E assim a noite passou. Não tirava a imagem de Carter na minha cama, mas também a de Luka no telefone. Eu estava em problemas. Não sabia o que fazer ou o que pensar.

Acordei na manhã seguinte com a maior dor de cabeça que tive em toda a minha existência. Chão ainda existia? Tateei o despertador que esgoelava sem parar. Por que raios eu pus isso pra trocar se não ia trabalhar de manhã?

Voltei a dormir rapidamente acordando 2 horas depois, com o telefone tocando novamente. Eu já estava traumatizada.

- Alo...- eu disse, morrendo de dor.

- Oi, Abby- será que só ele ligava pro meu apartamento- bom dia. Olha, eu já voltei, to no caminho. Vou passar ai antes de ir pra tomar um banho antes de ir pro County, ok?

- Tá, Luka, tá- desliguei e olhei em volta. Eu precisava ser rápida. Luka tinha pé de chumbo e eu precisava arrumar o apartamento antes que ele chegasse.

Assim que eu levantei eu senti tudo rodar e corri para o banheiro vomitando tudo. E... Acho que eu vou e voltar para cama.

Não sei quanto tempo passou, mas quando acordei eu vi que Luka estava no meu quarto abrindo as janelas e chamando por meu nome.

- Abby... Acorde! E vai me explicar direitinho o porquê a senhora bebeu ontem a noite! - ihhhhh fudeu... Eu me levantei colocando a mão na cabeça. Ai meu Deus e agora?

- Primeiro...- eu apoiava minha mão na cabeça- não grita, pelo amor de Deus! Você não tem idéia da minha dor de cabeça...

- É, eu posso imaginar- ele disse, num tom áspero e hostil- que merda você bebeu?

- Não grita- eu choraminguei- tomei vinho...- eu disse, olhando pra baixo. Parecia uma interrogatória de "mamãe".

- Só?- eles questionou, tirando a roupa pra entrar no banheiro.

- Vodka, mamãe- eu fiz uma voz engraçada- mais alguma pergunta?

- Foi aquele filho da mãe que te deu bebida?

- Que filho da mãe Luka? E quer parar de gritar! Mas que merda!

- Foi o Carter não foi! Anda me diz!

- A gente saiu para alguns drinks... E ele veio aqui e nos bebemos mais e conversamos! Só isso!

- E para que beber! Se ele esta se destruindo não precisa te destruir!

- Não começa, Luka. Por favor, vai- sai da cama e fui até o armário, separar a roupa que usaria para trabalhar. Ele continuava falando e falando quando eu olho dentro do banheiro e avisto a minha condenação de morte: a camiseta de John. Eu precisava fazer alguma coisa antes que ele me matasse.

Ele estava quase entrando no banheiro eu corri e entrei primeiro.

- Desculpa, to com muita vontade de fazer xixi- fechei a porta na cara dele e peguei a camiseta em mãos. Onde eu ia enfiar isso?

Eu peguei e coloquei a camiseta da minha gaveta de maquiagem. Luka nunca abriria aquela gaveta... Pelo menos eu espero. Demorei um pouco mais e ai sim sai do banheiro vendo-o cada vez mais irritado.

- Eu não quero você bebendo mais! Por favor Abby... Isso só faz mal a você.

- Ai... Luka... Foi só ontem! Quer parar!

- Começa assim Abby! Sempre e só um dia!

- Ta bom, beleza...Não vai mais acontecer, certo?- eu deitei novamente na cama. Meu estomago estava embrulhado e minha cabeça estava sendo metralhada. Como eu iria trabalhar hoje?

Ele entrou no banheiro e eu tratei de ir à cozinha, rapidinho pra ver se estava tudo em ordem. Tinha que revirar a minha casa pra ver se estava tudo normal. John Carter sempre revirava minha vida.

Eu arrumei algumas coisas e fiz um café forte para mim. Quando eu deitei no sofá e cai no sono senti ele me pegar no colo e me por de volta na cama.

- Descanse... Eu te cubro hoje...

- Luka...

- Shiiii... Eu vou ter uma conversa com Carter hoje... - o que conversa com Carter? Que porra era essa!

- Luka... Deixa disso vai! Nos dois somos culpados por ontem... Por favor...

- Não se preocupe... Só vou mandar ele não te oferecer mais bebidas.

- Eu não tenho 15 anos, Luka!- eu falei num tom mais alto e nervoso.

- Às vezes parece que tem até menos- ele sorriu pra mim. Já não estava zangado ou queria aparentar que não estava- você me dá muita dor de cabeça, sabia?- ele sorriu mais uma vez e de deu um beijo rápido- eu te cubro umas horas, descanse. Toma bastante água...

