Capítulo Dois – Quer Namorar Comigo?

- Ei, me traga mais, hic, uma garrafa!

- Tem certeza? – olhou-o, apreensiva. - Quero dizer, você já bebeu doze garrafas.

- Eu não perguntei quantas, hic, garrafas eu tomei! Eu pedi, hic, mais uma!

- Desculpe o meu amigo aqui – disse Sirius –, ele não está em seus melhores dias.

- Deu para perceber – respondeu a mulher num tom indignado e saiu de perto da mesa para trazer o pedido do outro.

- Tiago, ficar bebendo assim não o ajudará em nada!

- Ajudará... hic... sim – replicou o bruxo. – Não resolverá, hic, o problema, mas, hic, me ajudara a esquecer o beijo dos, hic, dois!

- Tiago – agora foi a vez de Remo falar -, só foi um beijo! Eles não se casaram nem nada parecido! E depois de você ter feito aquilo com o cabelo dela... bem, você achou mesmo que ela diria um 'não' ao Rogger e cairia em seus braços, tudo por causa de um antídoto? Eu lhe disse que a idéia era idiota!

- Remo, nós estamos aqui para consolar o nosso amigo, não para jogá-lo mais na lama!

- Oh... desculpe – disse o bruxo sem graça.

- Eu sou, hic, um idiota mesmo! – Tiago ia começar a bater a cabeça na mesa, mas Sirius foi mais rápido e o impediu. – ME DEIXE, hic, EM PAZ! – disse o garoto se levantando e cambaleando.

Todos que estavam no bar silenciaram-se e olharam para a mesa onde estavam os três garotos. Ao verem que Tiago sentara-se novamente e ficara quieto, os bruxos voltaram para os seus assuntos.

- Tiago – falou Remo firmemente -, eu sei que você não é um elfo doméstico e sim um bruxo! Portanto, pare com essa ceninha de homem embriagado, pois você nunca ficará bêbado bebendo garrafas de cerveja amanteigada!

Madame Rosmerta aproximou-se da mesa e colocou mais uma garrafa de cerveja amanteigada – a décima terceira do dia - e saiu logo, com medo de receber outra patada de Tiago.

- Hum... é verdade – disse Tiago, voltando ao normal, abrindo a cerveja amanteigada e tomando um gole. – Está vendo como Lílian me deixa louco? Quando... quando eu a vi em frente à Dedosdemel beijando aquele verme do Rogger, perdi totalmente a minha sanidade e vim para cá beber.

- É, e isso já faz três horas! – resmungou Sirius. – Sério, você não pode ficar assim por causa dela! Tiago Potter não é homem para ficar chorando por causa de mulher! Cara, que coisa deprimente!

- Por falar em deprimente, cadê o Pedro? – Remo olhava para todos os lados do Três Vassouras a procura do amigo sem obter sucesso.

- Eu pedi para que ele olhasse a Lily para mim.

- Esquece o que eu tinha dito antes – falou Sirius. – Isto sim é deprimente!

- Estou começando a entender a parte em que você disse que fica louco quando o assunto é Lílian – falou Remo. – E se por um acaso ela vê Pedro os espiando? Você não pensou nesse pequeno detalhe?

- Eu…

A porta do Três Vassouras foi aberta e Lílian Evans surgiu no portal com um pequeno e preto chapéu, que cobria todo o seu cabelo, com Luan Rogger – um garoto loiro, de olhos azuis, com um corpo atlético .O bruxo quis tirar o chapéu da moça e colocá-lo no chapeleiro, mas esta se recusou; ele achou estranho, mas não protestou. Rogger cumprimentou alguns de seus amigos da mesa ao lado e sentou-se com sua companhia numa das mesas vazias.

Tiago, ao ver o casal entrar de mãos dadas, chamou Madame Rosmerta novamente e pediu mais uma garrafa de cerveja amanteigada. A porta do bar mais uma vez se abriu, mas foi Pedro quem entrou no local.

