.SOB.UM.CREPÚSCULO.PÚRPURA.

.03.Sintoma.

Foi algo de assustador... Hermione pensou no corredor... tremendamente assustador... para ela que sabia de tudo então... por um segundo sentiu que iria perder o uso das pernas, ficaram bambas.

Agora a turma estava em silêncio, enquanto ele passava mais uma receita de poção, pela primeira vez na vida Hermione nem sabia qual era e pra que servia, Rony ao seu lado é que estava prestando mais atenção e gemia.

Mione... amor... você ainda está tremendo... está bem... Harry tem levado algumas advertências e detenções... mas valeu a pena.- emendou num tom sonhador.

Ron...- gemeu.

Havia sido assustador...

Uma coisa era a rotina comum de insultos e ofensas sempre trocados por Grifinórios e Sonserinos diante da porta do laboratório de poções nos últimos anos, mas dessa vez... a troca de insultos, as insinuações entre Harry e Draco cresceram até que Harry deu por encerrada a questão se voltando a porta.

Não ligue Mione.- Harry dizia no seu jeito mais manso.- Essas palavras são as únicas que ele sabe... tem que falar isso já que não tem o mesmo vocabulário que você. Deve ser a companhia que ele tem.

Harry nunca usara sarcasmo antes.

Ora seu nojento!- Draco revidou furioso, afinal Harry falara algo sobre Lúcio/Comensal/Azkaban...antes, agora falara dos colegas dele...-Defiandous!

Foi nesse momento que levou a mão a boca... o corte se estendia detrás da orelha até o meio da bochecha, além do mais, Draco o atacara pelas costas... foi quando começou, Harry passara a mão pelo corte e antes que se adiantasse para ver se era grave Harry se virara.

Estendendo a mão para frente, cheia de sangue.

Está vendo isso Malfoy?- disse baixo e deliberadamente calmo.

O olhar... Hermione nunca tinha visto Harry com tamanha frieza no olhar... o mais perto que havia chego disso foi quando Harry havia partido para cima de Sirius quando ainda achava que ele era o assassino de seus pais e mesmo daquela vez o olhar ainda fervia de fúria... agora não, era frio.

Até Malfoy parecia surpreso e mais do que assustado. Deixando a mão da varinha pender, Harry dera um passo pequeno a frente e a roda se abriu mais, até Crabble e Goyle se afastaram... Malfoy olhou em volta, os olhos que antes eram os mais frios de toda Hogwarts pareciam reconhecer algo que os outros ainda não tinha visto. Harry falou ainda mais baixo e cortante.

Isso é mais do que motivo para eu mesmo lhe dar um corretivo... daqueles que há anos muita gente promete e ninguem te dá... empunhe essa varinha! -Harry deu outro passo para ver Draco recuar um pouco.- Pelas costas consegue... Não consegue pela frente? O que foi? Mostrando a covardia que lhe é característica? É uma boa escolha... então Malfoy?-Harry disse ainda mais baixo.- Largue essa varinha ou levante de vez!

Harry sempre fora paciente... até demais, claro que as explosões do ano anterior diziam o contrário, mas pelo que passara... bastava ver o modo como tratava os engraçadinhos na AD... ele sempre fora calmo e paciente... agora... beirava o maldoso.

Draco no entanto, tinha um orgulho a defender... endureceu o olhar e apontou a varinha, Harry era mais rápido, até agora, trouxera a mão suja de sangue a frente, o sangue já sujava a camisa, e a outra mão próxima ao bolso da veste onde estava sua varinha.

Estup...- Draco não terminou...

Um feitiço treinado a exaustão pode ser feito sem a pronúncia de sua fórmula cabalística... mas é algo para quem tem anos de prática, geralmente só os aurores conseguiam isso... porque o feitiço tende a sair errado ou mais fraco dessa forma... Harry havia acabado de jogar Draco no chão, como se tivesse lhe dado um empurrão bem forte, somente lhe apontando a varinha... andou mais... ambos em frente a porta do laboratório.

Levanta Malfoy! Pára de tremer no chão como uma menininha assustada!- Harry disse de pé em frente ao sonserino.

Cale a boca, seu mestiço filho de uma vaca sangue ruim!- Draco disse se levantando.

Só agora percebia que estavam em silêncio, todos, porque houve um múrmurio ascendente seguindo as palavras do rapaz loiro... todo mundo sabia que mexer com a família de Harry não era boa idéia, principalmente se quem mexia era Draco Malfoy.

Expelliarmus.

Draco perdeu a varinha e olhou perdido. Houve uma nova onda aprovativa, mas dessa vez não, dessa vez Harry não deixaria outro aceno Draco estava pendurado, flutuando na verdade muito acima do chão... quase roçando no teto das masmorras.

Vamos ver o que tem a dizer agora que elevamos sua visão de mundo... Que tal Malfoy? Sentindo-se bem não? Não é você que gosta de olhar os outros de cima?

Seu Idiota! Desça-me! Seu testa partida imbecil!

A porta do laboratório se abriu e o silêncio caiu atemorizado, Snape olhou a ambos... primeiro a Malfoy e em seguida Harry.

Potter! O que diabos pensa que está fazendo?

Novamente, quem esperava o discurso "ele começou a nos xingar/azarar primeiro!" Enganou-se. Harry olhou Snape por um tempo e sorriu, Hermione prendeu a respiração, Harry sorrira de um jeito falso e em seguida.

