Capítulo 7: O Baile
- Mamãe, apresse-se. Nós vamos nos atrasar.
Já era a terceira vez que Draco chamava pela mãe do pé da escada.
- Acalme-se meu filho. Vá se acostumando também. Mulheres sempre demoram pra se arrumar, principalmente se o filho delas vai noivar.
- Não precisa ficar me lembrando disso toda hora, papai. Já estou nervoso o bastante. Estou sufocado, a ponto de explodir.
Pouco longe dali, o baile já estava começando. A maioria dos convidados já havia chegado, e sem mais paciência pra esperar os atrasados, o rei Arthur decidiu apresentar logo sua filha.
- Quero apresentar a vocês minha pequena Virgínia, aniversariante.
Ninguém ali sabia que nessa noite também seria o noivado de Virgínia. Achavam que só seriam apresentados os pretendentes como de costume.
Virgínia surgiu no alto da escada, estava deslumbrante com seu vestido azul escuro e sua máscara prateada. Todos bateram palmas, e como de costume, seu pai guiou-lhe até o centro do salão para dançar a valsa.
Todos já estavam dançando no meio do salão dançando, inclusive Virgínia, que dançava com um jovem que devia ser pouco mais velho que ela com uma máscara azul, quando Draco adentrou no salão com seus pais. Narcisa estava radiante em seu vestido verde garrafa, e draco trajava vestes azuis claras, que realçavam seus olhos e contrastava com sua máscara dourada.
Draco sentou em uma mesa e observou a pista. A ruiva lhe chamou atenção. Ele decidiu falar com ela, nem procurou sabem quem era sua futura noiva que já havia sido apresentada antes dele chegar.
- Com licença, será que me dá a honra dessa dança?
Virgínia assentiu com a cabeça, deixando o rapaz que dançava um pouco contrariado.
- Como é o nome da senhorita?
- Virgínia.
- Não é possível! És tu mesma, Virgínia? – Draco não se continha de alegria. Depois de anos à procura, havia achado sua Virgínia.
- Sim, me chamo Virgínia. Conheces-me de onde para perguntar se sou eu mesma? – Virgínia estava angustiada com aquele baile. Sempre gostou de bailes, mas só de lembrar que sairia dali noiva, seu estômago já revirava. Se não estivesse nesse estado, teria reparado naqueles olhos azuis que ela tanto tinha sonhado, já que seria difícil reconhecer sua voz que estava tão mudada.
- Lembras de tua infância?
- Claro que me lembro. Como poderia esquecer a melhor época da minha vida? A época em que era livre? – Virgínia estava sendo seca com ele.
- Será que podemos conversar melhor, lá nos jardins?
- Claro, vamos.
Virgínia adorou a idéia de sair dali. E principalmente a idéia de visitar os jardins, os quais ela estava morta de saudades. Draco queria conversar com calma com ela, afinal, ele não sabia se ela lembrava dele, ou melhor, se ela sentia todo aquele amor inexplicável que ela tinha por ele.
Sentaram-se em um banco perto de umas roseiras. Virgínia ficou de frente para Draco, e então olhou fundo nos olhos dele. Seu coração foi até a garganta. A lembrança do dia da aldeia voltou a habitar-lhe a mente. Ela ficou estática.
- Vo... Você se... Se chama... Ri... Richard? – Virgínia mal conseguia falar, devido ao nó que se formava em sua garganta.
- Não. Chamo-me Draco...
Os olhos dela encheram-se de lágrimas. Por um momento ela achou que era ele que estava ali em sua frente. Ela desviou o olhar. Ela ficou confusa, pois tinha certeza que eram os mesmos olhos.
- Mas quando fugia vestido de plebeu eu costumava usar o codinome Richard para não revelar minha verdadeira identidade. – Completou Draco.
Ela virou para ele. Retirou a máscara e ele fez o mesmo. Ficaram algum tempo se olhando, até que ele tomou a iniciativa e foi se aproximando devagar dela. Estava tão próximo que se as sardas dela tivessem vida já teriam pulado pro rosto dele.
Quando o lábio dele roçou no dela, ela se afastou. Estava chorando muito.
- O que houve Virgínia? – Draco estava triste. Tinha certeza que tinha visto que ela sentia o mesmo que ele quando ela lhe olhou fixamente. Ele sabia que aqueles olhos de cor chocolate não lhe enganariam.
- Eu não quero criar falsas esperanças.
- Como assim?
- Esquece. É assunto meu e do meu pai. Na hora certa você vai saber.
Ela saiu, andando a passos largos para o lugar que ela tinha mais saudades, o moinho abandonado.
Draco ficou confuso, parado por um tempo, tentando entender o que ela tinha dito. Então resolveu segui-la.
Ela entrou e se sentou na pequena sacada que existia no último andar do moinho. Ficou fitando o céu enquanto controlava as lágrimas que lhe banhavam o rosto.
- Muito bonita a vista daqui. – Draco sentou-se do lado dela.
- Sempre que eu queria ficar sozinha eu vinha pra este lugar. Ninguém me achava. Era meu lugar secreto. – Explicou-lhe, sem tirar os olhos do céu.
- Agora não é mais tão secreto, eu sei que ele existe.
Ela riu fraco. Sempre tinha imaginado o seu reencontro com Richard, ou melhor, Draco. Nunca havia imaginado que seria desse jeito.
