Anúncio: Os personagens e ambientação desta história são criação e propriedade da inigualável J.K.Rowling.

Agradeço a Lua pela paciência em ouvir e criticar minhas idéias.

O poder que o Lord das Trevas desconhece

Durante o resto das férias de Natal, Harry esteve tremendamente animado por ter conseguido, pela primeira vez, conscientemente, descobrir e destruir uma Horcrux.

Agora faltava pouco, atacar Nagini no momento seria bobagem, pois ela estava sempre com Voldemort. Se ele percebesse que estavam atrás dela, ficaria alerta e talvez até pudesse fazer outras Horcruxes novas, embora àquela altura a alma dele já devesse estar muito diminuta. Harry e seus amigos precisavem se aproveitar do excesso de confiança do Lord das Trevas, que ainda julgava ter Harry em suas mãos. Portanto, realmente o próximo passo tinha que ser a destruição da Horcrux de Ravenclaw, aquela que jazia dentro do crânio de Harry.

Quando voltaram a Hogwarts, porém, Harry voltou a ficar deprimido e pouco confiante. Pegou as anotações de Luna para estudá-las e se preparar para a sua tarefa com cuidado e, de repente, elas começaram a lhe parecer sem sentido. Gina logo percebeu a mudança no estado de ânimo do namorado.

– O que houve? Não confia mais que vai conseguir? – perguntou ela uma noite, quando terminavam de jantar.

– Ahn? Do que você está falando?

– De que você está muito taciturno e estranho. Então pensei que talvez estivesse sentindo que o seu fim se aproxima. Mas isso NÃO é verdade. Você não vai morrer tão cedo, Harry.

– Como você pode ter tanta certeza? Mesmo que essa idéia de ir atrás do véu desse certo, o que é completamente duvidoso, ainda estamos numa guerra e tenho muitas outras situações perigosíssimas para enfrentar. Fora, que não só eu, mas todas as pessoas que amo estão em grande perigo também, inclusive você.

– Não sei. Sinceramente não sei de onde tiro esta certeza. Algo dentro de mim me diz que vamos sair dessa bem e que teremos a oportunidade de sermos muito felizes juntos – e ela procurou a mão dele e deu-lhe um aperto reassegurador.

– Gina, estamos nos enganando, estamos num processo de negação. Isso não pode dar certo.

– Não tenho nenhuma base para dizer isso, Harry, mas isso tem que dar certo e vai dar – já tinham terminado o jantar e Gina puxou-o na direção da Sala Precisa. Harry, todavia, não estava muito animado.

– Harry, amor, parece que estou acariciando e beijando uma estátua. Parece que você está num mosteiro no Tibete.

– Desculpe, amor, você está certa. Não consigo muito pensar em mais nada. Andei olhando de novo os escritos da Luna e agora eles não conseguem mais me convencer.

– Então, vamos fazer o seguinte, vamos repassá-los juntos, para ver se identificamos os problemas, certo?

– Harry acariciou o rosto de Gina. – Obrigado.

– Como assim, obrigado? De que?

– Por aceitar sem questionar esse namorado horrível que eu sou.

– Horrível? Você é o namorado mais gracinha e gostoso que uma garota poderia querer, a não ser quando fala esse tipo de bobagem, é claro

– Você sabe mentir muito bem, mas não me engana com toda essa puxação de saco.

Gina deu-lhe um beliscão carinhoso e os dois entraram no Salão Comunal. Harry foi buscar as anotações de Luna e os dois as repassaram juntos.

– Não consigo confiar nisso, Gina. parece que está tudo misturado sem muito critério. Parece o jeito que eu fazia poções no primeiro ano, tudo jogado de qualquer jeito.

– Entendo o que você sente, mas não é uma coisa assim tão aleatória.. Visgo é aquilo que tudo cura segundo os celtas, aquilo que o protege da morte. Também tem poderes curativos para os nórdicos. A Páscoa representa a ressurreição e a salvação no cristianismo. O sangue do cordeiro representa a proteção contra a morte no episódio do Pessach judeu. As lágrimas da fênix têm poderes restaurativos e os gregos e egípcios sabiam disso. A Mimbulus Mimbletonia nos liga à Mesopotâmia.

