Disclaimer: Todos os personagens ( ou quase) são obra e propriedade de Joanne Rowling, a insubstituível.

Novas Esperanças

O aniversário de Gina não teve nenhuma comemoração especial. Luna e Neville apareceram de manhã, como de costume, e à noite vieram os gêmeos, Tonks e Remo. Gui e Fleur ainda estavam em lua-de-mel.

Tonks, ao chegar disse disfarçadamente a Harry, que tinha algo importante a lhe contar. Imaginando que se tratava do medalhão, Harry comentou com Gina e pediu-lhe que desse um jeito de conversar discretamente com Tonks, para saber o que houvera. Gina puxou Tonks para o seu quarto, pretextando mostrar-lhe os presentes que ganhara e chamou Hermione junto. Lá chegando, disse.

– Harry pediu-me para conversar com você. Ele não quer chamar a atenção dos meus pais ou dos gêmeos, mas eu e a Hermione imaginamos do que se trata. Você tem alguma notícia do medalhão?

– Tenho o próprio, aqui está ele – e Tonks tirou um pesado medalhão de ouro do bolso. Hermione examinou-o.

– Parece que é ele mesmo, pelos desenhos que vi e pelo que me lembro da limpeza da sede da Ordem... – e fez uns feitiços para examinar se ainda havia alguma Horcrux nele. Não havia. Se os feitiços que ela aprendera nos livros que conseguira na biblioteca dos Black estavam certo, a Horcrux do medalhão tinha sido destruída.

– Sim, eu conferi. É realmente o medalhão de Slytherin.

– Como foi que o obteve?

– Ih! foi complicado. Primeiro eu conferi nos arquivos do Departamento de Execução das Leis da Magia sobre objetos de valor desaparecidos e lá estava ele. Depois dei um jeito de me aproximar da Umbridge na cantina e puxá-la a um canto. Disse-lhe rapidamente que o medalhão que ela usava poderia lhe trazer encrencas e que eu queria ajudá-la. Ela me chamou até a sala dela, onde poderíamos conversar com mais discreção do que na Seção de Aurores. Estava bem assustada.

– Ah! Eu adoraria ver a Umbridge acuada – comentou Gina.

– Acuada é uma boa palavra para descrever como ela estava. Eu, por outro lado, fiz a mesma vozinha melosa que é típica dela – e Tonks falou de um jeito meloso:

– Querida, tenho certeza de que você não sabia, mas este medalhão é um objeto que foi roubado de uma pessoa envenenada e possivelmente está implicado nas razões do envenenamento. Tenho certeza de que você não sabia de nada ao comprá-lo, mas se continuar a usá-lo vai acabar se encrencando. – Tonks voltou a falar normalmente. – Mostrei-lhe o arquivo da morte de Hepzibá Smith, mas sem deixá-la perceber que era tão antigo, e disse que se ela nos contasse quem lhe tinha vendido o medalhão, eu faria com que o nome dela não aparecesse no inquérito. Ela nem titubeou em entregar o Willy Widdershins. Obviamente eu já imaginava que era ele e não estava interessada. Tinha feito a pergunta apenas para parecer que realmente estava preocupada em apurar algo. Ofereci o medalhão que o Harry me tinha entregue para que ela não se sentisse tão espoliada e também para não chamar a atenção. Inventei que seria preciso guardar segredo, porque não ficaria bem para ela nem para o ministério que as pessoas soubessem que ela tinha adquirido um objeto de valor como aquele de alguém como Willy Widdershins. As pessoas poderiam maldar e acusá-la de receptação.

– E foi só isso? – perguntou Hermione, achando que o segredo não estava suficientemente bem guardado, só se confiando em que Umbridge não teria interesse em divulgá-lo. Afinal ela já dissera a um monte de gente que havia mandado dementadores atrás de Harry.

