Comunicado: Os personagens e ambientação da história a seguir são fruto do trabalho de J.K.Rowling e sua propriedade intelectual.

A Volta

Os invasores de Hogwarts não sabiam que Hagrid tinha visitas em sua cabana. Rony e Hermione resolveram voltar para a escola e passar o dia com o meio-gigante, que ainda estava muito deprimido pela morte de Dumbledore.

Hermione queria preparar o terreno com Madame Pomfrey e a Profa. McGonagall, pois achava que talvez Harry precisasse de cuidados médicos e ele não poderia ser levado para o St. Mungus. Hagrid os convidara para um chá e ficara muito decepcionado, quando soube que Harry e Gina não poderiam vir. Assim, os dois resolveram que voltar antes do término das férias a Hogwarts e fazer um pouco de companhia a Hagrid era uma boa coisa.

Ao ouvir Hagrid pedindo por socorro, Rony e Hermione correram a acudir e viram a cobra, que ainda se esgueirava pelo corpo do gigante. Rony rapidamente a estuporou e usou o Accio para tirá-la de Hagrid, enquanto Hermione saiu correndo em busca de socorro.

Malfoy, que tentava acertar o portão, para que não se fechasse, foi pego desprevenido. Julgara que o socorro demoraria um pouco mais e lhe daria tempo de fazer exatamente o mesmo que Rony. Mas agora Rony pegara a cobra, Hagrid estava ferido, mas ainda tinha capacidade de luta, Hermione estava à vista e o hipogrifo sobrevoava o local, ameaçador. Se tentasse pegar a cobra, teria que denunciar sua posição e estava em completa desvantagem.

Adicionalmente o Lord das Trevas dissera para evitarem atacar membros da famíla Weasley, especialmente Rony e Gina. Draco não sabia a razão, mas, como dissera sua tia, as ordens do Lord das Trevas eram para serem cumpridas sem questionamentos. Por isso, ficou acompanhando de longe a situação, pensando na melhor maneira de recuperar a cobra.

Rony não lhe deu chance, porém. O rapaz tinha ouvido as descrições de Nagini feitas por Harry e por seu pai e logo concluiu que aquela poderia ser a cobra de Voldemort. Tomou imediatamente uma decisão arrojada. Convocou sua vassoura, como Harry fizera no Torneio Tribruxo, enroscou nela a serpente e voou na direção da Floresta Proibida, para o lugar onde estavam as acromântulas.

Malfoy ficou olhando desarvorado. Não tinha idéia de para onde Rony levava Nagini, nem como poderia ir atrás dela. Resolveu esperar um pouco e depois usar um Accio para atrair a cobra, depois que levassem Hagrid e não houvesse ninguém lá para vê-lo fazer isso.

Rony, enquanto isso, lembrando-se de que veneno de acromântula mataria a Horcrux se ela estivesse em material permeável, pensou em jogar a serpente no meio das acromântulas. Nagini era material permeável, não era? Então ser mordida pelos imensos aracnídeos deveria bastar. Lá chegando, baixou e soltou a cobra, desfazendo o estuporamento enquanto ela caía no meio das acromântulas.

As enormes criaturas não atacaram prontamente, como Rony esperava. Elas tinham medo de cobras, mas quando Nagini, assustada, preparou um bote, uma acromântula mais ousada atacou-a. Pouco depois o corpo do assustador réptil jazia sem vida e um espectro com forma de Voldemort deixava o cadáver e se desvanecia. Rony reparou que era bem menor que o que tinha deixado a taça de Hufflepuff, quando foi destruída a Horcrux lá contida. Será que isso se devia a que esta era a última Horcrux feita e que a alma de Voldemort já estava mais dividida?

De qualquer modo, a missão estava cumprida. Como a outra, a da cabeça de Harry, já estava do outro lado do véu, isso significava que não havia mais Horcruxes a destruir. Voldemort se tornara mortal.

