Disclaimer: Todos os personagens e ambientação são obra e propriedade intelectual de J.K.Rowling.
N.da A: Peço desculpas pela demora, mas tive uma semana de muito trabalho. De qualquer modo, com o fim das minhas férias, o ritmo de atualização será mais lento um pouco, mas tentarei fazer pelo menos três capítulos por mês.
Agradeço à betagem da Lua .
Planos Refeitos
Logo antes do almoço, uma coruja chegou com três rolinhos de pergaminho, endereçados a Harry, Gina e Hermione.
– É um convite para uma festa do Slughorn, no próximo domingo, dia 10 de agosto. O convite pede resposta e dá direito a um acompanhante – disse Hermione, que foi a primeira a pegar a sua carta.
– É. Para mim é a mesma coisa. Podíamos aproveitar para perguntar sobre a história da Luna, não é? – comentou Gina.
– Nesse caso, seria bom levar a Luna também. Assim, o Harry fica livre de ter que explicar a teoria dos zonzóbulos subversivos – disse Rony.
Harry e Gina riram. – Verdade. E é uma maneira de reafirmar perante o mundo bruxo que eu e a Gina não estamos mais juntos – concordou Harry. Vamos todos, nós quatro e a Luna, como minha acompanhante.
– Que vocês acham de eu chamar o Neville? Será que ele topa ir como meu amigo? – perguntou Gina. – Vai ser muito chato vocês irem aos pares e eu ir sozinha.
– Você é quem sabe, amor. Se ele topar, acho ótimo. Mais gente com quem conversar na festa, ajuda a fugir do McLaggen. Além do mais, reforça mais ainda que somos apenas amigos – Harry disse, piscando para ela e dando-lhe um beijo rápido.
Mais tarde, Harry disse aos amigos que sabia que tinham que conversar direito sobre tudo o que tinha acontecido, mas que ainda não estava em condições de pensar com clareza. Pediu para deixarem os planos para o dia seguinte. Naquele tarde só queria ficar com Gina e dar uma olhada nas coisas de sua mãe que Imelda lhe havia dado.
Rony e Hermione saíram, deixando o amigo à vontade. Enquanto Gina cochilava enroscada junto dele, Harry folheou o caderno de sua mãe, que era um diário, como mencionara Imelda. Harry, embora um tanto constrangido de entrar assim na intimidade de sua mãe, deixou a curiosidade falar mais alto e o leu, ávido.
O diário não era muito completo. Ela não escrevia com muita freqüência, mas havia muita coisa interessante. As primeiras entradas eram logo após o seu casamento e notava-se o quanto Lílian estava apaixonada por Tiago. Os depoimentos emocionados da mãe sobre os pequenos detalhes do cotidiano que ela tanto gostava no marido deixaram Harry aliviado. Uma cena da juventude dos dois presenciada por ele anteriormente deixara no garoto a impressão de que a mãe não gostava do pai e de algum modo teria sido forçada a esse enlace. Mas naquele diário estava claro o prazer que a mãe tirava da companhia e das pequenas delicadezas do pai. Harry pensou que deveria aprender com seu pai como fazer uma mulher se sentir especial e acariciou a garota ao seu lado que se remexeu e sorriu, sem acordar, todavia.
Em anotações feitas alguns meses depois Lilian manifestava sentimentos contraditórios ao saber que estava grávida, uma enorme alegria pela perspectiva de ser mãe, de ter o poder de trazer a vida dentro de si, acompanhada da preocupação por não saber o que aquela criança, gerada em tempos tão difíceis, teria pela frente.
Além dos comentários sobre as emoções da vida familiar, também havia outros tipos de entradas, como as referentes à luta contra Voldemort, anotações sobre diversos companheiros de Ordem da Fênix mortos ou desaparecidos, os Prewett, Dearborn, etc.
Havia ainda referências a alguém chamado de "meu chefinho" e às tarefas das quais Lilian era encarregada. Harry deu-se conta de que nunca soubera quais seriam as profissões de seus pais. Eles tinham morrido tão novinhos e tão pouco tempo depois de deixarem Hogwarts, que Harry os imaginara dedicando-se exclusivamente à luta contra os Comensais da Morte.