– Não. Se eu tinha alguma dúvida sobre fazer ou não um feitiço de memória nela, logo deixei de ter. Depois de termos trocado o medalhão fui fazer umas coisas e ao voltar à minha sala, vi que ela estava lá com o Dawlish. Ele tinha reparado que o medalhão que ela estava usando era diferente do que ela tinha de manhã e a estava interrogando de um modo suspeito, parecia que ele tinha reconhecido o medalhão. Eu entrei na sala e na discussão e disse que ele estava enganado, mas o Kingsley estava por perto, percebeu o perigo da coisa e fez um feitiço de memória nos dois. Eu já o tinha alertado que talvez precisasse dele para isso, ele é muito melhor do que eu.

– Quer dizer que já tem um monte de gente sabendo disso? – perguntou Hermione.

– Não, na verdade eu e o Remo não sabemos quase nada e o Kingsley menos ainda. Eu só disse a ele que ia fazer uma troca de um medalhão com a Umbridge e que Voldemort não podia saber desse medalhão, que era um pedido do Harry e que tinha a ver com a missão secreta de Dumbledore com Harry. Ele topou. Agora o que fazemos?

– O certo seria devolver à família de Hepzibá. É deles. Mas não podemos fazer isso sem chamar a atenção de Voldemort.

– Ele volta para a casa do Largo Grimmauld? Não haveria o risco de Mundungo roubá-lo de novo? – perguntou Gina.

– É, suponho que haja. Vocês não o querem, então? Não precisam dele?

– Não mais. Só queríamos ter certeza de que ele não incorporava mais determinado feitiço. Já conferi. Não há nada com ele.

– Bem, então vou enfiá-lo na minha gaveta na Seção de Aurores. Enfio bem no fundo. Lá é um lugar que ninguém mexe e mesmo que mexam, eu digo que o tinha localizado e que estava fazendo mais algumas investigações antes de devolvê-lo aos verdadeiros donos. Mudando de assunto, Gina, o que aconteceu naquele dia que o Harry sumiu? O dia da reunião da Ordem? Ele disse que você podia nos contar.

– Harry descobriu algo terrível. Que para Voldemort morrer é quase certo que ele terá que morrer antes. O próprio Voldemort disse isso a ele, tentando convencê-lo a se tornar um espião no lugar vagado por Snape.

– O QUÊ? – Tonks teve que se sentar. – Como assim? Harry nunca faria isso. E como ele tem tanta certeza de que Você-Sabe-Quem está falando a verdade?

– Harry tem certeza de que Voldemort está falando em parte a verdade. Porque a informação que ele deu a Harry, que Gina ouviu, coincide com uma porção de coisas vividas por Harry e até com exames que ele fez em um hospital trouxa – respondeu Hermione.

– Mas então por que Você-Sabe-Quem o tentou matar tantas vezes?

– Porque não sabia que a situação era essa. Só se deu conta de que as coisas eram assim naquele dia que fomos ao Departamento de Mistérios – respondeu Gina. – Você reparou que ele não foi atacado mais desde aquele dia? Mesmo quando houve esse pequeno seqüestro, Voldemort esteve sozinho com ele e não fez nada além de, suponho eu, algo como Petrificus Totalus, quando lhe contou isso, para que Harry não pudesse reagir. Ah! E alguma outra coisa, não sei se feitiço ou poção, que o impede de mencionar em voz alta ou por escrito qualquer informação sobre o que se passou na hora dessa conversa.

– E como você sabe o que houve?

– Harry tem um par de espelhos que se comunicam entre si. Naquele dia tinha se comunicado comigo após a visita dos três a Godric's Hollow, mas enfiou o espelho no bolso sem desfazer a conexão e eu também não a desfiz porque achei que havia algo suspeito. Ouvi tudo, mas como o espelho estava no bolso, não vi nada. Então de alguns detalhes não posso ter certeza.

– Nossa, que sorte!

– É! Dentro da droga de situação em que ele está, foi uma sorte. Pelo menos ele não está tendo que guardar esse segredo sozinho e nós estamos tentando ver se há alguma maneira pela qual se possa destruir Voldemort sem matar o Harry. Mas até agora, os possíveis caminhos que chegamos a pensar que poderiam dar certo não levaram a lugar nenhum.

