Capítulo VII

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Ring out the bells again

Like we did when spring began

Wake me up when September ends

Toque os sinos novamente

Como fizemos quando a primavera começou

Me acorde quando setembro acabar

Here comes the rain again

Falling from the stars

Aí vem a chuva novamente

Caindo das estrelas

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Petra estava na cozinha da casa de Gêmeos, lavando a louça do café da tarde enquanto Saga terminava de arrumar a mesa, junto com Kanon. A jovem evitava olhar para os dois, não queria que seu olhar encontrasse o do cavaleiro. E ele parecia perturbado com a presença dela, mal conseguia ajeitar a toalha direito, o que provocava risos debochados no irmão.

Então, de repente, Petra sentiu uma pontada no peito e deixou um prato cair com tudo de sua mão, quebrando-o em vários pedaços sobre o chão. Saga e Kanon pararam na mesma hora o que faziam e correram até ela.

-Aconteceu alguma coisa, senhorita Petra?

-Nada, senhor Saga... Não se preocupe, eu recolho os cacos.

Mas, quando Petra começou a juntar os cacos, sentiu outra pontada e, no susto, acabou se cortando.

-Kanon, vá até meu quarto e traga o kit de primeiros socorros! - o cavaleiro pediu, tão nervoso que nem se tocou da bobagem que falou.

-Para quê, Saga? Use o seu cosmo! - respondeu Kanon, segurando uma risada abafada. Saga fuzilou-o com o olhar, aquilo não era motivo para piadas e sim preocupação.

-Não precisa, foi só um corte superficial.

-Me dê a sua mão.

Saga segurou a mão de Petra entre as suas e elevou seu cosmo, fazendo com que o corte se fechasse instantaneamente. Mas, mesmo com tudo bem, ele não soltou a jovem.

-Er... Eu vou indo... - disse Kanon, que sequer foi ouvido.

Sozinhos, Petra e Saga ficaram um tempo se olhando, quietos, a respiração que se acelerava a cada segundo. Então, tomado pela vontade que há tanto tempo sentia, o cavaleiro segurou o rosto da jovem entre as mãos e a beijou, com tanto ardor que Petra sentiu o chão lhe faltar sob os pés. Puxando-a para cima, Saga a enlaçou pela cintura e começou a deslizar as mãos pelas costas da jovem enquanto sua língua explorava cada canto, cada curva daquela boca tão perfeita e de lábios tão macios.

Correspondendo ao beijo, Petra sentia-se nas nuvens e se entregava de corpo e alma àquele sentimento, mas outra pontada no peito a fez se afastar de Saga. Desta vez, a imagem de seu avô veio à sua mente e a jovem sentiu uma dor ainda maior.

-A senhorita está bem?

-Meu avô... Ele precisa de... De ajuda... Eu preciso ir para casa, agora!

-Eu vou com a senhorita!

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Saindo feita uma louca pelo Santuário, Petra sequer esperou por Saga. O cavaleiro veio logo atrás, meio esbaforido.

-Espere por mim!

-Eu preciso chegar logo em casa, senhor Saga! Meu avô...

-Não se preocupe com isso, senhorita. Já ouviu falar na velocidade dos cavaleiros de ouro?

Segurando Petra pela mão, Saga deu um passo e logo estavam na Vila de Rodorio. E, no fim da rua onde a jovem morava, ambos viram um incêndio consumir uma das casinhas.

-Vovô! - Petra gritou, correndo até a casa, tentando afastar os curiosos - Meu avô, onde ele está?

-Está lá dentro, menina! Nós não conseguimos tirá-lo de lá!

-Vovô! - a jovem gritou novamente, já querendo entrar na casa, mas Saga a impediu.

-A senhorita fique aqui que eu vou entrar...

Elevando seu cosmo para poder se proteger das chamas, o cavaleiro entrou pela casa, e viu que o fogo já havia se espalhado por todo canto. Localizando o quarto, Saga entrou por ele e encontrou o velho homem deitado na cama, desmaiado pelo efeito da fumaça. Pegando-o no colo, saiu do quarto bem a tempo: pouco depois, o teto começou a desabar, assim como as paredes.

-Meu avô!

Petra correu até Saga, queria beijar o avô, ver como ele estava. Mas o cavaleiro a interrompeu, precisavam ser rápidos.

