Disclaimer: Os personagens a seguir são criação e propriedade de J.K.Rowling, a quem agradeço por deixar brincar com eles.

Queria agradecer também aos meus leitores e me desculpar. Os feriados do mês de abril não foram suficientes para que eu conseguisse escrever mais que dois capítulos em um mês. como não há mais feriados até junho e como terei muito trabalho poresses dias, não creio que vá conseguir fazer mais de um capítulo durante o mês de maio. Embora os próximos capítulos sejam mais fáceis, pois daqui para a frente já nos encaminhamos para o desfecho.
Espero sinceramente que até o fim de julho tenha conseguido terminar. Não falta tanto.

O Esconderijo

O semestre foi passando tranqüilamente. Harry e seus amigos mostraram-se bons instrutores de Defesa Contra as Artes das Trevas e Remo estava satisfeito com os resultados que apareciam nos trabalhos dos alunos. As aulas de oclumência aos sábados também iam bem e Harry já conseguia manter Remo afastado de sua mente por um bom tempo em suas sessões.
Um dia, depois da aula, Remo selou magicamente a porta da sala onde estavam e lançou um feitiço para deixar a sala isolada acusticamente e então voltou-se para Harry.

– A Horcrux de Voldemort já foi destruída, então por que continua querendo saber sobre Horcruxes?

– Do que está falando? – perguntou Harry alarmado.

– Reparei naquela sua conversa com Aberforth. Você mencionou uma Horcrux e eu nunca tinha ouvido falar nisso. Perguntei à Tonks, ela também não sabia o que era.

– Você não pode sair por aí perguntando por isso, Aluado. Voldemort não pode desconfiar que estamos nessa pista.

– Não se preocupe. Saquei que se trata de assunto secretíssimo, pelo seu tom e pelo fato de Aberforth também não saber o que é isso, apesar de aparentemente ter ajudado Albus a lidar com uma. A única pessoa com quem conversei sobre isso foi Tonks e pedi-lhe para ser discreta e não mencionar o assunto. Procurei em várias bibliotecas sobre Magia Negra e sobre a morte de Grindelwald e acabei achando um lugar que dizia o que é uma Horcrux.. Suponho que Voldemort tenha feito uma. Mas achei que tivesse sido aquele medalhão que vocês tanto queriam, pelo tipo de exame que fizeram. Estou certo?

– Está, em parte. O medalhão realmente foi uma Horcrux, que está destruída. Mas não é a única.

– O que? Mas é possível fazer mais de uma? E como você sabe que há mais de uma?

– Foi Dumbledore que descobriu. Eu destruí uma delas, aquele diário que possuiu Gina, quando ela estava no primeiro ano e a fez soltar o basilisco. Suponho que você saiba da história.

– Por alto, sei. Era uma horcrux então?

– Sim, Dumbledore achou que uma simples memória não poderia ter conseguido ir tão longe, mas ficou intrigado com a aparente displiscência com que aquela Horcrux foi tratada. Pesquisou mais e chegou à conclusão de que Voldemort fez seis, de modo a partir a alma em sete pedaços. Ele destruiu uma, que foi a responsável pelo que aconteceu à mão dele. Régulo destruiu outra. Agora restam três.

– Mas estava achando que vocês tinham ido atrás de alguma delas na noite em que Dumbledore morreu.

– Tínhamos, mas era justamente o medalhão. Régulo chegou lá antes e o substituiu por outro medalhão. Dumbledore se enfraqueceu à toa. Foi tudo em vão.

– Você tem alguma pista sobre elas?

– Sim. Dumbledore achava que Nagini, a cobra que atacou o Sr. Weasley, seria uma.

– Um ser vivo? Mas não seria uma coisa idiota usar um ser vivo, que pode fugir, morrer?

– Tenho a impressão que mesmo Nagini morrendo a Hocrux sobrevive dentro de seu corpo. Afinal o anel, que foi onde estava a Horcrux destruída por Dumbledore, o diário e o medalhão continuaram existindo, mesmo com as Horcruxes deles destruídas. Suponho que se possa fazer o contrário também, destruir em parte o receptáculo sem destruir a Horcrux. E Voldemort domina inteiramente aquela cobra. Creio que ele procurou se garantir de formas diferentes com cada uma das Horcruxes. Pela maneira como maneira como eu vi a cobra atacando o Sr. Weasley, como se fosse eu mesmo que o estivesse fazendo, acho que Dumbledore devia estar certo nesse ponto.

