Aviso: Os personagens aqui mencionados são obra da inigualável J.K.Rowling e a ela pertencem ou às empresas a quem ela vendeu seus direitos.
Nota da autora: Agradeço à minha beta Lua . Queria pedir desculpas aos que viram a versão anterior que aqui foi postada. Ela estava com erros, devido a problemas no meu Word, que eu achei que tinha consertado. Depois é que fui reler e vi que estava impossível de ler.
Planejando os próximos passos
Ainda segurando a falsa Horcrux dentro de seu bolso, Harry tomou o rumo do castelo para pegar suas coisas e tomar o Expresso de Hogwarts. Minerva McGonagall aproximou-se e disse-lhe:
– Harry, precisamos falar. Sua bagagem já está pronta?
– Sim, professora.
– Então vá até minha sala e aguarde-me lá. A senha é Canção da Fênix. Um elfo providenciará que seu malão esteja no trem. Não se preocupe que logo o libero.
Harry subiu intrigado até a sala da diretora. As coisas por lá ainda continuavam do mesmo jeito. Minerva não tivera ânimo para rearranjar os objetos e mobiliário ao seu próprio modo.
O rapaz foi recebido com um cumprimento alegre de uma voz familiar.
– Olá, Harry? De visita por aqui? É bom, porque eu queria mesmo vê-lo – por um instante o garoto achou que estava delirando. Logo, porém, percebeu que era o retrato de Dumbledore quem falara.
– Oi, professor. A diretora quer falar comigo. Pediu-me para esperá-la um pouco aqui.
– Ah! Suponho que ela vai lhe entregar algo meu. Harry, você não está pensando em tomar nenhuma atitude intempestiva, está?
– Como assim, professor?
– Por exemplo, abandonar a escola para sair por aí caçando Horcruxes a esmo.
– Ahn, bem, quer dizer... nem sei se a escola vai reabrir.
– Reabrindo ou não, você precisa completar sua educação. Você queria ser auror, não é? As disciplinas necessárias são as mesmas que o ajudarão a enfrentar Lord Voldemort. Lembra-se do que lhe disse? Que mesmo que você consiga destruir todas as suas Horcruxes, ele ainda manterá intactos seu cérebro e seu poder mágico? Você ainda precisa se preparar Harry, ou não terá chance. Além disso, ainda há o que pesquisar na escola. Afinal aqui foi o lugar onde Tom Riddle mais se sentiu em casa, o lugar que mais amou, se é que se pode dizer assim.
– Ah! Mas professor, não vejo por que continuar adiando esse confronto. Não posso viver em paz enquanto Voldemort estiver vivo. A própria profecia dizia isso: "Nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver". Tenho pressa em acabar com isso.
– Não sei de que está falando rapaz. Você não teve uma vida razoavelmente normal este ano, estudando, jogando quadribol, namorando? A profecia não é para ser levada tão ao pé da letra, ou é?
– Tive uma vida razoavelmente normal, professor, porque fingi para mim mesmo que eu podia ter essa vida. Até disse isso para a Gina, que é como se eu tivesse levando a vida de outra pessoa. Mas enquanto isso, Voldemort e seus comparsas continuaram aterrorizando, matando, torturando as pessoas. E o senhor acabou sendo assassinado. Quantas pessoas mais terão que ser mortas? E as pessoas que amo? Não posso me acomodar, enquanto elas vão sendo arrancadas de mim. Acabei de terminar meu namoro com a Gina, para evitar que ela vire um alvo preferencial dos Comensais.
– Não sei se fará muita diferença em termos da proteção dela. Ela está em perigo mortal de qualquer modo. E você precisa do apoio emocional que ela pode lhe dar, ou acabará por fraquejar. Já conversamos sobre esta questão antes. Mas voltando ao assunto da escola, ir atrás das Horcruxes não é sair por aí. Já tenho muitas pesquisas sobre o assunto, que chegarão até você e aqui na escola você ainda poderá tentar encontrar mais coisa. Só precisará sair, quando tiver uma pista de onde está uma Horcrux para buscá-la. Neste caso, você vem aqui nesta sala, fala comigo e deixa por minha conta. Convenço a Minerva...