– Isso, mas você percebe que está tudo misturado de um jeito meio arbitrário. Por que ela e a mãe dela escolheram exatamente esses elementos? Alguns são óbvios, outros nem tanto. Por que, por exemplo, não juntamos o pão e o vinho da eucaristia ou alguma outra coisa assim? E vou ter que beber esse troço? À base de escrofulária de Mimbulus Mimbletonia?

– Sabe, acho que você tem razão. Tem alguma coisa aqui que não bate. Lembro que nas anotações iniciais da Leslie havia uma menção a Isis, que na lenda trouxa fez seu amado Osiris voltar à vida. Segundo a pesquisa dela, há indícios que esta lenda tem origem numa história real muito antiga de uma bruxa que teria conseguido reviver seu amado, que não estava de fato morto, mas à beira da morte, vítima de uma terrível maldição de um bruxo das trevas. Uma maldição precursora da Avada Kedavra. Nada da história dela foi incorporada nessa versão da Luna. Talvez o Gui saiba alguma coisa que possa nos ajudar, com tudo o que teve que aprender sobre feitiços antigos egípcios.

– É, sabe de uma coisa? Eu bem que queria que a Hermione avaliasse isso, mas sempre que menciono o assunto ou ela fica irritada ou começa a chorar.

– Deixa comigo, vou convencê-la a ajudar. Ela já tinha dito que ajudaria, depois parece que voltou atrás.

Os dois namorados continuaram por mais um pouco a ler os escritos, enquanto Gina acariciava suavemente Harry, quando uma lágrima do rapaz molhou o pergaminho. Gina abraçou-o forte e disse:

– Chega. Já examinamos isso o bastante por hoje. Vem cá, me abraça forte, vamos nos concentrar no aqui e agora por um momento e tentar deixar de lado o medo e a inquietude.

Harry chorou solto por um tempo, enquanto a abraçava como se ela fosse uma tábua capaz de levar um náufrago a um porto seguro. Depois dessa catarse, ele finalmente conseguiu se entregar às carícias e pode sentir e retribuir todo o sentimento profundo de amor e acolhimento que ela manifestava no olhar, na boca, nas mãos e em cada poro de seu corpo.

Naquela noite, Harry dormiu relaxado pela primeira vez em muitos dias e acabou se atrasando para o café da manhã. Gina conversou com Rony e Hermione.

– Você chegou a ver as anotações de Luna? – perguntou à amiga.

– Vi, e acho que não vai dar certo, Gina – ela respondeu num tom sombrio.

– Como assim? Diz isso só porque acha a idéia maluca ou tem alguma coisa de errado nas anotações?

– As duas coisas. Gina, você tem que convencer o Harry a desistir disso.

– Eu não conseguiria. E depois, se ele não o fizer, o que pode esperar da vida? Voldemort vem atrás dele na Páscoa. O que adianta ele deixar de atravessar o véu, para cair nas mãos do Voldemort? Como ele poderia escapar?

Rony interveio: – É, Hermione. De tanto lutar pelos elfos domésticos, parece que você está incorporando o Dobby, querendo salvar o Harry e só arrajando encrencas piores. Qual é?

– Só quero que o Harry não se suicide. A gente tenta descobrir outra forma.

– Hermione, Harry não sabe oclumência direito. Ele não poderia ser um espião duplo como o Snape. Se o V...oldemort começar a desconfiar e fizer legilimência para valer, ele estaria perdido. Portanto, se não liquidarmos com este assunto na Páscoa, Harry teria que dizer coisas para ele que o deixassem suficientmeente satisfeito para não fuçar muito na mente do Harry. Você sinceramente acha que isso é possível?

– Harry pode fugir.

– Você acha mesmo que o Harry seria capaz de fazer isso? E que tipo de vida ele poderia levar? Lembre-se que um não pode viver enquanto o outro sobreviver. Harry não pode ter vida própria digna desse nome enquanto Voldemort não for liquidado. Não consegue – Rony retrucou de modo brusco.