- Sim, senhor...- acenei quando ele saiu e me pus a dormir novamente.

Horas depois...

Quando eu chego no County já passa das 3 horas da tarde. Minha cabeça ainda doía um pouco, mas eu resolvi ir trabalhar para não criar confusão.

Entro na SDM vendo Carter dormindo no sofá. Aquela carinha doce e fofa não era nem comparada a de prazer da noite anterior. Segui para o meu armário normalmente, antes que eu começasse a pensar demais.

- Boa tarde para você também...

Eu dou um pulo ao ouvir ele falando. Ele não estava dormindo!

- Credo! Vai assustar a sua mãe!

Ele sorriu um pouco. Encarei-o bem de frente. Quem será que estava com a cara pior?

- Como vai a sua ressaca?- ele disse num tom baixo, quase sumindo.

- Dolorosa...- disse, pegando meu jaleco e o estetoscópio- e a sua?

- Digamos que eu quase não lebre de muitas coisas...- ele me sorriu- estou morto de sede e minha cabeça está estourando..

- Nossa, mals, hein?- eu evitei olhá-lo nos olhos. Estava morta de vergonha. Quem me dera não lembrar de nada...

Ele se aproximou de mim me olhando nos olhos.

- Ha! Te enganei! Você acha mesmo que eu ia esquecer de ontem! Depois de tudo que aconteceu? Me forcei a não esquecer... Se bem que teve uma parte da noite na qual eu fui indelicado... Desculpe... - Por que se eu queria tanto esquecer que estava feliz ao saber que ele mentiu e ainda se lembra de tudo! - Ahh... Antes que eu me esqueça. - ele abriu o armário dele e tirou um celular de dentro dele. - Aqui esta... Já que eu joguei o seu pela janela. - Puta que pariu! Aquele celular era 300 mil vezes melhor e claro mais caro que o meu! Ate internet acessava!

- Não precisa, Carter- eu fiquei olhando pro chão- é melhor eu ficar sem por um tempo. Eu quase nem uso mesmo...

- Ah! Mas sempre tem um que quer te ligar quando eu to quase...- ele parou um pouco de falar, me vendo querendo abrir um buraco pra me enfiar. Ele tinha que tocar nesse assunto?- é serio, Abby. Toma, fica como um presente de aniversário também.

- Meu aniversário é só daqui a 4 meses, Carter- sorri a ela- mesmo porque, o que eu vou falar pro Luka? Ele sabe que eu não tenho grana pra comprar um negocinho desses..

- E dai! Diz que eu dei... E se ele quiser explicação ele que venha falar comigo mais uma vez... Só que pede para ele escolher quando eu estiver sem ressaca e não estiver quase lá... Ok?

- O que! O Luka veio falar com você! Eu disse para ele não fazer isso! -

Ele começou a rir e me abraçou pela cintura. Ele e louco ou o que! E se alguém chegasse?

- Eu prometi que não ia te corromper mais...

- Que foi que ele disse?- eu estava em pânico! Nunca estive numa situação tão constrangedora!

- Veio falar da bebida, do vício do AA...e bla bla- ele fez uma cara engraçada, nunca me soltando dos seus braços- como se eu não soubesse de tudo isso muito melhor que ele..- ele sorriu e veio me dar um beijo. Esquivei na hora.

- Você tá maluco?- consegui me desvencilhar- Carter, você não tá entendendo. Chega! Aquilo foi um absurdo, foi um ato impensado! E você sabe disso...

- Eu não sei de nada- ele não parava de sorrir. Chego a acreditar que toda aquela felicidade de ontem não era apenas efeito da bebida.

- É serio, John - cheguei mais perto e o olhei nos olhos- não podia ter acontecido. Foi legal, nós curtimos, mas..- baixei meus olhos ao chão. Só Deus sabia o quanto era difícil dizer "não" a ele- você sabe, não dá certo. E eu..- senti um nó na garganta, mas esse era o certo- eu estou com Luka...

Ele me olhou nos olhos e disse baixo quase como se estivéssemos sussurrando.

- Do que adianta estar com ele se você não gosta dele!

Eu respirei fundo. Eu gostava de Luka! Ele era lindo, bom de cama, atencioso. O que mais eu poderia querer! Por que não consigo ter certeza disso!

- Carter... Eu gosto do Luka... Nos estamos nos entendendo ok?

- Eu percebi o quanto na noite anterior!

- Para!- eu tinha que dar um basta naquela situação- já disse, Carter! Eu gosto dele, sim! Ele é bom pra mim, ele me entende...não me faz sofrer...