Rony estava assim distraído, enlevado com a idéia de que sozinho tinha destruído uma Horcrux e que isso certamente asseguraria que os gêmeos financiassem a sua ida à Copa de Quadribol, quando se deu conta que sua vassoura estava totalmente presa em uma teia das acromântulas e que tinha uma delas avançando em sua direção para atacá-lo.

Estupefaça! Impedimenta! Expelliarmus! Petrificus totalus! Avada Kedavra! – Rony foi soltando todos os feitiços em que conseguia pensar, mas nenhum funcionava. De repente, do nada, surgiu o velho Ford Anglia de seu pai, repetindo o resgaste heróico de seu segundo ano.

– É, companheiro, acho que você deveria ser condecorado como o Grande Salvador de Pobres Vítimas de Acromântulas.

Rony voltou para a cabana de Hagrid e viu que Madame Pomfrey e Minerva McGonagall tinham chegado e estavam transportando Hagrid para o castelo. O esforço conjunto das duas bruxas e mais o de Hermione estavam sendo usados para levitar aquele peso pesado.

Rony disse a Hermione que precisava falar com ela a sós, no momento em que Slughorn e Flitwick se aproximavam da comitiva. Os dois professores tomaram o lugar de Hermione e ela ficou para ver o que Rony queria.

Malfoy, que pensara que finalmente poderia terminar sua missão, ficou bem irritado. Permaneceu por ali, porém, curioso para saber o que Weasley tinha de tão importante para dizer à sangue-ruim.

– O que foi? De onde saiu esse carro? Parece que aconteceu coisa boa. Você está todo sorridente.

– E foi. Destruí a última Horcrux. Aquela cobra que atacou Hagrid era Nagini. Eu a reconheci e levei-a estuporada até a região da floresta em que as acromântulas habitam. Lá elas deram cabo da serpente. Voldemort se tornou mortal de novo, Hermione. E eu vou ganhar passagem para a Copa de Quadribol. Você não acha que isso merece comemoração?

– E Rony deu-lhe um longo beijo.

Malfoy pensou consigo mesmo que precisava contar isso para Severo. Aproveitou, entretanto que Rony e Hermione estavam entretidos em sua alegria e convocou o cadáver da cobra. Precisava pensar numa desculpa. Voldemort não perdoaria a morte da cobra. Se bem que talvez pusesse a culpa em Belatriz, que insistira que a cobra era o único jeito de conseguirem que Hagrid não atrapalhasse a missão deles.

Nesse momento, Malfoy percebeu uma confusão na direção do castelo. Logo depois via Longbottom levantando pedaços da capa de invisibilidade de sua tia, que jazia no chão, inerte. Enrolou a cobra e escondeu-a melhor dentro de sua própria capa de invisibilidade e correu para ver de perto o que se passava.

Longbottom conversava com MacMillan.

– É Belatriz Lestrange, não é? Ao menos, parece – disse Ernesto MacMillan.

– É, ela fez parte do grupo de Comensais que enfrentamos no Ministério – respondeu Neville.

–O que ela fazia aqui? E o que aconteceu com ela?

– Não tenho a menor idéia do que veio fazer aqui. Mas parece que ela se cortou, veja. O que será que havia nesse frasco que ela carregava? Não é o tipo de frasco que o Prof. Slughorn costuma usar para armazenar seus ingredientes?

– É. Será que era algum veneno?

– Não sei. Parece.

– Pô, se era um veneno, como ela foi tão descuidada e se deixou envenenar?

– Na verdade, ela tropeçou, a capa de invisibilidade saiu do lugar e eu vi um pé correndo. Como tinha sabido que Hagrid havia sido atacado por uma cobra, pensei que talvez alguém a tivesse trazido para atacá-lo com o intuito de entrar aqui. Achei que, nesse caso, essa pessoa com a capa de invisibilidade precisava ser desmascarada e lancei um Diffindo na capa, para que se rasgasse e caísse, mas além da capa se partir, acho que nesse momento o frasco se quebrou na mão dela também – Longbottom explicou.