– Até eu, que o acompanho no que ele quiser, prefiro vê-lo morto a ser transformado num perpétuo fugitivo sem esperanças de ter uma vida normal. Ele será sempre profundamente infeliz, não só pelo medo, mas principalmente pela culpa. Ele se culparia por cada crime de Voldemort e seus Comensais da Morte. Harry merece uma vida livre e eu também, diga-se de passagem – Gina desabafou.

– Então que ele tente o jeito trouxa, sei lá.

– Você está se referindo a abrir a cabeça dele e tudo o mais? Você ouviu o que o tal amigo dos seus pais disse. Ninguém sério faria a cirurgia. Teria que ser um tipo vaidoso e impostor que nem o Gilderoy Lockhart. Ah, claro, esqueci que você idolatrava aquele babaca – Rony estava começando a ficar exasperado, mas Hermione ignorou o comentário.

– A gente pode lançar uma Maldição Império.

– Pirou de vez. Além de ser uma maldição imperdoável e possivelmente prejudicar o desempenho de quem estiver sob o efeito dela, você sabe que Harry prefere morrer a correr o risco de ficar com uma lesão no cérebro na tal região sei lá o que. Ele poderia tornar-se alguém perigoso e não seria mais o nosso Harry.

Nesse momento, Harry chegou e ouviu o que Rony dizia.

– Gente, vamos conversar em outro lugar mais reservado. E Hermione, ou você me arranja uma nova alternativa na qual não tenhamos pensado, que seja viável, ou eu vou atrás do véu como planejado – Harry sussurrou. – Porque as outras coisas em que pensamos são todas idiotas. Se você quer mesmo me ajudar, a única maneira é se esforçar para que esta estratégia dê certo. E eu realmente gostaria que você desse uma olhada nos escritos da Leslie, nos da Luna e ajudasse a pensar nos furos que ainda podem existir. Rony também, por favor. Eu realmente acho que precisamos pensar melhor nesse negócio e quero a ajuda de vocês.

Depois dessa conversa, os amigos concentraram-se em estudar não apenas o que estava indicado por Leslie e Luna, mas a esquadrinhar as possibilidades. Hermione finalmente entrou no seu "modo de pesquisa" e começou até a achar que a coisa talvez pudesse dar certo, desde que mais problemas fossem acertados. Luna acabou dando mais alguns palpites também.

Fevereiro já estava pelo meio quando, num sábado, a escola foi surpreendida com uma notícia boa. Kingsley Shacklebolt, que tinha assumido a chefia da Seção de Aurores recentemente, tinha combinado com Minerva um plano secreto de proteção para que os alunos pudessem ir a Hogsmeade comemorar o dia dos namorados. Com exceção dele próprio, de Minerva, e dos aurores envolvidos, ninguém ficou sabendo antes do dia, para não alertar os Comensais da Morte. A visita seria rápida, para não dar tempo de um ataque ser preparado, mas pelo menos os adolescentes poderiam sair um pouco da escola, tomar uma cerveja amanteigada ou comprar uns doces na Dedos de Mel.

Harry, Rony, Hermione e Gina estavam bebendo cerveja amanteigada no Três Vassouras, enquanto comentavam aos sussurros sobre um livro que Hermione descobrira acerca de magia antiga envolvendo amor e morte.

– É muito interessante, Harry. Acho que até estou entendendo melhor como a sua mãe conseguiu protegê-lo. Ali explica como o amor faz surgir um tipo poderoso de magia que protege o ser amado e como pode ser uma barreira protetiva contra a morte.

– É, a Nina está estudando esse negócio do amor ser usado como proteção, é muito legal – disse Vitor Krum, que sem ninguém notar tinha se aproximado. Vitor estava um pouco altinho, pois bebera algumas doses de uísque de fogo com Hagrid.

– Mas ela não é auror?

– É, mas na Bulgária, há um grupo de aurores que também pesquisa feitiços defensivos. A Nina veio aqui não só para treinar com os auroroes britânicos, mas também para estudar numa sala onde se armazenam elementos para o estudo do amor, que tem no Ministério da Magia de vocês. Ai, meu Deus, acho que não poderia ter dito isso. É segredo.

– Não se preocupe, não contaremos a ninguém – disse Rony e imediatamente puxou um assunto de quadribol para que Krum não tentasse saber o motivo deles estarem pesquisando sobre amor e morte.