– De que pretende me convencer, Alvo? – perguntou a professora McGonagall, que acabara de entrar. E enquanto Dumbledore dizia que conversariam depois, ela virou-se para o rapaz: – Aqui está, Harry. Alvo pediu-me que lhe entregasse isto – e deu-lhe um rolo de pergaminho aparentemente em branco. – Tome cuidado com ele, pois é material sigiloso e importante, foi o que Alvo me disse. Quando você, e só você, estender sua mão sobre ele e usar o feitiço não verbal Revelio, as palavras aparecerão. O pergaminho reconhece as suas impressões digitais.
– Obrigado, professora.
– Outra coisa importante. Devido à morte do Fiel do Segredo e ao fato de um espião ter tido acesso à sede da Ordem da Fênix, precisaremos refazer o feitiço Fidelius da casa. Você, como proprietário, terá que estar presente. Podemos marcar no dia 7 de julho? Você pode ir até lá? Mandaremos alguém da Ordem buscá-lo em casa de seus tios, pode ser?
– Claro, professora, com prazer.
– Depois teremos uma reunião e gostaríamos que estivesse presente, já que a Ordem sempre teve que se preocupar com a sua proteção. Você próprio precisa começar a tomar medidas nesse sentido e colaborar conosco.
– Rony e Hermione poderiam ir também? Afinal eles já são maiores de idade.
– Acho que não há problema. Ao contrário, a presença deles é bem-vinda, já que a sua segurança e a deles estão interrelacionadas. Agora vá. Corra para não perder o trem. Até breve e boa viagem.
Harry despediu–se e saiu correndo, menos pela pressa, do que para evitar pensar no significado de tudo o que fora dito naqueles poucos minutos. Ele não ia vencer Voldemort sozinho, dava-se conta. Teria que pensar melhor como a sua preparação, os seus amigos, a Ordem e o pergaminho de Dumbledore em suas mãos se encaixariam.
Chegando no trem, Harry foi procurar Rony e Hermione, e viu Gina, que conversava com Neville e Dino, com um ar muito abatido. Harry percebeu que tinha ciúmes. Por que raios ela teria ido conversar com Dino, se já tinham se separado há tanto tempo? E aquela expressão no rosto dela? Será que ela sofria com a separação? E Harry percebeu que entre a ansiedade de se preparar pela luta com Voldemort, a curiosidade sobre o que estaria naquele pergaminho e o luto por Dumbledore, ele também já estava sofrendo por sentir falta da namorada, ou melhor (melhor?), ex.
Harry encontrou o compartimento onde ficaria com Rony e Hermione, marcado pela presença de Píchi , Edwiges e Bichento e entrou. Acomodou-se e considerou se devia tentar ler o pergaminho. Antes que chegasse a uma decisão seus amigos entraram.
– Ah, você já está aí. O que a McGonagall queria? – perguntou Rony.
– Me dar um pergaminho que o Dumbledore deixou com ela e falar sobre a sede da Ordem. – Harry baixou a voz. Agora que o Fiel do segredo morreu, e com a traição de Snape, o feitiço Fidelius terá que ser refeito. E como sou o proprietário terei que estar lá para a ocasião. Queria que vocês fossem também, porque depois vão fazer uma reunião para discutir comigo questões de segurança. Acho que seria útil para vocês também.
– Mudando, de assunto, cadê a Gina? Por que ela estava com ar tão deprimido na estação? Vocês brigaram? – perguntou Hermione.
– Brigar, não brigamos. Mas achei que ela estaria mais segura se a gente se separasse e essa separação ficasse bem evidente para todo o mundo mágico. Já perdi muita gente próxima e não suportaria que a usassem para chegar a mim, fazendo-a sofrer ou pior, matando-a. Acho que morreria de culpa e tristeza.
– Harry, você é um tonto, mesmo! – disse Rony. Você não tem nada a ver com a morte do Dumbledore. Ele morreu porque era o bruxo que Você-Sabe-Quem temia e sua morte dará muito mais liberdade de ação aos Comensais. Sirius morreu em combate, não apenas para nos salvar, mas para impedir que os Comensais ficassem com a profecia. Você não é o centro do mundo, sabe? Veja que naquela noite da morte de Dumbledore, Snape nem fez nada com você.
– Ele não deixou um Comensal me atacar. Disse que eu pertencia a Voldemort e que eles tinham ordem de me deixar.
