AS MARCAS DE UM ANJO

por Nina Neviani

Capítulo VI – Eu te amo!

Shiryu acordou e sentiu a maravilhosa sensação de ter Shunrei nos braços. Observou-a dormir, tão calma, tão linda... "Com o que você sonha, Shunrei?". Olhou o relógio e viu que ainda faltavam algumas horas para amanhecer, e adormeceu admirando a sua amada.

Quando despertou, algumas horas mais tarde, pela segunda vez Shunrei não mais estava ao seu lado. Levantou-se e chamou pela namorada.

– Estou aqui na cozinha.

Ele foi ao toalete lavou o rosto e percebeu que Shunrei havia deixado uma escova dental separada para ele. "É um bom sinal", pensou.


Shunrei estava preparando o desjejum quando foi abraçada. Agora percebia como adorava os braços de Shiryu e como fora difícil, momentos antes, na cama, deixá-los.

– Bom dia. – disse ele antes de beijar a bochecha da namorada.

– Bom dia. Dormiu bem?

– Maravilhosamente. Vai ver foi por causa da companhia. – ele brincou e ela riu. – Humm... o cheiro está bom.


O shopping estava cheio. Shunrei convenceu Shiryu a saírem. Ela queria ver um filme no cinema e ele aceitava qualquer coisa desde que fosse para ficar do lado dela. Shiryu estava na fila comprando os ingressos para o filme enquanto Shunrei estava olhando uma vitrine que exibia lindos brinquedos que a faziam lembrar imediatamente Filippo.

– Oi. – Shunrei escutou uma voz que tentava ser sensual, mas que estava longe de conseguir ser.

– Falou comigo? – Shunrei perguntou, achava estranhoo fato daquele desconhecido falar com ela.

– Com você mesma, gatinha. Não quer dar uma voltinha por aí? – Ele tentou acariciar o rosto de Shunrei, mas ela se esquivou. – O que é isso gatinha vamos só conversar um pouquinho...

– Por que você não conversa então com o namorado dela? – a voz de Shiryu fez-se ouvir atrás do homem. Ele era policial e estava a acostumado a agir calmamente em situações complicadas, mas a vontade que tinha era de esmurrar aquele homem.

O homem virou-se e falou para Shiryu:

– Ah, então a gatinha tem namorado, é? – Shiryu fulminou-o com o olhar e deu um passo a frente, o que intimidou o rapaz – Tudo bem, mas da próxima vez não a deixe solta por aí. – disse o desconhecido de modo displicente antes de se afastar.

– Está tudo bem com você, querida? – Shiryu perguntou preocupado com a namorada.

– Sim, sim. Ele não fez nada. – Ela respondeu e ganhou um beijo apaixonado.

Andaram um pouco mais no shopping, Shiryu tinha comprado os ingressos do cinema para a sessão que começaria uma hora mais tarde. Shiryu parecia estar pensando em algo muito importante quando declarou:

– Aquele homem tinha razão, Shunrei.

– O quê!

– Quem vê você assim pensa que está desimpedida. – ele explicou.

Shunrei não gostou nada daquela declaração. Já passara por um relacionamento possessivo e não suportaria passar por outro.

– É o que você queria? Uma coleira com o seu nome? – ela disse de forma veemente e logo se arrependeu. Aliás, se arrependia toda vez que imaginava que Shiryu a trataria como fora tratada no passado.

Shiryu fez um gesto negativo com a cabeça e mesmo tendo estranhado a resposta ríspida da namorada, disse calmamente.

– Não. Eu havia pensado em algo mais... discreto. – e apontou para uma joalheria.

Shunrei olhou-o de modo confuso, mas mesmo assim acompanhou-o quando ele entrou na loja.

Uma vendedora muito bonita veio atendê-los. Com o seu melhor sorriso e sua voz mais aveludada perguntou para Shiryu:

– Em que posso ajudá-lo? – seus olhos não deixavam de fitar o policial.