– Bem, não posso dizer que esteja triste com a morte dela.

– Eu menos ainda. O fato de que meu feitiço teve papel significativo em sua morte, se é que ela está morta mesmo, não me dá nem um pouquinho de remorso, muito pelo contrário, enche-me de alegria.

– Acho melhor irmos chamar o Prof. Slughorn, para confirmar se o frasco é dele mesmo e se ela morreu de fato.

Os dois rapazes se afastaram e Draco examinou a tia. Não havia dúvidas, ela estava morta. Já não havia nada que ele pudesse fazer ali. Draco pegou um pedaço do frasco com uma luva, para levar ao Lord das Trevas e saiu correndo o mais depressa que pode.

Depois de ter certeza de que a Horcrux estava destruída, Harry recuperou a capacidade de se concentrar em Gina. Embora, depois de muitas horas, ele estivesse exausto e ela devesse estar também. Ele podia sentir que às vezes ela fraquejava um pouco, mas logo se recuperava e estava de novo presente de modo intenso em sua mente, ajudando-o a ter belas recordações.

Agora, já estava chegando a hora de voltar. A travessia seria facilitada pelo fato de que depois de perceberem que Harry fazia um esforço para manter-se como substância material e que a presença e o carinho deles só dificultavam as coisas, Sirius, Lilian, Tiago e Dumbledore resolveram deixar o rapaz sozinho. Mas Harry não tinha certeza do que devia fazer para retornar, pois tinha se locomovido dentro do mundo dos mortos sem noção da direção tomada.

Harry resolveu se concentrar no Ministério, em voltar para Gina, mas nada disso dava certo. Afinal, quando já estava ficando meio exasperado, Harry concentrou-se em pensar no véu e imediatamente ficou diante dele. Olhou em seu relógio e viu que era exatamente meia-noite. Esperou mais um pouco, só para ter certeza, e atravessou o véu. Ficou meio decepcionado, porém ao ver que à sua espera estavam apenas Luna e Remo. Sentiu-se atordoado e desmaiou.

Remo tentou fazê-lo recobrar os sentidos, mas nem pensou em chamar Gina. A garota, no entanto, sentiu na hora que Harry atravessou o véu. Então conferiu o relógio e saiu correndo para a Sala da Morte que era bem pertinho de onde ela estava.

Assim que ela viu Harry desmaiado, atirou-se sobre ele, abraçou-o e ficou sussurrando em seu ouvido – Harry, meu amor, você já conseguiu chegar até aqui. Não me deixe agora, pois preciso de você. Todos precisamos – Enquanto falava, Gina acariciava o rosto do namorado. Duas lágrimas caíram sobre os lábios dele e ele começou a recuperar os sentidos.

Harry estava muito fraco. Remo já tinha discutido esta possibilidade com Hermione, Rony, Tonks e Kingsley. Tinham decidido por deixar livre uma das lareiras do ministério, para que Harry pudesse acessar Hogwarts pela rede de flu. E foi o que se fez. Harry foi direto para a lareira da ala hospitalar.

Em Hogwarts, Rony e Hermione já estavam esperando em frente á lareira, fosse por notícias, fosse pelo próprio Harry. Assim que ele chegou, acompanhado de Luna e Gina, Madame Pomfrey já tinha algumas poções para ele tomar.

Harry foi medicado e logo colocado na cama para dormir. Afinal, estava há mais de 24 horas sem dormir. Gina, que também tinha passado a noite anterior em claro, acabou ficando também na Ala Hospitalar, recuperando-se de sua exaustão.

Depois de algumas horas, Gina acordou com um beijo em sua face. Abriu os olhos toda dengosa e teve uma surpresa ao ver que não era Harry, mas seu pai que estava à beira da cama.

