esperar, elas ligariam pagando pra irmos buscá-los.
-Talvez. E talvez matariam os dois no exato instante em que começassem a dar trabalho. – respondeu o playboy. – O que te faz pensar que elas querem eles vivos?
Porque vivem perseguindo os dois? Porque não matam logo que encontram? Olhe, vire agora à esquerda.
No esconderijo das Scheirents, Hell carregava um irritado ruivo debaixo do braço enquanto Schöen fazia o mesmo com um não menos irritado moreno. Por absoluta irritação e cansaço, sem pensar duas vezes no que faziam, jogaram os dois no quarto da loira e trancaram a porta.
-Devíamos tê-los matado primeiro. – suspirou Schöen. – Me dá um bom motivo pra não fazer isso agora.
-Cobaias valiosas. – resmungou a outra.
No quarto, Aya e Brad se entreolharam, furiosos, depois foram dar uma olhada no que poderiam mexer para passar o tempo. Brad subiu no banquinho da penteadeira, olhando para todos aqueles vidrinhos variados de perfume. Aya tateou até alcançar o megaestojo de maquiagem de Schöen.
-Queéisso?
-Parece aquarela...
-Vamu pintá a parede?
-É meu! Eu achei primeiro...
-Mas tem bastante aí, deixa vai...
-Vê se não tem mais coisa aí em cima... aqui só tem um pincelzinho...
-Sim, tem. Tem um vidrinho vermelho e outro preto, com pincelzinho dentro.
-Então traz.
Depois de uns quinze minutos, acabou a parede branca perto e eles precisavam se afastar pra continuar pintando (que coisa cute, já pensaram que maravilha estava ficando?) e precisavam levar a 'aquarela' um pra cada lado.
-Eu vi primeiro!
-Mas tem bastante...
-É meu!
-Acha outra pra você!
Aya subiu no banquinho da penteadeira e não achou mais nenhum estojo de pintura. Mas viu os vidrinhos de perfume da loira. Todos tinham pouquinho, então ele achou lógico abrir todos e misturar num vidro maior, assim teria vidrinhos vazios para encher de "tinta".
Quando Schöen e Hell vieram buscá-los meia hora depois, a loira entrou em colapso: suas paredes imaculadas estavam todas cheias de garranchos e desenhos enormes, feitos com suas sombras e blush, pintados com seus pincéis grandes e pequenos, contornados de preto e vermelho de seus frascos de rímel e gloss. Para fechar com chave de ouro, seu quarto cheirava a...
-Meus perfumes importados! O que vocês fizeram com eles?
-Coloquei tudo num vidro só. – informou Aya, orgulhoso do seu feito. – Você desperdiça muito espaço na mesa tendo um pouquinho em cada vidrinho...
Hell rolava de rir no chão. A cara de Schöen era impagável. A líder se controlou o suficiente para tirar os garotos da frente da outra, porque ela ia trucidar um com as unhas. Enquanto eles iam descendo para o laboratório, escutavam a histérica destruindo o quarto. Tot já os esperava no último degrau, pulando e batendo palmas, querendo continuar a brincadeira com os garotinhos, quando um tufão desceu antes, puxando cada garoto por um braço e abrindo a porta, jogou-os na neve lá fora. Chizuru gritou:
-Ficou maluca, garota? Ficamos meses atrás deles, agora que os temos, você quer matá-los?
-QUERO! QUERO QUE SOFRAM! Quer uma amostra de sangue deles, DNA, o que for? Deve ter embaixo da minha unha, mas não me peça pra olhar pra maldita carinha deles novamente...
-Nanami, busque os garotos lá fora, antes que eles peguem uma pneumonia.
Brad pensou em brincar com a neve, mas Aya estava com frio. Ele tinha acabado de sair de um resfriadão... E se encostou na porta, pra se proteger um pouco. Quando Tot abriu a porta, ele ia entrar, mas a voz de Ken o chamou. A menina se assustou e puxou o ruivo pra dentro. Se ele não tivesse ouvido a voz do jogador, ele entraria numa boa. Mas agora ele só queria ir com seu nee-san, que eles iam jogar bola.