– Eu gostaria de escolher um par de alianças. – disse olhando para Shunrei. A vendedora mudou de atitude, assumindo agora uma posição mais profissional.

Mostrou vários pares de aliança e Shunrei, que até então ficara surpresa demais para demonstrar qualquer reação, encantou-se com um par que também era do agrado de Shiryu.

Saíram da joalheria sem dizer nada e sentaram em um banco. Antes que Shiryu começasse a falar, Shunrei disse:

– Shiryu, eu acho que estamos sendo um pouco precipitados...

– Por quê? – E envolvendo o rosto dela com a palma das mãos, tomou coragem e disse – Eu te amo.

Shunrei pensou por um momento se estava louca e Shiryu pensou se não colocara tudo a perder, então tentou explicar:

– Querida, quero que você entenda que se você não ... – foi interrompido. Shunrei colocou o indicador na boca de Shiryu.

– Eu também te amo, se é isso que você quer saber. – viu a surpresa, para não dizer espanto, nos olhos do namorado.

– É verdade? Shunrei, por favor, eu não quero você diga o que não sente. Eu compreenderei e até prefiro que ... – foi novamente interrompido.

– Claro que é verdade. Eu não minto para você! – "apenas omito alguns fatos que me machucam demais" – Mas até parece que você não gostou de ouvir o que acabei de dizer. – brincou.

Ele sorriu e disse:

– Não diga bobagens, querida. Essa foi a melhor coisa que eu poderia ter escutado, aliás é o que venho desejo escutar a algum tempo. – Abriu a caixinha de veludo e perguntou – Então, Shunrei aceita ser minha noiva? – O tom de brincadeira não escondia totalmente a emoção que o policial estava sentindo.

– Sim. – Shunrei também se emocionou quando Shiryu colocou a aliança na sua mão e depois beijou a aliança. Ela colocou a aliança nele e se beijaram delicadamente mas mesmo assim com paixão.

Quando o beijo acabou Shiryu disse:

– Droga. – Shunrei abriu os olhos, espantada, e ele logo tratou de explicar – Não, querida. É que eu tinha imaginado outra forma para esse momento. Algo mais formal como um jantar, sei lá...

Ela o olhou de forma carinhosa.

– Shiryu, anos atrás, eu aprendi que o sentimento é o que importa. Esse é um dos momentos mais felizes da minha vida. – o seu sorriso se alargou – Quando que eu iria imaginar que o "paciente narcisista" seria o meu noivo?

– "Paciente narcisista" Eu? – ele perguntou sorrindo – Shunrei, você me acha narcisista?

– Claro que não, pelo contrário, você, como eu já devia ter imaginado devido a sua profissão, é uma das pessoas mais altruístas que já conheci. – Ele sorriu mais, orgulhoso da impressão que sua namorada tinha dele – Mas, imagine: Eu, acostumada a cuidar de crianças, me deparo com você, lindo desse jeito e se exibindo por causa dessa tatuagem!

Ele riu, embora achasse que não se exibia com o seu dragão.

– Veja só, eu, ao contrário, desde o começo me encantei por você. Eu te chamava de anjo.

– Por quê? – perguntou ela, surpresa com o que acabara de ouvir.

– A sua serenidade, a sua beleza, os seus gestos delicados.

Ela se emocionou novamente e resolveu interromper aquele momento tão mágico, pois se Shiryu continuasse maravilhoso daquela forma, revelaria todos os seus traumas, todos os seus medos.

Negou com a cabeça.

– Não foi nada disso, foi porque eu estava de branco. – ele riu. – Mas, quanto ao jantar porque não fazemos um e convidamos Filippo e o Seiya?

– Perfeito. – ele concordou.