O rapaz tentou conjecturar qual poderia ser o emprego da mãe. As tarefas dela eram sempre ligadas a estudo ou experiências. Será que ela era uma professora e o chefinho era Dumbledore? Não, não podia ser. Ninguém nunca pensaria em chamar Dumbledore de chefinho. A liberdade que conferia a seus subordinados, bem como a sua sabedoria, que o colocava como uma autoridade natural, não combinavam com o apelido.
Havia coisas como: "Devo continuar examinando em que medida o conteúdo da sala trancada penetra o nosso corpo. Parece-me que realmente há uma permeabilidade do corpo, pois toda vez que lá entro, saio com mais garra para lutar por um mundo melhor, onde possa viver com Tiago e nosso filho e onde todos possam viver com mais harmonia e felicidade. Sinto-me em comunhão com as pessoas à minha volta, compadeço-me de suas aflições, compartilho suas alegrias. Mas o efeito não dura muito e logo as minhas próprias atribulações retomam o primeiro plano."
De repente, uma entrada chamou a atenção de Harry. Ela dizia: "O chefinho me mandou parar tudo o que estou fazendo, porque Leslie Lovegood descobriu um relato de alguém que afirma ter ido ao outro lado do véu e voltado e precisa de gente para ajudá-la em suas pesquisas. Ele quer que eu o faça. Afinal, sempre nos demos bem na escola e as questões do mundo dos mortos não podem ser enfrentadas por ninguém sozinho."
Harry ficou se perguntando se sua mãe seria uma inominável, uma funcionária do Departamentos de Mistérios do Ministério da Magia. E Leslie, seria a mãe de Luna? Procurou avidamente tudo o que mãe dizia sobre o véu, pois Sirius, seu amado padrinho, tinha morrido ao atravessar para o outro lado e Harry ficou com a esperança de que talvez ele pudesse voltar.
Mas não havia muita coisa. A julgar pelo que Lílian dizia, Leslie era tão propensa a acreditar em absurdos quanto Luna. Lílian achava que tal relato era obra de algum doido, que só queria chamar a atenção, pois não parecia haver evidências concretas de que realmente teria ido ao mundo dos mortos.
Ao mexer com as coisas ligadas à morte, porém, Lílian mudou o rumo de suas pesquisas sobre o amor e passou a se concentrar em como ele poderia barrar a morte. Havia a menção a um feitiço pelo qual era possível se impregnar de modo mais permanente do amor presente na sala trancada. Isso dava à pessoa que o aplicasse maior capacidade para usar o poder do amor. Lílian mencionava ter feito esse feitiço em si mesma e acrescentava que a presença tão forte do poder do amor dentro de si a impedia de usar a maldição da morte. Isso não era uma preocupação para ela, pois não pretendia usar tal maldição mesmo. Não conseguiria matar ninguém, nem que fosse para se defender e não se importava se nunca pudesse lançar uma Avada Kedavra.
Mais adiante, ainda falando sobre o enorme poder do amor, Lilian mencionava que a utilização deste da forma como ela vinha fazendo, deixaria um rastro em seu sangue, que possivelmente passaria ao seu filho dentro de seu ventre. Isso faria com que ele também não conseguisse usar a maldição da morte. Essas marcas no sangue eram tão fortes que passariam até mesmo a alguém que sofresse uma transfusão de seu sangue, ao estilo trouxa. Bem, é claro que Lílian não estava pensando em doar sangue, nem poderia, estando grávida. Mas ela brincava com a hipótese de doar seu sangue para Voldemort.
Harry ficou feliz ao ver que a mãe se referia ao bruxo das trevas pelo nome e ficou pensando que de fato isso acabara ocorrendo. Voldemort voltara à vida usando o seu sangue. Será que ele tinha em si a marca do amor? Seria irônico se o Lord das Trevas nunca mais conseguise lançar uma Avada Kedavra. Em compensação, ele também não poderia fazê-lo e teria que usar outro tipo de feitiço contra Voldemort.