- Como eu fiz, não é?- quer saber! Eu tinha que ser dura com ele, ou não conseguiria nunca me livrar desses demônios do passado.

- Sim, exatamente. Como você fez...

- Eu fiz você sofrer... Tenho consciência disso Abby... Só que estou pagando muito por isso Abby! Ou você acha que e fácil chegar e ver vocês juntos todos os dias, ir ao seu apartamento e ver as coisas dele onde as minhas estavam! Você acha que eu me senti bem ontem vestindo as roupas dele? Você acha que eu não me senti culpado por ele ter de você mais do que eu posso ter! Eu não consigo viver minha vida Abby sem me dar conta que eu só penso em você! Caramba! Para de falar comigo como se eu fosse um estorvo!

Escutei atentamente o que ele disse. Agora era fácil ele se fazer de coitado, não é mesmo? Ele não esteve na minha pele quando tudo aconteceu. Quando ele me deixou, terminou comigo da pior forma e ainda apareceu com aquela mulher grávida em Chicago. Eu tive que engolir a minha dor e ainda parabenizar pelo bebê.

- Vê agora o quanto foi difícil?- eu disse, sorrindo com a minha própria dor- isso não é vingança, Carter. É apenas uma colheita do que você mesmo plantou...- eu disse e fui em direção a porta. Já não podia segurar choro, mas não podia desistir agora - se cuida...- sequei meu rosto e saí da SDM.

Eu chego em casa cansada. Apesar de ter trabalhado apenas 3 horas eu estava morta, pois uma emergência atrás da outra quando esta de ressaca não e fácil.

Deixei meu celular novo em cima do balcão da cozinha e fui tomar meu banho. Quando eu voltei Luka estava mexendo nele. Mais que homem mais enxerido!

- De quem é isso?- ele nem me olhou pra perguntar.

- Meu, ué. Vai ser de quem?- eu sorri, ainda secando meu cabelo com a toalha.

- Cadê o seu?

- Não disse que tive um problema com ele?- afff. Agora ia ser marcação cerrada.

- E precisava comprar um assim? Todo cheio de frescura? Quanto isso custou?- ele pega pra olhar melhor- você vive reclamando de grana e faz isso?

- Meu! Pára com isso, Luka!- eu pus a toalha de lado, fui até ele e peguei o telefone da mão dele- que implicância! Tudo que eu fizer de agora em diante você vai reclamar?

- Não to reclamando...só pedindo uma explicação!- mas que abusado!

- Eu não tenho que te dar uma. Se fosse o seu dinheiro, quem sabe eu falaria algo. Mas..não! Você não é meu marido, nem meu namorado você é, então não me vem dar sermão, beleza?- fui até a cozinha pra encerrar o assunto.

- "Nem seu namorado?" Eu sou o que então, hein?- xi! Ferrou, devia ter ficado quieta!.

- Luka! A gente ta transando certo! Isso não significa que estamos namorando! Nem nunca falamos disso!

- E precisa falar? Eu estou praticamente morando com você!

- Isso não significa que você possa ser meu dono ora! - eu disse bebendo água - Você esta feliz que eu consegui um celular novo melhor do que a porcaria que eu tinha?

- Eu só queria saber como você ganhou!

- O Carter me deu! Foi isso!

- Ahn! Tá vendo! Você tava me escondendo...por que, hein? Por que não podia falar pra mim?- ele bateu o pulso na mesa, demonstrando no nervosismo- esse filhodamãe agora vai inventar de te dar presentinho?

- Era por isso que eu não queria falar, viu?- eu mantive a calma, mas se ele gritasse mais um pouquinho, senti que minha cabeça ia literalmente explodir- agora você fica cheio de minhoca na cabeça.

- Minhoca? Vai se ferrar- ele estava muito mais nervoso do que eu achei que ele ia ficar.

- Cacete! Para de berrar!Ele ficou quieto por um minuto.

- Então quer dizer que a gente não namora, só transa?- ele voltou no assunto- bom saber. Se eu sou garoto de programa aqui, tá faltando você me pagar!- e voltou a berrar!- se bem, né?- ele falava todo irônico, se atrapalhando nas palavras, com mais sotaque do que nunca.- precisa rever os seus conceitos! Sabe há quanto tempo você não dá pra mim?

- Para de falar assim, Luka!

- Há três semanas que toda vez que eu tento me aproximar de você para transar você inventa uma desculpa! Seu garoto aqui não é mais suficiente?

- CALA A BOCA PORRA! - eu gritei vendo ele se calar imediatamente -eu estava com dor de cabeça e menstruada alem de trabalhar todo maldito dia Luka!

- E assim com o Carter também! Ou será só comigo!

