Ele me beijou mais uma vez e sorriu feito um bobo e eu não estava diferente. Daquele mesmo jeito nos dormimos sem nenhuma mudança ate o dia seguinte quando eu acordei com Carter beijando meu pescoço.
- Hum... John...
- Bom dia princesa...
- Oi..- ele beijou meu rosto e foi se levantando.
- Preciso trabalhar...você bem?- ele perguntou, rapidamente pondo as roupas.
- Só a tarde- eu disse bocejando- entro as 5...
- Beleza- ele vestiu o tênis- preciso passar em casa antes de rir, pegar umas coisas..- ele me sorriu- adorei nosso programinha light de ontem- me deu uma piscadela e veio me beijar na cama.
- Light? Pizza e Coca? Desde quando isso é light?
-Digo- ele pensou um pouco- romântico, serve?
- Por que você não diz logo "sem sexo"?
- Porque eu sou um cara romântico... - ele disse me beijando mais uma vez.
- Sei... - eu disse rindo - Vai logo antes que eu faca você se atrasar... - eu disse provocante e ele começou a sorrir entendendo meu recado.
- Mais tarde eu passo aqui para te ver...
- Ih não vai dar... Prometi que ia ajudar Neela no apê dela com Ray. - ele fez aquela carinha de triste, mas eu já havia combinado tudo com ela.
- Mas...e eu?- ele fez aquela carinha.
- Carter- eu falei agora sem manha- por favor, né?
- Tá bom, tá bom...ele foi indo em direção a porta mais antes voltou pra me dar um último beijo. Antes que eles saísse pela porta da sala eu ouvi o telefone tocar avidamente. Corri até a sala, onde estava o sem-fio e atendi.
- Abby?
- Luka?- agora era eu quem estava sonolenta e bocejava- onde você tá?
-To chegando agora. Encontramos. Alex já está conosco. Daqui uns 20 minutos to ai, beleza?- meu DEUS! Ferrou!
- Ta... Te vejo em 20 minutos. - eu disse me despedindo e olhei para Carter que ainda estava no meio da sala. - Sai daqui Carter! Anda!
- Me expulsando dessa forma romântica só por que não tivemos sexo ontem! - ele disse rindo sabendo a que eu me referia.
-Luka chega aqui em 20 minutos... Anda logo Carter! - eu empurrei ele porta fora e o beijei. - me liga depois ta!
- Hum hum...
Voltei pra dentro de casa e fui me ajeitar, arrumar a cama, dar um jeito na minha cara. Estava terrível. Alem disso, tinha que dar um jeito na bagunça de ontem a noite, que por mais que ele tenha arrumado, não ficava nunca do meu jeito. Em menos de 15 minutos, ouço a campainha tocar. Ué, ele tinha a chave...
- Luka?- pergunto antes de abrir.
- Sim...- gozado, por que será que ele não entrou?
Abro a porta, vendo Luka, juntamente com Sam e Alex, ao lado.
- Oi, todo mundo- onde eu enfiava a minha cara?
Senti os olhos do Luka irem completamente para o meu cabelo. Por que será que eu tive a impressão de que ele não gostou tanto do meu cabelo como Carter havia gostado? Ah e se ele não gostou eu não estava nem ligando, afinal eu não posso negar que realmente eu tinha feito isso para o Carter.
- Oi Abby... Tudo bem? - Sam disse e é impressão minha ou eles estavam estranhos um com o outro como se estivessem tentando quebrar um pouco o clima pesado. Porra, será que nem na minha cara eles conseguiam disfarçar que algo tinha acontecido entre eles?
- Tudo bem... Fico feliz que o Alex esta de volta...
- Ah, graças ao Luka- ela olhou pra ele, mas desviou o olhar.
Sorri amarelo. Que situação! Não tinha assunto. Alex olhava pra mim com a mesma cara de "pastel" que eu me encontrava! Por que ele tinha que traze-los aqui?
- Querem comer alguma coisa?- que mais eu podia falar, tinha que ser ao menos educada.
- Não, Abby. Obrigada- Sam respondeu, e Alex só ficava mudo.
- Vou leva-los para a casa agora- ele ainda não tinha tirada o olho do meu cabelo- afinal, por que você ficou loira de novo?- ele não estava nada feliz.