Estou ajudando o Malfoy arejar a cabeça professor Snape. Mas acho que estou fazendo algo errado não? Me ajude... não seria melhor fazer assim?

E com um novo gesto colocou o Malfoy de cabeça para baixo. Todos conteram a respiração, e pode ver nos olhos dos outros a intenção de sair correndo quando Snape olhou Harry como se fosse jogar-lhe uma imperdoável naquele segundo.Olhos negros que passavam do sonserino se debatendo ao outro lhe encarando.

Harry parecia muito satisfeito. Principalmente com a reação de Snape.

Ele perdera a fala por um segundo.

E no mesmo segundo que a recuperou disse grave.

Finite encantatem.

Draco caiu no chão devagar e sentou-se com um lamento mínimo. Snape se virara para Harry.

Isso vai custar mais do os pontos que eu vou tirar da grifinória... isso pode ser sua expulsão Potter.

Harry guardara a varinha e se virara de frente para Snape.

Posso ir a enfermeria então?- disse calmamente.

O olhar do outro foi do rosto calmo ao corte, desceu até a camisa... suja de sangue.

De lá vá para sala de McGonagal, ela estará informada.O restante da turma que ainda pretende ter um resto de ano descente queira entrar na sala, Senhor Malfoy, espere quero falar com o senhor.

E assim, Harry foi para a enfermaria, a turma entrou e Snape fechara a porta, em meio minuto entrou com Malfoy que mancava de leve... e logo foi recebido muito solidariamente pelos colegas de casa. A aula transcorreu tensa, apesar de Snape não ter sido desagradável com ninguém, apesar de trêmulo, Neville não levou sequer uma indireta. Snape provavelmente estava guardando o melhor para Harry.

Por isso Mione ainda sentia-se trêmula.

Preparava-se para mais uma aula, tentava manter a rotina mesmo admitindo que naquela turma nunca houvera rotina... desde o retorno, a duas semanas, nada ocorreu, mantinha-se a ordem natural ou anti-ordem natural... não evitara nenhum dos sarcasmos, embora não os fizesse mais com prazer. A lembrança de cada comentário apenas lhe lembrava que sua crueldade em demasia surtira o efeito mais estranho possível. Além do mais era necessário uma extrema pressão e uma distração para fazer o rapaz errar uma poção.

Era mais fácil ele mesmo errar a receita. Andava devagar olhando os caldeirões, a turma estava suficientemente tensa para não precisar dizer nada, se respirasse perto do Longbotton era capaz dele morrer de medo... e afinal, não sentia-se... inclinado a fazê-lo...

Nunca imaginara aquilo, de tudo que sabia sobre ele, Harry... Potter, era que... ele nunca mencionaria o que vira naquela penseira no ano anterior...não daquele jeito... teve vontade de matá-lo, parado ali, com o mesmo sorriso cínico do pai. "Ele não conheceu o pai..." tentou se lembrar... lembrando do corte e do sangue... cortes e sangue estavam lá como referência a aquilo que não aconteceu... mas vivia em sua memória... só na sua.

E agora ficava ali se assombrando, se atormentando, Potter nem sequer poderia ser expulso... impossível conseguir isso. Além do mais Malfoy errara... havia momentos certos para provocar um oponente e acima de tudo, um verdadeiro sonserino evitaria o confronto direto com um oponente mais forte... com relação a isso... não havia mais dúvidas.

"Porque diabos fiz aquilo?" "Porque infernos eu iria querer fazer aquilo?"

"Mas foi bom... não foi? A cara deles... ah... a cara daqueles dois..."

"Eu nunca poderia ter feito aquilo... eu sabia que aquilo não devia ter sido feito..."

"Eu ainda não sei porque eu FIZ aquilo..."

"Mas talvez seja porque eu deveria ter feito antes..."

A sensação real de ter um anjo e um diabo lhe soprando aos ouvidos... achava que aquilo era só uma metáfora visual... suspirou pela quadragésima vez no caminho entre a enfermaria e a sala de McGonagall... caminhando deliberadamente devagar... se preparando para ouvir... Ah, Malfoy também passara dos limites! Tenha dó... sua camisa raspava no pescoço por causa do sangue seco... tá certo... o corte não fora grave... mas como Pomfrey dissera, se fosse no pescoço e um pouquinho mais fundo seria encrenca...

Harry... ei... Potter...- a voz veio do corredor lateral que dava acesso a biblioteca... embora um pouco contramão.

Se virou e viu o autor do chamado, Bernardo um outro aluno do sétimo ano, mas da Lufa-Lufa... ao lado Ana Abbot, ambos com uma resma de pergaminhos.

Ah, olá.

Hum, eu queria saber... vai ter AD hoje... soube que cancelaram o treino da Grifinória.

Vai sim... Já tem avisos nas salas comunais.- disse calmamnete, achando estranho o comportamento da garota que o olhava fixamente, até cair a ficha... a camisa.

Você... está machucado?- Abbot perguntou um pouco timidamente.

Ah... isso?- puxou a gola suja.- Já cuidei, estou voltando da enfermaria e Pomfrey garantiu que ainda tenho um tempinho de vida...

A garota loira riu, Bernardo balançou a cabeça.

Então a gente se vê a noite?

Com certeza... e avisem os mais desligados... como o Justino... ele já faltou umas duas vezes...

Pode deixar Harry!- Sorriu o rapaz.

Até logo.- disse Ana com um enorme sorriso.

Por um segundo até tinha esquecido... mas que MERDA! McGonagall iria matá-lo.