N/A: Gaaah... Me desculpem o atraso! Não se preocupem, que eu não desisti da fic, já que ela está pronta
Como o nosso querido fanfiction proibiu de responder as rewiews, eu já respondi todas as que podia pela resposta de rewiew, e quem deixou não está cadastrado e deixou o e-mail, também... Aos outros, é só deixarem o e-mail que eu respondo
Para Blood Shadow, que me perguntou se precisa pagar para se registrar, não precisa, não. Existem contas pagas no fanfiction, mas também dá pra se registrar de graça.
Então, depois de tanta demora, aqui vai o próximo capíutulo!
3 dias para a lua cheia
No dia seguinte, Tonks demorou um pouco mais para voltar aos seus sentidos: Ela tinha dormido muito, mais do que dormira na vida inteira, e teria continuado a dormir se o maldito sol não decidisse dar as caras naquele momento, entrando pelo vão das cortinas diretamente em seus olhos.
Imediatamente, uma onda de náusea a acometeu. Tal qual uma cachoeira suas memórias foram voltando, desde seu desmaio em uma missão até o hospital St.Mungus e a noite tranqüila passada ao lado de Remus.
Sentindo que não podia agüentar mais, sentou-se com cuidado para não acordar seu namorado, e saiu da cama sem estalar quase nenhuma mola.
Ela poderia culpar o enjôo por algum efeito colateral estranho da poção fortificante, mas ela sabia que sua indisposição era algo muito maior do que isso. Se ela tinha mentido para Remus, era porque simplesmente não sabia nem como lidar com a situação, imagine então contar para ele...
Correndo para o banheiro, ela lavou o rosto diversas vezes com água fria, até o enjôo horroroso finalmente começar a ceder. Normalmente ela tentaria algum feitiço para acabar com o mal-estar, mas ultimamente, até seus feitiços mais simples estavam falhando.
Como se toda a minha magia se desregulasse de uma só vez...
Balançando a cabeça, ela decidiu que ainda estava com sono, e depois de se certificar que as cortinas estavam fechadas apropriadamente, ela tornou a deitar-se na cama, fechando os olhos.
Grunhindo, ela virou-se para o outro lado, tateando de olhos fechados, e logo encontrou o que queria: Um corpo quente e forte, com trilhas táteis de cicatrizes por todos os lugares. Remus. Seu Remus.
Movendo-se para mais perto do lobisomem e fazendo as molas estalarem, ela não precisava nem reabrir seus olhos para perceber que ele tinha acordado: Mesmo que seus músculos não tivessem se contraído subitamente, ela podia até sentir a intensidade de seu olhar sobre ela.
Abrindo uma frestinha de seus olhos, viu que estava certa: Um par de olhos azuis, que pareciam brilhar no escuro, a fitavam com atenção, observando cada detalhe de seu rosto.
- Bom dia... – ela murmurou, abrindo seus olhos completamente e sorrindo para o homem cheio de cicatrizes, que, por sua vez, beijou sua testa.
- Olá, amor... Está se sentindo melhor? – ele perguntou, preocupação aflorando em seus olhos expressivos.
- Bem melhor.– ela mentiu. Tudo para que ele não se preocupasse tanto...
- Ótimo. Vou fazer comida, então...
- Não, Remus, hoje não... – suplicante, ela puxou o lobisomem pela manga da camisa do pijama. – Já que eu estou de folga, fique mais um pouquinho aqui comigo...
- Mas você precisa comer. – ele protestou debilmente, enquanto já tornava a deitar-se ao lado da garota.
-Mas eu quero você aqui... – ela murmurou, enquanto seus braços se enroscavam nas costas dele, lentamente tirando a camisa de seu pijama – Só pra mim...
- Mas meu amor... – ele protestou, mas não se afastou dela. – Você está doente, está cansada...
- Você também não está em sua melhor forma... – ela murmurou, enquanto beijava seu pescoço, provocando-o. – Prometo que não vou morder você... – ela acrescentou, rindo.
A estas alturas, a blusa do pijama de Tonks também já estava no chão, e os pensamentos conscientes de Remus ficaram ainda mais difíceis de organizar.
Se estivesse em sua plena consciência, ele insistiria que não era a hora para aquilo, que ela estava doente e precisava descansar... Mas ele estava perigosamente perto da lua cheia, e o lobo a queria com todas as suas forças. E ela estava ali, tão linda, tão quente, tão macia...