– E as outras?

– Há uma que achamos que deve ser uma taça que foi de Helga Hufflepuff e não sabemos onde está. Pensamos que talvez estivesse na casa que foi de uma parente de Zacharias Smith, de quem a taça foi roubada. Hermione esteve lá, mas não achou nada. Deve voltar a procurar nas férias de Natal. Agora que você sabe, talvez pudesse acompanhá-la. É que o Zacharias não vai muito com a cara dos Weasley nem com a minha. Sempre tivemos uma relação meio tumultuada.

– E a última?

– Lembra aquele dia em que sumi e depois não podia falar o que tinha havido comigo?

– Soube dela?

Harry não conseguiu assentir, então deu de ombros. Remo entendeu.

– Já estamos adiantados nas nossas pesquisa, já sabemos como destruí-las. Agora é só achar a taça. Você não precisa se envolver. Não queremos chamar a atenção de Voldemort. Estamos fingindo que continuamos apenas estudando por aqui. Aliás, não temos feito nada de diferente disso mesmo. Estamos meio sem saber onde procurar a taça.

– Se souber de algo suspeito, o aviso.

Ao saírem da sala, Vitor Krum viu Harry e o chamou.

– Ei, falei com a diretora da gente aproveitar o belo dia para jogar um pouco de quadribol. Ela autorizou. Os alunos precisam mesmo um pouco de ar puro e como os comensais não vão ter tempo de descobrir que estamos na quadra, não deve haver perigo de ataque.

– Ótimo. Estou mesmo com vontade de jogar. Vamos chamar o pessoal. Harry e Krum saíram chamando todas as pessoas que conheciam que gostavam de jogar e logo estavam todos se revezando na quadra, jogando variações de quadribol, com times maiores e regras que permitiam que o jogo acabasse mesmo que o pomo não fosse agarrado, para dar tempo de todos jogarem um pouco.

Remo ficou olhando o jogo sentado ao lado de Hermione.

– Naquele dia em que fui com Harry falar com Aberforth, ouvi demais e acabei deduzindo o que era de fato aquele medalhão que a Tonks conseguiu – disse ele. – Perguntei hoje ao Harry por que o assunto ainda o interessava, já que o medalhão estava desativado e ele me explicou.

– Ah! Certo. Mas ele não poderia contar tudo.

– Não, claro. Mesmo assim, juntando as informação que sei sobre ele e o que vocês disseram sobre a noite em que ele sumiu, deu para fazer algumas conjecturas. Lembrei-me até de uma carta que ele me mandou no início do verão em que mencionava um objeto estranho em seu cérebro que poderia ter penetrado pela cicatriz quando houve a explosão de sua casa.

– É melhor conversarmos em outro lugar. – Os dois levantaram e voltaram à sala onde Harry tinha treinado oclumência e Hermione contou a Remo sobre a Horcrux dentro da cabeça de Harry e a dificuldade que estavam encontrando em descobrir como destruí-la.

– Eu tinha esperança de achar algum outro jeito de destruí-la sem afetar Harry antes de acharmos a taça, mas agora as coisas mudaram de figura.

– Como assim?

– Harry descobriu que a mãe da Luna Lovegood foi inominável e estudou aquele véu onde Sirius desapareceu.

– Sim, lembro de Lily ter mencionado que Leslie Lovegood estava com umas pesquisas malucas que incluíam a idéia de ir do outro lado do véu.

– Exato. Luna contou que a mãe dela foi e chegou a conseguir atravessar de volta para o mundo dos vivos, mas não por muito tempo. Ela morreu pouco depois de voltar de trás do véu.
– Mas isso é uma idéia muito doida.

– Pois é, mas como todas as outras possibilidades que pensamos mostraram-se inviáveis, Harry decidiu que vai assim mesmo. A Luna tentou trabalhar em cima das anotações da mãe e descobriu alguns erros que tinham sido cometidos. Segundo ela, Harry teria que atravessar na sexta-feira santa e voltar na Páscoa.

