Sim, algumas coisas vão acontecer antes do fim... Patty minha fofa, aí está mais um dos sonhos pirados que você me cobrou... eu tenho o pior dos defeitos, admito... Srta Kinomoto, não odeia a Mione não... as pessoas sempre fazem o que acreditam ser melhor e acabam machucando os outros é fato da vida... Cris Snape, o sevie vai sofrer mais um bocadinho pra compensar o que Harry sofreu em sob um céu... Maripottermalfoy, é realmente HBP foi um tanto cruel, mas eu me esforço... sou muito pior que a JK, então se preparem para muito sofrimento... para dar água na boca já estou dando retoques ao corpo da continuação que fecha a trilogia, então tem muito Angst pela frente.
.SOB.UM.CREPÚSCULO.PÚRPURA.
.13.Em suspenso.
Uma semana... de sua forma a escola havia voltado a rotina, haviam aulas... na Sonserina havia um estranho silêncio, na Corvinal havia uma espécie de luto, na Lufa-lufa uma espécie de déja vu... e na Grifinória havia algo de luto também...
Colin Creveey só lembrava de ter ido até a torre a procura do irmão... e sentir alguém ás suas costas.
-E murmurar "Imperio"... e tudo que lembro então é de ver vocês me enchendo de perguntas sobre...
Então ele ficara muito quieto.
O nome Harry Potter, para agonia de Hermione, Rony e amigos era mais sussurrado que dito, e o fato de não terem podido vê-lo, piorava a situação.
Pomfrey o retirara para uma sala reservada, longe da enfermaria, pois no primeiro dia muita gente alegou as mais diversas doenças para ver "o-garoto-que-teimava-em-sobreviver"... ainda na doce ilusão de que o salvador apareceria modesto e sorridente alegando sorte. Como sempre fizera... já que todos sabiam do segredo de que ele novamente enfrentara o todo-mundo-sabia-quem e saíra vivo quando o outro que fora com ele não tivera a mesma sorte.
Mas depois de uma semana de total mudez... os ânimos haviam sido abalados.
Quando a professora Minerva pediu que Hermione e Rony ficassem na sala depois da aula e que Dino avisasse a professora Sprout que eles estariam com ela, ambos desconfiaram que finalmente teriam notícias do amigo.
-Gostaria que ambos fossem discretos sobre o que falaremos e o que vão ver...- disse Minerva.
-É sobre Harry? professora?- perguntou Rony nervosamente.
Hermione tinha que admitir que vinha sendo muito duro para Rony, já que mesmo depois do estranhamento por causa da opção de Harry, ainda eram amigos...sempre foram, melhores amigos, irmãos...
-Sim...- disse Minerva.- Apesar das circunstâncias... mas o que estamos esperando... vocês tiveram permissão para vê-lo...- disse ela se pondo de pé.
Ambos sorriram e Hermione acabou desabafando.
-Então ele está bem! Finalmente!
Ainda trocava um olhar de alívio com Rony quando ouviram.
-Não...
Então olharam ambos a professora que contornara sua escrivaninha e disse vagamente.
-Não está bem... mas creio que poderam entender melhor... Pomfrey disse que talvez... seria bom que o visitassem.
-É grave professora?- perguntou Hermione.
-Não posso dizer... não saberia afirmar.- disse Minerva.-Mas vamos... é um bom horário para vê-lo.
O silêncio pairou pesado enquanto andavam nos corredores silenciosos, já que era horário de aula.
Entraram na enfermaria e ali só estavam dois garotinhos da Lufa-Lufa que haviam contraído uma urticária bem desagradável num acidente com poções... e que pareciam dormir.
-Mais dois Papoula?- perguntou Minerva.
-Sim, e tive que ministrar um calmante... ele está impossível.- disse ela.
-Todos estamos abalados.- disse Minerva.
Hermione achou que tinha compreendido nas entrelinhas, mais do que gostaria.Mas refreou o desejo de fazer perguntas aos quais sabia que ninguém responderia, muito pelo contrário...
-Podemos vê-lo?- perguntou Minerva.
-Sim, sim... vocês os alertou?- disse Pomfrey olhando Rony e Hermione.
Minerva virou-se e disse baixo enquanto a outra bruxa já se dirigia a sua salinha.