-Ué, pensei q você gostasse- é, encarei mesmo Sam. Queria que todo mundo soubesse que eu estava achando aquilo tudo muito estranho.
- Eu gosto Abby... Não é isso... - ele disse ainda sem para de olhar para o meu cabelo. O que tinha de tão especial no meu cabelo?
- Ah... E o que é? - eu disse tentando sorrir, mas na verdade eu queria pular no pescoço dele.
- Eu só não esperava... Achei que sua FASE loira havia passado. - ele disse dando bastante destaque a palavra fase como se estivesse insinuando alguma coisa. Alias... ele estava!
- Passou e voltou Luka...
- Bom saber- ele disse como para si mesmo.
- Não começa- falei baixo, esperando que os outros dois não começassem. Ele fechou a cara a na hora e pegou a chave do carro.- Vou levar Sam, depois a gente se vê no hospital...- me despedi de Alex e Sam, que não conseguia me encarar nos olhos.
Ele saiu e com ele saiu o meu peso na consciência. Fiquei me ajeitando e arrumando um pouco da bagunça até a hora de ir trabalhar.
Eu cheguei no ER sabendo que eu deveria conversar com Carter a respeito da nossa situação. Eu sabia que aquilo não podia continuar assim. Alem de uma situação incomoda era algo que de acordo com o meu pensar era errado. Deixei minhas coisas no armário, passei pela recepção e finalmente encontrei John atendendo uma criança. Ele realmente levava jeito com crianças. Pedi licença e o chamei.
- Precisamos conversar - eu disse mordendo o lábio inferior e ele logo entendeu que vinha chumbo grosso por ai.
- Claro- ele terminou de pedir os exames necessário e receitar algo para dor. A menina me sorriu e ele me acompanhou até a sala do lado, onde estava vazio.
- Diga- ele ainda me sorriu, pensado que talvez não fosse tão grave assim.
- Luka voltou- vi ele me olhar sério.
- Ele descobriu?
- Não- nossa, bem mais aliviado- mas ele vai, se nós não tomarmos providencias. Ele implicou muito com o meu cabelo, Carter- não podia negar, eu estava transtornada e perdida- ele liga a minha "fase" loira a você, ele não é besta...
- Não vai me dizer que você quer que a gente não se veja mais... - ele disse quase que indignado. Quem ele era para ficar indignado?
- Essa parece a solução não! - eu disse e ele pareceu machucado com aquilo... Ah John... Por favor não comeca com isso. Eu peguei na mão dele. - Você tem outra solução!
- Essa não parece uma pra mim- ele tinha um pouco de ódio no olhar e isso, de certa forma, também me deixava irrtada.
- Você quer fazer o que, mew? Po! Não tem jeito!- eu disse, caminhando pela sala- a gente não pode agir como adolescente, que "se pega" na hora que tem vontade, fica às vezes e não tá nem aí...Não temos 20 anos há bastante tempo, Carter!
- E daí?- ele pareceu iluminado- por que a gente não pode agir assim também?
- Você não pode tá falando sério...- era rir pra não chorar.
- Você tem muito medo, Abby...Aff!
- Tenho- encarei ele- tenho mesmo e daí? Não acho isso certo e pronto...- eu cruzei os braços em reprovação.
- Nem vem com essa posição sexy para cima de mim não viu? - ele disse sorrindo e se aproximando de mim. Por que ele sempre conseguia fazer eu esquecer a raiva assim tão rápido? - Se a gente se ama Abby por que não podemos! Era errado se você estivesse fazendo isso com alguém que gostasse de você, mas ele esta te traindo com a Sam!
- Não, ele só estava ajudando ela! - eu disse tentando apagar as desconfianças da minha mente.
- Aff Abby... Você sabe que sim, então esta tudo nas mesmas proporções.
Eu pensei por um momento, mas ainda assim...
- Não posso fazer isso com ele de novo, John...- eu baixei a cabeça, trazendo a tona lembranças do passado- você sabe o quanto ele sofreu da primeira vez. Não posso troca-lo por você mais uma vez, ele não vai agüentar, Carter.
- Ah!- ele me pegou- então você está com dó, não é amor...- ele me encarou um pouco.
- Eu não sei, Carter...Sinceramente, não sei de nada!- eu ia saindo pela porta, mas ele me puxou pelo braço.
- Não foge, Abby. Vamos resolver a situação, por favor, vai!