– E Harry vai fazer essa loucura? Não podemos permitir.

– Pois é, ele está meio tonto. Se não acharmos a taça até lá, seria tolo ele atravessar. Vai que nunca achamos a taça. O sacrifício dele teria sido em vão. Por outro lado, se ele não for na próxima semana santa, só poderia tentar de novo um ano depois. E a cada ano acontecem tantas desgraças! Voldemort está atacando com muita força. A morte de Dumbledore certamente deixou-o bem mais audacioso.

Remo ficou alarmado com a idéia deles e desconfiou que Harry talvez, no fundo, quisesse mesmo visitar o mundo dos mortos, em algum delírio. Hermione dissuadiu-o.

– Não, Remo. Tenho certeza de que Harry não quer morrer. Ele e Gina têm sido felizes juntos, muito felizes, apesar da tristeza das circunstâncias. Nunca vi o Harry assim antes. Ele parece agarrar cada momento de felicidade e tirar toda a alegria possível dele.

Pouco depois dessa conversa, Harry, Gina e Rony saíam da quadra, animados, comentando as dicas que Vitor lhes tinha dado sobre como voar com mais eficiência e segurança, de modo a poder arriscar manobras mais audaciosas.

– Pô, que pena que não teremos quadribol este ano. Com o que aprendemos hoje, estaríamos muito melhores – comentou Rony.

– O problema é que os nossos adversários também tiveram as mesmas dicas, né? Sério, Rony, às vezes não entendo o que a Hermione vê em você – disse Gina.

– Sim, ele também deu dicas para os adversários, mas no nosso caso, ele caprichou mais na explicação.

– Estou ouvindo bem? Ou será que estou tendo uma alucinação? Você está elogiando o Prof. Krum? – perguntou Hermione, que ouvira essa parte da conversa.

– Ouviu perfeitamente, Hermione – respondeu Harry. – Nada como quadribol para Rony parar de implicar com o Vitor, isto é, com o Prof. Krum. Agora ele voltou a ligar o botão "viva Krum" que existiu antes dele saber que você iria com Krum ao baile de inverno.

E depois desse dia, Rony tornou-se um exemplar aluno de Transfiguração, absolutamente encantado com o professor. E até as férias as coisas foram transcorrendo com uma certa normalidade. As notícias do mundo lá fora eram terríveis. Muitos bruxos que tinham estado dispostos a resistir valentemente contra Voldemort, a lutar até a própria morte, tinham medo agora. Resistir para que, se não se vislumbrava uma chance de Voldemort perder a guerra? O desânimo era muito grande, inclusive entre os membros da Ordem.

Todos os dias Harry lia as notícias, ou melhor, pedia a Gina ou Hermione que as lessem para ele. E a cada vez, reforçava-se sua convicção que não tinha outra saída, a não ser a de tentar destruir a Horcrux dentro de sua testa o mais cedo possível, quer dizer na próxima semana santa.

Estava apavorado com a idéia, mas não via saída. E o pior era que não conseguia pensar que lugar poderia estar funcionando como esconderijo da taça de Hufflepuff.

Tratava então de tentar aproveitar o melhor possível a sua vida, concentrando-se em curtir os momentos com Gina e com os amigos, tentando ter alegria no tempo que lhe restava e se preparando para um futuro embate com Voldemort, pois ainda tinha esperança que as sugestões de Luna dessem certo.

O ano foi se aproximando de seu fim, os dias cada vez mais gelados e nenhuma novidade. Harry e seus amigos quebravam a cabeça tentando pensar que tipo de lugar poderia ser significativo para Voldemort. Chegaram a cogitar até de ir procurar em Azkaban, onde Grindelwald tinha morrido. Afinal as circunstâncias de sua morte não estavam esclarecidas e o fato dele ter usado uma Horcrux podia sugerir que Voldemort tivesse tido contato com o grande bruxo maligno.

Mas irem a Azkaban certamente chamaria a atenção e tentaram pensar com Remo como fazer isso. Afinal decidiram que Tonks, como auror que era, poderia mais facilmente arranjar um pretexto para ir até lá pesquisar, mas ela só poderia fazer isso depois de terminada uma tarefa para o ministério em que estava empenhada e isso não seria antes de janeiro.