-Pode ser um tanto chocante e perturbador... apenas mantenham a calma...
Rony engoliu em seco lembrando que Minerva dissera a ele e Harry algo bem semelhante quando Mione fora petrificada no segundo ano...
-Professora...- Mione murmurou.- Ele está muito ferido?
-Na verdade...- Minerva pareceu pensar.- É melhor que vejam.
Rony e Hermione acabaram dando as mãos enquanto iam até a salinha de Pomfrey, entraram por ela, que era cheia de livros, frascos e prateleiras com instrumentos estranhos e passaram por outra porta que nunca imaginaram existir do outro lado da salinha.
Dava para um corredor escuro, de um lado uma porta semi-aberta dava para o que parecia uma salinha decorada de modo pessoal onde Hermione imaginou que Pomfrey ficava, devia ser seu dormitório, Pomfrey parou na porta de frente a essa e abriu.
Dava também para uma salinha, mas que estava quase vazia, exceto um sofá e uma mesa que ostentava uma enorme quantidade de frascos de poções... ao lado algo se moveu...
-Dobby!-Rony exclamou.
-Senhor Weezy!- disse Dooby.- Senhorita...
Mas Hermione pode ver que o elfo embora parecesse surpreso e até "feliz"estava muito abatido... as orelhas haviam caído alguns centímetros e os olhos estavam um pouco opacos.Ele se dirigiu a Pomfrey.
-Ele bebeu. Mas Dobby teve que dar... devagar.
-Obrigado Dobby, agora pode descansar um pouco.- disse Pomfrey.
-Dobby não quer... pode cuidar mais tempo de Harry Potter!
-Dobby,-disse calmamente Minerva.- Já não conversamos? Sem descansar você não poderá ajudar... certo?
-Sim Senhora, Dooby então vai descansar e voltará com o jantar...
E sumiu desanimado.
-Pobre elfo, quase não sai daqui, Dumbledore disse que ele poderia deixar a cozinha e me ajudar, o que é bom...- disse Pomfrey abrindo a porta para o que Rony e Hermione perceberam ser um quarto.
E as duas mulheres fizeram sinal para que entrassem.
A claridade vinha da janela, e iluminava o aposento simples, que tinha algumas cadeiras, uma mesinha de cabeceira e uma cama, onde Harry estava sentado, recostado em almofadas e acordado!
-HARRY!
Acabou se precipitando para abraçar o amigo quando sentiu Rony segurá-la, apertando a mão que antes segurava enquanto entravam.
-Ron?- olhou-o.
Rony tinha olhos marejados e disse baixo.
-Olha direito Mione...
Ela olhou... mas Harry parecia bem... não parecia estar ferido, estava acordado e...
Não se movera um milímetro nem os olhara, apesar de ter gritado o seu nome...
Rony sabia, sabia porque de certo modo estava imaginando que acontecera o mesmo que acontecera com Mione... perguntou para Pomfrey que entrara e os olhara.
-Ele... ele foi petrificado?
-Ah, não senhor Weasley.- disse Pomfrey.
-Como não?- perguntou ele num tom esganiçado.
-Acho melhor você se sentar um pouco.- disse Pomfrey.
Minerva andara alguns passos e fez sinal para que Hermione, ainda paralisada segurando a mão de Rony, se aproximasse.
-Harry...- disse Minerva num tom brando e quase maternal que Hermione nunca a tinha ouvido usar.- Rony e Hermione estão aqui...
Nada. Hermione soltou a mão de Rony, que olhava o amigo enquanto se sentava ajudado por Pomfrey.
Harry nem parecia respirar... ali sentado com ajuda das almofadas olhando um ponto fixo na parede pedra a frente.
-O que houve?-perguntou se virando para Pomfrey.
-Não sabemos exatamente... mas ele está nesse estado de catatonia há oito dias...- disse Pomfrey.
-Cata...- Hermione murmurou.- Catatônico... você quer dizer...
Mesmo parecendo um pouco ofensivo, esticou-se e passou a mão aberta várias vezes em frente ao rosto do amigo, nada, nem sequer uma piscadela. Sentiu-se levemente empurrada e viu Rony ao seu lado com um olhar determinado.
-Harry!- disse ele.
O mesmo nada.
-HARRY! Acorde!
