Disclaimer: Com exceção de Imelda, todos os personagens desta história são obra e propriedade de J.K.Rowling, que nos permite visitar o seu mundo e dele fazer parte.
Agradeço a Lua pela betagem e apoio.
A proposta inesperada
Os dias que se seguiram ao casamento de Gui, passados n'A Toca foram muito bons: treinos de defesa pela manhã, com a presença dos seis amigos e passeios e quadribol à tarde, quando os jovens casais sempre conseguiam momentos de privacidade. À noite, um jogo de xadrez ou pesquisa nos livros encontrados no Largo Grimmauld. Um deles não tinha nada que prestasse, mas no outro havia dicas sobre a destruição de Horcruxes. Quando o objeto fosse de material permeável, uma boa coisa seria o veneno de criaturas mágicas, em particular o de basiliscos e acromântulas. Assim tinha sido destruído o diário de Riddle. O modo que serviria para destruir qualquer um deles, inclusive os preparados em objetos não permeáveis, era mergulhá-lo numa poção especial chamada Anima mortis durante meia hora, no mínimo e depois deveria ser dito o encantamento Finis Horcrux! O livro mencionava ainda alguns testes para verificar se a destruição realmente tinha sido efetuada.
Por fim chegou o dia esperado por Harry, o fim daquele tempo de relativa tranqüilidade, o seu aniversário. Logo de manhã ele e Rony foram para o Ministério fazer o exame de aparatação, no qual ambos passaram. Finalmente teriam liberdade para irem a qualquer lugar, sem ter que se preocupar com possíveis monitoramentos do ministério.
A Sra. Weasley preparou uma pequena e íntima reunião no cair da tarde, sem saber que aquela era também uma festa de despedida dos três amigos. Na festinha só estavam os Weasley, Hagrid, Remo e Tonks.
Harry aproveitou para abordar o tema do medalhão. Chamou Lupin de lado e disse:
– Remo, lembra daquele medalhão que eu estava procurando? Não o achei. Então perguntei ao Monstro e ele me disse que achava que Mundungo o tinha roubado.
– Será que o Monstro não está mentido para você? Obrigou-o a dizer a verdade?
– Não, não está mentindo, não. Ele não se interessaria muito nele, porque esse medalhão não era dos Black. Foi uma coisa adquirida pelo Régulo, foi o que o Monstro disse.
– É a palavra dele.
– Mas eu lembro do medalhão. Não tinha brasão dos Black. Só de Slytherin. Veja, consegui fazer um desenho dele.
– Harry, para que você está interessado nele?
– É que era realmente bonito e parecia valer muito. Pensei em dá-lo a Hermione como um presente de aniversário e pelo namoro dela com o Rony. Você sabe o que eles já fizeram por mim. Seria meio que um presente para o Rony também, que nunca aceitaria um negócio desses.
– OK, vou falar como Mundungo. Ver se consigo arrancar algo dele.
– E você, o que pretende fazer? Rony andou querendo as coordenadas da casa de seus pais, pretende ir lá?
– O mais rápido possível.
– Aquele é um lugar visado, Harry. Soube que Rabicho andou aparecendo por lá. Não convém que você vá lá sozinho.
– Não vou sozinho. Rony e Hermione vão comigo.
– Mesmo assim, vocês deviam ir com mais alguém. Por que não pede ao Hagrid para ir com você? Ele conhece bem o lugar.
– É. Vou pensar.
A princípio, Harry não queria, mas pensando melhor, concluiu que Hagrid poderia ajudar. Afinal ele tinha estado lá pouco após a morte de seus pais e talvez tivesse alguma informação útil. E arrancar informações de Hagrid sempre fora uma coisa fácil, obtê-las sem que ele desconfiasse de que podia haver mais coisa por trás só seria ligeiramente menos fácil.
Harry então pediu a Hagrid que o acompanhasse a Godric's Hollow e o meio-gigante aceitou, entusiasmado por ter sido lembrado.
