Capítulo XI
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Summer has come and passed
The innocent can never last
Wake me up when September ends
O verão veio e se foi
O inocente nunca sobrevive
Me acorde quando setembro acabar
Like my father's come to pass
Twenty years has gone so fast
Wake me up when September ends
Como meu pai que veio para ir embora
Vinte anos passaram tão rápido
Me acorde quando setembro acabar
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Mal entrou no templo e a primeira imagem que Ares viu foi Petra deitada sobre a mesa de pedra, a pele pálida e fria, os lábios arroxeados por causa do veneno que lentamente tomava conta de seu sangue, mantendo-a adormecida. Com passos vigorosos, ele tentou se aproximar para tirá-la dali, mas uma labareda enorme se conjurou à sua frente, impedindo-o de continuar.
-Acha mesmo que será tão fácil assim, Ares? – perguntou-lhe Hefesto, surgindo em meio às colunas do salão, seu olhar cheio de ódio encarando o adversário, o andar manco por conta da perna defeituosa.
-Hefesto... Ora, não pensou que me contentaria em tirar Afrodite daqui sem antes te dar uma lição, não é?
-Uma lição? Olhe para você, Ares... Não vai conseguir me deter usando este corpo cheio de cicatrizes e cansado de batalhas... Posso ser velho, mas meu cosmo se manifesta em meu verdadeiro corpo, não em um invólucro emprestado!
-Ah, deixe de bobagens, seu velho manco! Quero ver se é mesmo capaz de me derrotar e impedir que salve a minha deusa!
Ao ouvir Ares se referir à Afrodite como sendo dele, Hefesto enfureceu-se e elevou seu cosmo, formando uma barreira circular de fogo em volta de ambos, chamas que oscilavam e se precipitavam para cima do deus da guerra.
-Morra!
Hefesto lançou um turbilhão de chamas contra Ares, que se desviou de todas com um salto e foi cair atrás de seu adversário. Hefesto virou-se para atacar novamente, mas sua perna repuxou e ele não conteve a expressão de dor. Ares dava gargalhadas.
-Como Afrodite pode ser sua deusa se mal consegue se manter de pé! Uma mulher tão bela merece alguém melhor do que você!
-Cale-se! –Hefesto atacou novamente e Ares desviou-se para a direita, mas sem ultrapassar a barreira de fogo.
-Ela merece um homem como eu, alguém capaz de satisfazer todos os seus desejos e fantasias e não um velho ridículo, coxo e horrível como você!
-Idiota!
Desta vez Ares barrou o ataque de Hefesto e o devolveu contra o deus que, por pouco, conseguiu desviar-se.
-Desista, velho! Sabe muito bem que jamais conseguirá me vencer!
-Isso é o que veremos, Ares!
Intensificando os cosmos, os dois deuses se encararam. A força que se erguia naquele embate era tanta que afastou as chamas e acabou envolvendo todo o templo, espalhando-se pela colina. Caído no chão fora do templo, Kanon sentiu a força dos deuses, mas com o corpo todo dolorido pelo golpe de Ares, sequer se mexeu. "Quando esses cosmos se chocarem, não vai sobrar nada deste templo em pé...".
-Está sentindo isso? – perguntou Shura, abismado com o poder que vinha do topo.
-São dois cosmo poderosos prestes a se chocar... Vai voar pedra para todo lado quando isso acontecer...
Estarrecidos com toda a força que sentiam, os dois cavaleiros demoraram a perceber que mais dois cosmos tentavam se sobrepor àqueles já sentidos. Um, transbordava de amor e sensualidade. O outro, vinha pela floresta e emanava o calor dos justos.
-Parece que as mulheres também querem entrar na batalha... - comentou Afrodite, suando não por conta do calor e sim de preocupação.
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All those signs I knew what they meant
Some things you can't invent
Some get made and some get sent
And birds go flying at the speed of sound
To show you how it all began
Birds came flying from the underground
If you could see it, then you'd understand
Ah when you see it, then you'll understand
Todos aqueles sinais, eu sabia o que eles significavam
Algumas coisas você não pode inventar
Algumas são feitas e algumas são transmitidas
E os pássaros vão voando na velocidade do som
Para mostrar-lhe como isso tudo começou
Os pássaros vieram voando do subsolo
Se você pudesse ver, então você entenderia
Ah, quando você vir, você entenderá
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A força que emanava dos cosmos de Hefesto e Ares estava no limite do poder, se equivaliam em tudo. Cientes disso, os dois deuses se encaravam, esperando uma hesitação, um momento de distração que pudesse se converter em uma vantagem.