- Vai se fuder!- eu gritei o quanto pude.

- É né? Esse é o jeito...já que você..- ele não parava de falar nisso.

- Você tá sendo nojento!- eu fui indo em direção ao quarto- se não tá bom pra você, vai comer outra!- bati a porta do quarto com força, fazendo um sino tocar na minha cabeça.

Tomei um banho rápido e deitei na cama. Eu só queria esquecer esse dia maldito!

Acordei quando o meu quarto estava bastante escuro. Me levantei com a cabeça bem melhor, mas não sabia ate quando, pois com a nova briga que tive com Luka a probabilidade da dor voltar e alta. Sai do quarto encontrando ele cozinhando algo e ele estava usando avental!

- Luka!

- Melhorou?- ele sorriu pra mim- já tá quase pronto...Pode sentar- olhei pra mesa posta.

- Sim..- eu disse, não entendendo nada do que se passava. Ele não estava gritando, me xingando e reclamando a uma hora atrás?

- Fiz macarrão com cogumelos- hum, isso me soava bem. Que fome...

- Hum- fiz que não dei muita importância q fui indo pra cozinha.

Eu bebia água calmamente vendo aquelas mãos ágeis misturando o molho. Cheguei mais perto dele cheirando o aroma maravilhoso dos cogumelos e o molho branco.

- Hum... Esta cheirando bem...

Ele sorriu para mim e abaixou o fogo. Ele se abaixou me dando um beijo de leve.

- Desculpe... Por mais cedo... Eu só fiquei com ciúmes... Só isso...

Respirei fundo e olhei pra ele.

- Tubo bem, só não faça mais isso...- ele me abraçou naqueles braços grandes e cheirosos e eu podia dizer até que minha dor de cabeça tinha evaporado junto com a água que saia da panela.

Ele tocou meu lábios e logo começou me beijar mais profundamente.

- Vamos comer?- eu sorri, parando por ali o que não ia dar certo.

- Vamos... Mas antes.. - ele me olhou com aqueles olhos lindos e brilhantes. Ai meu Deus me segura. - Eu queria só te pedir uma coisinha... - Já ate imaginava que era para devolver o celular que eu havia ganho. O celular era tão lindo... Acho que ele iria arranjar outra briga por causa daquilo. Percebi que ele estava demorando muito então eu sorri para ele o apressando.

- Diga...

- Quer namorar comigo?

Ah! Fala se ele não era tudo de mais fofo nessa Terra? Olhei pra ele e sorri. Não me contive e o abracei. Ele me dava tanta segurança...

- Só se você fizer comida pra mim todos os dias- ele me beijou mais uma vez até irmos pra mesa.

Jantamos em paz. Ele falou de umas coisas engraçadas que aconteceram no hospital e assim passamos a noite. Falei um pouco sobre Eric e Richard, e ele me falou mais sobre a Croácia e Daniela. Creio que não tinha porque nossa relação dar errado dessa vez. Tínhamos muito mais diálogo e acredito que aprendemos isso juntos.

Dia seguinte...

Eu não entendo a necessidade das pessoas de sempre ter que pedir ajuda a um ex namorado. Essa já era a segunda vez que Luka ajudava Sam com a historia do filho dela. Porra, parece egoísmo mas se ela não consegue manter o filho dela em casa que deixe ele com o pai.

Sento no banco da baia de emergência esperando por alguma coisa para fazer. De longe eu avisto Carter. Falando nele, eu não falo com ele a semanas, desde a conversa na SDM, e isso de uma forma me incomodava.

- Oi...- eu puxei o assunto, não queria que ele pensasse que eu nunca mais fosse olhar na cara dele só porque...É...só porque nós demos uns amassos feitos dois adolescentes.

- Oi- ele não parecia de bom-humor, ou era eu que não provocava mais tanta euforia.

- Tudo bem?- típica falta de assunto.

- Sim e você?

- Também- respondi, pondo as minhas luvas pra pegar a ambulância que estava quase chegando.

- Pega esse comigo?- eu apontei o carro que já apontava na esquina com o barulho ensurdecedor da sirene.

- Claro... - ele disse pondo as luvas e se direcionando a ambulancia parada. Durante todo o atendimento ele ficava estritamente profissional! Qual e a porra do problema dele? Quando finalmente ficamos sozinhos e nao conseguia mais aturar aquilo.

- Qual o seu problema, Carter? Não vai falar comigo mais não?

- Eu estou falando...- ele disse irônico- não estou?

- Afff, viu?- sai pela porta de vidro, seguida por ele.

