Disclaimer: Todos os personagens e ambientação e quase todos os feitiços e poções pertencem a J.K.Rowling e seus representantes legais.
Agradeço à betagem da Lua
No Largo Grimmauld
Nos dias que se seguiram, Harry descobriu que se separar de Gina não era tão fácil quanto supunha. Tinham namorado só por cerca de um mês, mas tinha sido tão bom, tinham tanta afinidade no modo de ver as coisas e também no modo de curtirem um ao outro, que estar sem ela era algo que o atormentava sem parar. Nunca imaginara que seria assim. Quando se afastara de Cho, nem tinha notado.
Agora já não dormia direito, não conseguia se concentrar nos estudos de Defesa Contra as Artes das Trevas que estava fazendo por conta própria, não tinha fome. E passou a se preocupar obsessivamente com um jeito de se comunicar com ela.
Finalmente um dia, quando tio Válter tinha ido trabalhar e Duda tinha saído com a turma dele, tia Petúnia finalmente aproveitou para lhe entregar as coisas de seus pais. Havia um um saquinho de jóias e um álbum de bebê, com retratinhos dele e anotações sobre a primeira vez que tinha sorrido, o primeiro dente, essas coisas. Passou os olhos pelo álbum, encantado pela dedicação com que seus pais o tinham feito, talvez já antecipando que poderiam não estar lá para contar-lhe de seus primeiros meses. Depois abriu o saquinho de jóias. Ali havia as alianças de casamento dos pais, um anel que deve ter sido o de noivado da mãe e um medalhão, desses que abrem.
Harry tentou abrir o medalhão para ver o que continha. Tentou e tentou, mas estava difícil. Uma sensação de déjà vu de repente tomou conta dele. Viu-se tentando abrir um medalhão e não conseguindo, mas será que isso tinha mesmo acontecido? O medalhão que sempre trazia em seu bolso, a falsa Horcrux, fora fácil de abrir. Devia estar delirando. Não! Subitamente se lembrou de um medalhão na casa de Sírius que todos tentaram abrir, inclusive ele, e ninguém conseguira. Nisso conseguiu abrir o medalhão da mãe. Ele tinha um lindo retrato de si mesmo ainda bebê.
Mas continuou com o medalhão do Largo Grimmauld na cabeça. Era de ouro, pesado e tinha o símbolo de Slytherin. Hei! Era muito parecido com o medalhão que vira na penseira de Dumbledore. Harry ficou super excitado. Pena que não tinha ele próprio uma penseira para rever suas lembranças dos dois medalhões – o da casa de Sirius e o usado por Mérope Gaunt. Quanto mais pensava, mais achava que podiam ser o mesmo.
Ainda estava perdido em seus pensamentos, quando ouviu barulhos no andar de baixo. Aparentemente Duda viera fazer uma boquinha. Era pouco provável que Duda viesse até o seu quarto, mas por via das dúvidas foi guardar as coisas que Petúnia havia lhe dado.
Enfiou a mão bem no fundo do malão para esconder as lembranças dos pais, quando roçou num papel de embrulho. Embrulho? Claro, o espelho de Sirius! Mais uma vez esquecia do espelho, quando ele poderia ser útil. Será que conseguiria consertá-lo? E será que encontraria o par dele entre as coisas de Sirius? O espelho seria ideal para manter contato com Gina.
Harry viu que precisava ir à casa do Largo Grimmauld e fazer uma busca por lá e seria bom que chamasse Monstro, também. O danado era bem capaz de saber alguma coisa. Só tinha que pensar com cuidado nas perguntas que lhe faria.
Mais que depressa escreveu um bilhete para Lupin.
Aluado
Comigo vai tudo bem. Outro dia caí da escada e, imagine só, minha tia me levou ao hospital trouxa! Mas não foi nada. Serviu para eu me aproximar da tia Petúnia, no entanto. E aconteceu uma coisa estranha. Numa das radiografias, tomografias, sei lá, aparaceu um objeto estranho no meu cérebro. A médica achou que poderia ter ido parar lá numa explosão ( a tia Petúnia inventou uma história de explosão). Você acha que, quando a maldição que Voldemort lançou sobre mim ricocheteou e a casa foi destruída, alguma coisa poderia ter ido parar dentro da minha cabeça? Estranho, não?