– Ele disse isso? – perguntou Hermione. – Por que será que Voldemort faz tanta questão de que você fique para ele?
– Acho que para mostrar que eu não sou nada demais e que ele continua sendo o maioral. Já não foi ele quem matou Dumbledore, se outro matasse O Eleito talvez ele perdesse prestígio – Harry deu de ombros.
Gina passou pelo corredor e Rony voltou a falar dela.
– Harry, você reparou que aquele relógio da mamãe nos mostra a todos em perigo mortal o tempo todo? Não creio que a Gina vá estar em mais perigo por ser sua namorada. Todos temos e teremos que tomar cuidado o tempo todo. Depois, por que eu e Hermione podemos ir com você e ela não?
– Vocês são ligados a mim de qualquer modo. Mesmo que não venham comigo, são os meus melhores amigos e não dá para fingir que deixaram de ter tanta importância para mim. E, desculpem, mas acho que se acontecesse algo com ela, eu ia ficar ainda mais por baixo. Adoro a sua irmã, Rony. Nunca fui tão feliz como nestas últimas semanas que estive com ela.
– Por que então, você simplesmente não finge que está separado e continua a namorá-la em segredo?
– E como seria isso? Não vou ficar mandando corujas para ela, isso acabaria sendo descoberto. Não vamos encontrar telefones nos lugares aonde vamos, provavelmente, e nem sei se um celular funcionaria na Toca.
– Celular? O que é isso? – perguntou Rony.
– É um telefone sem fio que funciona na maioria dos lugares. É pequenininho e você pode carregar no bolso. Mas as ondas eletromagnéticas que os aparelhos usam sofrem interferência pesada da magia. Acho que não funcionaria n'A Toca, com todas as proteções mágicas que estão instaladas por lá – explicou Hermione. Mas deve haver um meio. Como é mesmo que a Ordem se comunica?
– Acho que é enviando patronos, vi o Dumbledore e Tonks fazendo isso – respondeu Harry. Mas não sei como o patrono transmite a mensagem específica. Boa idéia, Hermione. Vou pedir ao pessoal da Ordem que me ensine a fazer isso. Vou querer ter notícias dela de qualquer modo. E acho que com um pouco de treino, logo ela estará com um patrono suficientemente bom para isso.
Harry contou o que o retrato de Dumbledore lhe dissera. E acrescentou que não sabia o que fazer, pois não queria perder tempo. Cada dia que passava era um dia a mais em que Voldemort e os Comensais espalhavam o terror, era um dia a mais que Harry não podia estar com Gina, era um dia a mais tomado pelas preocupações. Harry lembrou-se do que acabara de dizer a Dumbledore. É, ele não teria vida enquanto Voldemort não fosse definitivamente destruído.
Horas mais tarde, Hermione lia num canto e Harry e Rony jogavam xadrez, enquanto iam tentando planejar os próximos passos.
– A primeira coisa a fazer é avisar os meus tios que você vai passar uns dias comigo, Rony. Não acho que seja uma boa a Hermione vir. Você pode ficar no meu quarto, mas ela... a minha tia teria um ataque "o que os vizinhos vão dizer?" – Harry imitou a voz esganiçada da tia. – Sabe, esse tipo de coisa. E ela sempre pode aparatar se precisar falar conosco. Mas de qualquer modo, acho que você primeiro tem que ir para a casa dos seus pais, combinar direito esse negócio.
– Certo, preciso preparar o terreno com eles e posso ir me inteirando das coisas mais práticas que temos que fazer, marcar nosso exame de aparatação, saber direitinho as coordenadas da casa de seus pais em Godric's Hollow.
– Não deveria ser eu a fazer isso?
– Ora, qual é, Harry? Aqueles seus tios trouxas não vão lhe dizer nada e é melhor não tratar disso por coruja. Ninguém precisa saber aonde pretendemos ir. Com a minha família toda na Ordem e a Tonks sempre lá em casa, eu dou um jeito de saber discretamente. Enquanto isso Hermione pode organizar tudo o que tem sobre os fundadores nos livros dela, para termos uma idéia de que objeto pode ter sido usado para mais uma Horcrux. Certo, Mione?
Hermione, que não estava prestando atenção na conversa dos dois, levantou os olhos do livro. – Ahn, do que estão falando?
