Capítulo IX

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Drenched in my pain again

Becoming who we are

Embebida na minha dor de novo

Tornando-se quem nós somos

As my memory rests

But never forgets what I lost

Wake me up when september ends

Como minhas lembranças descansam

Sem nunca esquecer o que perdi

Me acorde quando setembro acabar

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Agora tudo estava bem claro para o cavaleiro de Gêmeos. Não se lembrava de nada do que tinha acontecido durante a noite porque não era somente Petra que tinha manifestado o cosmo de Afrodite. Ele havia sido dominado novamente por Ares, estava na cara. Como cavaleiro, conhecia as histórias da mitologia, inclusive a dos dois deuses.

Ares e Afrodite eram amantes e continuaram a ser mesmo depois de a deusa se casar com Hefesto, que, para reverter a humilhação de ser trocado pelo deus da guerra, havia prendido os dois amantes em uma rede e exposto a vergonha de ambos para todo o Olimpo. O fato tinha sido o motivo de Afrodite refugiar-se na Terra. E Ares provavelmente havia deixado o monte divino para procurar por seu amor, a sua deusa. E acabou encontrando o corpo de um fraco para dominar.

Saga não sabia bem o que fazer ou pensar. Era preciso ir atrás de Petra, tirá-la das mãos de Hefesto antes que fosse tarde demais. Mas tinha medo.

-O medo não é algo para se envergonhar, ao contrário: você não seria humano se não o sentisse. O que não pode é deixar que esse sentimento o domine.

Era Kanon quem lhe dizia essas palavras, vendo o irmão hesitar diante de sua armadura. Ambos estavam na casa de Gêmeos, junto com Shura (já trajando a sua armadura) e Afrodite.

-Se isso te ajudar, eu confesso que morri de medo que Poseidon descobrisse meus planos, mas segui em frente mesmo assim. Era tudo ou nada, não podia deixar de arriscar. E saiba que não me arrependo.

-Então mentiu para Atena?

-Ow, espanhol! Cê entendeu tudo do jeito torto... Eu não me arrependo de ter arriscado, mané!

Enquanto os dois discutiam, Saga permanecia imóvel diante da urna de sua armadura. "Eu preciso lutar e salvar Petra, mas como farei para que ele não volte a me dominar?".

-Ele não vai te dominar por completo, Saga... - Afrodite parou ao lado do cavaleiro - Você estava normal quando acordou pela manhã, não?

O cavaleiro de Peixes tinha razão. E tinha mais! Ele, que não se julgava no direito de amar, tinha encontrado alguém que o fizera rever esse conceito e que o amava também, os beijos que trocaram haviam lhe dito isso claramente. Não a deixaria sozinha quando ela mais precisava de sua ajuda. Sentindo a determinação de seu dono, a armadura de Gêmeos saltou da urna e cobriu todo o corpo de Saga. Ele estava pronto para tudo agora.

-Andem, seus molengas! Não podemos perder tempo!

-Assim que se fala! Esse é meu irmão! - comemorou Kanon, o primeiro a se pôr a caminho pra fora do Santuário. Os outros três entreolharam-se.

-Que foi? Estão aí parados por que, desistiram?

-Você vai também?

-Claro! Acham que vou perder essa?

-Mas... Mas você não tem armadura!

-E daí? Eu tenho meu cosmo e garanto que não perde em nada para o de vocês! Vamos nessa, rápido... Eu quero voltar a tempo para o almoço, quem sabe a minha cunhadinha faz strogonoff de novo!

Correndo pelas escadarias, os quatro partiram do Santuário. E Saga resolveu deixar para depois a lição que daria no irmão pelo comentário infame.