Estarei com vocês no dia 7, mas não sei como. Gostaria de chegar bem mais cedo, porque quero dar uma vasculhada na casa. Descobri que lá podem estar dois objetos que me interessam. O que devo fazer?
Um abraço para você e um beijo na sua namorada.
Harry
No dia 7 de julho, às 8:30 da manhã Lupin batia na porta dos Dursley para pegar Harry. fizeram Aparatação Acompanhada e logo estavam no Largo Grimmauld.
– Bem, Harry, agora que podemos conversar, o que você deseja?
– Primeiro, eu queria restaurar este espelho aqui – e Harry mostrou o espelho que Sirius lhe dera. – Você o conhece?
– Claro, Almofadinhas e Pontas esstavam sempre com esses espelhos. Isso é fácil. Reparo Incantatum! Já está como novo, inclusive no seu funcionamento.
– Ótimo. Obrigado. Agora eu queria que você me ajudasse a encontrar o par dele.
– Isso é tão fácil quanto, vem cá – e Remo levou-o ao quarto de Sirius. Lá abriu a gaveta do criado mudo e tirou o outro espelho. – Eu sabia que era aqui que Sirius o guardava, quando não estava em seu bolso. Quer usá-lo para manter contato com os amigos?
– É. Algo nessa linha. Obrigado, agora a segunda coisa, que talvez seja mais complicada. Vem comigo. – E foram para a sala de visitas do primeiro andar. Harry procurou por lá, mas não havia sinal do medalhão.
– Sabe, há dois anos atrás, quando estávamos limpando esta sala, encontramos um medalhão, que nenhum de nós conseguiu abrir, Você por acaso se lembra? Um medalhão pesado, de ouro, que se não me engano tinha o símbolo de Slytherin.
– Não, não lembro. Não participei da operação limpeza. Talvez a Molly saiba dele.
– Não, na verdade, acho que ela não estava conosco nessa hora. Éramos nós, os adolescentes, e Sírius, só. Você nunca viu esse medalhão por aqui?
– Não. Mas o Sirius não estava dando um fim nessa tralha toda?
– Sim, jogamos muita coisa fora, mas com esses objetos, a gente tentava era tirar o feitiço. Era um medalhão bonito. Não lembro o que o Sirius fez. Vou procurar mais um pouco.
– Harry, vou descer. A Tonks chegou de madrugada esta noite e deixei-a dormir até mais tarde, mas agora já está na hora dela e logo, logo ela vai descer para o café da manhã. Vou lá preparar alguma coisa para ela.
– Tudo bem, vou procurar por aí.
Harry revirou a sala e pensou em procurar no resto da casa. O lugar mais óbvio seria no canto de Monstro, mas como este ficava perto da cozinha e Harry queria deixar Tonks e Lupin sozinhos um pouco, resolveu ir procurar no sótão. Ao chegar lá, na hora que ia abrir a porta, escutou uma voz que sussurrava.
Por sorte, tinha trazido sua capa de invisibilidade. Escondeu-se debaixo dela e foi ouvir o que diziam. Reconheceu a voz de Monstro. Ele falava com alguém, mas Harry não ouvia a resposta. Harry também tinha consigo, por mero acaso, um par de Orelhas Extensíveis. Aplicou-o à porta para melhor escutar o que diziam.
Mas continuava sem escutar a outra voz.
– Até que ouviu Monstro dizer: – É claro que Monstro não disse a ninguém que o menino está aqui. Ninguém sabe que o menino está aqui, não se preocupe.
Então Harry ouviu claramente a resposta: – Certo, Monstro. Mas você demorou hoje. Estou faminto.
– Harry ficou extático. Era a voz de Sirius! Como isso era possível? Queria correr e abraçá-lo, mas achou melhor ouvir um pouco mais, para ver se entendia por que estava se escondendo.
– Monstro não conseguiu vir antes. Aquela professora não queria deixar. Ela veio dizer que vão fazer mais feitiços na casa, eles vão. E ela queria avisar o Monstro. Queria que o Monstro estivesse aqui.
– Que história é essa, Monstro? Que feitiços são esses? Isso pode ser perigoso para mim.
Monstro começou a soluçar. – Monstro não sabe, Monstro não sabia que senhorzinho ia ficar interessado. – E começou a chorar alto.