- Qual é a sua?- ele veio querer brigar comigo?-se fico junto, não pode. Se me afasto, to com problema? Que você quer que eu faça?- ele ficou me encarando, e eu não podia fazer muito escândalo se não quisesse que o hospital todo presenciasse a cena.

-Sei lá, aja normal, caramba! Eu disse que quero ser sua amiga...você não entende?

- Eu so estou plantando o que eu colhi Abby! Não quero te por numa situação ruim nao! Basta aquela daquele dia. - os olhinhos dele marejados me olhando era mortal. Me aproximei dele e ele saiu para a SDM. Eu o segui.

- John... Aquilo foi...

- Foi indevido, eu sei... E você estava bêbada e eu me aproveitei e... - antes que ele continuasse com aquela historia eu o empurrei na parede e o beijei.

Ele se assustou, mas respondeu na mesma intensidade. Quando eu estava sem ar ele nos separou. O olhar confuso e feliz nele me fez sorrir.

- Eu não estou bêbada... E você não se aproveitou de mim agora...

- Eu não sei porque você faz essas coisas- ele sentou no sofá e me olhava de esguio- dá o doce depois tira...

- Desculpa- - realmente aquilo não era legal com ele. Não podia fazer isso, mas é que...Poxa, eu não era de ferro.

- Não se incomode- ele sorriu safado- sempre que te der esses repente, pode me chamar!- ele riu mais aberto e eu vi que estava tudo bem agora.

- Amigos?- estendi a mão a ele. Ele se levantou e me olhou mais uma vez- me deu um beijo no rosto e pos minha mão pra trás.

- Coloridos?- ele sorri e me deu um beijo na outra bochecha.

- Quantas cores?- eu estava extremamente vulnerável a ele. Vi ele me dar um selinho em metade da minha boca.

- Acho que assim está bem...

- Não esta não... - eu disse vendo a cara surpresa dele. Meu Deus o que estava acontecendo comigo?

- Assim! - ele me disse quando me deu um selinho desta vez na boca toda.

- Ainda não... - eu disse sorrindo para ele. Para Abby! Antes que isso tome proporções que você não vai gostar... Quer dizer vai gostar, mas vai se arrepender depois...

- A gente da confiança e a senhora se empolga Né dona Abby!

- Não to empolgada- virei meus olhos na inocência- é que eu aprecio o arco-íris.

- Então- ele abriu um pouco mais a boca e enfiou a língua tímida.. - assim?- eu não me agüentei e comecei beija-lo como antes, sentimento e tudo mais.

Ele me apertou pela cintura e me jogou pra cima dor armários, fazendo com que fizesse um barulho escandaloso.

- Shiu! - eu me assustei- não faz barulho, né, John?- sorri e continuei beijando-o, sem medir as conseqüências de nada.

Eu sentia o corpo dele apertado contra o meu. Era como se ele quisesse unir os corpos em um único. Ele me beijava cada vez mais e as mãos começaram a ficar mais audaciosas.

- Abby... Não que eu não queira continuar... - ele disse ainda me beijando - mas a gente precisa ir para um lugar mais discreto...

- O que você tem em mente?

- Na verdade, eu não tenho- ele sorriu e parou um pouco de me beijar, respirando fundo e me olhando- mas posso pensar em alguma coisa até o fim da troca.

- Beleza- eu ajeitei o jaleco que já estava na metade das minhas costas- a gente se fala, então- eu não estava mais confusa.

Naquele momento, essa era a coisa certa pra mim, por que era algo que eu queria de verdade. Não pensei em Luka, em fidelidade ou nada disso. Só queria me entregar a ele, dar prazer a ele e senti-lo como meu, como há muito tempo.

Saí primeiro da SDM pra não despertar suspeitas. Nunca se sabe quando alguém do County vai estar de olho em todas as suas ações e reações.

O resto do meu plantão passou muito devagar. Não sei se pela falta de pacientes ou pela ansiedade de estar sozinha com John sem me preocupar com nada. Quando Neela, que iria me substituir apareceu eu fui para a SDM encontrando-o deitado no sofá vendo algo na televisão desinteressado. Eu fui ao meu armário como se não tivesse o visto e comecei quando senti ele me abraçar e sussurrar no meu ouvido. Tomara que ninguém entrasse na sala.

- Nos vamos para o meu apartamento... - ele disse enquanto beijava meu pescoço.

- Não quero nada me atrapalhando, nem ligando para voce... Alias... - ele disse quando viu ela colocar o celular dentro da bolsa - Isso vai ficar desligado...

- Você é louco?- eu sorri, ligando novamente o aparelho- e se o meu namorado ligar?- me dei conta do que faria. Pela primeira vez na vida, trairia uma pessoa. Será que isso seria mesmo o certo? Vi que John me olhava com aquela cara.