No dia seguinte, os quatro amigos foram conversar perto de onde costumavam jogar quadribol para discutir o que fazer diante das novas circunstâncias. O primeiro choque já tinha passado e tudo o que tinham planejado tinha se tornado obsoleto. Todos ainda estavam muito abalados, é claro, e Harry em particular. Estava deitado no colo de Gina com o olhar distante, enquanto esta lhe acariciava a cabeça.
Rony tomou a dianteira na organização dos próximos passos.
– Bem, acho que seria uma boa a gente recapitular quais as nossas tarefas. Com relação às Horcruxes, já temos uma boa pista de quais são ou foram todas elas. Duas estão com certeza destruídas e outra provavelmente também. Sabemos que esteve na sede da Ordem e que provavelmente Mundungo a roubou. Mione, vai anotando o que temos que fazer, 'tá bem?
– Certo. A primeira anotação então é checar com o Prof. Lupin se ele falou com o Mundungo e o que se sabe a respeito.
– Mas isso sou eu quem tenho que fazer – comentou Harry. – Afinal, eu disse a ele que queria o medalhão para lhe dar de presente, Hermione.
– A taça de Hufflepuff é a única que não temos a menor idéia de onde possa estar. O que fazer para procurá-la? Como descobrir alguma coisa?
– Eu tinha uma esperança de que alguma das Horcruxes pudesse estar em Godric's Hollow, mas como Voldemort tinha a intenção de fazer duas por lá, é capaz que isso já tenha esgotado o simbolismo do lugar. E francamente, não estou com vontade de voltar lá tão cedo. Outra possibilidade seria a casa da tal Hepzibá Smith.
– Acho que devemos explorar ao máximo a festa de Slughorn, para estabelecer novas relações, conhecer gente. Talvez alguém a tenha conhecido. Ou saiba de algum outro lugar interessante – ponderou Hermione.
– Além disso, temos como destruir a Horcrux? As informações contidas no livro que tinha na biblioteca do Largo Grimmauld são suficientes? – perguntou Harry.
– Mais ou menos. Há menção a uma poção, uma tal de Anima Mortis, mas as instruções para prepará-la estão meio confusas. E trata-se de uma poção com ingredientes muito difíceis de conseguir, como veneno de acromântula, e outros, que não consegui decifrar o que fossem – respondeu Hermione.
– Bem, o Slughorn deve ter os ingredientes, e poderíamos dar uma olhada no livro do Príncipe, não? Se ele era assim tão especialista em Artes das Trevas, deve ter uma explicação detalhada dessa poção por lá – aventou Rony.
– Ah não, Rony, você vai começar a querer usar esse livro agora que o Harry finalmente se convenceu que ele é perigoso? – reclamou Hermione.
– Só porque as anotações são do Snape, não significa que não possamos aprender nada. Afinal fomos alunos dele por seis anos e, durante todo esse tempo, você nunca achou que fosse invalidar o que ele ensinava o fato dele ser um sádico alucinado, com raiva de Harry, implicando com grifinórios e nascidos trouxas. Se a poção é ligada às Artes das Trevas, um motivo a mais para ele ser capaz de fazê-la melhor que ninguém.
– Não sei. Continuo achando que a gente não devia lidar com essas coisas não testadas.
– Eu sou a primeira a temer livros desconhecidos, mas parece, pelo que vocês andaram dizendo, que esse tal livro do Snape era realmente bom em matéria de dicas de preparação de poções. Acho que a gente devia tentar deixar de lado a raiva do Snape e usar o que ele conseguiu avançar nessa matéria, ou pelo menos comparar com outras possíveis fontes. De qualquer modo, vocês checaram se no livro original, sem anotações, a tal poção sequer aparece? – perguntou Gina.
– Na verdade, eu chequei sim – respondeu Hermione. Há uma menção à poção, como sendo um dos venenos mais potentes que existem e que não deve ser usada a não ser em circunstâncias extremas, menciona que utiliza veneno de acromântula entre seus ingredientes e não passa disso.