Harry estava totalmente desconcertado. Monstro parecia preocupado com Sírius e a conversa toda não parecia fazer sentido.
– Monstro, tenta se controlar – disse a voz de Sirius. – Daqui a pouco, alguém escuta você. Temos que pensar em algo. Que feitiço poderia ser esse? O que aconteceu com a casa? Ei, espere um pouco. Você disse professora, não foi o Dumbledore?
– Não, o velho amigo dos trouxas e sangues ruins morreu.
– E você não me disse nada, Monstro? Quando foi isso?
– Há umas três semanas.
Monstro, eu devia punir muito fortemente você. Essa é uma notícia muito importante. Você não sabe que ele era o Fiel do segredo que protege este lugar e a mim também?
– Monstro não pensou, Monstro é burro. Agora menino Régulo está em perigo. – E voltou a chorar.
Régulo? Era Régulo Black que estava ali, com Monstro, não Sirius. O coração de Harry se apertou. A esperança de ter o padrinho de volta se esvaneceu.
– Será que vão fazer o Feitiço Fidelius de novo? Terei que estar lá. O feitiço, quando aplicado a imóveis, não funciona sem o consentimento do proprietário. Droga! Pára de chorar, elfo! Pelo menos você me avisou antes da coisa acontecer. Agora vou precisar dar um jeito de estar presente na hora da renovação do feitiço. O pior é que não conheço o suposto novo proprietário. É o filho de Tiago, né?
– É, sim. Aquele garoto horroroso. Mandou Monstro espionar o garoto Malfoy. Imagine!
– Imagino! E o que Draco estava aprontando?
– O menino Malfoy é muito inteligente. Dizem que foi por causa dele que Dumbledore morreu.
– Monstro, quando você vai aprender que meus primos não são nossos amigos? Que eles me matariam, se soubessem que estou vivo? Que descobri o segredo de Voldemort e ainda hei de destruí-lo?
Harry ficou excitado. Aquelas eram as palavras de R.A.B., a pessoa que tinha pegado a verdadeira Horcrux. R.A.B. era Régulo Black! Como não tinha pensado nisso antes! E ele ainda era o proprietário daquela casa! Se ainda havia um homem da linhagem dos Black, a casa não tinha ido para Harry!
– Monstro, ouça bem – disse Régulo. Volte a Hogwarts e tente descobrir o máximo possível sobre esse feitiço. Que horas vai ser, quem será o novo fiel, tente acompanhar a professora McGonagall e descobrir alguma coisa. É muito importante.
Harry ouviu um estalo e soube que Monstro tinha ido. Antes de enfrentar Régulo Black, porém, achou que precisava tirar uma coisa a limpo. Desceu correndo as escadas e foi encontrar com Remo e Tonks na cozinha. Depois de cumprimentar a amiga, perguntou:
– Vocês que o conheceram, como era o Régulo?
– Régulo? De onde você tirou esse súbito interesse em Régulo? – perguntou Tonks.
– Não é nada. É que estava pensando que esta casa foi dos Black e lembrei do Sirius mencionando o irmão. Ele era assim como as suas tias, Tonks, realmente fiel a Voldemort? Por que desistiu, por que morreu?
– Eu o conheci pouco, era uma pirralhinha quando ele morreu.
– Eu o conheci. Régulo foi nosso contemporâneo da escola e embora fosse preconceituoso e cheio da empáfia dos Black, como as primas, ele tinha qualidades como as de Sirius também. Era um rapaz extremamente corajoso e impulsivo. Um líder nato. Não estaria deslocado na Grifinória, apesar de que seus traços sonserinos eram mais fortes, claro.
Uma vez, Severo, furioso com o Sírius, foi falar mal dele na frente de Régulo. Este virou onça e disse: – Como um mestiço como você ousa falar mal de um Black na frente de Régulo Arcturus? Posso não me dar bem com meu irmão, mas ele ainda está muito acima de gente da sua laia. Não é por que você é bom em Artes das Trevas que vou ter medo de você. O detalhe é que Régulo era muito menor e menos preparado enquanto bruxo do que Severo. Se este tivesse dado bola para o arroubo do menino, ele não teria a menor chance.