Gina sabia que Harry estava indo por uns dias e foi difícil despedir-se dela, mas Harry lhe assegurou que não estaria correndo nenhum perigo adicional. Só visitaria lugares importantes e observaria se havia algo de estranho por lá. Logo voltaria e estaria com ela antes de ir para outros lugares, os indicados por Dumbledore.
No dia seguinte, os três amigos estavam no pub bruxo mais conhecido de Godric's Hollow, o Olho do Dragão, tomando cerveja amanteigada e esperando por Hagrid, depois de já terem assegurado acomodações num hotelzinho trouxa da cidade mais próxima, sob falsos nomes. Não sabiam quanto tempo teriam que ficar na região.
Hagrid os levou aos escombros da casa dos Potter. A casa tinha sido destruída, o mato crescera em volta, mas cavando um pouco na terra espalhada ainda havia destroços de móveis e objetos. Hagrid mostrou-lhes onde haviam sido encontrados os corpos de Tiago e Lilian e parte da cabeceira do berço de Harry ainda se destacava em meio ao matagal. Hagrid comentou:
– Dumbledore tinha pedido para eu vir te buscar e levar para minha cabana, antes de ir até a casa de seus tios. Ele queria primeiro se assegurar de que você ficaria bem protegido e vigiado. Quando cheguei aqui, a desolação era completa: móveis destruídos, objetos espalhados pelo chão, a maioria com marcas de queimadura. Uma das poucas coisas inteiras que encontrei foi um troféu roubado de Hogwarts e...
– Troféu? Que troféu?
– O rosto de Hagrid se fechou numa expressão mista de raiva e dor. O troféu que Você-Sabe–Quem recebeu por me denunciar quando abriu a Câmara Secreta. Na época eu nem associava aquele metido do Tom Riddle com ele e fiquei espantadíssimo daquele troféu estar aqui. Foi aí que Dumbledore me explicou que Tom era Você-Sabe-Quem e que provavelmente tinha trazido o troféu para fazer alguma magia negra. Mas felizmente ele desapareceu sem conseguir matar você nem fazer sei lá o que mais pretendia. – Harry pensou que o troféu provavelmente tinha sido trazido para ser transformado na última Horcrux, a que Voldemort pretendia fazer com a sua própria morte. Por isso Dumbledore tinha tanta certeza de que a última Horcrux tinha sido feita após o incidente que estavam rememorando.
– Mas esse troféu está em Hogwarts, não? Lembro-me de tê-lo limpado numa detenção – perguntou Rony.
– É. Dumbledore o examinou um tempão antes de retorná-lo à sala de troféus para se assegurar de que não havia nada de errado com ele, quando levei o troféu de volta para Hogwarts, junto com o Harry bebê e as coisas que a Imelda me deu.
– E quem é Imelda? – Harry perguntou.
– Uma vizinha que ajudou a cuidar de você em seu primeiro ano de vida. Ela veio correndo para cá quando ouviu o barulho da explosão. Estranhou muito, porque pensava que os Potter tinham ido embora. Eles estavam escondidos pelo tal de feitiço Fidelius, você sabe.
– Pô, acho que gostaria de conhecê-la. Será que ela inda mora por aqui?
– Deve morar. A casa dela era ali.
Mais tarde os quatro foram até a casa de Imelda. Quando a bruxa atendeu à campainha, não pôde acreditar no que via.
– Hagrid! E este deve ser Harry! É a cara do pai, mas com...
– Os olhos da mamãe – completou o rapaz. Todos me dizem isso. Prazer em conhecê-la. Estes são os meus amigos Rony Weasley e Hermione Granger.
– O prazer certamente é meu. Mas antes de deixá-los entrar preciso fazer uns testes. Sabe, com a volta de Você-Sabe-Quem, não podemos facilitar. O que foi que você levou naquela fatídica noite, junto com o bebê, Hagrid?
– Ahn, 'xa eu ver... tinha um álbum de bebê, umas roupinhas e mais alguma coisa – começou Hagrid.