A aproximação das férias de Natal fazia Harry temer o reencontro com Voldemort. Ele conversou bastante com Rony, Hermione, Gina e Remo, tentando estabelecer uma estratégia para ganhar tempo e para ser capaz de manter a necessária oclumência com Voldemort. Tentaria pensar em Gina, isso era o único pensamento que seria forte o suficiente para manter as Horcruxes fora de sua cabeça. Ou pelo menos essa era a esperança. Embora a cada dia que passava, aumentasse a sua ansiedade em relação ao fato de não estarem conseguindo avançar de fato em nada.

Finalmente chegou o fim do semestre. Luna e Neville foram embora mais cedo, com a promessa do rapaz de trazer uma muda de Mimbulus Mimbletonia para Harry. Na última noite de Harry em Hogwarts seria a festinha de Natal de Slughorn, como era de se esperar. Os amigos tinham a esperança, um tanto tênue é verdade, de que essa fosse uma oportunidade de conhecer alguém com informações interessantes.

Na hora de irem para a festa, Gina, que estava deslumbrante, passou disfarçadamente a Harry o vidrinho da Felix Felicis.

– Mas, o que é isso?

– Psshh. Não quero que a Hermione saiba ou ela vai ficar chateada de ser deixada de fora. – E Gina o puxou para um canto e começou a beijá-lo para disfarçar.

– Por que você quer que eu beba a poção? E quanto?

– O suficiente para umas três horas. Para a gente procurar as pessoas certas e para termos as informações que pudermos. Eu também vou beber.

– E os outros?

– Os outros, não. Quero guardar a poção para o dia em que você for destruir esse negócio dentro da sua cabeça. E Hermione e meu irmão não estão suficientemente ligados no estudo de Luna sobre como atravessar o véu e poderão deixar passar alguma informação sobre o assunto, se houver. Por outro lado, acho que se nos separarmos durante a festa, poderemos ter mais chances.

– Certo, então bebamos.

Em seguida os dois se juntaram a Rony e Hermione e foram para os aposentos de Slughorn. Harry foi apresentado a um monte de gente, mas a poção o aconselhou a conversar com um tal de Tony Lockwood. Depois de um tempinho, Harry descobriu que ele havia trabalhado na administração de Azkaban na década de 40 e agora estava aposentado, mas com muitas ligações no ministério. Harry perguntou sobre Grindelwald e soube que o terrível bruxo morreu pouco depois de chegar à prisão atacado por uma cobra. Não chegou sequer a ser julgado.

– Foi algo realmente estranho, pois Azkaban fica em uma ilha formada por uma rocha lisa. Não há plantas nem animais por lá. Ao menos não visíveis. Às vezes alguma ave pousa por lá por um breve momento, mas nunca mais soubemos de cobras por lá – disse Lockwood.

– Será que alguém a levou?

– Talvez, mas verificamos os registros. Grindelwald não recebeu visitantes durante o tempo em que esteve lá. Ninguém queria ter seu nome associado ao dele. E naquela semana não houve visita para ninguém. Só o pessoal da administração e da limpeza, além dos prisioneiros estiveram na ilha,.

Harry achou aquilo intrigante.

– A cobra não poderia ter ido dentro de alguma sacola de alguém?

– E depois desaparecido sem deixar pistas? Não sei. Todos os funcionários foram interrogados com Veritaserum. Mas logo as investigações foram deixadas de lado. Afinal, não se pode dizer que ninguém tenha ligado muito para o fato de Grindelwald morrer. Ele era melhor morto mesmo.

Nesse momento, Gina chegou com um ar meio nauseado.

– Harry, vamos embora? Não me sinto bem.

– Claro. Harry se despediu de Lockwood e perguntou a Gina se ela tinha conseguido algo.

– Nada de interessante. Mas estou sentindo enorme necessidade de sair.

Harry percebeu que ele também sentia que já devia ir. Agradeceu o convite a Slughorn e disse que infelizmente tinha que ir logo, para acompanhar Gina, que não estava bem.

Logo que os dois saíram, Gina passou imediatamente a sentir-se muito melhor.