Rony avançou para cama e segurou o rosto de Harry, chamando-o, em seguida o chacoalhou e só parou de chamá-lo alto quando Pomfrey usou um feitiço calmante e o retirou dali para a salinha...
Hermione ficou paralisada... escutando Rony chorar... sim, Rony estava chorando.
Despertou ao ver que McGonagall enxugou discretamente os olhos... olhou para Harry e a despeito dele estar com a camisa meio torta e os cabelos um pouco mais arrepiados, nada indicaria que ele fora brutalmente chacoalhado por Rony a alguns instantes, ela viu os olhos fecharem devagar e se sobressaltou.
-Ele pisca devagar de tempos em tempos... é um reflexo por causa dos olhos ficarem ressecados.- disse Minerva baixinho.
-Ele não faz nada?- perguntou Mione vendo os olhos reabrirem inexpressivos.
-Não...- disse Pomfrey voltando.- o rapaz ficará bem... - disse olhando para Minerva.- só precisa chorar um pouco... - e voltou a olhar Mione.- Quando chegou ainda conseguia se manter de pé sozinho, mas depois não se levantou mais e precisa das almofadas para se manter sentado... só come um pouco... e mais nada, parece alheio ao mundo... um choque muito grande com certeza.
-Com certeza.- disse a voz que veio da porta.- Minerva, poderia fazer companhia ao jovem Weasley? Papoula... acho que há um aluno á sua espera na enfermaria...
-Oh, sim...obrigada diretor.- disse papoula.- Chamem-me se precisarem.
Minerva também saiu e Dumbledore encostou a porta e sentou-se em uma cadeira e fez sinal para que Hermione sentasse também.
-O que houve... diretor?- perguntou olhando-o.
-Um plano simples mas bem engendrado...
-Não compreendo.
-Um bilhete, com minha caligrafia, muito bem falsificada, foi encontrada no bolso de Harry... pedindo que ele fosse até Hogsmeade.
-Então por isso ele saiu... eu sabia que ele não saíria á toa...
-Sabemos que o jovem Creevey foi vítima de uma maldição Imperio e teve sua memória alterada também...
-Diretor o que aconteceu? Porque Harry não reage? É alguma maldição?
-Não...- disse Dumbledore que se levantou e se pôs no pé da cama de Harry olhando-o diretamente.
Hermione por um momento pensou que assim ambos pareciam se encarar, mas tinha que lembrar que o amigo provavelmente não estava registrando o fato do diretor estar ali.
-É uma defesa extremada... Harry não quer acordar...
-Não quer?- perguntou Hermione.
-Não... ele não quer aceitar o que aconteceu, ou tomar ciência do que houve depois...
-Mas, porquê? Porquê Adrian McLogan morreu? Harry já viu tanto acontecer... o senhor acha que ele... está com... medo? Não entendo...
-Harry, sem desejar, foi autor da morte de Adrian McLogan.- disse Dumbledore a olhando pesarosamente.
-Como? Foi um acidente? Ele acertou... mas foi uma maldição imperdoável! não pode ter sido o Harry!
-Não intencionalmente, mas...- Dumbledore voltou o olhar para Harry.- Voldmort conseguiu penetrar nas defesas mentais de Harry... então o possuiu.
Hermione sentiu como se algo apertasse seu coração... mas sua mente se recusou acreditar...
-Mas senhor... Vol... Voldmort não iria desejar que Harry morresse? Porquê?
-Aí está a questão senhorita Granger... porque depois de tudo... Voldmort não o matou?
-Potter não reage... depois de deitado não se manteve mais de pé sozinho, não come, bebe ou faz qualquer coisa, continua encarado o nada.- disse gravemente.
-Estranho não acha Severo?- disse a voz sibilante.
-Estranho? Milord... posso saber porque não o matou? porque não se livrar dele de uma vez?-perguntou.
-Curiosidade...- disse o homem que tocou a cabeça da serpente e sentou-se.- Uma vez Dumbledore disse que há coisas piores que a morte... o velho me disse isso temendo que eu matasse sua arma preferida... seu brinquedo pessoal... achei que daria uma boa lição...
-Lição milorde?
-Que eu não o temo Severo, como dizem... não foi necessário matá-lo não é mesmo? Além do mais enquanto todos se preocupam em como trazer o garotinho de volta do mundo dos sonhos, temos tempo... e também há a agradável surpresa de que aquela mente não me parece mais tão inacessível...