- Ok, você venceu... – ele disse, e logo curvou-se sobre ela novamente.
Enquanto os dois se beijavam fervorosamente, o restante das roupas espalhado por todo o quarto, subitamente Remus parou, e pegou sua varinha na mesa de cabeceira, executando um feitiço de isolamento acústico.
- Não quero lidar de novo com aquela megera da sua vizinha... – e com um sorriso, e voltou a atacar o pescoço da auror, que riu.
Os planos de café da manhã de Remus foram frustrados, já que os dois só saíram da cama depois do meio dia, e quando o fizeram, também não estavam em circunstâncias normais: Nymphadora com um sorriso satisfeito no rosto e Remus tendo a camisa do pijama furtado por sua amada, que a usava ao invés de suas roupas.
Enquanto Remus preparava alguns sanduíches para o almoço, Tonks resolveu tomar banho para "tirar aquele maldito cheiro de hospital", e logo estavam os dois descalços, semi-vestidos e aquecidos pelo fogo crepitante da lareira, comendo os sanduíches no tapete macio.
-A saboneteira está torta... – ela observou, comendo o seu sanduíche de presunto e geléia de framboesa, que ela mesma fizera questão de fazer.
- Na verdade, foi você mesma que entortou a coitada... – observou Remus, sem conseguir conter um sorriso.
- Mas não foram as suas costas que entortaram?
- Mas não foi você quem me empurrou? – ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.
- Na hora você não reclamou... – ela se defendeu, brandindo seu sanduíche estranho em direção a ele.
- Nem você reclamou da saboneteira. – ele retrucou, enquanto lambia os dedos.
- Eu só estou dizendo que precisamos consertá-la... De preferência se for do mesmo jeito em que foi quebrada.
A bisbilhoteira Sra. Klatshtant estremeceu no apartamento ao lado ao ouvir o som de risadas altíssimas.
- Mas aproveitando o assunto de melhorias na casa, eu acho que está faltando alguma coisa... – ela disse, olhando em volta.
- Expulsar o lobisomem parasita que invadiu a casa? – Tonks socou o braço de Remus.
- Não diga isso! Eu estava falando da decoração de natal... Já estamos tão perto que podemos desencaixotar os enfeites...
- Não é uma má idéia. – ele disse, trazendo-a mais para perto de si. – No bosque perto da minha casa têm vários pinheiros que eu poderia pegar...
E assim, feliz pela saúde de sua namorada ter, pelo menos aparentemente, melhorado, ele saiu do prédio para aparatar até sua isolada cabana, enquanto Tonks tratava de encontrar as caixas com os enfeites de natal.
Quando voltou para o apartamento, carregando um bonito pinheiro encolhido magicamente em seu bolso, ele encontrou Tonks sentada na sala, vestindo apenas um blusão largo, shorts e usando suas pantufas que imitavam garras de dragão. Felizmente, seus cabelos "depressivos", como ela costumava dizer quando o tom de seus cabelos assumia aquela cor castanha e pálida, opaca e sem vida, tinham desaparecido, e davam lugar aos lindos cabelos pretos de sua forma natural. Ela tinha pelo menos umas três caixas em volta de si, e suspendia enfeites de natal no ar, para vê-los melhor, sorrindo.
- Eu tinha até esquecido que nós tínhamos um desses... – ela disse, apontando para um enfeite que tinha a forma de ursinho de pelúcia, que fora encantado para andar para lá e para cá com suas perninhas rígidas.
Sorrindo, Remus tirou o pinheirinho do bolso, encanto-o para retornar ao seu tamanho natural e, colocando-o em um vaso púrpura que Tonks não estava usando.
Remus sabia que Tonks ainda estava pálida e ia ao banheiro pelo menos duas vezes a cada hora, que não conseguia mais controlar sua magia e mudar sua aparência. Sabia também que havia uma guerra, cruel e sangrenta, matando seus amigos e milhares de inocentes, e que ele e sua namorada se arriscavam diariamente para fazê-la parar...
Mas naquele dia, ele resolveu não se importar. Ela precisava de descanso, descontração e um pouco de alegria... E ele tinha que admitir que precisava disto, também.