A história contada por Lupin demonstrou que Régulo devia ser mesmo R.A.B. Régulo Arcturus Black era o seu nome. Harry já sabia o que queria.
– E aí, Harry, achou o que queria?
– Não exatamente, mas não se pode dizer que não tenha encontrado nada. Se me permitem, vou dar uma vasculhada no sótão e gostaria de estar sozinho. Obrigado pela informação.
Ah! Que horas o feitiço vai ser renovado e quem será o novo fiel?
– À uma da tarde, para fazermos a reunião às duas. O feitiço demora um pouco pois temos que repeti-lo ao longo de toda a área a ser protegida. Tínhamos pensado em colocar a Tonks como fiel. Afinal ela é da família.
– Deixe de bobagens, Remo. Não tenho nada a ver com esta casa. Aliás, Dumbledore também não era da família. Ainda acho que você seria melhor. Afinal, tem morado aqui. Você, o que acha, Harry? Sendo o proprietário, na verdade quem dá a última palavra é você.
– Não sei. Vou pensar no assunto.
Harry subiu , pegou sua capa de invisibilidade e entrou no sótão.Ao abrir a porta, viu Régulo, um homem parecido com Sírius, mas um pouco mais alto e mais conservado e com olhos azuis. Régulo levantou a sombrancelha quando viu a porta abrir e parecia intrigado por não ver ninguém, mas não estava preocupado.
Harry continuou com a capa, fechou a porta, lançou um Feitiço da Imperturbabilidade não verbal, afastou-se para um canto distante, mas onde tinha espaço para correr e falou.
– Régulo Black, sou Harry Potter e estou aqui para te ajudar.
– Onde está? Como sei que vai me ajudar? Como me descobriu se estou sob o Feitiço Fidelius?
– Ah, é? E quem é o fiel, Monstro? Deve ser, porque não estava te ouvindo até ele mencionar que "o menino estava aqui".
– É, é ele. E o que você sabe sobre mim?
– Sei isso – e Harry levitou a falsa Horcrux, que ainda estava em seu bolso e a fez chegar às mãos de Régulo.
Este, quando a viu, ficou com os olhos do tamanho de um pires. – Como isso foi parar nas suas mãos?
– Estive na caverna com Dumbledore. Ele bebeu toda a poção que você deixou lá para pegar essa coisa aí. E ficou extremamente fraco, sendo morto por causa disso.
– Na verdade, a poção que pus lá não era a mesma que estava inicialmente. Era uma poção mais enfraquecedora, pois achei que só o próprio Voldemort ia querer a sua Horcrux de volta. Ela estava dirigida a ele. Mas como conseguiu chegar lá? O barco não dá para mais de um bruxo.
– Ainda era, e sou, um bruxo menor de idade. A minha magia ainda não era suficiente para ser detectada.
– Quer dizer que Dumbledore, antes de morrer descobriu sobre a Horcrux e colocou você na jogada. Por que fez isso?
– Por causa de uma profecia que fez Voldemort matar os meus pais e ficar atrás de mim, e que acabou por levar seu irmão à morte. Mas não é este o ponto. O mais importante é: você conseguiu destruir a Horcrux? Eu vi o medalhão aqui há dois anos, mas ninguém o conseguia abrir.
– Eu achava que tinha destruído. Depois coloquei um outro feitiço, para ninguém conseguir abri-lo e se perguntar o que aquele medalhão fazia por aqui. Mas quando soube o que aconteceu com Voldemort, quando atacou seus pais e você, fiquei me perguntando se algo tinha dado errado.
– Não sei se deu, mas ele tinha outras defesas contra a morte, disso eu tenho certeza. – Harry achou que não devia falar das demais Horcruxes para Régulo.
– Bem, a questão é, que feitiços são esses que o Monstro mencionou? Sabe do que estou falando? – perguntou Régulo.
– É o que você estava pensando, mesmo.Vão renovar o Feitiço Fidelius, pois Dumbledore morreu assassinado por Severo Snape, que tinha acesso a esta casa.
– Aquele tratante do Snape. Quem mandou Dumbledore confiar nele? Ele sempre esteve interessado só em si mesmo, o mestiço babaca. Ah, desculpe, você também é mestiço, não é?
– Sou, com muito orgulho pela minha mãe. Voltando ao assunto. O feitiço será lançado a uma hora da tarde. Você podia ficar ao meu lado usando a capa de invisibilidade, o que acha?