-Milorde?
-Quero mantenha o curso de ação que planejei Severo, você e os outros se aproveitarão da brechas citadas por Lúcio e com os dementadores terminarão com Azkaban...
-Sim Milorde.
Severo olhou para a lareira... a ordem estava avisada e tivera.. "um tempo de descanço" antes de voltar... fechou os olhos e reabriu, sentia agonizantemente, aquele olhar fixo... como se estivesse ali, presente.
Há mais de nove dias que não conseguia beber... mal conseguia dormir... tinha pesadelos com a marca negra, já mandara vários alunos para a enfermaria em crise nervosa depois de arrasá-los em sala. Embora não tivesse coragem dele mesmo ir até lá.
Nessa tarde, Longbotton ficara parado, branco e sem fala por três períodos , segundo o que soubera... Granger também ficou boquiaberta quando a mandara catar tronquilhos sem luvas... por defender o colega.
Admitia que estava arrasado por não ter percebido a simplicidade do plano...
Potter era grifinório, e mesmo aprendendo a lição sobre não sair correndo salvar os amigos...
Uma isca mais elaborada fora tudo que precisou-se para fazê-lo sair carregando seu amado junto.
Havia outro espião em Hogwarts... alguém que conhecia Adrian McLogan o suficiente para saber que ele não abandonaria Harry... que se aproximou de Colin Creevey e usou um Imperio... que usara uma falsificação praticamente perfeita de um bilhete do diretor...
Pensara em Draco Malfoy... e dera risada de si mesmo.
Draco não só se revelou um completo ignorante quando observado sob legelimência como ainda estava furioso por não ter sido avisado do evento, afinal fora pego desprevenido e se feriu com os estilhaços da vidraça da casa de chá "Madame Pudifoot" onde estava em companhia de Parkinson e pelo que soubera era difícil saber qual dos dois sonserinos fizera maior escândalo...
Seria impossível já que era de seu conhecimento que Draco não pretendia seguir a carreira do pai e não era capaz de tanto.
E mesmo fazendo reuniões com todos os alunos de sua casa, nenhum parecia saber de nada, não, tinha que ser de outra casa...
Suspirou e colocou a mão sobre a testa... acima, no teto, viu a velha runa... a velha runa que fizera...
Gostaria que ela não lhe trouxesse lembranças... fechou os olhos cansado.
Havia choro... choro de criança... soluçante, não como de um bebê... não... quase como um murmúrio... abriu a porta da sala... lembrava a sala precisa, grande..., mas escura...
-Quem está aí?- perguntou erguendo a varinha iluminada.
A luz caiu sobre uma forma miúda encostada na parede ao lado da porta, já o conhecia... cabelos longos e selvagens... a camiseta enorme... já o vira antes...
A criança ficou de pé e sorriu, indo em sua direção já esticando os braços pidonhamente.
-Isso é um sonho...- murmurou irritado.- Vá embora e me deixe dormir... entendeu Potter? Vá embora.- disse amargo.
Os pequenos braços magros penderam ao lado do corpinho franzino, o sorriso se esvaiu.
-Você também vai me abandonar?-perguntou a voz frágil.- Você vai me deixar sozinho no escuro?
-Do que está falando?- murmurou.
-Porquê?- perguntou a criança...- vocês não pensaram nas consequências... vocês me abandanoram sozinho no escuro...- disse o menininho olhando para o lado.- Não nos escutamos mais, não nos entendemos, mais... e ele vai me pegar... você vai me deixar sozinho no escuro? É frio aqui...
-Você é só uma ilusão...- disse indo em frente.
-Ele já me pegou... - disse a vozinha que ficava para trás.- e vai me pegar... aí será tarde... é frio no escuro...
Severo não se virou, seus sonhos premonitórios eram apenas motivos para mais confusão, eram vagos e pouco ajudavam... não haviam ajudado em nada quando necessitara deles...
-Não é verdade Severo! E você sabe!- disse a voz acusadora sumindo na escuridão.- Vai ser tarde demais...
"Afinal... nunca se sabe quando alguém já cruzou a linha..."