-Ele não está respirando direito, senhorita! Precisamos levá-lo para o hospital.

No Santuário, Atena recebeu o chamado do cosmo do cavaleiro e se apressou a providenciar tudo. Uma ambulância levaria Homero para o hospital da Fundação, o melhor de toda Grécia.

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-E então, Heiner? Como foi?

-Divertido! - o alemão comentou com Edward, entrando pelo templo, já contando vantagens.

-Nem tanto assim, Heiner... O velho foi salvo.

Era Tristão, que vinha dos aposentos de seu mestre e tinha um semblante muito sério.

-O quê?

-Um cavaleiro de Atena entrou na casa e o salvou. Não creio que o velho irá sobreviver, ficou muito tempo exposto ao fogo e à fumaça, mas mesmo assim...

-O que faremos, então?

-Deixem que eu cuido disso...

Ajeitando os longos cabelos loiros, Edward saiu do templo. Tinha um paciente para visitar no hospital da Fundação.

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Ideas that you'll never find

All the inventors could never design

The buildings that you put up

Japan and China all lit up

A sign that I couldn't read

A light that I couldn't see

Some things you have to believe

Others are puzzles, puzzling me

Idéias que você nunca descobrirá

Todos os inventores nunca poderiam criar

Todos os edifícios que você ergueu

Japão e China estavam todos acesos

Um sinal que eu não pude entender

Uma luz que eu não pude ver

Algumas coisas você tem que acreditar

Outras são quebra-cabeças, me confundindo

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Homero foi levado diretamente para a UTI do hospital, tal a gravidade de seu estado. Na sala de espera, Petra estava acompanhada de Saga quando Atena, Seya e Afrodite chegaram.

-Senhorita Petra... - a deusa a chamou, abraçando-a longamente.

-Obrigada por sua ajuda, senhorita Atena... Se não fosse por isso, meu avô estaria...

-Não é preciso me agradecer...

Aproximando-se de ambas, Afrodite entregou uma rosa branca para a jovem. Depois, afastando-se, foi conversar com o cavaleiro de Gêmeos.

-Por que está com essa cara de quem desconfia de alguma coisa, Saga?

-Por nada... - o cavaleiro de Peixes lançou-lhe um olhar de descrédito - Tá, foi o incêndio na casa da Petra... As chamas, elas me chamaram a atenção.

-Como assim?

-Elas não pareciam chamas de verdade, entende? Eu não vi nada naquela casa ou no quarto que pudesse originar um incêndio das proporções que ele tomou.

-Então acha que pode ter sido de propósito, como um atentado?

-Talvez... Mas quais seriam os motivos?

Os dois cavaleiros continuaram conversando, até que um médico entrou pela saleta. Imediatamente, todas as atenções se voltaram para ele.

-E então, como ele está doutor Petraskiz? - perguntou Atena, tomando a frente.

-O estado do senhor Niarkos é delicado, não há previsão de quando poderá sair.

-Doutor... - Petra resolveu falar - Eu posso visitá-lo?

-Eu não aconselho, senhorita, mas... Eu abrirei uma exceção, se a senhorita Kido consentir.

-Eu não vou me opor, doutor Petraskiz.

Pouco depois, Petra estava no quarto, toda paramentada de azul, com máscara, touca, roupão e pantufas médicas. Pelo vidro do quarto, os demais observavam a tudo.

-Vovô...

A jovem aproximou-se do leito e pousou a sua mão sobre a testa do avô. Não conseguiu conter suas lágrimas, principalmente quando o velho homem abriu os olhos, mesmo que por poucos segundos. Segurando a mão dele, Petra ficou ao seu lado, como se isso pudesse fazer com que ele melhorasse.

-Ela está sofrendo demais... - disse Saga para si mesmo, sentindo um aperto no coração.

Cerca de meia hora depois, uma enfermeira apareceu. Petra despediu-se com um beijo do avô e saiu, os olhos tão vermelhos de chorar que pareciam querer saltar das órbitas.

-Ela não está nada bem, melhor sair para tomar um ar. - comentou Seya com Afrodite. O cavaleiro de Peixes, então, abraçou a jovem e a levou para fora do hospital, para o jardim.

Sentaram-se em um banco de pedra e ficaram em silêncio, até a própria jovem quebrá-lo.

-Eu não consigo entender, Afrodite... Por que isso está acontecendo comigo? Meu avô é a minha única família, ele não pode morrer...