Assim, eles passaram horas colocando os enfeites na árvore, pendurando os enfeites coloridos de Tonks por toda a casa e um vistoso ramo de visgo no batente da porta da sala. As músicas natalinas colocadas na vitrola de Remus acabaram de certa forma empolgando a auror, e até mesmo a enorme estante de livros do lobisomem não escapou de alguns sinos enfeitados com fita vermelha.
A tarde, em geral, foi passada de uma forma pacífica e normal, excluindo uma queimadura em Remus por causa de um enfeite de prata. Mas, quando a árvore estava quase toda decorada, Tonks abriu a penúltima caixa, e sorriu de orelha a orelha ao tirar um emaranhado de fios verdes com o que pareciam ser pequenas lanterninhas coloridas acopladas.
- O que é isso? – perguntou Remus, pegando o estranho objeto em suas mãos.
- Luzinhas de natal! – ela respondeu, feliz. – Como eu vivia queimando a casa quando colocava velas na árvore, meu pai me comprou um pacote de luzinhas de natal trouxas para iluminar a árvore... E eles ainda são coloridos! – feliz, ela começou a desenrolar o fio.
- Mas... Como isto funciona? – hesitante, ele olhava para as luzinhas de todos os ângulos. – Fica só assim?
- Não... nós ligamos na tomada! – ela disse, e, enquanto falava, ela achou o único receptor da casa, e ligou as luzinhas.
Quando aquele objeto começou a brilhar subitamente, Remus largou-o no chão, assustado, e logo depois fascinado.
- Que genial... – ele disse, observando enquanto as luzinhas piscavam. – Como eles...
- É uma coisinha chamada eletricidade... – ela disse com um sorriso no rosto. – Eu pensei que você tivesse feito aula de Estudo dos Trouxas.
- Mas, de fato, nunca tinha visto uma coisa assim... – ele disse, segurando-o novamente. – E pra que servem?
- Para iluminar a árvore, oras... – ela disse, começando a enrolar as luzinhas acesas no pinheiro já carregado de enfeites.
Assim, eles pararam para observar o trabalho que tinham feito, e, quando foi se distanciar um pouco mais, Tonks acabou tropeçando na última caixa, que se abriu...
Revelando todos os cartões de Natal que Nymphadora já havia recebido.
- Merlin, eu tinha até me esquecido... – sorrindo, ela sentou-se no chão, seguida de perto por um Remus curioso.
- Todos os cartões que eu já recebi em todos os anos... – ela disse, passando as mãos pelos inúmeros papéis coloridos. – É uma das coisas que eu mais gosto no natal. – ela sorriu, colocando a mão no fundo da pilha.
- E olhe só, os discos! – ela disse, admirada, tirando dois velhos discos de vinil do fundo da caixa. – A família do meu pai sempre ouvia estas músicas no natal...
- Então por que não as ouvimos hoje? – perguntou ele, pegando um dos discos com todo o cuidado e colocando-o em sua vitrola, que estava encostada a um canto da sala.
E em poucos segundos, o som de "White Christmas" enchia a casa.
Feliz, Tonks voltou a se ocupar com os cartões. Sorrindo, ela viu os cartões trouxas que seus avós costumavam lhe enviar quando ela era pequena, os cartões encantados de suas amigas de Hogwarts e, com um sorriso, mostrou ao seu amado o cartão que o mesmo tinha lhe enviado no natal passado, quando eles ainda não estavam juntos.
Eles se divertiram vendo as capas coloridas e diferentes de cada cartão, até que, de repente, Tonks ficou anormalmente quieta por alguns minutos, e quando Remus olhou para seu rosto, viu que estava cheio de lágrimas.
Ela tinha os olhos fixos não em um cartão, mas no verso de uma foto bruxa que mostrava ela, Remus e Sirius pendurando enfeites de natal, ou melhor, Tonks caída no chão com uma guirlanda colorida em sua cabeça, Remus tentando ajudá-la e Sirius mais atrás, rolando no chão, rindo da cena.
Com uma pontada em seu coração, ele percebeu que aquele tinha sido o último "cartão" que Sirius lhe tinha enviado.
Aproximando-se da namorada por trás, ele a abraçou silenciosamente, e pode ver o que estava escrito no verso da foto:
Minha mais amada priminha – diziam os garranchos floreados de Sirius, que escrevia como alguém que tivera aulas de caligrafia por muitos anos, mas que não tinham produzido muito resultado.