Virou-se... aquelas palavras pareciam carregadas de maus presságios, voltou os passos que dera e a luz incidiu em duas figuras abraçadas...
De modo inocentemente sensual, ambos os corpos estavam enlaçados num abraço... o primeiro parecia uma criança embalada, usando um pijama seu conhecido, com olhos abertos, enormes e verdes, olhando vagamente para o chão...
O outro tinha os olhos fechados numa expressão de prazer enquanto cariciava os cabelos negros do que estava em seu colo...
Porque talvez Harry Potter só tivesse a si mesmo como consolo.
O que tinha olhos fechados murmurava algo, Severo escutou apenas parte...
"Não importa... é tarde demais..."
O outro suspirou tristemente.
-Tarde demais?- perguntou dando um passo a frente.
Aquele que tinha os olhos fechados virou-se para ele e com gestos leves e felinos deitou a sua contraparte no chão, onde ficou como um boneco sem vida e avançou em dois passos para Severo.
-É tarde demais... para lamentar agora... o inevitável é o fim de tudo.
E abriu os olhos, fazendo Severo recuar assustado.
-Vá embora! Deixe-o em paz, nos deixe em paz!- disse estendendo a varinha.
-Vocês não me compreendem... VOCÊ não me compreende... e é tarde demais... - disse aquele outro, que tinha órbitas vazias... escuridão onde deveriam estar os olhos...
-Quem é você! O que quer dizer?- disse tentando compreender.
Um sorriso mau brincou nos lábios conhecidos.
-Vocês nos tiraram nosso único grande poder... vocês apagaram nossa luz... confundiram nossos sentidos...
Ele disse se aproximando, enquanto Severo recuava, olhando angustiado o outro... tão mais conhecido imóvel no chão.
-...E sabe...- disse ele maliciosamente. -Ninguém precisa de olhos na escuridão... você... você jogou fora a benção... o velho nunca se importou e os outros nos vigiam... não precisamos de ninguém... eu sou... nosso próprio líder...
-Eu, nós... você não está se contradizendo?
-Nós somos muitos Severo... como está seu dragão ultimamente? Como anda se olhando no espelho?
-Eu não estou em discussão...
-Não se engane... você sonha comigo... nosso elo está aí... inquebrável e eterno... a escuridão é fria Severo... porquê negar?
Era fria mesmo, sentiu sua respiração condensar a sua frente... estava ali só na escuridão com aquele... aquilo... aquela entidade.
Então a espressão fria sumiu... ele fechou as órbitas vazias... curvou-se sobre si mesmo como se sentisse dor...
-Tão frio...- ele murmurou.- Tão vazio... que dói.
Chegou a estender a mão, mas teve receio...
-Como se faltasse um pedaço... - ele abriu os olhos e o encarou.
Olhos verdes perdidos.
-Eu sinto que você... queria me ajudar... professor... porquê não me ajudou? Porquê ninguém me escuta? Porquê?
O jovem caiu de joelhos, Severo se adiantou e segurou-o pelos ombros.
-Potter... o que está havendo com você? Como posso ajudar?
-É tão frio...- disse o rapaz com o queixo tremendo.- meu peito está congelando...
Abraçou-o, sentindo a pele fria... tentando não despertar para seu desejo egoísta alimentado por lembranças roubadas... abraçou-o enfiando o nariz nos cabelos rebeldes.
Sentiu as mãos pequenas agarrarem seus braços com força, dolorosamente...
-Então você lembra, não é?- disse a voz fria.- Eu pedi ajuda... homem egoísta.
Abriu os olhos e se pôs de pé, ainda com vestígios do frio intenso, a ponto de estar arrepiado... a voz fria e maliciosa em seu ouvido... estava cansado como se tivesse feito algum esforço e algo doía em seu íntimo... era uma sensação ruim, e nova...
Decidiu falar com o diretor, quando percebeu que provavelmente estava atrasado para o café... e talvez... pudesse encontrar o diretor ainda na mesa.
Ajeitou-se e saiu enfunando as vestes que havia desamassado com um gesto de varinha...
Rony estava acordado... Neville tropeçara na mochila de Simas e caíra, acordando todos... a dez dias que a rotina era a mesma, todos saíam em silêncio, sem sorrisos ou piadas no dormitório. Era o segundo dia que Rony olhava a cama vazia, não com a apreensão de saber notícias do amigo como nos oito dias anteriores, e sim com medo de que o amigo não voltasse mais.