-Ele não vai morrer, Petra! Pare de dizer essas coisas!

Voltando a chorar, Petra baixou a cabeça e suas lágrimas caíam sobre a grama do jardim. Afrodite a abraçou novamente e, com isso, ambos nem prestaram atenção à sua volta. Não perceberam um rapaz de cabelos loiros passar por eles e dar a volta pela rua lateral. Ciente de que não era vigiado, saltou para uma das janelas e caiu dentro do quarto de Homero.

-Agora sim o serviço está completo... - disse ele entre dentes, desligando o aparelho de respiração. Saltando para fora, nem chegou a ouvir soar o alarme de que alguma coisa estava errada com o paciente.

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No jardim, depois de muito chorar, Petra levantou a cabeça e se separou do abraço de Afrodite. Enxugando as lágrimas que restavam, a jovem sorriu timidamente para o cavaleiro.

-Obrigada pelo seu apoio, Afrodite, mas preciso voltar. O médico pode me procurar com notícias do meu avô.

-Claro... Eu já irei, quero ficar por aqui mais um pouco.

A jovem agradeceu mais uma vez e se afastou. O cavaleiro, então, conjurou uma rosa vermelha com seu cosmo e estava admirando-a pensativo quando notou algo sobre a grama, bem no lugar onde as lágrimas de Petra tinham caído.

-Não é possível, rosas! Como elas apareceram aqui... A não ser que as minhas suspeitas...

Três rosas, todas vermelhas. O cavaleiro colheu todas e saiu dali, com suas idéias totalmente confusas...

Na saleta de espera, o clima era pesado quando Petra entrou. Notando as expressões pesadas nos rostos dos amigos, a jovem sentiu uma dor no coração. Saga, então, a abraçou com força.

-O que... O que está acontecendo?

-Petra... - ele a chamou somente pelo nome, pela primeira vez - Você precisa ser forte...

-Forte? O que está acontecendo, hein? Atena? Seya? - ela perguntava, sem se soltar de Saga, muito confusa.

-Senhorita, seu avô... Ele...

Mas a deusa não precisou dizer mais uma palavra sequer. Com um grito de desespero, Petra entendeu tudo. Queria sair correndo dali, ir até o avô e vê-lo, não podia ser verdade. O velho Homero Niarkos não podia estar morto!

-Não pode ser... Ele não pode...

-Petra...

Apertando o corpo agora frágil de Petra contra o seu, Saga tentava confortá-la. Porém, ele próprio estava chorando, silenciosamente...

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-Agora nosso mestre pode ficar sossegado... O velho já era!

-Muito bem, Edward... E a encomenda saiu melhor do que o esperado! - comentou Tristão, atiçando a curiosidade dos amigos.

-Melhor?

-Exatamente... O cosmo dela se manifestou com mais força desta vez. É uma questão de pouco tempo até estar pronta... E nosso homem de ação já está a postos, apenas esperando o momento certo de agir.

-Eu não poderia ajudá-lo, não?

-Edward, você se superou! Uma frase inteira nesse tom meloso! Coitado dele quando se encontrarem...

A resposta do inglês para o comentário infame de Heiner foi a jato. Elevando um pouco de seu cosmo, o rapaz mirou o traseiro do alemão e...

-Ai! Meu, vai queimar a bunda da sua mã...

-Não coloque a senhora Madeleine Evans no meio da história, não!

Bufando, Heiner esfregava a área atingida. E dolorida.

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Ai, eu tô amando escrever essa fic. E o próximo capítulo vai refletir bem isso... Beijos a todos que estão acompanhando e me incentivando a continuar com essa loucura! E muito obrigada pelos reviews carinhosos, vocês não tem noção de como eu estava hesitando em publicar minhas fics, mas isso passou...

Bem, eu aproveito este capítulo para fazer uma pequena "pesquisa de mercado": eu tenho duas fics já rascunhadas e em andamento e gostaria de uma opinião de vocês, agora que a do Sorento chegou ao fim. Qual gostariam de acompanhar primeiro, um romance com os guerreiros deuses protagonistas da fic ou outra, em universo alternativo e histórico, também um romance (só que mais dramático e com os cavaleiros de bronze)? Mandem suas opiniões pelos reviews ou nas mensagens se preferirem, beleza? Beijos!