- Já vai começar,po?- ele parecia decepcionado comigo- você consegue ir até o fim em nada, Abby?- ele não estava bravo, apenas chateado- Você acabou de dizer que ficaria comigo, sem pensar em mais nada...

- John!- eu não podia deixá-lo ficar triste comigo- desculpa, mas- eu parei um pouco pra pensar. Terei que medir todas as palavras- é dificil, sabe? Nunca fiz isso...

- Se você não quiser Abby a gente para por aqui, mas poxa não brinca assim comigo não... - ele me disse com aquela voz como se fosse chorar. Eu o abracei dando um selinho de leve nele.

- Não que eu esteja brincando, mas e que eu nunca trai ninguém... Não é fácil...

- E você acha que e fácil para mim! Afinal, sou eu quem tem que olhar você com ele toda hora, sabendo que eu só poderei estar assim com você em certos momentos... Mas mesmo assim eu prefiro isso do que não ter você...

Encarei aquele rostinho triste a minha frente. Não podia machucá-lo. Não hoje, não agora.

- Chorão- mostrei a língua pra ele. Precisava amenizar o clima- vai indo na frente, chego em meia horinha- pisquei pra ele, continuando a arrumar as coisas no armário.

- Sério mesmo?

- Acredite- pisquei mais uma vez e sai. Tinha que passar na Administração pra pegar meu pagamento ainda.

Eu sai do County quase 15 minutos depois do tempo que eu havia prometido a Carter que estaria na casa dele. Será que aquilo era mesmo o certo a se fazer! Deveria eu ir a casa dele e me envolver com ele, estando com Luka! Respirei fundo sem saber o que fazer. Por que tudo tem que ser tão difícil?

Me peguei pensando sem rumo no estacionamento. Fazia um frio tortuoso, mas eu não ligava. Só queria me decidir, de uma vez por todas, o que faria da minha vida.

Andei por ali pelo menos mais 10 minutos, quando finalmente o frio me pegou. Entrei no carro ainda sem saber ao certo que rumo tomar.

Pela avenida principal eu fui andando. O som baixinho, coisa rara.

- Deus! Que eu faço?- pensei alto. Olhei no relógio. Ele iria me matar. Já passava mais de meia hora do que atrasada. Olhei meu celular no banco do passageiro. "Luka não me ligou", pensei. Isso seria um sinal?

Dirigi rumo ao apartamento do Carter. Talvez meu medo disso fosse besta afinal de contas Luka já estava fora há dois dias e me ligou uma vez. Lá se sabe se ele não esta e se divertindo com Sam. Estacionei meu carro na frente do seu prédio e vagarosamente me dirigi para o seu apartamento. Assim que ele abriu a porta parece que ele reparou que alguma coisa estava errada.

- Abby... Ta tudo bem?

- Aham- eu não me mostrei muito a favor de entrar.

- Entra- ele saiu de frente da porta e eu pus a minha bolsa na mesa de vidro da sala- é..- eu precisava falar, não podia ficar na minha garganta.

- Diga, pode dizer- ele pegou na minha mão e sentou comigo no sofá da sala de estar.

- Carter, não sei se eu consigo fazer isso...- eu não queria, mas as lágrimas começaram a brotar no meu rosto- eu não sei se posso fazer isso, se devo. Se é justo com ele...e com você- eu limpava o rosto, mas novas lágrimas surgiam.

- Abby- ele pegou nas minhas mãos geladas- eu não vou forçar você a nada. Não é num ato que se constitui uma traição. É em pensamento, em desejo...A gente já se beijou, já fizemos até mais do que isso...Não sei por que você implicou com o fato de transar ou não...- e por que e complicado! Por causa do Luka? - ele disse eu podia ver a dor e o sofrimento nos olhos dele.

- Tambem... Mas e que eu não sei... Parece que isso vai contra meus princípios... Eu nunca fiz isso... Nunca gostei quando fizeram isso comigo... - eu falei vendo a dor nos olhos dele. Acho que eu peguei em um ponto delicado, afinal ele me traiu com aquela africana.

- Eu entendo... - ele olhou para baixo. - Mas você sabe que uma hora ou outra nos não vamos conseguir evitar e isso vai acontecer.

Ele estava certo, certo ate demais. Não adiantaria muito essas precauções todas se mais cedo ou mais tarde nós iríamos acabar nos desejando de novo.

- Então nós temos que evitar isso- definitivamente não era isso que ele queria me ver falar, nem eu queria falar!

- Então você quer que nós...- ele não conseguia mais me olhar- paremos de nos ver?