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No templo, tudo estava quase pronto para o ritual que Hefesto realizaria. Como Afrodite não possuía um corpo físico próprio, pois sua intenção não era viver sobre a Terra, era preciso que Petra morresse para que seu cosmo se libertasse. Porém, para evitar que pudesse fugir novamente, seria preciso trancá-lo em uma ânfora e havia um determinado momento para isso, quando o sol estivesse exatamente no meio do céu, banhando o templo com sua luz. Esperando por estas condições, um punhal de ouro e pedras preciosas repousava ao lado do corpo da jovem.

Elevando seu cosmo, o deus do fogo fez com que o rio de lava em volta da colina se tornasse mais quente e perigoso, evitando que qualquer alma viva se aproximasse. Mas, com isso, acabou denunciando a localização de seu esconderijo.

"Na colina... Ele está na colina, cavaleiro...", Saga ouvia a voz interior lhe dizer. Percebeu que Ares estava despertando novamente, aos poucos. Talvez tivesse sentido que sua deusa estava em perigo.

-A colina! Hefesto está lá, eu posso sentir seu cosmo!

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-Mestre! - Tristão entrou pelo salão, atrapalhando os momentos de adoração de Hefesto pela beleza de Afrodite refletida em Petra.

-O que foi, Tristão? Espero que seja algo importante, ou se arrependerá por me interromper dessa maneira!

-São os cavaleiros de Atena, senhor! Três deles estão vindo para cá, acompanhados de um outro homem que ainda não identificamos!

-Mande os outros para detê-los! Ninguém pode chegar até aqui, não antes que o ritual esteja completo!

-Sim, mestre!

Tristão saiu do salão depressa e foi até os amigos, reunidos à beira do abismo. Todos se viraram e viram um brilho de contida alegria nos olhos do rapaz de cabelos azuis.

-Novidades, Tristão?

-Sim, e você vai adorar, Heiner... Os cavaleiros de Atena estão vindo para cá... É hora de agir, rapazes! Matem todos!

-Uau, até que enfim eu vou poder lutar de verdade!

Ajeitando seus elmos, os três desceram pela colina. E Tristão se colocou em posição de defesa, tanto do templo quanto de seu mestre.

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All that noise and all that sound

All those places I got found

And birds go flying at the speed of sound

To show you how it all began

Birds came flying from the underground

If you could see it, then you'd understand

Ah when you see it, then you'll understand

E todo aquele barulho e todo aquele som

Todos aqueles lugares que eu encontrei

E os pássaros vão voando na velocidade do som

Para mostrar-lhe como isso tudo começou

Os pássaros vieram voando do subsolo

Se você pudesse ver, então você entenderia

Ah, quando você vir, você entenderá

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Conforme os cavaleiros avançavam pelo caminho, a temperatura ia subindo cada vez mais, a ponto de começarem a suar em bicas e a visão embaçar. E Kanon, coitado, era o que mais sofria, sem a proteção de uma armadura. Mas não deixaria o irmão e os amigos lutarem sozinhos.

-O que é aquilo?- perguntou Afrodite, apontando para a vala em torno da colina, quando chegaram aos pés dela. Saga, que ia à frente, viu o rio de lava borbulhante.

-Hunf, esse Hefesto não sabe com quem está lidando... Acha que um riozinho desses pode me deter?

-O rio pode até ser que não, mas nós... – disse uma voz masculina, surgindo em meio á fumaça que subia do rio. Os cavaleiros colocaram-se em posição de ataque e viram os três guerreiros de Hefesto à sua frente.

-Adrian!- reconheceu Shura e o rapaz o olhou com desdém.

-Tenham certeza de que daqui não passarão, cavaleiros de ouro! - desafiou Edward, ao lado do espanhol.

-Ora essa! – Afrodite irritou-se todo – Você pode até ser bonito, mas é muito pretensioso! Saga... – o cavaleiro de Peixes se virou para ele – Você continue em frente que nós cuidamos destes caras...

-Como quiserem...

Calmamente, Saga deu as costas para os amigos e saltou para o alto, livrando-se do rio de lava com facilidade. Heiner, irritado, quis seguí-lo, mas...