– E por que Aquele-que-não é-nomeado o quer para espião?

– Haveria espião melhor do que Harry? Quem desconfiaria dele? Ele deu um tempo para o Harry se decidir. Acho que está pensando que o Harry faria mais ou menos o que vem fazendo, ou seja tentar verificar se não há mesmo saída e se convencer de que de fato não há. Aí, veja bem, que saída resta ao Harry? Ele não pode matar Voldemort. Mesmo ele se matando, isso não ajuda em nada, porque não é simplesmente a morte dele que torna possível a morte de Voldemort. Ele teria que morrer de um determinado jeito específico, que ele até sabe qual é, mas o Voldemort pensa que ele não sabe. E, nos planos de Voldemort, Harry não poderia contar isso para ninguém. Então, Voldemort se sente imortal e acha que, sabendo disso, Harry vendo que não há como fugir do poder dele, o melhor que tem a fazer é se juntar a ele e ganhar migalhas de seu poder. Ele não entende que Harry não está interessado em poder nem em viver uma vida abjeta e, principalmente, não sabe que nós temos uma pista de como ele pode vir a ser destruído, não é só o Harry que sabe o que ele disse.

– Deus do céu! Você tem razão. Agora que estou me dando conta! Acho que todo mundo, na situação em que Voldemort pensa que Harry está, se renderia.

– Sim – confirmou Hermione. E essa é uma razão a mais para essas informações não serem dadas a mais ninguém, além de Remo, é claro. Outras pessoas poderiam querer eliminar Harry, com medo dele finalmente se entregar a Voldemort. E se ele for morto da forma errada, aí mesmo é que Voldemort não poderá sê-lo.

Nesse momento a Sra. Weasley veio chamá-las.

– Meninas, vocês sumiram. Seus irmãos e o Remo vieram vê-la, Gina. Você podia dar-lhes um pouco mais de atenção.

– Vamos, já terminamos, mesmo.

– Terminaram o que? – perguntou Molly.

– Estávamos contando a Tonks aquilo que você e o papai sabem sobre Harry e Voldemort – disse Gina já se dirigindo para a escada.

– Harry queria que Remo e Tonks soubessem, pela sua posição na Ordem, mas não quer que os gêmeos saibam, por isso viemos contar à Tonks em segredo – Hermione explicou.

Remo estranhou o ar desolado de Tonks quando desceram a escada. Ela tinha subido relativamente animada, por ter conseguido o medalhão. Ela percebeu que ele estava estranhando e apertou a sua mão de modo reconfortante. Logo os gêmeos, que tinham reuniões de negócios no dia seguinte pela manhã, se foram e então Tonks pode falar abertamente do que tinha acontecido.

Harry pediu a Gina para o acompanhar ao jardim, pois, mais uma vez não queria falar daquele assunto.

– E aí, a Tonks conseguiu o medalhão?

– Conseguiu e a Hermione o checou. Está limpo. Uma Horcrux a menos.

– Menos tempo para nós.

– Não diga isso. É mais tempo para nós, um novo tempo que teremos quando tudo isso tiver terminado.

A depressão voltara a assombrar Harry, mas Gina disse-lhe que tinha certeza, algo de sua intuição lhe dizia que ele conseguiria achar uma saída e mostrou-lhe o anel que ele lhe dera, dizendo.

– Veja, lembre do talismã de confiança que você me deu. O sonho vai dar certo, Harry. Ainda vamos poder ter uma vida só com as preocupações normais de qualquer casal. – E se beijaram discretamente, ocultos pelas sombras da noite.

Ao voltarem para dentro de casa, Lupin já tinha sido minimamente posto a par da situação. E não estava muito feliz com o grau de desconhecimento que ainda tinha.

– Harry, não sei se você sabe, mas após a morte de Dumbledore eu e o Kingsley estamos dividindo a liderança da Ordem. Ele cuida mais das coisas que têm relação com o ministério e com a estratégia de luta e espionagem e eu organizo as relações com aliados e estratégias de busca e consolidação de apoios. Nós precisamos saber o que vocês andam aprontando, para ajudá-lo a disfarçar seus passos, a se proteger e coisas do tipo.