Sentia as lágrimas queimando o meu rosto. Por que as coisas tinham que ser assim.

- Sim- eu disse, mas nem eu mesma consegui escutar.

- Não ouvi- ele queria me ver sofrendo também. Queria que eu me sentisse pequena, terrível, um monstro.

- Sim!- eu repeti com raiva.

Eu vi ele respirar fundo como se aquilo tivesse sido uma punhalada nas costas dele.

- Eu deveria ter feito diferente... Eu me arrependo de tanta coisa que eu fiz Abby...Se eu pudesse voltar atrás nem que fosse um pouco de tempo você estaria do meu lado...

- John...

- Não! Espera eu terminar Abby... Eu tentei de tudo para te esquecer, mas o que eu consegui? Piorar mais ainda a situação... Talvez eu não devesse ter voltado... Talvez eu devesse sair de vez da sua vida...

- Não fala isso- eu limpei o meu rosto mais uma vez e decidi que não ia mais chorar. Sentei mais perto dele. Eu não podia negar que aquilo me pegava e não conseguiria resistir. Fosse o que Deus quisesse.

Vi que ele me olhou diferente quando me aproximei.

- Não faz isso por obrigação ou pena- ele meio que se esquivou de mim.

- Eu não tenho pena de você- eu disse firme, pegando na mão dele- vem, me dá um beijo...- eu sorri, esperando que ele viesse.

- Não, Abby. Você tá certa...- ele continuava de cabeça baixa- você tá certa-

Só essa me faltava! Quando eu me convenço ele desiste? Não mesmo! Peguei a mão dele e direcionei ao meu rosto...

- Vem...- eu chamei mais uma vez, estando muito próxima a ele. Nenhuma reação. Minha última opção: peguei as duas mãos dele e pus nos meus seios, sem me importar o que ele iria achar dessa situação.

Ele se espantou, mas gostou daquilo e veio me beijar com suas mãos ainda paradas em meus seios. Ele era lerdo ou o que. Ele parou de me beijar e me disse baixinho.

- Você tem certeza? Eu não quero te forçar...

Eu o beijei de novo sentindo ele responder ao beijo com desejo.

- Cala boca e me beija Carter!

Era só o que ele precisava ouvir, realmente.

Logo senti as mãos dele serpenteando as minhas costas e o meu abdome. O beijo rápido e ligeiro, tenso e desejoso.

- Vem pra cá- ele parou e me chamou pro quarto dele. Sorri, pegando a minha bolsa e de mãos dadas, fomos para o outro cômodo.

- Você vai ficar bravo se eu pedir pra tomar um banho antes?- eu perguntei, vendo-o estranhar.

- Agora?- ele riu- por que a gente não tomar juntinho depois- voltou a me beijar e querendo cair na cama.

- Eu trabalhei até agora, John- ele sorriu ainda mais quando me viu chamá-lo assim- eu to cheirando a hospital...

- Eu não ligo não... Vem aqui vem... - ele começou a me beijar de novo e caiu por cima de mim na cama.- Eu prometo que nos tomamos banho bem juntinhos depois... Ainda me lembro a sua fixação por banheiros e espaços apertados dona Abby...

Eu comecei a sorrir e gemi quando senti as mãos dele fazendo carinhos audaciosos no meu seio. Não demorou muito para que eu percebesse a excitação dele pressionando meu corpo ainda vestido. Aquilo era tão bom...

Ele brincava com todas as partes do m eu corpo e os meus sentidos. Vi o clima esquentar e resolvi facilitar pra ele. Parei-o, deixando- o com uma cara incrédula. Sorri a expressão dele. Desci da cama, peguei minha bolsa e o celular.

- Não poderia esquecer- o aparelho fez um barulho, sinalizando estar desligado.

- Sendo assim- ele me sorriu e foi até o telefone que tinha do lado da cama, tirando-o do ganho. Sorri mais uma vez, vendo-o ali, deitando na cama, apenas me esperando.

A cena parecia um filme e só me faltava aquela musiquinha romântica ao fundo. Tirei o camisete que vestia, ainda olhando pra ele, que parecia hipnotizado. Ele ficou de joelhos na cama, apenas me olhando tirar a roupa. Abri a calça, fazendo com que ela descesse pelas minhas pernas. Sorri mais uma vez, antes de voltar pro lado dele.

Ele me puxou de encontro com o corpo dele e se fosse possível eu percebi ele ainda mais excitado. Sorri começando a tirar a roupa dele bem devagar como se quisesse fazer ele aproveitar cada minuto daquilo.

- Você esta muito vestido sabia! - eu disse beijando o tórax dele vendo-o fechar os olhos e dizer meu nome baixinho. Depois eu que era a barulhenta!