– Um saquinho de jóias, com as alianças de meus pais, um anel, um medalhão. A minha tia me deu – completou Harry.
– Isso mesmo, podem entrar.
– Bem, devemos fazer o teste com você também, não é? Como o Hagrid me levou daqui?
– Naquela motocicleta maluca do seu padrinho. Entrem, por favor.
– Você conheceu bem meu padrinho?
– Claro, ele estava sempre por aqui. Tinha também o Remo, o Pedro. Sabe que o Pedro andou aparecendo por aqui, há pouco mais de um ano?
– É? Falou com ele?
– Não. Ele estava diferente, com uma mão prateada. Tinha colocado disfarces, como uma barba e quando o chamei, disse que eu estava enganada, que não conhecia nenhum Pedro. Como se eu não o conhecesse muito bem.
– E ele foi embora depois de ser reconhecido?
– Nada! Continuou vindo na forma de rato. Um rato de patinha prateada, imaginem se eu não ia reparar. Ele não sabe que eu sabia que era um animago. Uma vez o vi se transformando, quando seus pais ainda eram vivos. Ele ficou fuçando no chão. Parecia que procurava alguma coisa. Mas tenho a impressão que não achou nada, pois sumiu daqui sem levar nada.
– E não voltou mais?
– Acho que não. Fiquei invocada e passei a vigiar as ruínas. Cheguei até a escrever para o Remo depois de uns meses, intrigada. Naquela época todo mundo achava que o Pedro estava morto. Infelizmente não o fiz a tempo de inocentar o Sirius. Pouco depois de ter entrado em contato com o Remo, o Sirius morreu e a verdade finalmente veio à tona.
Harry se entristeceu ao pensar que Sirius tinha morrido na hora que aparecia alguém para testemunhar que Pedro ainda vivia, o que lhe daria chances de ficar livre.
– Ah, Harry! Quando sua mãe faleceu, guardei comigo o diário dela. Nunca li, mas era uma lembrança dela. No entanto acho que é mais certo ele ficar com você, e deu a Harry um caderno.
Depois de muito conversar com Imelda, os quatro bruxos foram para o cemitério. Depois de Harry colocar umas flores no túmulo de seus pais. Hagrid pediu a Hermione que lançasse um feitiço Revelio. Aí apareceu uma homenagem feita pela comunidade bruxa aos Potter. Um halo dourado se elevava da tumba e apareciam imagens etéreas do casal e na tumba resplandesciam as palavras: "A Tiago e Lilian Potter, o reconhecimento dos amigos pela coragem com que enfrentaram um grande senhor das Trevas, que acabaram por afastar. Logo, Rony e Hermione estavam cansados e famintos e queriam se retirar para o hotel. Harry estava emocionado e quis ficar mais um pouco por ali. Hagrid não o deixou ficar sozinho. Depois de um tempo, Harry se despediu.
Pode ir, Hagrid. Obrigado por ter vindo – e Harry realmente estava satisfeito por ter trazido Hagrid. Ele lhe dera informações muito úteis, além de ser um dos últimos adultos que lhe restavam, em quem podia se apoiar. – Só vou ver uma coisa que está me incomodando no olho e já aparato.
Era mentira. Harry apenas queria um pretexto para usar o espelho. Hagrid se afastou, enquanto observava o rapaz. Fingindo estar examinando o próprio olho, Harry chamou:
– Gina, você está aí? – Harry perguntou ao espelho.
– Oi, Harry, o que aconteceu? 'Tá tudo bem?
– Sim, foi só que, ao ver o túmulo de meus pais, me invadiu uma súbita tristeza e precisei ver você. Posso ir aí agora? Ver você um pouquinho?
– Pode, não tem ninguém em casa. Papai e mamãe estão em uma reunião da Ordem.
– Então, até já. Vou tomar um banho e depois dou uma passadinha aí – Harry abriu um sorriso, mandou um beijo para o espelho e o guardou no bolso. Antes que a conexão se desfizesse, porém, achou que tinha visto alguém. Varinha em punho – Quem está aí?