- Não sei o que a gente vai resolver, mas não vou fazer isso de novo não... Sinto muito... - eu disse vendo ele passando a mão pelo cabelo. Sabia que aquilo estava machucando-o, mas eu não podia. Apesar de tudo ele era meu amigo.
- Abby... Você pode falar o quanto quiser, mas eu não vou deixar você escapar por entre meus dedos de novo. - ele olhou para mim com aqueles olhos de criança abandonada que tanto me desnorteava. - Eu já cometi esse erro uma vez e eu sofri feito um cão as conseqüências desse erro... Persistir no erro e burrice, então nem que o Luka descubra, eu vou deixar voce.
Olhei para o chão, depois pra ele de novo. Estava perdida, desnorteada. Que eu deveria fazer? Por um lado me sentia uma pessoa má e suja fazendo isso. Nunca quis que me traíssem, sempre fiquei mal quando isso aconteceu...e sempre julguei mulheres desse tipo. Mas por outro...Carter era o homem que eu amava e que, apesar de tudo, me fazia sentir viva e feliz outra vez na vida.
Não podia negar que ele tinha me magoado muito, mas estava tentando se redimir e, acredite, estava conseguindo.
- Certo John... Mas o que voce propõe! - eu perguntei vendo ele tocar meu rosto com carinho.
- Primeiro eu quero que voce tire essa carinha triste dai... - ele disse me fazendo sorrir. Eu tinha que admitir que ele estava me fazendo feliz. Ele havia mudado tanto que eu não conseguia acreditar que ele estava realmente ali.
- A nossa única opção e que apenas nos encontrássemos as vezes. - ele olhou para baixo sem saber o que dizer.
- Voce diz quando quisermos fazer sexo!
Ele sorriu pra mim.
- Não apenas isso, Abby- ele rodou os olhos- às vezes, basta eu tá junto de você, ver você sorrindo pra mim...ter você do meu lado. Às vezes, só de ouvir você respirar, me faz a melhor pessoa do mundo..e a mais feliz...
- Sei- sorri, abraçando-o. Foda-se o mundo.
- Mas já que você tocou no assunto...- ele me abraçou mais forte- sim, lógico que também é isso...
- Não sei se isso vai dar certo, John...
- Relaxa- ele beijou a minha testa- vai dar certo, acredita em mim.
Eu senti meu coração apertar. Eu já tinha ouvido aquilo uma vez e no final aquela historia toda só me machucou e muito. Respirei fundo e eu acho que ele percebeu que algo estava errado.
- E dessa vez eu juro que tudo vai dar certo...
Fechei os olhos pesadamente. Eu realmente queria que desse. Na bem da verdade, eu PRECISAVA que desse. Ele tocou mais lábios com os deles e , levemente, me deu uma selinho.
- Bom, preciso ir...- eu me apressei a dizer.
- Vai fazer o que a noite?
- Cumprir meu papel- disse com pesar. Sabia que essa noite não escaparia de Luka.
- Podia dormir ser ouvir essa- ele me sorriu e abriu a porta pra eu pudesse sair.
- Voce pediu para escutar, hora. - ele acenou positivamente e voltou para a sala de exames. Se eu bem conheço Carter como eu acho que conheço ele vai ficar imaginando coisa o dia inteiro.
Olhei no relógio e resolvi ir tomar um café no Ilkes afinal eu precisava de uma energia para começar o dia. Quando eu ia saindo sinto Luka me chamar.
- Abby! - eu viro vendo ele me abraçar e me dar um selinho. - Eu cheguei de viagem e a gente ainda nem conversou...
- É verdade..- ri sem graça- como foi na viagem?- lógico! Não tinha uma coisa que despistasse melhor minha falta de assunto?
- Bom, considerando que fomos para achar uma criança sumida e encontramos- ele sorriu, fazendo com que eu parecesse óbvia- posso considerar que foi boa...- ele não parava de me abraçar.
- Preciso trabalhar- fui me desvencilhando, ainda mais quando vi Carter cruzar o hospital, de olho em nós.
- Dorme na minha casa hoje?- porra! Ele precisava falar isso tão alto! Eu sei que John sabia, mas o que os olhos não vêem, o coração não sente.
- Uhum- disse meio sem graça.