– Harry, de repente estou ótima e achando que definitivamente temos que aproveitar o fim da noite para ficarmos juntos, já que n'A Toca vai ser difícil ter privacidade.

– Sinto a mesma coisa. Vamos para a Grifinória.

E os dois foram para a torre de sua antiga casa, que tinha servido a inúmeros encontros ao longo de todo o semestre.

Sangue de Dragão!

– Ih, garoto, achou que eu não mudaria a senha para o Natal. Trate de dizer a nova – disse a mulher gorda, bocejando.

Harry levantou as sombrancelhas para Gina, que comentou:

– Parece que temos que procurar outro lugar.

– A Sala Precisa!

– Isso, vamos lá!

Os dois foram e pediram um lugar onde pudessem ter uma noite memorável.

A sala transformou-se numa suíte super romântica, com uma cama ampla e confortável, espelhos por toda a parte e uma mesinha com frutas e champanhe no gelo. No banheiro, havia uma maravilhosa banheira de hidromassagem.

Os dois não perderam tempo e imediatamente começaram a se beijar e se tocar.

– É, parece que não havia nada que pudéssemos conseguir naquela festa, então nossa sorte foi vir logo para cá, para aproveitarmos bem o nosso tempo – comentou Harry. – Isso não deixa de ser desanimador.

A paixão entre eles logo se acendeu, como vinha acontecendo sempre ultimamente. Parecia que o fato de Harry estar sob ameaça deixava-os mais ligados um ao outro e não precisava muito para logo os dois serem tomados pelo desejo. Já estavam apenas com suas roupas íntimas, em posição mais do que comprometedora, quando a porta se abriu e ouviram a voz de Rony.

– Venha meu amor, vamos aproveitar nossa última ... Ei, Harry, o que está fazendo com a minha irmã, quase pelado aí?

– O mesmo que você pretendia fazer com a Hermione, seu hipócrita – Gina respondeu antes que Harry conseguisse levantar a cabeça.

– Nada disso, eu trato a Hermione com muito respeito.

– Ora, deixa de papo. Você sabe muito bem que a Sala Precisa não se abriria para você se não a tivesse pedido pelo mesmo exato motivo que nós – Gina respondeu furiosa, enquanto punha as vestes.

– Sabe, ela tem razão, Rony. Por que você não deixa de bobeira e não admite que já estamos todos bem grandinhos e já vivemos muitas coisas bem terríveis, o suficiente para cuidar de nossas vidas e saber o que é bom para nós?

– Mas eu não precisava ter visto isso.

– Certo, fiquem vocês aí. Vamos embora – de repente Harry sabia que tinham que sair dali.

Hermione, vermelha como um pimentão, disse que Harry e Gina deviam ficar, pois tinham chegado primeiro.

– Não, fiquem vocês. Tenho certeza que saberemos nos virar.

E Harry e Gina saíram.

– E aí, vamos para onde? – Harry perguntou.

– Ué, pensei que você sabia. Tinha tanta certeza de que devíamos deixar a Sala Precisa para aqueles dois.

– Você não sentiu que isso era o certo?

– Senti, mas não sei o que fazer agora.

– Vamos passar no banheiro dos monitores. Acho que podíamos arrumar as vestes um pouco melhor e dar um jeito no cabelo. 'Tamos dando muita bandeira.

Quando Harry abriu a porta do banheiro, desistiu de entrar, pois lá estava a Murta-Que-Geme. Decididamente não queria ter de lidar com ela. Empurrou Gina para indicar-lhe que não deviam entrar.

– Vamos para outro lugar, a Murta está aí.

– Harry, vamos para o banheiro da Murta! Se ela está aqui, não vai estar por lá. E podíamos ir até a Câmara Secreta. Certamente ninguém vai nos incomodar lá.

– Bem, só Voldemort, além de mim, poderia ir até lá. Mas aquele lugar não a deixa nervosa?

– Não, por que deixaria? O único momento em que me lembro de estar lá foi quando acordei e vi você ao meu lado para me salvar.

– Mas Tom não fez coisas terríveis com você?

– Fez, mas quando eu fui para lá estava totalmente em transe, não lembro de nada. Mas talvez você se sinta mal por lá.