Quando a camiseta fora descartada eu comecei a abrir a calca dele acariciando seu corpo de uma forma bem lenta vendo ele cada vez mais animado e cada vez mais solto. Comecei a beija-lo de novo e dessa vez foi ele quem começou a explorar meu corpo. Aquele homem me enlouquecia.

Ele tirou o meu sutiã rapidamente pra dar acesso ao que ele tanto queria.

- Você tá peituda hoje- ele diz e eu quase não me agüento de tanto rir. Isso era hora de falar uma coisa dessas?

- TPM...- eu disse, continuando a tirar a roupa dele.

- Ah!- ele parou e me olhou- por isso você tá com tanto fogo- beijou meu ombros e meu pescoço, chupando cada parte dele- e tá tão gostosinha assim- ele me deu um beliscão na bunda que me fez gritar.

- Ai ai...- chorei meio ao riso.

Ele começou a tirar minha calcinha e eu logo senti a mão dele me acariciando vagarosamente. Logo eu gemi por mais e ele aumentou os movimentos fazendo eu me agarrar nele e arrastar minhas unhas pelas costas dele em resposta.

- Nossa que violência... - ele disse sorrindo. Ele queria mesmo quebrar o clima?

- John... Shiii...

Ele se calou por um momento, mas logo começou a morder meu pescoço muito forte. Se ele me deixasse marcadas mais uma vez, ele ia se ver comigo. Nos beijamos por um momento mais até ele finalmente tirar a cueca. Estávamos livres e a um passo de finalmente chegarmos "lá".

Voltando a beijar meu pescoço, senti uma pressão enorme, fazendo até com que ficasse dolorido.

- Carter, eu vou trablhaaaaar amanhãaaa!- eu disse, meio que cantando dentro do beijo.

- E daí?- ele parecia não me entender.

- Não me marca, homem!- eu ria do jeito que falei.

- Ah, tá- ele viu meu pescoço e pela cara dele, parecia tarde demais- entendi!- ele fez aquela carinha de safado.

Voltou a beijar os meus seios e deixou meu pescoço em paz. Quando eu menos esperava ele fez a mesma coisa, só que no meu peito.

- Carter!- eu explodi!- já pedi, né- fiz ele parar.

- Mas ninguém vai ver aqui, Abby...- ele fez uma cara, mas eu na verdade sabia da intenção. Ele queria fazer isso pro Luka ver, aposto e ganho!

Quando eu ia dizer alguma coisa ele me beijou e as mãos audaciosas começaram a me tocar onde só ele e mais ninguém sabia exatamente como. Aquilo era o paraíso... te-lo ali depois de tanto tempo sendo somente meu e praticamente me levando a loucura era mais do que eu podia agüentar.

- John... Você esta me enlouquecendo...
- Mas e isso que eu quero... - ele disse me penetrando com um dedo - Te enlouquecer...

Ele ficou brincando comigo por muito tempo. Muito mesmo. Eu já estava quase sem voz de tanto berrar dentro daquele quarto e ele, nada de me dar o que eu queria, o que, na verdade, eu precisava!

- John- eu "gemia chorando", como ele vivia me dizendo. Eu olhava pra carinha dele e era um Sol. Estava tão feliz, tão realizado. Se bem que ele funcionava como um espelho pra mim. Não estava diferente. Me agarrei mais a ele mostrando que estava mais do que na hora.

- Vem, John- eu o beijei mais uma vez. Finalmente ele se tocou e veio por cima de mim, me deixando totalmente dominada- agora John... Estou louca para te ter dentro de mim...

Antes que eu pudesse me preparar o seu corpo entrou no meu me completando de um jeito incrível. Eu gemi e me abracei a ele enquanto ainda curtia as sensações.

Eu sabia que não era certo, mas sabia que era bom. Empurrei meu corto pra frente, aumentando ainda mais nosso contato e fazendo que Carter quase tivesse um treco.

- Abby- ele disse gemendo- não faz isso se não quiser que a festa acabe. Isso acaba comigo e você sabe...- sorri a reação dele, fazendo mais uma fez, só pra provocar.

- To avisando, você vai acabar chupando o dedo- vi que ele se continha ao máximo para prolongar aquilo, mas eu queria que ele relaxasse e sentisse prazer naquilo, afinal meses não são dias...

Por mais uma vez curvei meu corpo junto ao dele e logo senti as conseqüências. Ao receber toda aquela energia dentro de mim, lembrei que nem uma modesta camisinha tínhamos usado.

Ele caiu por cima de mim, parecendo exausto. Beijei a testa dele, fazendo-o rolar pro meu lado.