Não era nada, mas isso deixou Gina alerta e ela não deixou a conexão se fechar.
Harry aparatou num ponto próximo de seu hotel. Ao caminhar para lá, porém, sentiu subitamente alguém o agarrando por trás e logo estava sendo levado numa Aparatação Acompanhada.
A pessoa era um Comensal da Morte, inteiramente vestido como tal. Não dava para identificá-lo. Harry estava no meio de um bosque e logo percebeu que estava paralisado. Alguém lhe tinha lançado um Petrificus Totalus não verbal. À sua frente estava o próprio Lord Voldemort.
Harry ficou horrorizado. Deixar-se apanhar assim, tão bobamente. E a busca das Horcruxes mal tinha começado. Será que Rony e Hermione conseguiriam levá-la à frente? Será que, por ter sido tão tolo estariam eliminadas as possibilidades do mundo bruxo se livrar de Voldemort? Seus pensamentos se interromperam, para prestar atenção no que se passava entre Voldemort e o Comensal.
– Muito bem, Bela. Bom trabalho. Venha cá.
O Comensal, que devia ser Belatriz Lestrange, a prima de Sirius e Régulo e serva fidelíssima de Voldemort, virou-se de costas para Harry para encarar seu senhor.
Harry reparou que Voldemort parecia estar fazendo algo com a varinha.
– Muito bem. Fez um bom trabalho, minha cara. Agora suma, pois quero ficar absolutamente sozinho.
– Como queira, meu senhor. Mas não lembro de ter feito nenhum trabalho difícil.
– Não, claro que não. Tchau.
Belatriz aparatou, deixando os dois sozinhos.
– E aí, Potter, feliz em me ver? Ansioso por dar cabo de mim? Bem, não vai me responder, porque não lhe darei o gostinho de recuperar a possibilidade de falar tão cedo. – Enquanto dizia isso, Voldemort aproximou-se de Harry virou a cabeça do rapaz de modo que ficasse na horizontal e derramou o conteúdo de um frasco dentro da orelha do rapaz. Harry sentiu o líquido queimar por dentro e pensou que devia ser um veneno.
Voldemort prosseguiu: – Não precisa ficar assustado. Embora você queira me aniquilar, eu, misericordioso que sou, só desejo ter uma conversa sobre os seus interesses.
Harry ficou profundamente intrigado e assustado, mas um pouco aliviado. Pelo menos não morreria de imediato. Que era aquilo? Será que Voldemort queria apenas brincar de gato e rato com ele? Queria apenas, sadicamente, torturá-lo fisica e psicologicamente? No entanto, ele estava muito cordato. Mesmo com seus servos, Voldemort costumava ser mais cruel.
Voldemort leu os seus pensamentos.
– Não, Potter, não vou torturá-lo. Não é de bom alvitre torturar alguém com quem se quer fazer negócios. E esse líquido não é um veneno. Apenas uma poção que o tornará incapaz de mencionar tudo o que acontecer a você na próxima hora, inclusive a nossa conversa.
Harry tentou fazer oclumência. E foi até mais fácil do que pensava, pois Voldemort não o estava deixando irritado, como Snape fazia nas aulas.
– Ah, vejo que afinal aprendeu um pouco de oclumência. Tenho certeza de que poderia quebrar essa sua resistência, mas não tenho tempo para perder fazendo você ficar nervoso. É o seguinte, rapaz. Estou precisando um novo espião, agora que Severo não pode mais ocupar este papel. E quem seria melhor espião que Harry Potter, o menino-que-sobreviveu? O Eleito capaz de destruir o Lord das Trevas?
Ao ouvir isso, Harry quase deixou cair a sua oclumência, mas conseguiu não se deixar ficar nervoso. Voldemort só podia estar doido.
– Quanta gente imbecil! Achar que um pivete ignorante e impulsivo como você poderá me derrotar. Mal sabem que se há alguém que NÃO pode me derrotar, esse alguém é você.