– Não se preocupe, Remo. Por enquanto, estamos só estabelecendo contatos, procurando informações, coisas assim. Hoje tivemos uma boa notícia. Quando eu conseguir saber e fazer mais uma ou duas coisas, conto tudinho. Aí, possivelmente precisarei mesmo de ajuda da Ordem.

– E você vai ficar aqui direto nas férias? Não volta à sua casa, a sede da Ordem? Sei que seus amigos estão aqui e tudo mais, mas gostaria de conviver um pouco mais com você. E seria bom se você assumisse que aquela casa é sua e visse o que pretende fazer com ela.

– Eu não a quero. Ela me lembra o Sirius de um modo ruim. Eu lembro de como ele era infeliz lá e como aquele elfo maldito o traiu. Mas você tem razão. Eu preciso decidir o que fazer com ela. Semana que vem vou para lá, certo?

Depois que Remo e Tonks foram embora e seus pais foram dormir, Gina perguntou a Harry.

– Por que você vai para o Largo Grimmauld? Vou sentir sua falta.

– Achei que é melhor ficar um pouco longe de você, ou ninguém vai acreditar que nos separamos. E quero checar algumas coisas por lá, posso rever a biblioteca, coisas assim. Mas vou continuar vindo aqui para treinar defesa e, claro, estar com você.

Alguns dias mais tarde, durante um treino puxado pela manhã, Luna se machucou. Molly foi ajudá-la e a garota comentou que, quando era pequena, a sua mãe sabia fazer uma excelente poção para tratar lesões musculares como a que tivera. Ao ouvir falar da mãe de Luna, Harry se lembrou do diário de Lilian.

– Sabe que nossas mães trabalharam juntas no Departamento de Mistérios? Sua mãe se chamava Leslie, não é?

– Sim, ela trabalhava naquela sala em que seu padrinho desapareceu.

– Você sabe o que ela fazia?

– Aquele véu, como você deve saber, é um portal de comunicação com o mundo dos mortos. Mamãe estudava o que acontece quando as pessoas morrem, coisas como o que morre antes, se o corpo ou a mágica das pessoas ou em que situações é possível reviver alguém à beira da morte. Mas sei também que ela tentava estabelecer contatos com as vozes que ouvimos por trás do véu. Mas, é claro, o chefe dela não aprovava essa pesquisa, pois se ela conseguisse estabelecer esse contato, os mortos poderiam nos dar dicas sobre o futuro e os videntes tirariam o apoio ao ministério e a ele em particular.

– E ela conseguiu alguma coisa nessas pesquisas por baixo do pano?

Hermione não conseguia mais disfarçar sua irritação com o que achava ser uma conversa sem sentido. – Harry, deixa a Luna em paz, ela está cansada, machucada.

– Não, Hermione, estou bem. Gosto de falar de minha mãe. Ela foi uma bruxa muito capaz. Quase conseguiu um meio de falar com as vozes atrás do véu. Ou melhor, ela conseguiu falar com elas, só que morreu.

Hermione revirou os olhos, descrente, mas Harry e Gina se interessaram.

– Ela conseguiu falar com as pessoas atrás do véu? Será que eu conseguiria falar com o meu padrinho? Será que meus pais e Dumbledore estão ali também e eu poderia falar com eles?

– Na verdade, ela foi atrás do véu. Foi e voltou ainda com vida. Mas o feitiço que ela tinha feito para permanecer viva depois de ir até lá não deu muito certo e ela morreu assim que voltou. Ao contrário do seu padrinho, porém, ela chegou a atravessar de volta e tivemos um corpo para sepultar.

– Mas então ela não tentou simplesmente conversar com as vozes? – Harry insistiu.

– Ela tentou por um tempo, sim. Não sei direito o que chegou a conseguir, pois ainda nem tinha nascido. Mas quando ela soube que um cara tinha conseguido ir até lá e voltar, ela pôs-se a tentar isso. Se não me engano o ministério até deu apoio.