Eu não sou o tipo de retardado que escreve cartõezinhos sentimentais para o Natal, mas só queria dizer que me diverti como nunca tendo você e o Moony aqui comigo nesta casa pestilenta. Mas agora, vamos aos negócios:
Eu não fazia idéia do que dar a você no Natal, então decidi que não vou dar nada mesmo...
Mas antes que você faça essa carinha de desapontada e brigue comigo, eu disse que não vou dar nenhum presente, mas vou emprestar algo muito valioso pra você.
Você já ouviu falar de minha moto voadora? Pois é... Até que meu nome esteja limpo e eu possa voar nela novamente, ela é sua, priminha.
Espero que faça bom uso dela.
Feliz Natal!
Padfoot
- F-f-foi o último na-natal dele... – ela soluçou, virando-se para abraçar com força o lobisomem. – Por que ele tinha que fazer isso, Remus, ele não merecia morrer...
Sentindo ele mesmo um nó na garganta, Remus não conseguiu responder, e apenas abraçou a auror com força, deixando-a chorar em seu ombro. Os dois conversavam sobre Sirius com freqüência, muitas vezes até rindo juntos com as boas lembranças, e fazia tempos que ela não chorava daquele jeito por causa do primo...
Ela estava tão alegre há dois minutos atrás... O que está acontecendo com ela?
- Ninguém merecia morrer... – Remus murmurou, acariciando os cabelos de Tonks, que regrediam para seu estado castanho pálido e depressivo. – Mas nós não podemos mudar o que já aconteceu, meu amor... Com certeza, nesta hora ele deve estar no céu dos cachorros, rindo de se acabar por causa de nossas aventuras no chuveiro...
Entre as lágrimas, Tonks riu.
- Se ele estivesse aqui, também estaria rindo da nossa cara...
E, vendo que ela ainda continuava triste, teve uma outra idéia.
- Mas Nymphadora... Se ele lhe deu a moto, onde ela está?
- Estacionada no porão do prédio... Por quê?
- Então, vamos dar uma volta? – ele perguntou, e os olhos da auror se arregalaram.
- Você sabe dirigir motos? – ela perguntou, incrédula.
- Eu ajudei Sirius a fazer a moto voar, e sei como funciona. – ele disse, secando as lágrimas de Tonks com seus polegares. – O que você acha?
- Eu vou só me trocar, então... – ela disse, beijando os lábios de Remus e levantando-se.
Aliviado, o lobisomem arrumou as caixas com um aceno de varinha, e também foi colocar roupas mais quentes.
Pouco tempo depois, munidos de inúmeros casacos quentes e cachecóis eles resgataram a moto do porão empoeirado e saíram pelas ruas de Londres, o cabelo de Tonks finalmente voltando a sua cor normal enquanto era despenteado pelo vento.
Naquela hora da noite de quarta-feira, quando todos estavam em suas casas, jantando e se aquecendo, as ruas estavam relativamente calmas, e ninguém pode ver aquele estranho casal em uma moto preta, nenhum dos dois usando capacete, voando acima da cidade, encobertos pelas grossas nuvens que se avolumavam.
Mesmo que ele não conseguisse mais sentir seu nariz, só de olhar sorriso no rosto de sua amada ele já pensava que tudo valia a pena. Ela se segurava em sua cintura, contente, observando as nuvens que passavam por baixo deles.
Olhando para cima, Remus engoliu em seco ao ver a lua crescente, grande e pálida, pairar sobre ele. Acompanhando o olhar do amado, Tonks também avistou a lua, e suspirou.
- Não falta muito, falta? – ela perguntou, acariciando suas costas, ou melhor, o monte de casacos que estavam em cima.
- Dois dias. Amanhã Slughorn deve me mandar a poção. – ele acrescentou, e ela podia ver a amargura em sua voz.
- Mas pelo menos eu vou estar com você – ela disse, abraçando-o com mais força.
- Não, meu amor, é perigoso, quantas vezes eu já disse...
- Mas você não vai tomar a poção? Por que eu não posso estar com você quando você se transforma?
- É horrível... Eu não queria você visse istoNão vamos discutir isto agora. – ele disse. – Por favor...
Ela concordou, e por alguns minutos eles ficaram em silêncio.
- Vamos comer alguma coisa? Estou com fome... – ela disse, enfim.