Sim, Potter. Você nunca poderá me matar por um motivo muito simples: para fazê-lo precisaria morrer antes. Voldemort ria abertamente
Harry não conseguiu deixar de arregalar os olhos.
– Espantado? Mas é verdade. Será que acreditou nesse papo de Eleito? Invenção da mídia, não devia dar ouvidos a essas tolices. Bela comentou comigo que você nem nunca tinha ouvido falar daquela profecia, que tão ingenuamente foi buscar para mim. Ninguém a ouviu integralmente, mas eu conheço o seu início. Ela menciona que aquele que teria o poder de me eliminar nasceria ao fim do mês de julho e que seria filho de pessoas que já tinham me enfrentado por três vezes. Não consegui ouvir o resto da profecia e como você se enquadrava nessa descrição, quis me livrar de você antes que se tornasse um perigo. Como não consegui matá-lo naquele dia no cemitério, pensei que talvez houvesse algo de relevante na parte final da profecia e por isso armei toda aquela ida ao ministério, que, infelizmente me custou muito.
– Mas, apesar das aparências em contrário, esse custo não foi em vão. Naquele dia, ao tentar te possuir, dei-me conta de algo muito importante para nós dois e que poderá determinar logo o fim desta guerra ridícula. Ali descobri que provavelmente a profecia era só aquilo mesmo e que já foi cumprida na noite em que seus pais faleceram.
Harry ficou com tanta raiva, Voldemort mencionava a morte de seus pais como se não tivesse nada a ver com ela. Nunca Harry teve tanta vontade de trucidá-lo na vida. Teve que se segurar muito para manter a oclumência. Na verdade, deixou cair um pouco, mas Voldemort estava tão enlevado com a sua própria fala, que nem reparou nisso. Ele estava muito mais preocupado em falar do que em captar a reação de Harry.
– Sabe como cheguei a tal conclusão, Potter? Porque constatei que você não pode me matar. E sabe por que? Vou ser tão legal com você, que vou contar uma coisa que ninguém sabe. Você me ouviu dizer que sobrevivi à Maldição da Morte, que ricocheteou na proteção que sua mãe lhe proporcionou, por causa de providências que havia tomado no sentido de alcançar a imortalidade.Vou lhe contar qual providência foi essa. Preparei uma Horcrux. Já ouviu falar disso?
Harry procurou fingir que estava intrigado. Voldemort continuou a falar, deu uma explicação rápida sobre Horcruxes e acrescentou: – Pois bem, a sorte minha é que preparei a Horcrux antes de atacá-lo. Queria uma coisa significativa. Prepararia uma Horcrux num objeto de Rowena Ravenclaw, um pequeno aro que ela usava para carregar a sua varinha consigo e o faria a partir da morte de seu pai, que por ser de uma antiga família de Godric's Hollow, provavelmente era descendente de Godric Gryffindor. Sendo eu próprio o último descendente de Salazar Slytherin, homenageava os três mais interessantes dos fundadores de Hogwarts com este feito. Hufflepuff, com sua mania de apoiar os medíocres, ficaria de fora.
Harry sabia que era mentira, que Voldemort tinha outras Horcruxes, homenageando também Helga Hufflepuff, mas se esforçou ainda mais fortemente para manter alguma oclumência. Voldemort não podia saber que ele estava atrás das outras Horcruxes e que algumas delas, além do diário, já estavam destruídas.