– Oi, pai. O que faz aqui?

– Bom dia. Vim ajudar Madame Pomfrey a cuidar de Hagrid, pois ele foi atacado pela mesma cobra que memordeu no Ministério. Eu contei a ela o que os curandeiros do St. Mungus fizeram, já que nenhum deles pode vir, pois o hospital está cheio de vítimas dos Comensais. Parece que Você-Sabe-quem está lançando uma ofensiva.

– E conseguiram alguma coisa?

– Felizmente sim. Hagrid é muito forte, você sabe. E a mordida não foi das piores. Seu irmão e Hermione também acudiram logo. Foi uma sorte estarem lá na hora. Mas e você? O que faz aqui?

– Nada. Só estou descansando, pois passei a noite de sexta para sábado sem dormir.

– Fazendo o que?

– Pai, já vou responder, mas antes preciso saber do Harry. Ele está bem?

– Eu nem sabia que ele estava aqui também. Só conversei com Madame Pomfrey do Hagrid e aí ela me contou que você estava dormindo aí.

– Os dois foram então ver Harry, que dormia plácido.

– Ei, agora que estou reparando. Olha, pai, a cicatriz dele está bem mais tênue. Quase desapareceu.

– É mesmo. O que vocês andaram fazendo?

– Vamos para um lugar mais tranqüilo para conversar. Seria bom se Hermione e Rony estivessem também, pois eles também vão querer saber e eu quero ouvir a história deles. Antes, porém, quero falar com Madame Pomfrey.

A enfermeira garantiu a Gina que Harry estava se recuperando bem e que o perigo maior aparentemente já passara.

Gina voltou para junto da cama dele, cochichou palavras de amor em seu ouvido, beijou-o e foi com o pai para o Salão Principal, pois ainda não tomara seu café da manhã. Lá encontraram Rony e Hermione e foram todos para a Sala Precisa conversar. Contaram ao Sr. Weasley tudo sobre as Horcruxes e como conseguiram destruir a Horcrux que estava dentro de Harry.

– Quando a sua mãe souber disso, vai ter um ataque. Imagine, que coisa mais doida vocês fizeram.

– Pai, não tínhamos alternativa. Não podíamos deixar Voldemort imortal. E depois, se Harry não tentasse, ia acabar sendo morto por ele do mesmo jeito. Falando nisso, Hermione, você sabe a que horas é o encontro deles e como vai ser? Porque temos que dar um jeito na cicatriz de Harry. Ela está super esmaecida, quase que desapareceu por completo.

– Gina, estou super preocupada com isso. Quando, há cinco dias, Voldemort entrou em contato com Harry pela cicatriz e combinou dele ir ao cemitério de Godric's Hollow, eu não me dei conta que desta vez não será como na época do Natal. Harry não tem mais a Horcrux.

– É verdade, estávamos tão preocupados em preparar tudo para ele retornar do mundo dos mortos que nem pensamos direto nos passos seguintes.

– Acho que Harry não devia ir. Voldemort geralmente tira a varinha dele e o deixa paralisado. Quando Voldemort sacar que Harry não tem mais a Horcrux não terá mais motivos para poupá-lo e Harry estará completamente indefeso.

– É, você tem razão, Harry não deve ir.

– Aonde eu não devo ir?

– Harry, oi, não vi você. Como chegou aqui? Pensei que ainda fosse ficar mais na ala hospitalar – Gina perguntou.

– Levantei há pouco e Madame Pomfrey contou-me que você tinha saído com o seu pai. Calculei que iam querer contar tudo a ele e que aqui seria o melhor lugar.

– Desta vez não teve dificuldade em entrar, não?

– Eu sabia para que estavam utilizando a sala, mas vocês não responderam à minha pergunta. Aonde eu não devo ir?

– Encontrar Voldemort. Você não tem mais a Horcrux dentro de sua cabeça. Aliás quase não tem mais cicatriz.