– Então, por enquanto, só vejo as seguintes possibilidades: a) pegar o livro do príncipe e checar se lá há alguma coisa a respeito; b) continuar pesquisando outras formas de destruir Horcruxes. Até por que precisamos encontrar maneiras de destruir a Horcrux que está na cabeça do Harry sem matá-lo – disse Gina.
– É, seria bom verificarmos se não há outras maneiras de mandar as Horcruxes para o diabo e o Voldemort para o mundo dos mortos. Quem sabe uma bela explosão, que os gêmeos poderiam providenciar? – disse Rony.
– Falando em mundo dos mortos, li ontem o diário da minha mãe e ela menciona uma tal de Leslie Lovegood. Por acaso era a mãe da Luna?
– Era sim. Lembro-me vagamente dela quando era pequena. Eles já moravam aqui perto e às vezes ela deixava a Luna aqui para a mamãe dar aulas de alfabetização para nós duas. Ela trabalhava fora, parece – respondeu Gina.
– Pois é. No diário da minha mãe, tive a impressão que ambas trabalhavam no Departamento de Mistérios e essa tal de Leslie estava pesquisando sobre a possibilidade de se atravessar o véu e voltar. Fiquei me perguntando se haveria alguma possibilidade de trazermos o Sirius de volta.
– Isso é bobagem, Harry. Se houvesse tal possibilidade, você acha que Dumbledore e Lupin não teriam feito de tudo para tentar trazê-lo? – perguntou Hermione. De qualquer modo, você me deixaria dar uma olhada nesse caderno? Quem sabe tem alguma coisa que possa nos servir? Você pode ter deixado passar algo quando o leu, devia estar emocionado demais.
– Claro. Esteja à vontade. Eu realmente estava muito emocionado lendo as anotações de minha mãe. Foi praticamente a primeira vez que pude sentir mais como ela era.
Rony tentou retomar a lista do que fazer.
– Passando às outras Horcruxes, o que fazemos a respeito dessa que está dentro do Harry? Acho que a prioridade é falar com o tal médico trouxa, amigo dos pais da Hermione. Como poderíamos conseguir isso?
– Aos sábados, ele vai jogar golfe com o meu pai e depois passa em casa, quando tomam uma xícara de chá juntos e conversam abobrinhas. Eu podia levar o Harry e os exames lá no próximo sábado. A gente iria um pouco mais cedo para não dar tão na vista – disse Hermione.
– Por que só você e o Harry? Todos estamos ansiosos para saber desse negócio – resmungou Gina.
– Porque você e o Rony teriam mais dificuldades de agir como trouxas. Afinal, o Harry conhece um pouco da medicina trouxa, esteve em hospitais trouxas e eu também. Não convém levantar suspeitas, né?
– E no dia seguinte, na festa do Slughorn, tentamos conseguir a opinião dele. Acho que você seria a pessoa ideal para isso, Mione. Você é reconhecida como uma nerd mesmo. A gente encoraja a Luna a perguntar sobre o tal Piers Caret e você aproveita a deixa para levantar questões teóricas sobre o assunto.
– Bem e o que mais temos a fazer? Harry, você acha que há alguma dúvida de que a cobra guarde dentro de si a última Horcrux?
– Depois do acontecimento que não consigo mencionar, fiquei convicto de que ela realmente tem uma Horcrux. A conexão que tive com ela, a maneira de ver o ataque pelos olhos dela indicam isso. Quando a coisa aconteceu, quase pirei. Sentia-me como se fosse culpado pelo estado do Sr. Weasley. Lembram que me fechei no quarto?
– Pensei que fosse porque o Olho-Tonto disse que você tinha sido possuído – comentou Gina.
– O comentário dele só fez aumentar a minha paranóia, o meu medo de ser a tal arma que a Ordem estava vigiando – disse Harry.