Pouco mais tarde a própria Nina apareceu, aproveitando o sábado para ver seu noivo. O casal se despediu e buscou um canto do bar, onde pudessem ter mais privacidade. Mas quando, dali a pouco, Nina foi ao banheiro, Hermione fez um sinal para Gina e ambas seguiram-na. Pouco depois as duas voltaram satisfeitas.

– Chegamos no banheiro conversando sobre amor e morte, como quem não quer nada, e conseguimos que Nina nos desse dicas de livros sobre o tema e métodos para usar o amor como proteção. Harry, acho que estou tendo grandes idéias. Preciso elaborar melhor as coisas, mas finalmente estou ficando confiante. Este negócio pode dar certo – Hermione contou aos rapazes .

– VAI dar certo, Hermione, cortou Gina.

Draco e Narcisa Malfoy aparataram em uma rua suja e semi-abandonada perto de uma imensa chaminé. Dirigiram-se à última casa de tijolos aparentes da rua da Fiação. Snape estava à sua espera.

– Severo, não é perigoso você ficar aqui? Não há mais gente que conhece sua casa?

– Na verdade, um pouco. Mas não são muitas as pessoas que conhecem este lugar. Em Hogwarts e na Ordem da Fênix, só Dumbldore conhecia e creio que ele não contou a ninguém. Fazia parte de nosso trato e Dumbledore cumpria os tratos que fazia. E entre os Comensais, além de Lúcio, Bela e Rabicho, só mais uns dois ou três. Aqui não é um lugar para receber amigos. De qualquer maneira, queria pedir um favor a você, Narcisa.

– Bem, não posso me recusar a ajudar um amigo como você.

– É simples. vou fazer um fetiço Fidelius e gostaria que fosse a fiel do meu segredo. Aceita?

– Claro. Mas, por que deseja isso? Não está bem escondido com o Lord das Trevas?

– Sim, mas você bem sabe que não posso confiar inteiramente nos que cercam o Lord das Trevas. Há muita inveja e intriga em torno a ele. Quero ter um lugar onde possa me refugiar.

– Mas Rabicho conhece este lugar e ele certamente é uma das pessoas em quem você não devia confiar. Lembro-me vagamente que vocês não se davam nada bem na escola.

– O feitiço fará com que ele não mais consiga enxergar esta casa, mesmo que esteja em frente a ela. Só as pessoas aqui presentes na hora em que o feitiço for aplicado e as pessoas a quem você pessoalmente contar onde é meu esconderijo secreto poderão enxergar a casa. Aliás, deixa eu me certificar de que de fato não há ninguém aqui – E Snape colocou um par de óculos diferentes e saiu em revista da casa.

– Para que esses óculos, professor? – Draco perguntou.

– Para ver através de capas de invisibilidade. E não me chame de professor, pois nem sou mais seu professor, nem você é criança. Agora você é um adulto e meu amigo e aliado. Amigos se tratam pelo primeiro nome, Draco.

O feitiço foi feito. Snape, porém, não reparou em buraco na parede, perto da estante. Se tivesse se agachado, teria visto uma patinha prateada de um rato dentro do buraco durante todo esse tempo.

– Bem, vamos embora, então, filho. Era só isso o que você queria, Severo?

– Não querem tomar um pouco de vinho enquanto conversamos?

– Certo, aceito.

– Há algumas coisas que eu queria contar a vocês dois. Acho que é o momento ideal – Draco disse.

Enquanto Snape servia, Draco falou de suas preocupações.

– Severo, primeiro gostaria de avisá-lo que minha tia Belatriz anda muito interessada em saber sobre sua família e sobre a mão morta de Dumbledore. Mas o que tenho de mais importante a conversar com você, o Lord das Trevas me encarregou de outra tarefa difícil.

– Eu soube, mas você não deveria falar dela.

– Sim, eu sei, mas não creio que eu seja capaz de realizá-la sozinho. Desta vez resolvi deixar de ser bobo e pedir a sua ajuda logo de cara. Reconheço que agi de modo infantil no caso de Dumbledore e quase pus tudo a perder, inclusive minha própria vida e as de meus pais.