– Pois bem. Esta parte do meu plano deu maravilhosamente certo e me salvou. O problema é que eu não tive tempo de buscar um lugar adequado para colocar a Horcrux, um lugar em que ela pudesse ficar devidamente protegida. Durante o período em que vaguei por aí sem um corpo adequado e sem poder sequer empunhar uma varinha, não tive como procurá-la. Depois que Rabicho foi me ajudar, minha prioridade era conseguir o seu sangue para voltar com mais proteção contra você. Ainda temia que tivesse alguma coisa em você que pudesse me desafiar. Durante todo o ano seguinte, ao mesmo tempo que reforçava minhas fileiras, e tentava por as mãos na profecia, tentei achar a Horcrux nos escombros da casa de seus pais. Em vão Rabicho procurou. É claro que não sabia do que se tratava, pensava apenas que era uma relíquia da minha coleção. Ela tinha desaparecido. Fiquei achando que devia estar enterrada fundo, mas ainda não era o momento de arriscar mais para procurá-la. Por sorte não o fiz, pois de nada teria adiantado. Ela não estava ali. Quando tentei te possuir me reencontrei com minha querida Horcrux. Quer saber onde ela está, Potter? Ou será que já adivinhou que foi ela, penetrando em sua cabeça em meio à explosão que se seguiu à Avada Kedavra, que provocou essa cicatriz? Sim, Harry, ela está dentro de sua cabeça. você não tem como destruí-la sem morrer. E mesmo que você morra, não vai ser qualquer coisa que o mate que a afetará.
Harry ficou horrorizado. O objeto que os trouxas tinham achado em seu cérebro! Era a Horcrux que faltava. Deixou cair a oclumência por um momento e, por sorte, Voldemort só percebeu que pensava nos exames do hospital.
– Vejo que vai ser mais fácil convencê-lo do que supus. Quer dizer que já sabia que havia um objeto não identificado em seu cérebro?
Num esforço supremo, Harry conseguiu levantar a oclumência de novo. Não podia deixar Voldemort ver mais nada.
– Para que tanta preocupação com a oclumência, rapaz? Agora já sabe que seu destino está inextricavelmente ligado ao meu e que necessariamente morrerá antes de mim. Para que fugir de mim? Já não me interessa lhe fazer mal.
Harry se concentrava ao máximo que podia, mas como era difícil! Todos os seus planos de vida ruíam diante de si. Era difícil não pensar em Gina e não deixar Voldemort ver que havia uma garota em seus planos, uma mulher amada.
– Nunca se perguntou por que não o ataquei mais depois daquele dia no ministério? Por que minha prioridade passou a ser me livrar de Dumbledore? Não quero que você sofra, pois um pouco do seu sofrimento poderá atingir o pedaço de alma que está dentro de você. Ele tem uma existência separada da sua, mas, como você bem sabe, há uma conexão. Se você, como Severo me reportou, podia saber das minhas emoções, provavelmente a minha Horcrux deve ser afetada pelas suas também. Por isso, vou ser breve e acabar logo com essa sua agonia.
Harry pensou como Voldemort era tolo de não perceber que não havia como o garoto deixar de sofrer. Padeceria cada segundo restante de sua vida.
– Pois bem, Potter. Sei que ainda deve estar chocado com esta revelação, mas não o pressionarei já. Você precisa de um tempo para perceber que não tem saída e que estou falando a verdade. Dumbledore não poderia fazer nada, mas de qualquer modo está morto. Ninguém poderá ajudá-lo. Logo perceberá que a melhor coisa que tem a fazer é aceitar minha oferta. Junte-se a mim, Potter. Posso te colocar numa posição elevada entre os meus Comensais. Afinal, nenhum deles tem um motivo tão arraigado dentro de si para não querer que eu seja destruído. Você terá poder, riqueza. Não vai demorar muito para eu conseguir dominar de vez o mundo bruxo e sua espionagem poderá me ajudar muito.
– Não precisa me dar uma resposta logo. Vou lhe dar quatro meses para pensar, pois as informações que Severo me passou ainda podem ser úteis. Enquanto isso, vá se aproximando do pessoal da Ordem da Fênix, tratando de descobrir onde fica a sua sede nova, quem é o seu novo líder, quem são seus novos integrantes. Não será difícil. Em quatro meses o trarei de volta. Pense com cuidado e nem tente contar ou escrever sobre isso para alguém, porque não conseguirá. Creio que não está em condições de aparatar. Esta chave de portal o deixará exatamente onde estava ao vir para cá. – Voldemort deixou uma chave ao lado de Harry. – Finite incantatem! – E aparatou.