- Eu sei exatamente aonde ir, mas vamos ter que deixar a moto em casa, já que eu não sei dirigir muito bem pelas ruas...
- Mas eu sei! – Tonks acrescentou, sorrindo. – Vamos trocar de lugar, então...
Após alguns minutos de confusão, eles conseguiram trocar de lugar em pleno ar e, quando pousaram em um simpático restaurante perto do apartamento de Tonks, as pessoas não os dirigiam olhares estranhos porque sabiam sequer uma das coisas que os tornariam diferentes – só o fato de uma garota estar dirigindo enquanto um homem mais velho estava segurando-se em sua cintura já era engraçado o suficiente para atrair a atenção.
Depois de se livrarem dos casacos mais pesados e se sentarem em uma mesa para dois mais afastada, o garçom veio fazer os pedidos.
- Um bife bem mal passado, por favor... – com a proximidade da lua cheia, seus sentidos se aguçavam, a presença de seu "lobo interior" ficava cada vez mais forte... E com ele, a vontade de comer carne crua também vinha.
- A mesma coisa para mim. – Remus arregalou os olhos, incrédulo. Normalmente, Tonks tinha aversão a sangue e gostava mais de comer massas... E por que esta mudança agora? Mas, antes que ele sequer pudesse externar suas dúvidas, ela já respondeu.
- Sei lá por que estou pedindo, só me deu vontade... – ela respondeu, desviando o olhar para o resto do restaurante.
- E as bebidas? – o garçom perguntou, tentando fisgar a atenção do casal.
- Uma garrafa de vinho para nós dois... – ele começou, mas Tonks logo interrompeu novamente. – Na verdade, eu acho que vou beber só água...
Intrigado, Remus apenas assentiu com a cabeça, e quando o garçom se foi, ergueu as sobrancelhas para a namorada.
- Você tem certeza que está bem? – ele perguntou. Normalmente, Tonks era uma grande apreciadora de vinhos, e inúmeras vezes os dois e Sirius tinham passado a noite inteira bebendo firewhisky e conversando... Por que a súbita mudança?
- É claro que eu estou bem... – ela disse, respirando fundo. – Só não estou com vontade de tomar nada alcoólico agora.
Ele achou que a explicação não era suficiente, mas procurou não se preocupar com isso. Afinal, ela andava meio adoentada...
O pequeno restaurante, que ficava perto do apartamento, fora um grande achado para Tonks. Mesmo antes de conhecer Remus, ela sempre gostara daquele lugar, que tinha todas as conveniências de que ela precisava: Um lugar trouxa, mas sempre alegre e habitado, com um bar, um restaurante com comida boa e relativamente barata. Logo ao lado havia um pub mais movimentado, com uma grande pista de dança aonde ela ia antes depois do trabalho, quando precisava se descontrair... Mas, quando resolvia pensar, a melhor opção era mesmo aquele lugar.
Enquanto esperavam pelo jantar, Remus continuou a observar sua amada. Mesmo que alegasse estar melhor, ela ainda estava pálida e com um ar adoentado... Mas, para ser bem sincero, ele não estava muito melhor. Com a proximidade da lua cheia, ele estava cada vez mais cansado, seu corpo e consciência humana perdendo toda sua força interior, sendo lentamente substituída pelo lobo, que corroia suas entranhas... Estaria Nymphadora preocupada com a lua cheia?
Um silêncio agradável assentou-se, enquanto os dois se olhavam.
Ela também notava as mudanças que a lua quase cheia faziam em seu amado – algumas vezes ela chegava a achar que era a própria alma de Remus que pendia alto no céu... Que, à medida que a lua ia aumentando, roubava dele toda sua energia, toda sua essência humana. E era isso que causava, também, um grande sentimento de admiração para ele: Mesmo tendo uma terrível maldição, mesmo sendo tão horrorosamente incompreendido, ele ainda era capaz de perdoar e compreender as pessoas... As mesmas pessoas que lhe tinham negado a felicidade que ele merecia.
E agora, ela o preocupava com seus problemas... Problemas, aliás, dos quais ele nem tinha idéia. Mas não, ela não poderia contar a ele. Ele não tinha culpa de nada, mas ainda sim iria se sentir culpado.
Além do mais, ela estava aterrorizada de mais só com o pensamento do que estava acontecendo para conseguir confrontar seu namorado, contar-lhe a verdade e lidar com as conseqüências...