Gina apertou a mão de Harry, tentando passar a idéia de que estava com ele. O rapaz puxou-a para mais perto de si, beijou-lhe a têmpora e continuou, – Mas então, depois que descobri vocês-sabem-o-que, passou a fazer sentido a maneira como eu vi o mundo pelos olhos da cobra ou tive visões com a perspectiva de Voldemort. Os dois tipos de experiência foram bem parecidos e, por isso, acho que a Nagini é realmente uma Horcrux.
– Para matá-la teremos que chegar ao seu dono. Provavelmente teremos que atacar os dois ao mesmo tempo. Mas seria bom já termos preparada a arma com que destruí-la, de modo a garantir que a Horcrux seja eliminada junto. Com isso, voltamos às maneiras de destruir Horcruxes. Bem, acho que completamos os pontos. Podemos recapitular? Quais as tarefas de cada um?
– Bem, eu tenho que falar com o Lupin sobre o Mundungo e o medalhão e dar um jeito de pegar o livro do príncipe de volta. Será que dá para fazê-lo ainda nas férias? – Harry conjecturou.
– Eu vou ler o diário da mãe de Harry, vou até a casa dos meus pais com Harry perguntar ao Dr. Newlands o que ele acha dos exames do Harry e vou tentar arrancar alguma coisa do Slughorn sobre a história dos zonzóbulos.
– Eu vou falar com a Luna, convencê-la a perguntar pessoalmente ao Slughorn sobre o assunto – comentou Gina. Não há muito mais o que possa fazer.
– É, eu também não vejo muito o que posso fazer. Talvez dar uma repassada no que já fizemos até aqui e aproveitar a minha condição de filho maior de idade e perguntar ao papai se a Ordem tem alguma idéia do paradeiro de Você-Sabe-Quem.
– Rony, quando é que você vai chamá-lo pelo nome? Todos já estamos usando o nome dele, só falta você. Desse jeito, como pretende enfrentá-lo diretamente no fim? Ou vai sair da reta e deixar o Harry fazer tudo sozinho? – provocou Gina.
– Ah, não enche. Quando você menos esperar, eu falo.
Harry saiu imediatamente para usar a lareira e ver se Lupin estava disponível, perguntando quando poderia vê-lo. Lupin disse que tinha de ser logo, pois no dia seguinte iria de novo atrás dos lobisomens.
Depois do almoço, então, Harry foi até a sede da Ordem.
– E aí, Aluado, conseguiu descobrir alguma coisa sobre o tal medalhão?
– Dei uma prensa no Mundungo no dia da última reunião. Ele tentou desconversar, mas acabou confessando que realmente pegou o medalhão. Disse que foi quando o Sirius ainda estava vivo e que o Sirius não se importou. Então acho que você não vai conseguir o medalhão de volta.
– Mas ele mencionou o que fez com o tal medalhão?
– Parece que o vendeu para um outro malandro que nem ele, provavelmente Willy Widdershins ou alguém assim. Mas por que você quer tanto saber, Harry? Não é para dar de presente para Hermione mesmo, é?
– Não, na verdade, é algo muito mais importante. Eu realmente preciso saber que fim levou, mas está relacionado às investigações secretas que Dumbledore estava fazendo no fim de sua vida e que me foram confiadas. Quanto menos gente souber do assunto melhor.
– Falando nisso, que susto você nos deu! Por que sumiu naquele dia, por que não avisou nada para o Rony?
– Aconteceu algo – e Harry começou a gaguejar, sem conseguir formar palavras. – Fale com a Gina, ela pode te explicar um pouco, eu não.
– Como assim, há algum feitiço que te impeça?
Harry não coneguiu nem acenar. – Fale com a Gina. Eu a tinha contatado através daquele espelho e ela não desfez a conexão. Por isso sabe mais ou menos das coisas. Não consigo dizer mais.
Nesse momento, Tonks chegou.
– E aí, Harry, beleza? E você, amor? Tudo bem?
– Tudo. O Harry tinha me perguntado sobre um medalhão que ele tinha visto por aqui e que tinha sumido. Eu tinha ficado de perguntar ao Mundungo se ele sabia de algo. Realmente ele disse que o vendeu, com autorização do Sirius.
– Um medalhão pesado de ouro?
– É. Você se lembra dele ? – perguntou Harry.