Harry deu de ombros.

– Acho que não. Estava tão aflito quando estive na câmara, que nem prestei atenção ao lugar. Bem, se nenhum de nós se incomoda, vamos.

Os dois foram e conjuraram o que precisavam para ter uma boa noitada e se amaram avidamente como se fosse a última vez.

– Depois do amor e de um breve cochilo, Gina cutucou Harry.

– Amor, precisamos ir. Devemos dormir no nosso dormitório ou minhas colegas perceberão que passei a noite fora da minha cama.

– Certo. E aí, até que foi legal ficar aqui, não? Ainda melhor que a torre da Grifinória. Lá eu sempre tinha medo de ser descoberto por um elfo.

– É. Aqui realmente ninguém pode vir atrás de nós. Será que Tom Riddle trazia suas namoradas aqui?

– Argh, Gina! Você começa a falar nele e daqui a pouco vou começar a achar que não vou querer ter um local para amar você que também foi usado por ele. É melhor pensarmos que ele nunca teve namorada, por não dar bola para o amor e que nunca usou esta câmara para isso.

– É, tem razão. E além do mais, naquela época, ele não seria o único por aqui. Havia também o basilisco, que espantaria qualquer uma, por mais apaixonada que estivesse.

De repente ambos se olharam nos olhos como quem compartilha um segredo.

– Você está pensando o que estou pensando? – perguntou Gina.

– Que não pode haver lugar mais adequado para uma Horcrux?

– Exato. Um lugar a que só Voldemort tinha acesso, guardado pelo seu basilisco. Quem mais viria aqui?

– Vai ver que é por isso que ele queria tanto voltar a Hogwarts. Para deixar aqui uma Horcrux.

– Mas será que depois que ele soube da morte do basilisco, ele não teria tirado a Horcrux daqui?

– Como? Ele não poderia mandar um de seus capangas fazer isso. Teria que vir pessoalmente. E a única outra pessoa que havia o risco de vir até aqui seria eu, que não tenho razão para isso. Ainda mais depois que ele tentou assegurar que eu me passe para o lado dele. Vai ver até que, quando ele tentou me convencer, tinha em mente diminuir ainda mais a possibilidade de eu por acaso descobrir e destruir a Horcrux dele.

– Será que a conseguiremos achar? Tenho a impressão de que o efeito da minha Felix Felicis já acabou.

– A gente tenta um pouco e se não conseguir, volta assim que der, depois de ter tomado mais um pouco de poção. Acho que o melhor lugar é ali, de onde o basilisco saiu. – Os dois foram correndo até a boca da enorme estátua de Slytherin, que estava fechada. Depois de tentarem alguns feitiços para abri-la, Harry exclamou em língua de cobra:

Fale comigo, Slytherin, o maior dos Quatro de Hogwarts – Nenhum basilisco saiu, mas a boca se abriu. Harry não sabia quanto tempo teria para procurar. Subiu lá correndo e felizmente viu que a taça de Hufflepuff estava ao alcance de quem se apoiasse no queixo da estátua. Pelo visto, Voldemort também não se aventurara a entrar por lá. Harry pegou a taça e desceu correndo.

Sentia-se extremamente aliviado.

– Encontramos a Horcrux que faltava, Gina.

Ela, porém estava com um ar triste.

– O que foi, meu amor? – Harry a abraçou.

– Tenho medo, Harry. Isso torna tudo tão real. Agora só resta a cobra, que está com ele, e esse negócio na sua testa. Quer dizer, você vai mesmo tentar na semana santa.

– Mas vai dar tudo certo, ou a Felix Felicis não nos teria trazido até aqui.

Ela nos ajudou a encontrar o que queríamos, não necessariamente o que é o melhor para nós no longo prazo.

– Vamos fazer o seguinte. Eu tomo um pouco da Felix antes de ir para trás do véu. A poção não me deixará atravessar se não for a melhor coisa a fazer.

Gina concordou e ambos foram embora para o porão, onde deveriam dormir. Harry sentiu-se um pouco culpado de mentir a Gina. Não dissera à namorada que atravessaria o véu de qualquer modo, com ou sem permissão dela, da Felix Felicis ou de quem que fosse.