- Tiago, Tiago! Eles estão vindo para cá!

- Tarde demais, meu caro! – disse Sirius – Eles já estão aqui.

Pedro olhou para a direção em que Sirius apontava e viu Lílian rindo de alguma piada ou fato engraçado que Rogger tinha contado.

- Tiago, é melhor você piscar os olhos. Eles podem ressecar – informou Remo.

O bruxo, desde a hora em que o casal entrou no bar, olhava fixamente para os dois. Ao ouvir o comentário de Remo, o garoto tomou num gole só a décima quarta garrafa de cerveja amanteigada do dia.

- Não posso ficar mais aqui! Rabicho, continue a observando, ok? – dizendo isso ele saiu; foi para Hogwarts.

Seus amigos fizeram menção de segui-lo, mas este os impediu dizendo que não queria estragar o dia de passeio deles mais do que já havia estragado.

- Coitado – disse Pedro. – Se ele está mal assim, imaginem como ele ficará quando souber...

- Souber o quê? – perguntaram Remo e Sirius, em uníssono.

- Rogger pediu Lílian em namoro, e ela aceitou.

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- O QUÊ? – perguntou Tiago quando soube da novidade.

- Cara acalme-se! – pediu Sirius.

O bruxo andava de um lado para o outro furioso.

- Como ela pôde? É óbvio que ela está querendo me fazer ciúmes; ela me ama! Eu sei disso.

- Bem, se este for realmente o plano dela, ela conseguiu! – observou Remo. – Ok, não foi um bom comentário – completou o bruxo ao ver o olhar fulminante que Tiago lhe lançou. – Falando sério, acho que já está na hora de trocar de tática, Tiago. Ficar discutindo com Lílian e deixá-la furiosa não funcionou durante esses sete anos, portanto não funcionará agora.

- Então o que você quer que eu faça?

- Você já tentou ser gentil com ela? – perguntou Remo. – Sabe, só para variar.

- Oras, por favor, Aluado! Que bobagem! Tiago, para você conseguir conquistar aquela garota você tem que pegá-la de jeito, compreende? Beije-a de surpresa. Não há garota que resista ao ataque surpresa.

- E quanto a Larissa Mulungu? – perguntou Remo. – Pelo que eu me lembre, você veio com um desses seus ataques surpresas e, no final, quem teve uma surpresa foi você porque ela lhe deu um chute...

- Está meio tarde para estas conversas – interrompeu Sirius consultando seu relógio.

- Sirius, são seis horas agora! – informou Pedro.

Sirius bocejou e caminhou até sua cama.

- Boa noite rapazes. – Fechou a cortina em volta do móvel.

- Um conselho, Tiago: nunca faça esse ataque surpresa com a Lílian – sussurrou Remo, para que Sirius não o ouvisse.

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Pahft Lílian bateu a porta do seu dormitório nervosa. Lua, Sol, Anne e Ingrid estavam sentadas no chão lendo O Semanário das Bruxas.

- O encontro com Rogger foi tão ruim assim? – perguntou Lua.

- Foi maravilhoso! – respondeu irritada. – Luan me pediu em namoro.

- Er... Estamos falando do mesmo Luan Rogger? – perguntou Ingrid. – Bem, se ele me pedisse em namoro eu ficaria saltitante e não revoltada.

- O que houve? – perguntou Anne.

- O Potter!

- Ele azarou o Luan? – tentou adivinhar, Sol.

- Não. É esse maldito cabelo! – respondeu a garota arrancando o seu chapéu e jogando-o numa das camas.

- Não entendo – confessou Ingrid.

- Estava tudo maravilhoso: Luan me pediu em namoro, eu aceitei... Foi tão romântico! Mas Potter, mesmo não estando presente, consegue atrapalhar a minha vida! Rogger foi me beijar e... meu chapéu caiu! Acho que o idiota está rindo de mim até agora!