Eu nem precisei olhar nos olhos de John para ver a dor estampada lá. Sabia que ele era tão difícil para ele quanto para mim ter que estar nessa situação, afinal ninguém gosta de ver a pessoa que ama com outra ou dizendo que vai dormir na casa de outra pessoa.
- Estou com saudades de voce sabia! – Porra, será que ele não parava com isso não? Eu acho que ele estava fazendo de propósito para perceber a reação de John ao ouvir essas coisas, pois ele olhou em nossa direção quando ouviu aquilo. Ai meu Deus, eu to encrencada.
Sorri mais uma vez querendo abrir um buraco para me enfiar. Por muita sorte minha, entraram duas macas apresentando os pacientes. Corri com Luka para uma e Carter e Neela pegaram a outra.
E assim passou um, dois, três, dez Traumas pelo plantão e eu nem vi cara de um, nem de outro. Graças à uma força divida, acredito eu. Me encontrava morta, dor-de-cabeça a pino, olhos ardendo de tanta tensão. É, quanto mais velha você vai ficando aqui no County, aumentam suas responsabilidades e a pressão.
Olhei para o relógio e ainda faltavam 2 horas para o meu plantão terminar. Resolvi tirar um cochilo em alguma sala vazia. Na primeira em que eu entro eu encontro Carter dormindo em cima de algumas fichas. Parte de mim sabia que eu tinha que me desculpar por mais cedo e alem do mais ele estava tão fofo ali que eu não podia resistir.
- John! - eu disse passando a mao pelo cabelo dele.
- Sim...- ele coçou os olhos- a paciente acordou?- ele sempre ficava todo estabanado quando acordavam ele.
- Não, John- puxei a cadeira e sentei ao lado dele- eu queria falar com você...
- Diga- ele me encarou.
- Não fica com essa cara, John. Foi você quem sugeriu, poxa vida!- eu já não sabia o que fazer. Quando penso que a situação está resolvida, ele atrapalha tudo de novo.
- Eu sei, não precisa jogar na minha cara!- ele disse num tom mais alto- agora, o que? Você quer que eu abra um sorriso e bata palmas toda vez que eu souber que vocês vão transar?
- Não... Mas poxa, não fica com essa cara vai... - eu disse tentando parecer obvia.
- Sinto muito, mas já que eu não posso fazer nada a respeito de vocês dois transarem eu posso ficar com a cara que eu quiser.
- John... Por favor... - eu disse sem sucesso. Por que ele não podia ser um pouquinho menos ciumento?
- Abby, por favor você- ele levantou e saiu em direção ao corredor. Não tinha como falar com ele, não agora. resolvi não discutir, mas eu tinha certeza de que isso não ia dar certo e nós dois íamos acabar nos ferrando.
Voltei pro plantão pra passar mais rápido. Quanto mais você faz, parece que as horas correm.
Eu fui para casa pouco antes das 11 da noite. Sabia que John continuava muito zangado comigo, pois ele mal olhou na minha cara o resto do tempo. Abri a porta do meu apartamento morta de cansado, mas como eu havia prometido a Luka que iria para casa dele, eu decidi tomar um banho e trocar de roupa. Quando eu estava quase saindo meu telefone celular tocou e o numero de John apareceu no visor.
Será que ele estava me vigiando para realmente saber se eu iria dormir com Luka? Não... Talvez ele quisesse se desculpar por mais cedo. Quando o telefone deu seu terceiro toque eu resolvi atender.
- Oi...
- Tá sozinha?- ele perguntou sem antes dar "oi". O tom não parecia de quem queria se desculpar por nada, não.
- Tô- respondi na mesma moeda.
- Não foi?- ele mudou da água pro vinho- sabia q você ia acab...
- Eu to indo, John- eu não podia mentir pra ele. Já estava mentindo pra um, e me sentia péssima por isso- vim só tomar um banho, já to atrasada- enquanto falava com ele, ia ajeitando as coisas. Ainda discutia com ele no celular quando peguei a bolsa e sai de casa. Não podia atrasar muito, o clima já não estava dos melhores com Luka, eu não podia piorar.
- Eu ligo para voce depois John... - eu disse desligando o telefone completamente. Não queria que ele ligasse de novo enquanto eu estivesse na casa de Luka. Acho que ele continuava tão ciumento quanto antes. Respirei fundo antes de bater na porta de Luka. Se Deus quisesse tudo iria dar certo.