Enquanto Schuldig berrava com Farfarello, que ao invés de pegar Brad logo pra irem embora, estava fazendo guerra de bolas de neve com o moleque, Nagi ajudava os dois Weiss a invadir a casa pra resgatar o mini-lider. Lá dentro, o caos. Hell queria estudar as reações adversas do rejuvenescedor, Schöen queria matar Aya e Tot queria brincar com ele. No meio de tanta gritaria, foi uma benção a intervenção do telecinético que prensou todo mundo na parede.
-Chizuru, vamos entrar num acordo. – propôs Yohji. – Nós levamos as pequenas ameaças embora e você joga fora essa fórmula que não funciona. E esquece desse assunto.
-NÃO! Como assim, não funciona? Ela funciona até bem demais. Você viu, o seu ruivo só tomou uma overdose.
-CONCORDE! NEM TODA JUVENTUDE DO MUNDO COMPENSA SOFRER DESSE JEITO! Minhas pinturas... meu perfume importado... – soluçou Karen.
"Schuldig tinha razão. Mais um pouco elas pagavam pra gente vir buscar os dois..." – riu Nagi, em pensamento.
"Mais um pouco, elas matavam Aya!" – corrigiu Yohji, pelo link mental ainda aberto.
-Ken, já apagou tudo?
-Já! Também destruí cada vidrinho suspeito. Err... na verdade, destruí tudo, pra garantir.
-Ótimo! Ladies, foi um prazer revê-las. Até nunca mais... – Yohji curvou-se numa reverência irônica, colocou o ruivo debaixo do braço e saíram.
Lá fora, Schuldig conseguiu capturar o moreno terrível e mantinha Farfie numa gravata por perto.
-Vamos conseguir nosso sossego de volta. Vocês nem imaginam o que esses dois aprontaram aí dentro enquanto a gente não chegava... – E foi contando no caminho de volta as travessuras no quarto, que tinha lido na mente do Brad.
-Não é à toa que a Karen estava histérica.
Omi estava em casa já, com dois frasquinhos na mão. Deu um ao alemão.
-Vai demorar uma semana pra eles voltarem ao normal. Assim, o crescimento do corpo e da mente vai se ajustando. Mas antes... – fechou os dedos no frasco. – feche o link com o Aya-kun. De uma vez por todas!
-Tudo bem. Não me interessa mais mesmo. Daqui pra frente, não vai ter mais graça ficar sabendo o que ele faz ou pensa. Ele é muito certinho...
Depois que eles saíram, Kudou perguntou:
-Você confia nele?
-Nem um pouco. Mas Aya-kun sabe fechar a mente como ninguém, Yohji-kun.
Foi uma semana estranha. A cada dia, o espadachim acordava diferente. As memórias, habilidades, força física e vontade voltavam aos seus níveis normais. Até que ele acordou Fujimiya novamente.
-Eis que nosso intrépido líder volta ao nosso convívio. Bem vindo de volta, Aya!
-Hunf! Acabou o pesadelo. – resmungou o ruivo. – Agora vou juntar as roupas e os brinquedos e doar pras crianças carentes.
-Err... Aya? Posso continuar com o Taz? – Ken ficou rubro, mas tinha que perguntar.
Fujimiya ficou olhando um tempo para o moreno com um olhar indecifrável, depois fechou os olhos e sacudiu a cabeça:
-Eu nunca pensei em tirá-lo de você, Hidaka.
E foi assim que tudo aconteceu e tudo voltou ao normal. Mas ainda bem que nunca conferiram as sacolas de brinquedo que foi para a doação. Senão teriam visto que uma certa girafa de pelúcia nunca chegou a sair do quarto do espadachim. Ficou lá, no seu cantinho do guarda-roupa, bem guardadinha até que alguém que começou a dividir o armário com nosso ruivo, esbarrou com ela. Mas quem era esse alguém e como foi que começou a guardar suas roupas no quarto de Aya... isso já é uma outra história...
N/A: Evil e demais fãs, gomen, gomen, gomen... Mas somente agora eu consegui um final que fizesse um pouco de sentido, ne? Eu até pensei em torturar as crianças, pra ter um pouco de emoção, mas daí eu já estaria exagerando e saindo da tônica da fic... E fic de ação não é minha praia, sinto muito. Sim, eu me copiei e Aya guardou a Bombay assim como Camus guardou o Gegê... mas é tão fofis pensar nesses homens durões e frios se renderem ao encanto de uma recordação gostosa da infância. Ok, esse acabou, até a próxima! 12/2/06