- Vocês brigaram no primeiro dia de namoro? – admirou-se Anne.

- Na verdade nem chegamos a brigar. Eu o xinguei e o deixei em Hogsmeade.

- Vocês terminaram? – quis saber Sol.

- Hum... sim. Eu só esqueci de dizer isto a ele. Mas acho que Luan já deve desconfiar.

- Nossa! Esse é o namoro mais curto de toda a história! – comentou Anne.

- E é a primeira vez que vejo alguém terminar o namoro sem avisar ao companheiro! – adicionou Lua.

- Isto não importa agora. O que importa é o meu plano. Sim, eu pensei numa maneira de me vingar de Potter e de quebra ainda conseguir me livrar desse arco-íris que está na minha cabeça! – anunciou Lílian com um sorriso perverso nos lábios.

- Não nos mate de curiosidade e nos conte! – pediu Lua.

- Er... mas antes de contar, eu quero saber se vocês podem me ajudar nesse plano.

- Hum... depende. Se não for nada que mexa com a minha imagem, algo como sair por ai com o cabelo de três cores... Brincadeira Lily, brincadeira! – riu Ingrid. – É claro que eu aceito.

- Eu também! – responderam as outras em uníssono.

- E então, o que temos que fazer? – perguntou Sol.

- Iremos até o dormitório dos garotos quando eles estiverem dormindo – as garotas se entreolharam espantadas.

- Agora você enlouqueceu de vez! – reclamou Anne levantando-se do chão. – Lily, eles podem acordar a qualquer momento. Isso não vai dar certo!

- Sem querer ser pessimista, Lily, mas acho que Anne tem razão.

Todas as garotas resolveram falar ao mesmo tempo, tentando convencer Lílian de que sua idéia era suicida.

- Garotas, não tem jeito! Temos que ir para o dormitório enquanto eles estiverem lá.

- Mas por que eles têm que estar lá? Você vai fazer alguma coisa com eles enquanto estiverem dormindo?

- Não, Anne. Acontece que eu quero pegar emprestado o pomo do Potter, mas há um pequeno problema: ele leva o pomo para todo o lugar que vai! Então lembrei-me que, certa vez, ele contou que o pomo dorme do lado dele, em cima de sua mesa de cabeceira, dentro de uma caixinha de madeira.

- Estou impressionada! – confessou Ingrid. – Tiago falou sobre isso a uns... três, quatro anos atrás! Ele guarda esse pomo, pois foi pegando ele que conseguiu ganhar seu primeiro campeonato. Lily, eu não acredito que você lembrou disso!

- Como é que eu poderia esquecer se no dia em que Tiago usurpou o pomo ele contou esta história umas mil vezes para todos que tivessem ouvidos?

- Mesmo assim, Lily... eu não me lembrava – informou Lua.

- Atitude estranha vindo de alguém que não quer saber nada sobre o Tiago – comentou Anne. – Lembrar-se de algo que ele comentou há anos atrás...

- Resumindo, eu quero pegar o pomo e negociar o seu resgate – disse Lílian interrompendo Anne.

- O pomo pelo antídoto. É, pode funcionar – disse Sol. – Mas não é melhor fazermos uma poção para dormir e darmos para os garotos? Acho que dá para organizar tudo amanhã.

- Não, não! Primeiro: estamos falando de Potter e sua turminha, eles nunca aceitaram nada vindo de nós sem desconfiar; temos que lembrar que eles são os reis das peças! Segundo: até prepararmos a poção, Potter já estará no campo de Quadribol; esqueceu de que todas as manhãs e tardes de domingo, Tiago e Sirius têm treino?

- Viu o que eu disse? Até isso você sabe! – falou Anne.

- E qual é o ser de Hogwarts que ainda não sabe disso? – rebateu Lílian. – Enfim, vocês vão ou não me ajudar?