Shunrei estava acabando de arrumar a mesa, quando Shiryu parou de ajudá-la para ir abrir a porta para Seiya e Filippo. Ao arrumar os pratos seus olhos passaram por sua mão direita encontraram a aliança. Tudo havia acontecido tão rápido, mas ela não se arrependia. Cada dia tinha mais certeza de que Shiryu era um homem maravilhoso, e de como tivera sorte em conhecê-lo. Horas antes ele a surpreendera novamente. Depois de deixá-la em casa, saiu para comprar algumas coisas para o jantar e voltou com, além do previsto, um enorme buquê de rosas vermelhas. Escutou as vozes dos convidados e foi até a porta.

– Tia Shunrei! – Filippo deu um forte abraço na madrinha e entregou um porta-retrato que estava com uma fotografia dele mesmo. – Vocês avisaram muito tarde, foi a única coisa que eu pensei. – explicou.

– Eu adorei, Filippo! Vou colocá-los junto com os meus outros porta-retratos.

– Só porque agora você está "noiva" não fala mais comigo é! – perguntou Seiya, como sempre bem-humorado.

Ela sorriu e respondeu.

– Claro que não, Seiya. – abraçaram-se e Seiya entregou a sobremesa que ele e o filho tinham feito.

Meia hora mais tarde, todos já estavam sentados à mesa jantando e conversando. Quando Seiya e Shiryu comentaram que na quarta-feira trabalhariam de madrugada. Então, Shunrei perguntou:

– É normal vocês trabalharem nesse período?

Foi Seiya quem respondei.

– Depende, mas geralmente duas ou três vezes por mês.

– E o Filippo fica com quem?

– Com uma babá.

– Eu não gosto muito dela. – opinou o garoto.

– Por quê? – perguntou Shunrei.

– Ela me trata como um bebê.

Os dois homens riram, Shunrei conseguiu não rir, pois tinha experiência com crianças, e sabia que elas sempre se achavam mais velhas do que eram. E teve uma idéia.

– Ora, por que não você não fica comigo? – ela propôs.

Os olhos do menino brilharam. E Shiryu colaborou.

– Tem um quarto vazio na minha casa, podemos fazer dele seu quarto, Filippo.

– Mesmo vocês não me perguntando, eu concordo. – disse Seiya

Todos riram e continuaram a decidir outros detalhes.

Continua...


N/A: Olá! Como vocês estão? Ok, o capítulo demorou, mas saiu! Então, vamos comentá-lo:

Um capítulo que pode ser considerado "intermediário", que levei mais tempo do que queria para escrever.

Esse capítulo ficou curto, eu sei...

Naquela parte que o Shiryu acorda e tem a Shunrei nos braços, eu tinha escrito de uma outra forma, mas descobri que lembrava uma música que eu adoro chamada "Tu sei, tu sai" do meu cantor preferido, o italiano Nek. Então eu mudei um pouquinho, só não fiz a Shunrei acordar e dizer que sonhava com ele (como é na música) porque não ia se enquadrar na fic.

O próximo capítulo (que eu, para variar, não sei quando sai) vai ser bem bacana e já posso adiantar que será bem importante também. Falando em capítulos, pelas minhas contas essa fic terá nove ou dez, portanto já estamos entrando na reta final e eu continuo precisando de reviews!

Acho que é só. Façam (por favor) "vista grossa" para os errinhos que por ventura surgirem, eu não tive tempo de corrigir.

Beijão!

Quero agradecer as meninas que deixaram reviews até aqui:

Daji-chan, Namárië, Juliane-chan, Layla Hamilton (obrigada pelo apoio, é sempre bom poder contar com o seu apoio e opinião), Eowin Symbelmine, Sakura Mars,Marin du Lion, Lili-chan (obrigada pelo comentário na fic "Carta" também), Palas Lis (minha querida amiga que sempre me ajuda e está arrasando com a sua fic "Vida bandida"), Daiana (querida, obrigadérrima pelos reviews! Viu o ciúme do Shiryu o levou a tomar uma importante decisão! Valeu pela idéia, e eu aceito tudo: sugestão, críticas, etc! Um beijão!)

Nina Neviani