Ela olhou pra ele, e ele fitou todos os detalhes de seu rosto, querendo gravá-los em sua mente. Agora sabia que nenhuma mulher que casasse faria com que ele esquecesse dela. Ela era especial, era feita pra ele. E ela seria dele, nem que para isso tivesse que fugir com ela.
Envolvidos por uma brisa leve, debaixo daquele céu estrelado, apenas com o silêncio como testemunha, eles foram se aproximando. Sabiam que aquilo era a coisa mais certa que fariam, já que se amavam inexplicavelmente e era também a coisa mais errada, pois eram comprometidos. Mais fosse certo ou errado, o que importava era que o destino deles já havia sido traçado. Eles tinham que ficar juntos. Eram feitos um para o outro.
Ele roçou de leve os lábios sobre o dela, até selar aquele beijo de vez. Aos poucos ela abriu a boca e ele introduziu a língua. Ficaram nesse beijo envolvente durante um longo tempo, tempo necessário para perderem totalmente o fôlego e esquecerem quem eram o que estavam fazendo ali ou o que aconteceria depois.
Ficaram mais um tempo lá, conversando amenidades, se beijando de vez em quando, e cada vez mais com a certeza de que eram apaixonados.
- Acho que já devemos voltar. – Depois de um tempo abraçados em silêncio, Virgínia percebeu que teria que encarar a realidade.
- Não. Vamos ficar mais um pouquinho? – falou Draco com uma voz manhosa e uma carinha de criança que pede um doce.
- Não dá. Eu tenho que acabar com minhas ilusões. Já sofri demais durante esses cinco anos. Agora que todos os meus sonhos se realizaram, eles vão acabar bruscamente. E o pior é que eu não posso fazer nada para impedir meu destino de acontecer.
- Por que você está falando tudo isso?
- Vamos voltar para o baile e você entenderá tudo. Só peço que não esqueça desse momento que tivemos hoje, porque eu sei que eu não conseguirei esquecer.
- Eu nunca te esqueci Virgínia, e agora que consegui esse momento... Eu jamais esquecerei... Eu te amo Virgínia.
- Eu também te amo, Draco.
Virgínia já estava chorando novamente, lembrando do futuro que lhe esperava.
- Eu sei que nunca vou te esquecer, mas era o mais certo pra eu fazer.
- Por favor, Virgínia, não esqueças de mim... Você nasceu pra ser minha, e enquanto eu não conseguir ter você ao meu lado, eu não vou desistir.
- É tarde demais. Meu futuro já foi traçado pelo meu pai. Vamos voltar ao baile, quero acabar logo com essa tortura.
- Isso que estamos tendo agora é tortura pra você? Não era o que parecia... – Falou um Draco indignado.
- Claro que não é tortura, afinal, eu amo você. A tortura que estou vivendo agora são meus pensamentos e meus sentimentos se misturando. Você não tem idéia do caos que está dentro de mim.
- Desculpe-me. Bom, já que você quer, vamos voltar.
Se eles soubessem que o destino conspirava em favor deles, eles não estariam tristes e sofrendo do jeito que estavam.
Draco deu o que eles julgavam ser o último abraço, e em seguida o último beijo.
Virgínia acabou de secar as lágrimas e repôs a máscara. Draco fez o mesmo.
Seguiram em silêncio pelo jardim e, ao entrar no salão se olharam, e transmitiram com o olhar todo o amor que sentiam um pelo outro.
Ele foi sentar-se junto com seus pais, xingando até a última geração por saber que logo teria seu noivado anunciado. Nem lembrava mais disso enquanto esteve com Virgínia, com sua Virgínia.
Ela sentou-se perto de seu pai, que conversava animado com uma outra mulher até perceber sua presença.
- O que houve Virgínia? Sumiste e agora me apareces com este semblante triste...
- Estive nos jardins, pensando em minha vida. E estou triste porque sei que hoje o senhor acaba de vez com minha vida. Aliás, acabe logo com esse tormento. Anuncie logo esse noivado.
- Tudo bem... Mais saiba que tudo o que eu faço é pensando em você, no seu bem.
- Se quisesse me ver bem, não tomaria decisões sobre minha vida sem meu consentimento. Como eu posso ser feliz com algo que eu não aprovo?
- Não julgues assim querida. Um dia, você vai entender que tudo o que eu fiz foi tentando manter você bem.
- Manter sua fortuna bem, não? Acabe de uma vez com isso. Anuncie logo esse noivado. – Ela estava seca e não conseguia olhar fundo nos olhos de seu pai. Ele ainda tentou falar algo, mais desistiu.
Arthur pegou uma colher e sua taça que estivera com vinho durante o jantar que nem Draco nem Virgínia haviam participado.
Bateu com a colher na taça. A orquestra parou de tocar e todos desviaram a atenção para o rei.
Ele olhou mais uma vez para Virgínia antes de começar a falar...
N/A: O maior capítulo da fic, e o mais importante também. Espero que tenham gostado da primeira parte... Vou torturar vocês mais um pouquinho...
Deixei o anúncio do noivado para o próximo capítulo, já que na consegui as dez reviews... (
Espero que tenham gostado da primeira parte do baile.
Beijos pra todos que comentaram, e as respostas das reviews vem no próximo capítulo, a conclusão do baile.
Beijos
Tati Black