– Há um prazo para você acabar com Kingsley Shacklebolt?

Draco tomou um gole do vinho antes de responder. – Até o Natal. Umm, bom este vinho.

– Bem, eu conheço o homem, ele é muito esperto, muito bom em duelos e, como chefe da Seção de Aurores, está sempre sob proteção máxima. Não vai ser nada fácil. Mas creio que ninguém pode ser mais útil para você do que eu. Entretanto, talvez isso nem venha a ser necessário. Pelo que você me disse, não temos muito tempo para resolvermos outro assunto, que torna sua tarefa obsoleta.

– Como assim?

– Creio que é hora de partilhar com meus amigos fiéis algumas informações que consegui quando espionava em Hogwarts.

Hermione dedicou-se com afinco a estudar os livros indicados por Nina e a pensar como usar as informações neles contidas sobre o amor para ajudar Harry. Gui enviou mais informações sobre Isis, a bruxa que inspirou sua lenda e as poções que utilisou. Rony, Gina e o próprio Harry também os estudavam, mas não conseguiam ver como poderiam ajudar. Até que um dia, no final de março Hermione disse para o amigo.

– Cara, sabe que estou achando que vai dar certo a sua estratégia? Queria marcar um encontro de todos nós na Sala Precisa.

– Vamos nos reunir hoje mesmo. Peço a Gina para falar com a Luna.

À noite, Hermione apresentou suas conclusões.

– Bem, vocês conhecem a proposta de Luna sobre o que Harry deveria fazer. Vendo esses livros sobre a antiga magia do amor e como ele pode superar a morte, percebi que faltava algo. Eros.

– O que? Como assim, você está propondo alguma ligação erótica com a morte? – Rony perguntou espantado.

– Não nada disso. Mas veja, o poder que o Lord das Trevas desconhece é o amor, certo?

– Sim. E?

– Os gregos falam em três tipos de amor: Eros, o amor romântico, que inclui o desejo sexual; Philos, o amor da amizade; e Ágape, o amor que nos leva a entrar em comunhão com todos, até nossos inimigos. Harry conhece as três formas de amor com intensidade. É sua capacidade de amar ao próximo e se colocar no lugar do outro que o fez ir me procurar no banheiro das meninas quando o Trasgo estava solto. Na época não éramos amigos, muito pelo contrário. Foi Ágape também que o fez soltar Gabrielle Delacour na segunda tarefa. Foi Ágape que o levou a ir atrás da pedra filosofal e vê-la no espelho de Ojesed. É Ágape que o faz ir até o outro lado do véu – Hermione não elaborou muito, pois Luna não sabia o verdadeiro motivo de Harry querer ir atrás do véu.

Philos também, é claro. Philos, seu amor por Sirius e Dumbledore o faz querer ir ao mundo dos mortos, mas também o faz querer voltar para estar conosco e desfrutar também de nossa companhia. Mas e Eros? Onde entra? Eros, seu amor por Gina, o faz querer muito voltar, para poderem desfrutar juntos de uma vida terrena. Eros não sobrevive à morte, o amor erótico exige um corpo para se expressar. É Eros a principal força a trazê-lo de volta. E na proposta de Luna não havia a necessária ênfase em Eros.

– Hermione, o que você está tramando? O que pretende fazer com a minha irmã?

– Rony, deixa ela falar. Você também quer que o Harry volte e que sejamos felizes, não? Então pára com essas abobrinhas ridículas de irmão mais velho – Gina cortou irritada.

– Bem, primeiro será preciso acrescentar na poção elementos ligados a Gina. Ela deve cortar seus cabelos e acrescentá-los, assim como suas lágrimas, trazendo a magia gerada pelo seu sofrimento caso ele não volte para ela. Além disso é preciso reforçar a ligação entre os dois. Vocês realmente se amam? Acham que a vida só parece ter sentido um ao lado do outro?

– Não tenho a menor dúvida que amo a Gina e que quero unir minha vida à dela para sempre e ser pai de seus filhos.

– Posso dizer o mesmo de meus sentimentos em relação a Harry..

– Vocês precisariam reiterar esses votos e ter algum símbolo deste compromisso.