– Na verdade eu acabei de o ver. Tive o desprazer de me encontrar com a Dolores Umbridge no ministério e ela o estava usando. Ela foi até a Seção de Aurores chamar o Dawlish para uma reunião extraordinária com o Scrimgeour. Quando vi aquele medalhão pendurado no pescoço dela, fiquei me perguntando de onde o conhecia. Aí, quando vocês o mencionaram, me lembrei.
– Ora, ora, isso é uma boa notícia. Escuta, esse medalhão na verdade foi roubado de uma velha senhora que morreu envenenada. Deve haver registro no ministério. Se pudéssemos acusar a Umbridge de receptação de objetos roubados, seria maravilhoso.
– Harry, mas você estava querendo o medalhão. Ia dar a Hermione algo roubado?
– Meu objetivo não era de fato dá-lo de presente, mas checar os feitiços que há nele. Na verdade, tenho razões para crer que quem o roubou foi o próprio Voldemort, há uns quarenta e muitos anos. Ele envenenou a dona, Hepzibá Smith, dando um jeito da culpa recair sobre sua elfa, Hóquei. E depois o enfeitiçou. Eu preciso saber se ele ainda está enfeitiçado. Só isso.
– E como esse objeto veio parar aqui?
– Régulo o descobriu e o trouxe. Provavelmente esse é um dos motivos de sua morte.Mas estas informações não podem sair daqui. São altamente sigilosas e se Voldemort tiver a mais leve suspeita sobre o assunto, estamos todos ferrados.
– Mas se é assim, não posso acusar a Umbridge. Bem, de qualquer maneira, o crime está prescrito, mesmo. Embora, sendo o objeto roubado, ele deva voltar aos seus verdadeiros donos. Só que para colocar tudo isso em andamento, eu precisaria reabrir o processo e isso certamente chamaria a atenção e chegaria aos ouvidos de Você-Sabe-Quem.
– É. Faça o seguinte, então. Verifique direitinho a história, verifique se de fato o medalhão é o mesmo e tire-o de circulação imediatamente. Voldemort o colocou num lugar muito bem guardado. Na noite em que Dumbledore morreu, era atrás dele que tínhamos ido. Mas ele tinha sido substituído por outro, que trazia dentro um bilhete de Régulo para Voldemort. Por isso que sei disso tudo. Se alguém mencionar a Voldemort que Dolores Umbridge o está usando, ele saberá que seu segredo foi descoberto. Então é preciso dar um jeito de tirá-lo da Umbridge, sem chamar a atenção.
– Talvez possamos fazer o mesmo que Régulo. Convencê-la a trocar o medalhão por outro.
– Talvez, mas não vai ser fácil. O tal medalhão é uma relíquia que foi do próprio Salazar Slytherin e Voldemort se considerava o seu verdadeiro dono, pois a pessoa que o vendeu a Hepzibá o comprou de modo escuso da mãe de Voldemort. Enfim, é um objeto de grande poder mágico e valor histórico.
– Posso contar essa história ao Kingsley? Ele me ajudaria a pensar numa maneira de arrancar o medalhão da Umbridge e ele é maravilhoso em feitiços de memória.
– Se for absolutamente necessário, conte. E tome, fique com o medalhão que o estava substituindo – Harry tirou do bolso o medalhão de Régulo, que continuava a guardar como um talismã, e o entregou a Tonks.
Depois de tudo combinado, Harry voltou para A Toca. Estava satisfeito, pelo menos esse assunto parecia ter uma resolução próxima, embora a idéia de colocar tanta gente sabendo do medalhão não fosse das mais auspiciosas. Mas Tonks e Kingsley eram aurores, acostumados a investigações secretas e Lupin era a pessoa mais reservada que havia.
Por outro lado, a descoberta das Horcruxes, se era algo bom, também o deixava apreensivo. Se não descobrisse um jeito de destruir a que estava em seu cérebro, a eliminação das demais Horcruxes apenas tornava mais próximo o dia em que teria de dar adeus à própria vida e às pessoas que amava.