Harry olhou em volta e viu um espelho. Foi até ele e examinou a testa.

– É mesmo! É estranho. É como se não fosse mais eu. Estou ainda mais parecido com meu pai. Mas a gente pode fazer aparecer uma, não? Nem que eu tenha que cortar a testa com uma lâmina.

– O problema não é esse, seu tonto. O problema é que você vai estar indefeso diante de Voldemort e ele vai sacar a ausência da Horcrux, se é que já não percebeu.

– Mas agora só faltam a cobra e ele. Seria uma ótima oportunidade de tentarmos chegar até ele. Se bem que não costuma levar a cobra para os seus encontros comigo.

– Esquece a cobra, bicho. Já a destruí – Rony disse.

– Então não podemos perder a oportunidade de o pegarmos.

– É, Kingsley e Tonks acharam também que deveríamos tentar pegá-lo e que poderíamos equipar você de novo com aquele gravador e o localizador. Mas depois de termos combinado isso ontem, quando você ainda estava atrás do véu, fiquei achando que era temerário demais. A gente demora um tempo até conseguir localizá-lo e mandar um contigente de bruxos para resgatá-lo. Harry, não vá. Diga que ainda não se recuperou, que precisa de mais tempo de repouso – ponderou Hermione.

– Não podemos perder esta oportunidade. E se eu não for, você sabe o que acontece, não? Ele vem atrás de mim com todos os seus Comensais e colocamos toda a escola em perigo.

– Mas ele está mortal e qualquer um dos aurores pode acertá-lo com uma maldição.

– Pode ser, Hermione, mas não saberemos ao certo quando ele virá e não podemos ficar de prontidão o tempo todo. Não, já está decidido. Eu vou hoje com todos os equipamentos necessários e dou um jeito de enrolar até que o pessoal do apoio chegue. E tem uma coisa que talvez me ajude.

– O que?

– Lembra das anotações de minha mãe? O espírito dela mencionou algo quando eu estava do outro lado do véu, que me fez lembrar de um detalhe. Não tenho certeza, teria que rever, mas acho que tinha algo como ela lidou muito com o amor e reforçou o poder deste dentro de seu próprio corpo. Isso deixou uma marca em seu sangue, que possivelmente passou para mim. Ela não poderia lançar a Maldição da Morte e eu provavelmente também não. Não que eu fosse arriscar. Se eu estiver frente a Voldemort com uma varinha, prefiro tentar o Sectumsempra. É menos garantido, mas ao menos tenho certeza de que posso lançá-lo, enquanto nunca fui capaz de lançar uma maldição imperdoável.

Arthur ficou olhando Harry intrigado. Harry nem reparou e continuou suas ponderações.

– Pois bem, quando Voldemort retornou, ele utilisou o meu sangue. Quando contei isso a Dumbledore vi nos olhos dele um brilho, como de triunfo, que logo se desvaneceu, mas quando li as anotações de minha mãe, lembrei disso. Dumbledore devia saber de algo.

– Mas Voldemort já usou seu sangue há mais de dois anos e nove meses. Será que ele ainda não percebeu? – Gina perguntou.

– Ele não tem saído por aí lançando Avadas Kedavras, não é mesmo? Quer dizer, eu o vi lançar duas no ministério que não deram certo, fora a que lançou em mim logo depois de recuperar um corpo.

– Bom, pode ser que isso seja verdade, mesmo assim, você não devia ir – Hermione reiterou.

– Hermione, não vejo muito alternativa. Veja esta bela ruiva aqui. Eu quero passar o resto da minha vida ao lado dela e quero que o resto da minha vida comece logo.

–Devo entender que isso é um noivado, Harry? Realmente gostaria de ser informado quando a minha filha tomar certos passos na vida dela.