-Não vai atacar, velho coxo?
-Por que somente eu, seu idiota?
Tão atentos às provocações, não perceberam que, sobre a mesa de pedra, o corpo de Petra reagia à manifestação da força de ambos. Lentamente, uma nuvem rosada se formava sobre a jovem, dançando pelo ar, dirigindo-se aos dois deuses.
-O que é isso? Não pode ser, é o cosmo de Afrodite...
Perplexo, Hefesto viu a nuvem envolver Ares e o cosmo do deus se tornou mais poderoso. Estava bem claro que a deusa do amor não era carta fora do baralho e de que lado ela ficaria.
-Está vendo, Hefesto... Afrodite nunca será sua, não pode mandar no coração e na vontade dela!
-Mandarei vocês dois para o Tártaro!
Ao mesmo tempo, os deuses elevaram o que ainda restava de seus cosmos e atacaram. A explosão foi tamanha que seu estrondo fez tremer até mesmo as doze casas no Santuário, cavaleiros e serviçais se assustaram, Shura e Afrodite quase caíram em um buraco que se abriu no chão, na base da colina, Kanon por pouco não saiu rolando colina abaixo. O templo foi ao chão, o que sobrou das ruínas era agora pó e destruição.
Do meio das pedras, Ares se ergueu, arfando. Diante dele, o corpo de Hefesto largado no chão.
-Você jamais poderia me vencer, Hefesto...
Saltando entre as pedras e a poeira, Ares aproximou-se da mesa, ainda intacta apesar da explosão. Não conteve a vontade de acariciar o belo rosto mortal de sua deusa, sentindo o cosmo que estava aprisionado naquele corpo tão frágil.
-Eu vou libertá-la e finalmente poderemos ficar juntos, meu amor... – disse Ares, pegando o punhal e preparando-se para o ritual.
Porém, quando elevou seus braços acima de sua cabeça para enterrar o punhal no coração de Petra, Ares sentiu uma dor aguda no abdômen. Baixando os braços, ele viu que havia uma marca negra na armadura de ouro, que não tinha resistido ao poder de um deus. Suas pernas fraquejaram, ele precisou se apoiar na mesa para não cair, a visão começou a embaçar. Então ele ouviu a voz de Hefesto, o deus do fogo ainda não estava morto, embora agonizasse.
-Eu disse que mandaria vocês dois para o Tártaro, mas fiz melhor... Esse corpo humano que tomou para si foi atingido por meu golpe e logo o cavaleiro irá morrer e seu cosmo ficará selado dentro dele para todo o sempre... A jovem que hospeda Afrodite também não tem chances de sobreviver... Você e a vadia nunca ficarão juntos!
Em meio a uma risada rouca, o corpo de Hefesto desapareceu. Ares caiu no chão, de joelhos diante do corpo de Petra, que mal respirava. Ele próprio sentia o ar lhe faltar nos pulmões.
-Maldição... Não pode ser, Afrodite... Nós ainda temos tanto para viver...
Sentindo a visão faltar, o ar cada vez mais rarefeito, Ares ainda tentava se erguer para ver o rosto de sua amada, mas não conseguiu. Ficou caído no chão, esperando a morte levar o corpo de Saga. Mas...
-Você e Afrodite talvez não tenham mais nada a viver, Ares, mas não posso permitir que Saga e Petra tenham o mesmo fim...
Erguendo seus olhos, o deus da guerra viu Atena à sua frente, segurando o báculo de Nike na mão direita e inundando o ambiente com seu cosmo.
-Atena... Parece que nos encontramos novamente...
-Sim, mas não da maneira que gostaria, Ares... E já está na hora de dizermos adeus um ao outro. – disse Atena, afastando-se alguns passos e apontando seu báculo na direção do deus e de Petra.
- O que pretende, Atena?
-Como disse, não posso permitir que Saga e Petra tenham o mesmo destino que você e Afrodite... São tão jovens, ainda têm uma vida pela frente e merecem viver o amor que sentem um pelo outro... E quanto a vocês... – Atena continuou, referindo-se ao deus e à Afrodite – Seus cosmos permanecerão selados e nunca mais se manifestarão sobre a vida deles...