- Oi... - eu disse quando entrei no apartamento o beijando delicadamente. Por eu estava me sentindo mal assim? Será que ele estava do mesmo jeito?
- Pensei que tivesse esquecido de mim aqui...
- Eu só passei em casa primeiro. - eu disse o beijando mais uma vez. É , ele parecia muito bem mesmo.
- Hum..- ele me abraçou- quer comer alguma coisa?
Hum, até que não seria nada mal. Não por eu estar com fome, mas por poder adiar o momento que hoje eu não estava nem um pouco afim de ter.
- Que tem pra comer?- eu fui indo até a cozinha e abri a geladeira. Coisas apetitosas, eu diria. Será que só eu não comprava comida? Que vergonha!
Eu peguei algumas coisas e comecei a devorar tudo, sentada na mesa da cozinha enquanto ele me observava, encostado no balcão.
- Quer? - eu disse mostrando meu sanduíche para ele.
- Não... Voce estava com fome não!
- Sim! - eu disse me aproximando dele. - Algo errado!
- Não- ele não parava de me olhar- agora dá pra você me contar por que você ficou loira de novo?- ele sentou agora na cadeira, como nujm interrogatório.
- Ué, Luka- deu a mordida final no sanduíche de peru com gergelim- que implicância por causa de um cabelo...Eu só quis mudar de novo. Me senti melhor loira, você sabe muito bem que eu não voltei a ficar monera por vontade própria, e sim por medo.
- Sim, mas eu não entendo a vontade de mudar de novo...
- Me deu vontade Luka! Eu quis mudar, e outra acho que fico melhor loira do que morena. - eu disse bebendo um pouco do suco de laranja. - Voce acha que há outra razão!
- Não... - ele disse, mas eu sabia que era mentira - Eu só fiquei curioso, só isso.
- Voce gostou!
- Do seu cabelo? - ele disse querendo me enrolar. Homens são todos iguais mesmo.
- Sim, do meu cabelo...
- Claro Abby... Afinal, voce sabe que eu gosto de voce de qualquer jeito...
Respostinha batida! Eles não conseguem nem inovar? Acabei de comer e fui arrumar a louça. Aquela casa estava uma zona, e suja!
- Nossa- eu olhei pra ele- isso aqui tá um desleixo, hein?- olhei em volta- não tá na hora de você limpar essa casa não?
- Ela tá assim porque eu durmo quase todo dia no seu apartamento, nem reclama- ele me sorriu, vindo por trás de mim
- Eu sei, Lula- ai meu Pai!- mesmo assim...
- Deixa isso para amanha... - ele disse me virando de frente para ele. Ai meu Deus, dai-me forcas para conseguir fazer isso. - Estamos a tanto tempo longe um do outro... Trabalho, depois as viagens que eu fiz... Tudo conspirando contra nos...
- Eu sei Luka... - eu disse em meios aos beijos dele. - A gente anda meio sem tempo mesmo...
- Então para que se preocupar com louca, ou a bagunça do meu apartamento? Deixa que amanha eu cuido disso.
Ele beijou a minha testa assim como Carter fazia. Merda! Para de comparar!
- Vem- ele me puxou pelo braço, me levando lá pra dentro
Chegamos ao quarto dele e eu não conseguia nem encará-lo. Eu estava me sentindo a pior pessoa da face da Terra ! Eu não vou conseguir fazer isso, nem a pau!
Ele começou a me beijar, mas eu não estava conseguindo entrar no clima. Por mais que eu tentasse me desligar eu estava me sentindo suja, como se fosse uma mulher qualquer. Apesar de retribuir as caricias que ele fazia eu podia sentir que nunca havia agido tão mecanicamente. Quando ele estava desabotoando minha blusa ele parou tudo.
- Abby... O que esta acontecendo com voce!
Fudeu! Ele havia saca do tudo. E agora o que eu deveria fazer? Contava a ele e me passava por namorada e infiel ou deixava como estava e inventava uma desculpa?
- Nada, Luka, nada- medo e orgulho idiota! Sorri o mais convincente possível. Me abracei mais a ele, aprofundando nosso beijo. Assim, ele se pos a abrir a minha blusa e ir me deitando na cama. Se eu tivesse um espelho agora, eu iria fechar os olhos pra não ver a minha cara de insatisfeita. Plantei mais um sorriso no rosto e continuei com aquilo tudo. Eu tinha medo demais pra parar.