-O que é isso? Rosas?

Tanto o alemão quanto os outros dois estavam envoltos por uma nuvem de rosas vermelhas, que os mantinha paralisados no lugar.

-Estas são minhas Rosas Diabólicas Reais, meus caros... Elas possuem um veneno capaz de extrair os cinco sentidos de meu oponente e até mesmo de paralisá-lo... Mas, agora que Saga está fora do alcance de vocês, acho que podemos lutar...

Calmamente, Afrodite dissipou as rosas e conjurou uma belíssima rosa negra, que ficou admirando. Shura riu e Kanon balançou a cabeça, só podia ser mesmo o cavaleiro de Peixes para ficar pajeando uma flor em um momento tão crítico. A atitude dos três cavaleiros acabou irritando de uma vez os homens de Hefesto.

-Seus idiotas! Estão tão confiantes assim na vitória que nem ligam para o que podemos fazer?

-Quer saber? Você está me irritando, gritando desse jeito!- devolveu Kanon também no grito, chamando Heiner para a briga. Shura encarou Adrian, que lhe sorriu de um jeito meio torto e muito convencido.

-Eu te dei casa, comida e roupa lavada e é assim que me retribui, espanhol?

-A comida eu que cozinhava e a roupa eu que lavava, seu imbecil! E ter de te aturar me enchendo o saco toda hora com bobagens foi a gota d'água, tá sabendo?

-Vai engolir cada palavra, seu maldito!

-Ei! Não fale assim com ele! –ralhou Edward, no que Afrodite deu risadas.

-Eu bem que desconfiei da pose toda de macho do Adrian...

-Desconfiou, é... Hum, eu tô sabendo que você é a bicha que andou arrastando a asa para ele, seu... Seu...

-Ei, eu posso até aturar os cavaleiros se referindo a mim com esse tom sublinhado, mas um loiro de farmácia já é demais! Prepare-se para morrer, seu aguado!

Os cosmos se acenderam de todos os lados. A batalha estava apenas começando...

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-Bem que podia ter uma maneira mais fácil de chegar ao topo... – comentou Saga consigo mesmo, praguejando contra a colina. Ter de escalar era o cúmulo, ainda mais naquele calor todo.

Parando um pouco para respirar, o cavaleiro olhou para baixo. Não conseguia ver os amigos por causa da fumaça, mas sabia que não precisava se preocupar, os homens de Hefesto estavam liquidados. Tinha de se concentrar em chegar ao topo da colina e salvar Petra, antes que algum mal acontecesse a ela.

A lembrança da jovem e seu sorriso deu novas forças ao cavaleiro, que concentrou seu cosmo e escalou o restante da colina praticamente na velocidade da luz. E, quando chegou ao topo, foi recebido por uma rajada de fogo da qual se desviou no último segundo.

-Você é rápido, cavaleiro de Atena... Mas não creio que poderá me vencer e entrar no templo de meu mestre... - disse Tristão, surgindo em meio à fumaça que cobria toda a colina. Saga desdenhou da pose do guerreiro.

-Se for como os outros, estará morto em dois tempos...

-Bem, você vai descobrir por si mesmo se sou como os outros ou não...

Tristão arrancou a capa que usava e encarou Saga. O cavaleiro de Gêmeos não se intimidou e, tomando posição, elevou seu cosmo. A briga prometia ser muito boa.

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Na base da colina, as coisas entre Kanon e Heiner estavam realmente pegando fogo, os dois se pegavam, atacavam e desviavam de golpes e socos com extrema agilidade; Adrian atacava Shura com seus golpes de lava, mas o cavaleiro se desviava e estudava todos os movimentos do oponente, só esperando o momento certo para atacar. Já Afrodite e Edward...

O cavaleiro de Peixes continuava com a sua rosa negra nas mãos, encarando o inglês. Impaciente, Edward não esperou mais.

