Eu continuo a achar que não é boa ideia, Tókio ainda pertence ao reino e tu certamente irias ser descoberta logo, logo.
- Então Tomoyo, diz-me alguma ideia.
- Olha não sei se isto te agrada mas eu tenho uma ideia.
- Nesta altura todas as ideias são rentáveis, diz-me.
- Minha mãe contou-me que certa vez, quando estava a beira de ir para a rua, não tinha dinheiro nem a loja estava mais segura nas mãos dela, ela foi a Rigsh, uma aldeiazinha não muito longe daqui e pediu auxilio com uma feiticeira que vive lá.
- Mas… mas os feiticeiros não são maus, quer dizer eles são temidos pelo povo do Japão e eu pensei que não houvesse nenhum aqui.
- Eu também tinha essa ideia Sakura, mas minha mãe explicou-me que nem todos os feiticeiros ou magos são negros e essa senhora é muito boa, ela ajudou a minha mãe quando estava numa situação muito difícil de ultrapassar, minha mãe tentou até acabar com a sua própria vida mas essa senhora ajudou-a muito e hoje minha mãe é o que é, está bem na vida e eu agradeço-lhe grande parte do que fez.
- Acho que percebi, agora só tenho de falar com a tua mãe para ela me dizer onde fica Rish e eu vou em busca de ajuda, muito obrigada Tomoyo, tenho a sensação que vejo uma luz no fundo do túnel e tudo graças a ti, como é que te posso agradecer?
- Não tens de fazer nada para me agradecer, eu é que agradeço por seres tão boa amiga, só te peço uma coisa.
- O que é, eu faço qualquer coisa.
- Nunca te esqueças de mim e contínua minha amiga aconteça o que acontecer.
- Isso eu não digo… eu prometo!
- Ai Sakura como eu gosto tanto de ti, também vou ser sempre tua amiga e podes contar comigo para tudo por isso agora é melhor ires para casa faz uma mochila pequena com uma muda de roupa básica, nada muito elegante porque vamos em busca da tua felicidade.
- Mas… Tomoyo disseste vamos?
- Claro, achas que eu te vou deixar ir e enfrentar um lugar desconhecido sozinha? Nem pensar eu não quero perder tão cedo a minha melhor amiga. Ou será que te queres livrar de mim?
- Claro que não boba, eu só achei estranha essa atitude repentina mas, eu adorei a ideia, temos é de fazer tudo em segredo.
- Combinado. – E as duas amigas vão em busca da felicidade quase perdida da princesa real Sakura.
Na manha seguinte, a princesa deu ordem para que não fosse interrompida durante todo o dia, agarrou uma mochila não muito grande e colocou 2 blusinhas para mudar se algo acontecesse e um vestido básico, não estava habituada mas colocou uma calça esporte e uns ténis para a viagem. Quando chegou a casa da Tomoyo, esta estava também pronta, tinha deixado um recado para que se quando a mãe chegasse, não ficasse preocupada com a sua ausência.
- Sabes onde fica essa tal aldeia?
- Sim, ontem falei com a minha mãe, descansa que eu não lhe disse que ia-mos lá nem lhe falei nada da nossa conversa, mas só me fiz de interessada em saber onde ficava e ela explicou-me tudo, só temos de ir até Shau-min e apanhar um dos autocarros que vai directo a Rish, depois temos de procurar uma casa pequenina amarela que fica entre o campo de pomares e uma fábrica de pedra abandonada. Nos meus cálculos não tem nada que enganar.
- Espero que tenhas razão, hoje nomeio-te minha guia particular. – As duas amigas estavam com uma disposição óptima e puseram-se a caminho sempre sorridentes. Não podiam deixar que a princesa fosse vista com aqueles trajes a andar pela rua sem nenhuma protecção mas também ninguém ligava muito para duas jovens a passear.
Ao chegarem no local destinado, ficaram com medo de encarar a casa mais de perto, não por ser algo que transparecesse iniquidade, até era uma casa muito simpática, mas o mero pensamento que tinham de enfrentar uma pessoa diferente e que nunca tinham visto na vida, as deixava muito inseguras.
Sem estarem a espera a porta da casa se abre, deixando uma Sakura mais pálida que cal e uma Tomoyo roxa pelo frio que lhe invadira a espinha.
- Posso estar enganada, mas as meninas estou a algum tempo paradas a porta de minha casa, posso ajudá-las em alguma coisa?
- As jovens entreolharam-se perguntando-se como é que aquela senhora adivinhara que elas queriam algo?
- Desculpe minha senhora se fomos indelicadas em ficar na porta sem reacção mas precisava-mos da sua ajuda. – Sakura nem se apercebeu de como arranjara coragem para dizer tais palavras mas depois de ver a senhora parecia-lhe que tudo estava bem. Não a imaginava uma jovem com +- 30 anos, alta, o cabelo era vermelho e com uns olhos do mais castanho que Sakura nunca tinha visto e sim uma velha má humorada.
- Eu sei que sim, por favor entrem e podemos falar mais a vontade. O sorriso que aquela senhora lhes dirigiu deu confiança para que Sakura percebesse que estava a fazer a coisa certa.
- Muito obrigada. - As duas amigas foram entrando e sentiram-se extremamente a vontade. Tomoyo ainda não tinha dito nada e pretendia continuar pois o problema era de sua amiga e deveria ser ela a expô-lo.