– Na verdade, já temos. – E Gina mostrou o anel que trazia pendurado num colar, escondido por baixo das vestes. – Harry e eu já tínhamos nos comprometido a casar um dia e ele me deu este anel como símbolo disso.

– Maravilha. É uma segurança extra o fato de já terem falado em compromisso. É um compromisso espontâneo, que não surgiu da necessidade desse negócio dar certo. Gina terá que usar o anel durante todo o período em que Harry estiver atrás do véu. Seria bom também se os dois pudessem entrar na Sala do Amor no Departamento de Mistérios, antes de Harry atravessar o véu. Isso potencializaria o poder do amor. E, Harry, para que você volte, é preciso reforçar os elementos que o trazem de volta e enfraquecer os seus laços do outro lado do véu. Você não poderá falar com ninguém do outro lado. Eles podem falar com você, mas você não pode emitir nenhum tipo de comunicação para eles, nem palavras, nem sinais, nem nada.

– Ótimo, parece fazer sentido, mas vou ter que beber mais uma poção com cabelo, além da ecrofulária?

– Não, Harry, a poção não será bebida. Você deverá se banhar nela, impregnar todo o seu corpo, para que ela o proteja.

Os amigos continuaram discutindo os pormenores e todos acharam que Hermione tinha razão, inclusive Luna.

Nas semanas seguintes, dedicaram-se aos preparativos. O maior problema é que ainda era um pouco cedo para a Mimbulus Mimbletonia ter flores, mas Neville conseguiu usar uma poção que a fez florescer mais cedo e fornecer escrofulária abundantemente.

Acabaram tendo que contar a Kingsley o que pretendiam fazer. Como chefe da Seção de Aurores, ele poderia facilitar-lhes o acesso ao Ministério durante os feriados. E depois, se tudo desse errado, a Ordem precisava saber que seria preciso matar Nagini antes de atacar Voldemort e matá-la com veneno de basilisco ou acromântula, de preferência.

Harry se preocupava um pouco com o número de pessoas que sabiam das Horcruxes, mas não via outra saída. Até se consultou com o retrato de Dumbledore antes de contar a Kingsley.

Na sexta-feira santa, Harry, Hermione, Gina, Rony e Luna foram para Londres cedo. Eles estavam em férias de Páscoa e por isso não precisaram da autorização da diretora da escola. Às cinco da tarde aparataram no Ministério, dizendo que tinham negócio a tratar com Kingsley. Este os acompanhou até o Departamento de Mistérios.

Nem o próprio Kingsley sabia como poderiam abria a porta da Sala do Amor. Gina deu a Harry um pouco da sua Felix Felicis e tomou outro tanto. Sobrou cerca de um terço, que ela deixou com o irmão. Foi provavelmente a poção que inspirou Harry a chamar Rony, Hermione e Gina para ficarem com ele diante da porta. Deu uma mão a Hermione e outra a Rony. Fez Gina ficar à sua frente e beijou sua cabeça por trás. Quando estava assim conectado aos três, representando Eros, Philos e Ágape, a porta se abriu e foram tragados para dentro da sala. Nela havia vários compartimentos. Num deles estava uma enorme cama cheia de almofadas, além de prateleiras com afrodisíacos e poções do amor. Harry despediu-se de Rony e Hermione, abraçando-os forte e falando de como os amava e depois dirigiu-se com Gina ao compartimento onde estava a cama. Ali os dois falaram de seu sentimento mútuo, guiados pela Felix Felicis.

– Gina, você está sempre em meu pensamento e em minha vontade. É você quem dá brilho à minha existência e por você eu posso renunciar a tudo, até à ventura que possa existir do outro lado do véu.

– Harry, você é quem dá o maior sentido à minha vida. Preciso que você volte para mim e venha comigo construir uma vida plena para nós e nossos filhos. Os dois se beijaram e se encontraram numa despedida que não poderia ser mais intensa.

Por fim, Harry saiu da sala, enquanto Gina lá permaneceu a esperar por sua volta.

Harry banhou-se na poção que tinha sido preparada por Hermione e atravessou confiante o véu. A Felix Felicis dizia-lhe que era exatamente isso o que deveria fazer.