E as conseqüências, ela sabia, viriam pesadas. Podia perder seu emprego, ser vista com maus olhos por toda a sociedade. E, o que ela mais tinha medo: Perder seu Remus...
Em todas aquelas dúvidas, só lhe restava uma certeza: Sua vida mudara muito... E agora aquela mudança era para sempre.
Mesmo assim, ela tentava fazer o que seus parentes trouxas chamavam de "tapar o sol com a peneira". Ela ia trabalhar, tentava prosseguir com as atividades cotidianas com normalmente, mas aquilo estava presente, sempre estava lá para lembrar-lhe que a vida nunca mais seria a mesma... Se descobrissem, aliás, quando descobrissem, ela não tinha idéia do que poderia fazer... Talvez não a deixassem mais fazer muita coisa para a Ordem. Com certeza, não a deixariam trabalhar como auror.
Mas agora já estava feito. Gostando ou não, aquilo estava acontecendo, e Remus deveria ser um dos primeiros a saber... Mas neste ponto ela fraquejava. Ele reagiria muito mal às notícias, ela já sabia... E ele já suspeitava de que alguma coisa estava acontecendo. Algumas perguntas estranhas, seu olhar sempre penetrante... Ela sabia que não demoraria muito tempo até que ele percebesse. Aliás, não demoraria muito tempo até que todos percebessem.
Mas, pelo menos no curto tempo que restava, ela só queria aproveitar...
Eles jantaram quase em silêncio, apenas aproveitando a companhia silenciosa do outro, cada um imerso nos próprios pensamentos. De repente, Tonks se sentiu agitada, como se tivesse toneladas de energia para gastar, e sugeriu que os dois fossem no bar ali do lado, dançar.
- Eu não acho que seja uma boa idéia, Dora... – ele disse, enquanto ajudava sua amada a colocar o casaco.
- Mas Remus, faz tanto tempo que eu não vou dançar...
- Mas faz apenas um dia que você foi hospitalizada – ele comentou, enquanto enrolava o cachecol em torno de seu pescoço.
- Você só diz isto porque não sabe dançar! – ela disse, cruzando os braços e fazendo biquinho.
- E quem disse que eu não sei? – ele respondeu, também cruzando os braços. – Modéstia a parte, eu sei dançar muito bem... Só não essa música estranha de trouxas.
- Remus Lupin, o grande dançarino... – disse Tonks, rindo. – Essa eu quero ver.
- Mas não naquele lugar esfumaçado, cheio de fumaça de cigarro. – ele estremeceu só de pensar no cheiro horrível que seus apurados sentidos lupinos tanto desprezavam. – Vamos para casa.
E assim, depois de deixar a motocicleta no porão novamente, os dois subiram as escadas que levavam ao apartamento. Por sorte, a vizinha incômoda já deveria estar dormindo, e logo eles já estavam mais à vontade, Tonks sentada no sofá em frente à lareira, enquanto Remus procurava algo que servisse em sua coleção.
Ao olhar para trás e ver que a auror bocejava, ele comentou:
-Acho melhor deixarmos isto para outro dia, você está cansada...
-Nada disso! – ela disse, cruzando os braços. – Você está fazendo isso só porque não quer dançar.
Com um suspiro, ele pegou um disco. – uma Nocturne, de Chopin. – ele explicou, enquanto colocava o disco na vitrola e deu uma batidinha com sua varinha.
- Música clássica não era exatamente o que eu tinha em mente... – ela disse, mas mesmo assim se levantou do sofá, estendendo a mão para Remus.
- Mas mesmo assim é bonita... – ele murmurou, colocando uma mão na cintura de sua amada enquanto segurava a outra delicadamente. – Bem mais relaxante do que as sua... Como é o nome? Música eletrônica.
E assim, ao som de Chopin e do fogo crepitante, eles passaram a noite.
N/A: E então... Eu poderia dizer que é o "típico capítulo de fluff"... E, infelizmente (ou felizmente, dependendo do ponto de vista), a calmaria antes da tempestade... Mas vou deixar isto para ano que vem...
Como não tenho mais perguntas filosóficas desta vez, peço só para vocês comentarem e deixarem uma autora maluca feliz!
Feliz Natal atrasado, e um ótimo Ano Novo para todos!
Beijos,
Lily Dragon.