Ronald Weasley...
Pensou em si mesmo enfregando o rosto com ambas as mãos, deixando a pele vermelha... a vida inteira, apesar do orgulho de ser amigo, não do famoso, Harry Potter... e sim da pessoa mais legal que já pode ter existido no mundo, o Harry... sim, o seu melhor amigo, seu irmão... mesmo assim, nunca deixara de ter uma inveja idiota... Harry era legal... famoso, rico... tinha garotas atrás...
Ronald Weasley... pensou se levantando... sempre reclamara, de ter muitos irmãos que pegavam no seu pé, de ser pobre... invisível...
Imaturo, idiota, infantil, pensou olhando no espelho ajeitando os cabelos vermelhos com a mão...
No fundo... com o tempo... Harry lhe ensinara, e talvez só agora percebera...
Tinha família... nunca fora abandonado ou machucado...
Nunca fora perseguido, torturado, enganado... tinha Hermione, era feliz por isso... nunca tivera seus sentimentos manipulados...
Alguém bateu de leve na porta e entrou... Rony deu um leve sorriso que sumiu muito rápido.
Seu amigo não... não tivera essa chance... porquê invejara Harry?
Sentiu Hermione o abraçar e acabou... por mais patético que parecesse... chorando de novo... tentava evitar fazê-lo perto dos outros, as não conseguia se conter perto dela...
Lembrou que era comum dizerem que só se dá valor ao que se perde...
-Não fica assim Ron...- disse Hermione acariciando seus cabelos.
Ronald Weasley... concordou com a cabeça e abraçou-a com força... não era capaz de falar no momento... Harry tinha que ficar bom...
Rony tinha que agradecer por aprender a valorizar toda sua vida... sem ter que perdê-la.
E não podia perder o amigo agora. Precisa se desculpar pelas palavras atravessadas que dissera.
-Vamos descer... é hora do café.- disse fungando tentando sorrir para a namorada.
Hermione fora pela décima vez até os dormitórios masculinos buscar Rony, nos últimos dois dias consola-lo até que desse jeito nos olhos inchados, ambos haviam concordado em não dizer o real estado do amigo... inconsciente era o que repetiam o tempo todo.
Desceram atrasados, eram agora sempre os últimos a sentar na mesa grifinória.
Rony havia emagrecido um pouco pois comia menos que o normal... tentou praticamente sem sucesso tenta-lo com tortinhas de caramelo, mas ele só cutucou o recheio, claro que as duas visitas que fizeram a Harry não ajudaram em nada, vagueou o olhar até o diretor, mas ele estava olhando outra pessoa... sim, professor Snape... ambos pareciam comentar algo no jornal que Snape tinha nas mãos... mas não, o olhar, recolheceria esse tipo de olhar... legelimência...
O burburinho crescente a irritou, queria tentar entender o que os dois bruxos estavam fazendo... talvez uma pista? Uma tratamento para Harry... ou o próximo ataque de Voldmort... sentiu um agarrão no braço e a voz perdida de Rony.
-Mione... é...
Olhou o motivo da agitação, sabendo que ambos os bruxos, o professor e o diretor, igualmente haviam desviado a atenção para o corredor entre as mesas... sentiu o coração pular.
Sua mente ainda se detém na possibilidade de que o homem mais velho que o encara não esteja levando a conversa "mental" a sério.
-E o ministro acha que Aszkaban não precisa de guarda adicional...
"O que você acha que se refere quando disse "grande poder"?"
O burburiho crescente impede que continuem... antes que quebre o contato pensa ter visto uma sombra de arrependimento nos olhos do velho diretor...
Mas o que ambos vêem entrar eclipsa qualquer diálogo... entra como se dez dias não existissem... entra andando devagar, mas como se não tivesse passado por nada...
Harry entra no salão e se dirige a seu lugar habitual... parecendo ignorar, a dor, morte ou dez dias de inexistência... Severo no entanto não se deixa enganar e troca um último olhar exasperado com Dumbledore que pareceu perceber também...
Os olhos verdes não são os mesmos.
Querem saber o que o Harry pensa disso tudo? Vão ter que esperar o próximo capítulo!