– É. Acho que sim. Minha mãe fala em seu diário sobre isso. Parece que ela tentou trabalhar nisso com sua mãe, mas acabou desistindo. O ministério acabou achando que a pesquisa não tinha muito fundamento, me parece.

– É. Mas a minha mãe voltou a ela, pois a sua mãe já tinha morrido há muito tempo, quando ela conseguiu ir até lá.

– E você estava junto? Você a viu morrer? – Rony perguntou.

– Eu e papai tínhamos vindo esperar a volta dela. Havia uma poção que tínhamos que dar a ela na volta. Mas ela nem conseguiu tomar a poção.

– Luna, será que sua mãe deixou um relato das experiências dela? Eu tinha vontade de estabelecer contato com Dumbledore, Sirius, meus pais.

– Não sei, eu realmente era pequena na época. Se você quiser, falo com meu pai.

– Se não for dar trabalho, eu gostaria sim.

Quando Luna e Neville já tinham ido embora, Molly e Hermione começaram a dar bronca em Harry.

– Harry, você está maluco? Fica dando ouvidos para essa doida. Você vai acabar tendo o destino de Sirius – disse Molly.

– É. E no momento temos pesquisas bem mais relevantes para fazer – completou Hermione.

– Pode ser. Mas tenho um palpite que se pudesse falar com eles, obteria ajuda. E só posso pensar nisso enquanto estou vivo, não é?

– Pare de dizer bobagens – disse Molly com ar de quem dá a última palavra. – Bem, tenho que cuidar do almoço. Gina, venha logo para me ajudar – e foi para a cozinha.

– Harry, lamento mas tenho que concordar com a Hermione – disse Rony. – Você está convivendo demais com a Luna. Quando ela fala essas coisas, a gente sabe que é só o jeito dela de acreditar nas coisas mais impossíveis. É interessante, mas não é para ser levado a sério. Gina, cuidado com o seu namorado, ele está interessado demais na Luna.

– Ah, qual é? – reclamou Harry.

Gina, porém, que não tinha se movido, apesar da mãe ter pedido a sua ajuda, estava com o olhar perdido, como se não visse o que estava à sua frente. Também parecia não ter ouvido uma palavra do que o irmão dissera.

– Planeta Terra para Gina, Planeta Terra para Gina – Rony chamou.

– Ahn? O que? Ah! Mamãe quer que eu a ajude. Harry você também vem?

– Você quer que eu vá? Eu ia tomar uma chuveirada. A sua mãe não me deixa ajudar na cozinha mesmo.

– Vai, vai, mas eu quero falar com você.

Durante o almoço, Gina continuou absorta, parecendo que estava em outro mundo. Quando terminaram, Hermione e Rony foram para o ministério, pois Tonks tinha prometido a Hermione pegar uns livros para ela na biblioteca. Eram livros que Hermione tinha achado que poderiam ter algo sobre Horcruxes. Mas ela só podia consultar o catálogo do acervo. Tonks, que era funcionária, porém, podia tirar emprestados os livros, embora eles tivessem que ser lidos dentro da própria biblioteca.

Harry foi conversar com Gina, tentando saber o que tinha acontecido com ela.

– O que há com você, amor? Desde a conversa sobre a mãe da Luna, você quase não disse nada e parece não estar prestando a menor atenção no que se passa em volta de você.

– Harry, eu sei que você está interessado é em falar com os mortos, mas eu tive outra idéia. Quando a mamãe falou que ia acontecer com você o que aconteceu com o Sirius eu pensei: Ele está mesmo se preparando para morrer, por que não pode tentar falar com os seus mortos? e imaginei: Mas e se ele cair atrás do véu não pudermos exterminar a Horcrux? Seria o pior dos mundos.

– É, mas se eu caísse lá como o Sirius, a Horcrux também cairia.

– Foi exatamente o que pensei. Se você passasse para o lado de lá, será que a Horcrux seria destruída? E se você conseguisse voltar, como a mãe da Luna voltou, e conseguisse sobreviver, será que teria um jeito de você sobreviver, mas a Hocrux não?