– Dos nossos próximos passos. É bom você participar da conversa. Eu estava sugerindo que nesses dias até a reunião da Ordem, no Largo Grimmauld, você pode ir relembrando e organizando o que sabe sobre os fundadores, para pesquisarmos a última Horcrux. E o Harry também disse que acha melhor você não ficar na casa dele, para não dar confusão com os tios.
– Claro, farei isso. Se houver necessidade de nos encontrarmos os três, posso aparatar.
– E eu vou ler e esquadrinhar o pergaminho de Dumbledore, nesses primeiros dias – disse Harry – e pensar melhor em todas aquelas cenas que vi na penseira, se em alguma delas poderia ter algum lugar citado em que possa haver alguma Horcrux. E vou ter que ir ao Beco Diagonal pegar dinheiro, inclusive trouxa, para financiar sua estadia em casa, Rony. Depois que tio Válter soube que herdei dinheiro do Sirius, certamente vai cobrar não só a comida que você vai comer, como a minha também. No mínimo.
–Não esquenta com isso não. É melhor pedir para o Gui fazer isso. Para ele é fácil. Quando eu for para lá já levo o dinheiro.
–Claro, ótimo.
Depois de um breve silêncio em que todos pareciam estar pensando em que mais deviam fazer, Harry pareceu ter uma súbita inspiração.
– Hermione, você continua a se corres... – e parou a frase no meio, olhando de viés para Rony.
– Continuo a fazer o que, Harry?
– Nada não! – Harry tentou fazer um ar casual.
Rony, porém já tinha entendido. E deu o seu aval à idéia de Harry.
– Ele quer saber se você ainda se corresponde com o Vítor Krum, não é, Harry? Afinal, deve haver mais material sobre Horcruxes em Durmstrang, pois lá eles dão mais ênfase às Artes das Trevas, não é isso, Harry?
– Bem, é – respondeu Harry sem graça. Você não ia encher o saco da Hermione se ela procurasse o Krum para pequisar sobre Horcruxes, né, Rony?
– Eu não encho o saco dela. Só acho que...
– Você concorda ou não que essa é uma possível fonte de informação útil?
– Não há como discordar, se bem que continuo não confiando naquele sujeito.
– Ora, Rony, você não tem nenhuma razão para desconfiar dele.
– Gente, por favor – Harry interrompeu, antes que os dois começassem mais uma de suas intermináveis discussões. – Esse papo já deu o que tinha de dar e agora precisamos realmente de tudo o que possamos conseguir sobre como funcionam as Horcruxes e como podem ser destruídas. Mas, Hermione, mesmo confiando no Krum, veja se consegue informações sem dizer a ele nada do que sabemos e sem mencionar especificamente as Horcruxes. Por exemplo, pergunte genericamente sobre livros das trevas.
– Pode deixar, Harry. Entendo que não devamos deixá-lo desconfiado de nada. Quanto menos gente souber desse negócio melhor.
Nesse momento, Gina entrou no compartimento. Tinha os olhos inchados e um ar taciturno que absolutamente não combinava com ela.
– Harry, queria falar com você.
– Rony, acho que seria bom fazermos uma ronda pelo trem, para ver se os primeiranistas estão bem – Hermione puxou Rony para fora do compartimento.
Harry, com medo da conversa que viria, balbuciou:
– E então?
– Não quis discutir com você no funeral, porque não era o momento e porque tinha medo de não conseguir falar sem chorar. Mas pensei muito no assunto e queria dizer que entendo as suas preocupações e motivos, mas não posso concordar com a sua atitude. Ela é muito injusta comigo.
– Injusta como?
– Você parece esquecer que assim como se preocupa comigo, eu me preocupo com você.
– Gina, é diferente. Você não pode fazer nada para diminuir o perigo que corro.
– Não. Mas eu também corro perigo, sendo ou não sua namorada, não faz muita diferença. E é muito angustiante saber que você está em algum lugar enfrentando sei lá eu que coisas terríveis, enquanto eu fico de mãos atadas sem nem saber o que se passa, se você está vivo ou não.