-Essa sua pose de indiferente me irrita mais do qualquer coisa, sua bicha sem classe! Morra!

O rapaz lançou suas chamas contra Afrodite e tudo em volta de ambos começou a pegar fogo, criando uma nuvem negra de fumaça. Edward dava risadas, achando que tinha liquidado com o cavaleiro.

-Churrasquinho de rosas... Mas o que é isso? As rosas vermelhas de novo?

As Rosas Diabólicas de Afrodite envolviam o inglês, criando uma outra nuvem que se sobrepunha à fumaça. Do meio delas, a voz do cavaleiro foi ouvida.

-As minhas rosas não são somente golpes, elas também me protegem do ataque inimigo... Agora, é você quem não escapa!

Do meio da nuvem de rosas, Afrodite surgiu, a rosa negra pulsava em suas mãos. Lançando um último olhar para o inglês, o cavaleiro de Peixes o atacou com seu golpe.

-Rosas Piranhas!

As rosas negras do cavaleiro envolveram Edward, dançando em volta de seu corpo, rasgando sua armadura como se ela fosse feita de papel, deixando-o horrorizado com o poder que possuíam.

-Você até que é bonitinho, mas enche demais a paciência... A minha Rosa Sangrenta vai dar um jeito nisso...

Quando o inglês se deu conta do que estava acontecendo, a rosa branca já estava fincada em seu peito e absorvia seu sangue, tingindo-se de vermelho. Edward tombou de cara no chão, morto.

-Fácil, fácil... – comentou Peixes, conjurando uma rosa vermelha e esperando o resultado das outras duas lutas.

-Edward! - gritou Adrian, ao ver o rapaz cair no chão, vencido. Burro, não tinha nada que se descuidar e acabou tomando um chute de Shura que o fez sair voando e bater contra uma pedra enorme, rolando pela grama.

-Está triste por que seu parzinho foi para o espaço? Não se preocupe, eu te mando rapidinho para junto dele... Excalibur!

A espada afiada do braço direito de Shura avançou sobre o rapaz, cortando sua armadura ao meio. Quando Adrian se tocou do que acontecia, tarde demais: a mesma navalha rasgou seu peito e ele já era.

-E aqueles dois? Será que vão demorar muito?

-Deixa ver... – Shura observou a expressão de Kanon – No máximo, mais cinco minutos.

-Ah, então podemos esper...

-Triângulo Dourado! - gritou Kanon e o corpo de Heiner foi mandado para outra dimensão, infinitamente maior que a do golpe de Saga.

-Esperar? O cara já era...

Ajeitando os cabelos que lhe caíram sobre a cara, o irmão do cavaleiro de Gêmeos se juntou aos outros dois.

-E Saga, será que já conseguiu chegar até Hefesto?

-Não sei, eu não sinto o cosmo do meu irmão... Vamos subir!

Porém, quando iam saltar o rio de lava, por um acaso do destino somente Kanon conseguiu, os outros dois ficaram a ver navios. Era como se uma força os impedisse de continuar. Sem entender nada, Shura e Afrodite ficaram na base da colina, enquanto Kanon escalava o paredão de pedra.

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Podem reclamar, eu deixo... Cara, eu sou péssima para descrever cenas de batalha, né não? Se bem que essa é a primeira fic de uma série que estou planejando, então posso melhorar (se bem que, como diz meu pai, macaco véio não aprende truque novo).

Ah, como a pesquisa de mercado foi quase um empate técnico, eu comecei a postar a fic dos guerreiros deuses ( ela se chama Inocência), que está mais adiantada em relação a outra, dos cavaleiros de bronze. Esta eu logo vou começar a publicar também, é só esperar um pouquinho porque a danada tá me dando um certo trabalho, eu inventei um negócio que agora tá quase me tirando sono, mas vai dar certo (fãs do Ikki e do Hyoga, essa será para vocês...).