– Gina, meu amor, você é maravilhosa, linda, engraçada. Não sabia que era um gênio, também. Que sujeito de sorte eu sou! Mas por que você não falou isso na frente do seu irmão e da Hermione?

– Sei lá. Achei muito delirante demais. Não coisa de gênio, como você disse, mas coisa de mulher apaixonada desesperada para arranjar uma solução. E a Hermione parece achar que toda essa história da Luna é um total absurdo. E nós nem sabemos se, com você passando para trás do véu, a Horcrux será de fato destruída.

– Amor, estou muito excitado. Vou aparatar no ministério atrás da Hermione.

– Eu vou com você.

– Não. Você fica aqui. Se formos atacados, alguém que sabe das Horcruxes continua vivo.

– Ah! Essa preocupação é nova. Quando você ia correr mundo, com os dois, atrás delas, ninguém mais sabia.

– É, mas hoje, lendo o Profeta Diário a reportagem sobre todo o conhecimento de varinhas que se perdeu com o desaparecimento do Sr.Olivaras, dei-me conta da bobagem que estava fazendo. O conhecimento que temos não pode se perder.

– Está bem, convenceu-me, mas leve o espelho.

– Sempre. Nunca posso ficar sem possibilidade de contato com você.

Beijaram-se e Harry foi atrás de Hermione.

Quando a encontrou, ela tinha acabado de conseguir pegar o primeiro livro.

– Harry, você por aqui? O que houve?

– Perguntei à Gina o que estava acontecendo com ela e na verdade o que houve é que ela teve uma idéia fantástica. Você precisa nos ajudar, Hermione.

– Se você conseguir me dizer alguma coisa com sentido, eu ajudo.

– Desculpe, é que estou excitado demais. Acho que talvez tenhamos achado outro possível caminho para solucionar o meu caso.

– Ótimo! Genial! E o que seria?

– Hermione, suponhamos que eu pegue a Nagini e a jogue atrás do véu do Departamento de Mistérios. A cobra morre, mas o que acontece com o que está dentro dela? – Harry teve o cuidado de não mencionar a palavra Horcrux, com medo de que alguém os pudesse ouvir, apesar de estar falando em tom de sussurro por estar na biblioteca.

– Acho que é destruída também.

– Tem certeza?

– Certeza não tenho, mas se você achar importante, posso tentar descobrir.

– Por favor, faça-o.

O livro que Hermione pedira era o mesmo que havia na biblioteca de Régulo, mas numa edição mais completa, com notas de vários pesquisadores do Departamento de Mistérios. Lá, entre as formas de destruir uma Horcrux, constava, além do que já sabiam, a possibilidade de jogar o objeto que a continha atrás do véu.

Quando Hermione lhe contou à noite, Harry ficou animado. Por alguma razão teve mais confiança que dali poderia sair a solução para o seu caso do que nas possibiliades que tinham vislumbrado antes.

– Não quero cortar o seu barato, mas por que está tão animado? Pretende jogar a Nagini atrás do véu ou vai jogar todo mundo para lá ao mesmo tempo: Nagini, a taça, você, Voldemort? O que isso tem de animador?

– Você não entendeu, Hermione. Pretendo ir atrás do véu e voltar. A mãe da Luna voltou. Por que não posso voltar também? Vou, mato a Horcrux ao ir e volto.

– Harry, não sei se você ouviu toda a história, mas a mãe da Luna morreu, caso não tenha percebido – comentou Rony.

– Morreu, mas chegou a atravessar de volta. Se descobrirmos o que ela fez, pode ser que tenha algum jeito de aperfeiçoar o procedimento, alguma coisa que ela não tenha feito direito e que possamos acertar. Vocês não vêem que há uma luzinha ínfima no fim desse túnel?

– Está certo, Harry – não acredito muito, mas por enquanto é o que temos. Vamos tentar te ajudar, mas nem sei por onde começar – Hermione disse sem muita esperança.

– Claro, certo – confirmou Rony. – Como sempre, estaremos contigo para o que der e vier.