Logo vi que as roupas dele já tinha ido pelos ares e faltava apenas uma pecinha de roupa pra eu estar totalmente entregue a ele. Meu estômago até doía de tanto remorso. Ele alternava os beijos no pescoço com as mordidas no pescoço e no seios, o que, em outra ocasião, já me deixaria a beira de gritar.
Eu senti as mas dele serpentearem meu corpo e tiraram minha calcinha me deixando completamente a mercê para ser entregue a ele. Comecei a sentir o corpo dele fazer certa pressão sobre o meu e o que antes iria me fazer gritar, hoje me fez soltar apenas um gemido baixo de dor. Luka parou imediatamente e se sentou ao meu lado me fazendo sentar de frente para ele.
- Diga a verdade... O que esta acontecendo com voce?
Eu rapidamente subi o lençol, cobrindo o meu corpo. Não tinha como enganar. Não tinha como fugir. Eu precisava arrumar isso agora. Eu nunca mais conseguiria olhar na cara dele se eu não agisse rápido. Instantaneamente eu comecei a chorar. Não chorava por ele, nem por Carter. Chorava por mim, por ser quem eu não queria ser agora mesmo.
- Eu dormir com ele- eu disse rápida e rispidamente. Não consegui assistir a reação dele. Só consegui fazer brotar mais e mais lágrimas dos meus olhos, como se muitos estivessem me olhando agora e me julgando.
Quando eu esperei que ele fosse gritar, fazer o maior escândalo e me xingar das piores coisas ele começou a sorrir. A sorrir? Que diabos estava acontecendo? Eu acabo de dizer que dormi com o seu "maior rival" e ele começa a sorrir?
- O que há Luka! Tirando com a minha cara agora!
- Não, não por Deus não pense isso... - ele disse sem parar de sorrir. - A vida e engraçada, ne!
- Engraçada! Porra Luka! Eu acabo de dizer que dormi com Carter e voce acha que a vida e engraçada?
Ele me dá um sorrido amigo que posso dizer que só vi de uma pessoa na vida. Ele pegou nas minhas mãos geladas e tremendo e acariciou, passando confiança e segurança.
- As coisas- ele parou e me olhou- quanto têm de ser, elas simplesmente...são- ele tinha bebido ou o que?
- Ahn?
- Eu passei dois dias tentando arrumar um jeito de te dizer que- ah, filhodaputa! Então ele tinha mesmo?- que eu dormi com ela.
Dormir com ele. Dormi com ela. Esses dois fantasmas nunca iriam sair mesmo sair das nossas vidas, porque mesmo sem tocar nos nomes deles, o invernos já estava armado.
- O que? - eu disse não querendo acreditar no que tinha ouvido e ate deixando minha raiva transparecer. Ele pegou minhas mãos mais um vez e disse.
- Nos erramos em tentar voltarmos Abby... Qualquer um a pelo menos 10 km de distancia pode perceber que voce e apaixonada por ele... Então para que a raiva? Foi um deslize que os dois cometemos... Não vamos agora colocar os carros na frente dos bois e complicar ok?
- Desculpe Luka... E que eu não esperava... - na verdade eu esperava, mas custava a acreditar.
- Eu sei...e peço desculpas por isso também, Abby. Foi tudo muito...- ele parecia recordar- estranho...mas foi bom e eu eu realmente acho que isso ia acabar acontecendo, mais cedo ou mais tarde. Tanto da minha parte como a sua. Assim que soube que Carter estava de volta eu sabia que ia te perder de novo.
Eu comecei a chorar de novo. Me cortava o coração encarar essa minha face "má".
- Mas talvez graça a Sam hoje eu estava mais preparado pra isso e sabia, no momento em que vi seu cabelo- ele me sorriu, fazendo até que algum sorriso do meu rosto- eu sabia que você estava com ele de novo.
- Desculpe por... - eu disse mais ele colocou a mão dele me silenciando.
- A gente não manda no coração Abby... Se a gente mandasse a vida seria tão mais fácil não acha? - ele disse e nos dois começamos a sorrir. Com certeza a males que vem para bem.
- Seria muito fácil - eu disse secando minhas lagrimas.
- Amigos! - ele disse estendendo a mão para mim.
-Amigos...