O cosmo de Atena se precipitou sobre Ares e o corpo de Petra, envolvendo-os em sua luz dourada. O deus fechou os olhos e sentiu o corpo de Saga ficar quente, a área atingida pelo golpe de Hefesto voltar ao normal. Conforme o cosmo de Atena agia naquele corpo, Ares foi ficando cada vez mais fraco, perdendo a visão, quase já não ouvia o que acontecia ao seu redor. "Nós voltaremos a nos encontrar, Afrodite... Eu juro, meu amor...", ele pensou, lançando um último olhar para o corpo de Petra, antes de tudo ficar escuro.
O silêncio que imperava no templo foi quebrado por um longo suspiro. Lentamente, Petra abriu os olhos, percorrendo toda a extensão que sua vista alcançava. Que lugar era aquele?
-Onde estou? Atena? E que vestido é esse? – a jovem fazia tantas perguntas ao mesmo tempo, sem entender nada. A deusa não respondeu nenhuma, apenas apontou para o outro lado. Petra virou-se e viu Saga levantando-se, ao lado da mesa. O cavaleiro usava sua armadura e sorria. Estava tudo acabado...
-Saga! O que aconteceu?
-Isso não importa agora...
Abraçando a jovem, Saga a beijou com força. Tinha Petra de volta, em seus braços. Isso era o mais importante e não deixaria que mais nada nem ninguém atrapalhasse o amor que sentiam, selado com um beijo ardente.
-Aê, eu vou poder comer strogonoff no almoço! – exclamou Kanon, entrando pelo templo, interrompendo o beijo entre Saga e Petra. A jovem riu, Atena também e o cavaleiro precisou se conter para não usar a Explosão Galáctica novamente.
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Wake me up when September ends
Wake me up when September ends
Me acorde quando setembro acabar
Me acorde quando setembro acabar
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Seis anos depois...
-Papai! Conta uma história pra gente!
-É, uma história bem legal! Conta vai!
As crianças, já prontas para dormir, pediam insistentemente, não queriam deixar o pai ir embora antes de contar uma história, gostavam tanto quando ele fazia isso.
-Tudo bem, o papai vai contar uma história para vocês... – ele disse, fazendo festinha nos cabelos castanhos do menino, enquanto a menina o encarava com seus olhinhos azuis e muito curiosos. Sentando-se em uma poltrona que ficava entre as duas camas, ele contou a história do amor de Ares e Afrodite e as crianças acompanhavam com interesse.
Depois de quase uma hora, os dois anjinhos dormiam profundamente. Fechando com cuidado a porta do quarto, o pai virou-se para sair e voltar ao seu quando deu de cara com alguém no corredor.
-Eu ainda não entendo por que você conta histórias de outros deuses para eles e não de Atena, Saga!
-Eu não tenho culpa se o Homero e a Helena gostam, Petra...
Sorrindo, Petra chamou o cavaleiro para junto de si. Saga a beijou com paixão e a enlaçou pela cintura, entrando pelo quarto do casal. E, em algum lugar da Terra ou dentro de suas almas, outro casal aguardava o seu momento de ser feliz. Afinal, apesar de tudo, um amor que superou até mesmo os desmandos de Zeus e um deus louco de ciúmes merecia uma outra chance...
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Aleluia, cheguei ao fim! Isso é um milagre, uma prova de que eu definitivamente superei minhas próprias expectativas! Espero que todos tenham gostado, apesar de ter achado o final meio, sei lá, bobo... Mas eu prometo que, nas próximas fics, eu vou melhorar isso...
Beijos a todos que acompanharam esta fic e me mandaram tantos reviews carinhosos, eu amei o carinho de vocês comigo e os elogios... E fãs do Saga, não fiquem tristes! Em breve, mais do que imaginam, ele estará de volta em uma fic muito especial, a diferença é que ele dividirá as atenções de protagonistas com outros quatro dourados muito queridos e que vão encontrar cinco garotas muito loucas pela frente, vai ser muito bacana.
Ah, não deixem de acompanhar as outras fics em andamento, elas também são demais (tenho de vender meu peixe, né gente!). Beijos!