– É, pode ser. Quem vai ser o fiel?
– Acho que quem dá a palavra final sou eu. Já me colocaram duas possibilidades. Sua prima, Ninfadora Tonks, ou Remus Lupin.
– O lobisomem? Não. Com ele corremos um risco muito forte dele ser morto e a coisa ter que ser repetida. A Ninfadora, apesar de auror, mestiça e traidora do sangue, corre menos risco. Depois, apesar de tudo, ela é minha prima.
– Está resolvido, então. Só me explica uma coisa, por que o Monstro me obedece como se eu fosse o seu dono?
– Porque eu lhe dei uma ordem para ele agir assim. Ao obedecer-lhe, ele na verdade está me obedecendo. Eu não podia correr o risco desta casa ir parar nas mãos da Belatriz. Até porque, o idiota do Monstro não consegue enfiar naquela cabeça idiota dele que as minhas primas me querem ver morto. Ele só o desobedeceria se você o obrigasse a mostrar quem estava aqui. Mas no fim, ele acabou lhe dizendo sem querer.
– O que aconteceu com você, poderia me contar? Como fez parecer que estava morto?
– Você já sabe mesmo que estou aqui. Mas vamos fazer o seguinte, eu lhe conto a história e você promete que não conta para ninguém que estou vivo, morando aqui, sendo cuidado pelo Monstro.
É claro que Harry pretendia contar a Rony e Hermione. Procurou um jeito de prometer silêncio, que não o impedisse de compartilhar o segredo com seus amigos.
– Contar de você colocaria em risco o segredo da Horcrux, que é crucial para a minha própria vida. Dumbledore deixou bem claro que essa história não poderia ser contada por aí. Prometo a você que guardarei o seu segredo tão bem quanto guardo o da Horcrux.
– Não contará à Ordem da Fênix ou aos aurores?
– Não contarei a nenhum membro da Ordem ou agente do Ministério. Não se preocupe. É do meu interesse manter a Horcrux em segredo.
Régulo se contentou com isso. Harry pensou que tinha que contar a Rony e Hermione antes deles se tornarem membros da Ordem.
Régulo contou então a sua história. Voldemort tinha confiado a Belatriz um diário ao qual dava muita importância. Era um diário secreto, de um rapaz que se chamava Tom Riddle. Este rapaz era o próprio Voldemort (Régulo, como o irmão, não temia chamá-lo pelo nome), se orgulhava de ser descendente de Salazar Slytherin e tinha aberto a Câmara Secreta existente em Hogwarts há pouco mais de 50 anos, soltando um monstro que ia atrás de nascidos trouxas. Voldemort tinha entregado esse diário secreto a Belatriz, pensando em um dia voltar a abrir a Câmara. Régulo, porém tinha ficado desconfiado. Não havia nenhum Riddle na tapeçaria da família Black e as famílias de puro sangue, por serem entrelaçadas, estavam praticamente todas lá. Os Gaunt estavam nos ramos mais antigos da tapeçaria, mas Riddle, não havia nenhum. Pesquisando em livros de genealogia (Harry lembrou-se de já ter visto um livros desses na casa dos Black), não achou nenhum Riddle. Foi então procurar na região onde os Gaunt moravam e descobriu que Tom Riddle pai era trouxa. Soube da lenda de que tinha sido enganado por Mérope Gaunt e ouviu mais histórias sobre eles, inclusive sobre o medalhão que a moça sempre usava e que, pela descrição, parecia com uma relíquia de Slytherin, mencionada em Hogwarts, uma história. Ficou horrorizado, como podiam seguir um bruxo racista que era, ele próprio mestiço?
No próprio diário, Régulo viu uma menção à ambição de Voldemort de não morrer, dizendo que descobrira o método de Grindelwald. Continuando em sua pesquisa, Régulo descobriu que Grindelwald tinha feito uma Horcrux, que, porém tinha sido destruída por Dumbledore. Procurando mais sobre a infância de Tom Riddle, esteve no orfanato em que foi criado, cuja governanta, Amada Benson o recebeu muito bem. Acontece que a Sra. Benson se lembrava muito bem de Tom e da caverna aonde a tinha levado, junto com Dênis Bishop, quando eram crianças. Juntando todas essas informações, Régulo achou que Voldemort poderia ter usado o medalhão da mãe para fazer uma Horcrux. Foi até a tal caverna e realmente tinha toda a pinta dela ser o esconderijo do tesouro de Voldemort.