– Sim, pai. Pode considerar que estamos noivos. Tivemos que reforçar nossos laços para dar o máximo de garantias a Harry de que ele conseguiria atravessar o véu de volta. Avise mamãe e vocês podem tentar marcar com a diretora um fim de semana para nós irmos jantar n'A Toca e formalizarmos nosso compromisso diante da família, se vocês quiserem.

Na hora marcada, Harry estava no cemitério de Godric's Hollow para ser levado à presença de Voldemort. Belatriz estava morta e foi outro o Comensal que o levou até o Lord das Trevas. Harry achou que havia algo de familiar no Comensal, mas nem teve tempo de especular e já estava diante de Voldemort para o ritual de costume, paralisação do rapaz, exame com Sensor de Segredos e poção para não poder contar a ninguém sobre o ocorrido.

O Comensal da Morte falou logo a Voldemort e Harry reconheceu a voz de Snape. Ele não foi embora, porém.

–E então, Harry, tem algo para me contar?

– Pedi à Ordem para participar da reunião deles de hoje, marcada em virtude dos últimos acontecimentos, os diversos ataques a nascidos trouxas, a tentativa de entrada em Hogwarts, etc. Eles permitiram, mas eu não estava passando nada bem hoje pela manhã, então atrasei-me e não participei muito. Mas Tonks contou-me que tudo o que decidiram foi reforçar as ações dos aurores. Afinal, o novo chefe da Seção de Aurores é um membro da Ordem, aliás um dos chefes da Ordem.

– Sim, eu sei. Quem estava na reunião?

– Kingsley, Tonks, Remo, Gui, Fleur, Estúrgio – e Harry deu todos os nomes de membros da Ordem que sabia que Snape conhecia. – Não foi uma reunião muito demorada, pois outros membros da Ordem estavam já apoiando os Aurores que cuidam do Beco Diagonal e do Gringotes.

– Harry, olhe para mim.

Harry olhou, tentando ao máximo garantir sua oclumência.

– Queria ter certeza de que não está mentindo para mim, mas não consigo alcançar sua mente. O que houve? Como pode ser tão bom em oclumência de uma hora para outra?

Harry engoliu em seco e começou sua estratégia de ganhar tempo. Até que tinha demorado para Voldemort perceber a ausência da Horcrux. Harry calculava que em menos de dois minutos os aurores conseguiriam aparatar naquele local.

– Bem, não sei. Mas como eu disse, estou adoentado hoje.

– E o que tem a sua suposta doença a ver com oclumência?

– Não sei, talvez ela altere o cérebro de modo a não permitir a legilimência, sei lá. O que sei é que eu nunca consegui fazer oclumência direito e o Prof. Snape aqui presente é testemunha disso.

– De fato, Severo mencionou a sua falta de aptidão para a oclumência. Mas nunca soube de doenças que "alterassem o cérebro de modo a não permitir a legilimência". Não inventa, Harry, o que você fez?

– Senhor, sabe que eu sou ruim de oclumência e sempre conseguiu penetrar meu cérebro quando queria. Sabe que, mesmo que quisesse, não conseguiria impedi-lo de ver dentro de minha alma.

– Sei mesmo. E é isso o que me intriga. Como pode estar me barrando tão completamente. Será que a minha Horcrux perdeu contato com você?

– É, talvez seja isso. Talvez a doença tenha criado uma camada protetora em torno à Horcrux.

– Ou talvez tenha conseguido arranjar um jeito de destruí-la. Não adianta, Harry, acabei de conseguir ver dentro de você a felicidade de ter destruído a Horcrux. Você foi um tolo. Se queria mesmo enganar-me, devia ter adiado essa destruição, pois agora vou matá-lo – E Voldemort levantou sua varinha na direção de Harry e lançou o encantamento.

Avada Kedavra!

Harry nem pestanejou, mas antes mesmo que Voldemort acabasse de lançar sua maldição, outra voz disse com espantosa frieza.

Avada Kedavra!

E uma luz verde saiu da varinha de Severo Snape.