– É, suponho que a gente tenha que bolar uma forma de nos comunicarmos que não seja por coruja ou pó de flu. Eu 'tava conversando com seu irmão e a Hermione sobre isso. A Ordem usa patronos. Vou tentar saber como isso funciona. Também não vou conseguir ficar tranqüilo sem saber o que se passa com você.
– Não é só isso, Harry. Mesmo que a gente se comunique, essa sua atitude supostamente nobre continua sendo injusta comigo – Gina apertava os lábios.
– Por que?
– Porque não me dá a escolha de estar ao seu lado, de combater com você. Eu tenho tanto motivo pessoal para odiar Voldemort quanto você. Ele me usou, violentou a minha alma, acabou com a minha inocência. Por que você pode ir atrás dele e eu não? Por que acha que é mais perigoso para mim estar ao seu lado? Afinal, eu não era sua namorada quando fui atacada antes.
– Não, mas o próprio Tom Riddle do diário me disse que quando soube que eu tinha resistido ao seu eu posterior, voltou a sua atenção para mim. Gina, há uma coisa que você não sabe e vou lhe contar brevemente, mas nunca mencione a ninguém, certo?
– 'Tá.
– Eu ouvi aquela profecia lá do Ministério. Ela realmente diz algo na linha de que eu sou aquele que terá que derrotar Voldemort e ele conhece uma parte dela. Então não tenho escolha, porque de qualquer modo ele está atrás de mim – Harry sabia que não era bem assim, ele próprio tinha chegado à conclusão que aquela também era sua escolha, mas não queria que Gina percebesse isso. Não queria que ela questionasse os seus motivos.
– Pois eu tenho escolha, Harry – Gina não se deu por achada. – E a minha escolha é te ajudar a derrotar Voldemort, é estar ao teu lado, é te dar conforto e buscar o teu apoio nas horas em que as coisas ficarem muito difíceis.
– Mas você não poderia vir, seus pais não a deixariam, você é menor de idade e também prefiro que não saiba do que tenho que fazer. Como minha namorada, você se tornaria um alvo preferencial e seria mais fácil capturá-la, pois não sabe aparatar e estaria na mira dos Comensais para a torturarem e arrancarem de você informações sigilosas.
– Harry, tenta se colocar na minha posição. Suponhamos que fosse ao contrário, que essa profecia fosse a meu respeito e que eu quisesse sair caçando Voldemort e rompesse com você por causa disso. Você se conformaria em ficar quieto no seu canto? Aliás, numa situação semelhante, o que você fez foi, ao contrário, ir atrás de mim dentro da Câmara Secreta para me salvar, correndo um perigo que não precisava. E você nem era tão ligado a mim. Você teria deixado de ir atrás de mim se o Percy ou algum outro professor tivesse sabido da história e o tivesse proibido de ir lá, para protegê-lo?
Harry levou um choque só de vislumbrar a possibilidade. Gina percebeu.
– Vê agora por que eu digo que é uma injustiça?
Harry balbuciou: – É diferente, só eu podia falar língua de cobra.
– Diferente coisa nenhuma, não fica arranjando desculpa. Mesmo sem a língua de cobra, você teria ido. E se fosse hoje, se a situação fosse invertida?
Harry não respondeu, mas começou a entender o ponto de vista da (ex-)namorada. Ela tinha razão, ele não conseguiria ficar para trás numa situação dessas. Olhou para ela e viu que uma lágrima descia pelo seu rosto e sentiu que também os olhos dele estavam ardendo e a sua garganta se fechava. Felizmente, Gina resolveu ir embora antes que os dois perdessem o controle.
– Por favor, pense nisso. Se gosta de mim, pense verdadeiramente no meu bem estar – ela disse antes de se retirar.
Rony e Hermione logo voltaram, mas Harry não abriu mais a boca até o fim da viagem.
Na estação de King's Cross, para sua surpresa, só tia Petúnia o esperava. Harry cumprimentou os Weasleys, despediu-se rapidamente e foi logo embora com a tia. Não estava para despedidas. Apenas comentou com a tia que Rony possivelmente passaria uns dias com ele, mas que pagaria pela estadia do amigo e que Rony, mesmo já sendo um bruxo maior de idade, se comportaria de modo adequado, se ninguém enchesse o saco. Petúnia deu de ombros e fez sinal para irem logo embora. Harry sentiu-se grato por ela não falar nada durante a viagem.