- Então sentem-se e digam-se o que as traz aqui, mas primeiro deixem-me apresentar: sou Kaho Mizuki e como sabem sou feiticeira mas nada do que faça é ruim por isso estejam descansadas porque nada de mal irá lhes acontecer. Agora diga-me princesa o que a traz até mim. – kaho reparou no espanto na cara das meninas mas não comentou nada.
- Bem Senhora Mizuki, eu estou com um problema, meu casamento.
- Como assim? Pelo que sei ainda não é casada, como pode ter problemas com seu casamento?
- Esse é o problema, eu tenho de me casar. Daqui a 3 semanas irei escolher meu noivo mas não quero, alem de já estar preparada, eu tenho um sonho, o sonho de me casar com o grande amor da minha vida e isso cada vez está sendo mais difícil, eu ainda não encontrei esse alguém e terei de me casar com um homem que não quero, percebe?
- Percebo-te meu bem mas à uma coisa que tens de saber e que até agora ninguém te contou, é como um segredo de família compreendes?
- Desculpe minha senhora mas eu não estou a perceber onde quer chegar.
- Acho que chegou a hora de te dar umas explicações que até agora ninguém te deu. Á 4 séculos a traz uma feiticeira, não como eu e sim uma feiticeira negra, lançou um feitiço sobre um soldado do reino do teu pai, é lógico que nessa altura não era o rei Fugitaka que governava mas sim um dos seus antepassados, só que o feitiço deu mal e nada aconteceu ao soldado, não se dando por vencida, a feiticeira voltou a tentar mas desta vez de uma forma mais infalível. Ela fez uma profecia sobre a tua família mas como sabia que se fosse uma profecia para próximo da data, ela não iria funcionar correctamente, então deu como iniciada a contagem para 400 anos e a/o descendente do reino que governar nessa altura terá uma infelicidade incomparável com algo existente.
- Isso quer dizer que minha amiga será infeliz? Mas infeliz como assim?
- Deixará de sentir o amor que os outros têm para com ela. E não poderá nunca sentir o amor de ser mãe.
-iss-isso quer dizer q-que eu não vou nunca se-ser feliz – Sakura não se conteve e começou a chorar agarrada a Tomoyo que a tentava acalmar mas sem êxito. – Então o-o meu sonho nu-nunca se realizará? Eu sempre quis saber o que é o amor verdadeiro e agora sei que nunca vou saber o que isso é?
- Não tem como nos ajudar, senhora Mizuki?
- Receio que não possa fazer muito pela princesa, jovem Tomoyo.
- Como sabe o meu nome se eu não lho disse?
- É muito parecida e determinada como a sua mãe, e isso é algo que a caracteriza fortemente. Deve saber que a conheci, não é verdade?
- Sim, é verdade que sei, e gostaria de lhe agradecer o que fez por ela.
- Não me agradeça a mim e sim a sua mãe, ela é que teve mais que tudo força de vontade para se ajudar e conseguiu, e sei que hoje é uma mulher fantástica, como sei que a Srta também o será.
- Mas e Sakura, como é que a podemos ajudar?
- Desde a muito tempo que venho tentado ajudar quem precisa seguindo os passos de minha mãe, avó e por aí, e se há algo pelo que me interesso é a profecia lançada a família real que tal como os poderes foi-me também passada.
- Como assim?
- As mulheres da minha família sempre tiveram a intenção de estudar magia e provar ao mundo que isso pode ajudar muitas pessoas, alem do mundo estar contra nós, nunca desistimos e esta foi a herança que eu recebi delas. Embora fosse contra os costumes, a família real sempre teve um receio por essa profecia se concretizar e recorreu a membros da minha o que fez passar a profecia também pelas minhas mãos.
- Quer dizer que nos vai ajudar?
- Infelizmente eu já fiz o que pude e tirei algumas conclusões que não são muito más mas também não são animadoras.
- E pode-nos dizer o que sabe? Por favor, tudo o que for possível saber para que nada aconteça é bem-vindo.
- Eu sei que sim e sabia que mais cedo ou mais tarde a jovem princesa havia de me procurar por isso estudei muito e descobri que à algo que pode ser feito para que a profecia não se concretize.
- E o que é? Repetiram Sakura e Tomoyo ao mesmo tempo.
- Infelizmente o que é eu não sei "ainda" mas continuarei a procurar até saber, agora sei que a solução se encontra na China.
- Na China? – Repetiram novamente as duas ao mesmo tempo.
- Sim, ainda não consegui relacionar a China com nada que tenha acontecido anteriormente, para que possa ser a solução da profecia mas hei-de ajudar-vos até ao fim, prometo.
- O nosso reino nem é de grandes alianças com a China, nunca nos demos muito bem, seja lá o que for, eu hei-de ir a traz da minha felicidade.
- Mas Sakura, não podes ir assim sem mais nem menos para fora do país!
- Eu tenho de ir Tomoyo, é o meu futuro que está em jogo, se não fizer algo agora, amanha pode ser tarde demais.
- A princesa tem razão, não que eu esteja a influenciar em algo mas quando for tarde de mais não se pode voltar a traz.
- Por favor senhora Mizuki, trate-me apenas por Sakura, afinal sou uma pessoa como outra qualquer, não quero que me trate de forma diferente por ser princesa.
- Tudo bem menina Sakura.
- Acho que já nos ajudou muito, obrigado por tudo o que fez, não só por mim mas também por toda a minha família.
- Nada querida, é o meu dever ajudar gente de bom coração.