Régulo estava pensando num meio de desmascarar Voldemort e fazer os outros Comensais abandonarem aquele racista que os tratava a todos como servos desprezíveis. A eles, os bruxos das melhores linhagens. Mas Voldemort acabou descobrindo que Régulo fuçara no seu diário e ficou furioso. Chamou-o para repreendê-lo e puni-lo e Régulo jogou-lhe na cara que não se curvaria diante de um mestiço ordinário. Fez isso e desapareceu. Foi até a Caverna com Monstro, fez o elfo beber a poção, substituiu-a por uma versão mais tóxica, que poderia levar à morte em poucas horas, substiuiu a Horcrux pelo outro medalhão com o recadinho desafiador e voltou para casa. Destruiu a Horcrux, contou para a mãe que tinha descoberto que Voldemort era filho de um trouxa e que por isso, provavelmente este tentaria matá-lo e ela o ajudou a preparar a Poção do Morto-Vivo. Rabicho fora encarregado de matá-lo. A Sra. Black o estuporou. Régulo tomou a poção. A Sra. Black reanimou Rabicho e fez-lhe um pequeno feitiço de memória. Ele não lembrava de ter matado Régulo, mas quando o viu "morto", lançou a Marca Negra e se mandou. Depois do enterro, com a ajuda de Monstro, a Sra. Black o retirou da tumba e em casa eles lançaram um Feitiço Fidelius sobre a pessoa de Régulo, tendo Monstro como fiel.
&&&
À tarde, o Feitiço Fidelius e a reunião da Ordem transcorreram sem problemas, mas Harry pediu aos amigos que não entrassem já para a Ordem, pois na caça às Horcruxes precisavam ter liberdade de ação. Ele explicou à Ordem que cumpria uma missão secretíssima, que Dumbledore lhe tinha confiado e que tinha a ver com a profecia que tinham protegido até a morte de Sirius. A missão estava indo a contento e pediu à professora McGonagall acesso à biblioteca da escola e, caso as aulas fossem retomadas, se poderia ter liberdade para, eventualmente, à noite ou num fim de semana, com o consentimento do retrato de Dumbledore, se ausentar da escola para dar prosseguimento à missão. Ela concordou, desde que ninguém mais soubesse, além dos membros da Ordem e das pessoas que tinha estado no Ministério no fatídico dia em que a profecia tinha sido destruída.
Antes de ir embora, Harry entregou o espelho ao Rony e pediu-lhe para mandá-lo para a irmã, como se fosse coisa dele. Gui levou o espelho pra Gina.
Rony e Hermione aparataram com Harry na rua dos Alfeneiros e lá Harry contou-lhes mais detalhadamente todas as coisas incríveis que tinham acontecido naqueles dias, de sua visita ao hospital, da coisa que tinha em sua cabeça (que deixou Hermione muito preocupada), de Régulo e da Horcrux descoberta por este. Os amigos concordaram que deviam continuar tentando localizar o medalhão, por via das dúvidas, mas já era um grande alento pensar que mais uma das Horcruxes estava provavelmente destruiída.
&&&
– Gina, Gina, você está com o espelho? Tem alguém aí com você?
– Não, não tem ninguém. Rony, que raio de espelho é esse?
– Na verdade, fui eu – e Harry tomou o espelho de Rony – quem o mandou para você. Para podermos manter contato sem atrair a atenção de ninguém.
– E porque eu ia querer manter contato com o cara que me deu um pé?
– Porque esse cara te ama e não consegue ficar em paz sem saber se você está bem? Porque você também está interessada em saber se ele está bem? Esses motivos bastam?
– Me ama? Isso é novidade. Talvez bastem, mas se a gente vai se separar, não é muito saudável ficarmos nos falando sempre.
– Certo, quando eu for aí para o casamento do Gui, a gente conversa direito. Boa noite, Gina. – Harry estava tão feliz de ver a Gina, mesmo que apenas no espelho, que nem conseguia disfarçar. – Boa noite, meu amor.