Eu sorri a ele. Me sentia tão bem, aliviada por não ter mais que esconder nada de ninguém. Ele virou de lado, vestindo- se para sair dali para que eu pudessem fazer o mesmo. Me vesti rapidamente indo até a sala. Ele estava na cozinha, meio desnorteado, sem saber muito bem como agir ou o que falar.
- Vem aqui...- ele me chamou pra lá. Já estava pronta pra ir, bolsa no braço e tudo mais. Caminhei até ficar de frente pra ele. Ele me sorriu e colou a mão atrás da minha nuca, me trazendo pra perto dele. Era nosso último beijo e isso, de certa forma, me trazia uma emoção boa. Ele duelou com a minha por um longo tempo até que eu cessei o beijo.
- Pronto...Sam pode ter você agora- eu pisquei a ele, fazendo referencia ao que ele me disse há muito anos, quando terminamos pela primeira vez.
Ele me deu um sorriso e eu sai da casa dele com um alivio enorme, mas a parte difícil ainda estava por vir. John Carter. Eu sabia que não haveria problemas quando ele soubesse de tudo, mas me deixar explicar a ele seria difícil. Se eu ainda conheço John Carter como eu acho que conheço ele vai ficar fazendo manha, carinha de cachorro abandonado, mas não vai me deixar explicar. Bati na porta do seu apartamento inúmeras vezes, ate que ele atendeu com aquela carinha de sono. Pecado!
- Oi John... Posso entrar! - eu disse tentando não dar pistas da minha alegria ou ele ia pensar besteira.
- Sim- ele coçou os olhos, tentando despertar. Passei pela porta e fui me direcionando pra sala. Sentei no sofá maior e esperei que ele viesse pro meu lado- não vai sentar?
- Não- ele estava só de samba-canção, com o cabelo todo assanhado- que você faz aqui?- ele bocejou- pensei que a noite ia ser boa- ih, começou!
- Sim, foi- eu sorri- na verdade, foi ótima- eu sorri orgulhosa e ele fechou mais a cara, exatamente como eu queria.
- Me poupe dos detalhes... - ele disse indo beber água na cozinha. - Eu realmente não me interesso em saber da sua noite com Luka... Se voce me acordou para isso eu vou voltar para cama.
- A noite foi maravilhosa sim... - eu disse vendo que ele estava cada vez mais puto com a historia.
- Abby, eu não estou brincando! Se voce quiser de alguém para contar os detalhes pede para a Neela te ouvir.
- Mas John... - eu disse tentando falar, mas era como eu previa ele sempre me cortava.
- Já disse que não quero saber!
- Eu contei a ele- percebi que se eu não falasse de uma vez, ia passar a noite tentando.
- Contou o que?- será que ele não fazia mesmo idéia.
- Sobre a gente...
- Você o que?- é, isso que eu chamo de surpresa- você tá louca? Ele vai matar você!- ele veio rápido pra perto de mim- ele não tem fez nada, né?- ele realmente pensou que Luka fosse esse tipo de pessoa.
- Porra, deixa eu falar?- eu sorri do desespero dele. Finalmente ele acenou e sentou-se ao meu lado, mostrando que eu deveria falar.
- Ele percebeu que tinha algo errado enquanto a gente tava...- evitei falar pra ele não brigar de novo. Bem que ele fez uma cara irritada, mas acho que estava bem mais curioso do que qualquer coisa- e então eu não tive como escapar e contei...
- E aí? - ele iria me engolir se eu não dissesse logo.
- Ele me disse que dormiu com a Sam... - eu disse vendo ele sorrir - Na verdade ele começou a sorrir primeiro... Ai eu me emputeci por causa disso e ai ele me contou...
- Então agora voce e só minha! - ele veio para cima de mim me beijando. Já! Mal terminei de contar a historia!
- Ele disse que sabia que a gente tinha algo quando eu fiquei loira.
- Nossa, ele é realmente bom nisso- ele exalava felicidade por todos os poros- nossa, nem posso acreditar...você é minha de novo? Todinha? Todinha?- ele me beijava e mordia meu pescoço.
- Ei, ele não está mais comigo...mas ninguém disse que eu quero namorar com você.
Nós caímos na gargalhada e ele não parava de me dizer "te amo, loirinha, te amo". Não havia mais nada a ser perdoado ou pensado, apenas ser vivido...e com todo o amor possível.
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