6 – A Ansiedade de Gina

Após voltar à Toca, Rony foi até o quarto da irmã. Queria contar para ela quem ele havia encontrado no Beco. Encontrou Gina na cama, com a carta de Hermione novamente nas mãos.

- Ah, chegou a resposta dela, né?

- É, mas ela não disse exatamente quando vem, apenas que achava que iria aceitar o meu convite.

- Ela virá amanhã. – afirmou ele enquanto deitava ao lado da irmã, na cama, e cruzava os braços sob a cabeça.

- Como você sabe, maninho? E que cara feliz é essa? Vou agradecer ao Fred e ao Jorge. Realmente eles fizeram milagres e conseguiram animá-lo muito bem.

- Não me fale o nome do Fred agora, tenho vontade de matá-lo.

- Por que Ron? O que houve?

- Encontrei Mione no Beco Diagonal.

- O quê?

E Rony narrou, por alto, o que houve no Beco e na sorveteria.

- Você iria beijá-la mesmo? – Gina quis saber, boquiaberta.

- Se o idiota do seu irmão não aparecesse, eu iria.

- Ele é seu irmão também, Ron. – disse Gina, rindo.

- Eu sei, eu sei. Aquela praga! – disse, ainda com raiva

Gina continuava a rir. Depois perguntou:

- Você acha que ela percebeu?

- Bem, ela não demonstrou nada e não tocou mais no assunto. Mas como eu também não mencionei mais nada...

- Ron, a Mione é a garota mais inteligente e esperta que eu já conheci. Se aconteceu como você disse, eu duvido muito que ela não tenha percebido.

Rony ficou pensativo um momento e depois exclamou:

- Então ela queria também, Gina! Quer dizer, em nenhum momento ela desviou o rosto. Muito pelo contrário, ela nem piscava enquanto olhava para mim. – e sorriu satisfeito.

- Aí, meu irmão! Começou bem! Continua assim que vai dar certo! – incentivou ela.

Rony se levantou da cama, deixando ela lá. Gina ficou pensando em como o irmão havia melhorado seu humor só de encontrar Hermione. Estava feliz por ele, mas ao mesmo tempo lhe bateu uma tristeza. Passara a tarde tão bem e agora isso. Pensou em como ficaria feliz em ver Harry também, e se ele só "insinuasse" um beijo, já seria o suficiente para ela ser a pessoa mais feliz do mundo.

- Ron! – gritou para ele antes que ele saísse do quarto.

Ele se virou.

- Esqueci de dizer: ela perguntou por você na carta. – e sorriu para ele, vendo sua expressão.

Harry novamente voltou à sua cabeça, mas dessa vez ela sorriu. Pensou por um momento e tomou uma decisão. Levantou-se rapidamente a procura da coruja do irmão. Errol seria muito lenta agora e ela não queria perder mais um minuto.

Hermione chegou em casa saltitante. O lugar no seu rosto onde Rony a beijara parecia que ainda estava quente e úmido. Pelo menos assim ela sonhava. Sua mãe a recebeu:

- Nossa, que carinha feliz é essa?

- Hein? – Disse meio avoada.

- Está tudo bem filha? Não está enfeitiçada nem nada?

- Ah, mãe, está tudo ótimo, não se preocupe.

- Cadê a roupa? Não comprou?

- A loja fechou. A dona resolveu reabri-la em Paris.

- E por que você demorou tanto?

- Ah, encontrei uns amigos de Hogwarts por lá e fomos à sorveteria, por isso passei um pouco da hora. – Não sabia porque mentia, mas não estava a fim de responder muitas perguntas agora. – Vou subir, mãe. Vou arrumar as coisas para ir para a Toca amanhã.

- "A Toca", mas que nome esquisito!

Hermione sorriu e foi para o quarto. Aliás, ela não conseguia parar de sorrir desde que saíra do Beco. Foi colocando algumas roupas na mala e abriu o armário para pegar o vestido que havia comprado há um ano. Colocou à sua frente e mirou o espelho. "Tomara que ele goste!" Pensou ela.

Harry não foi imediatamente para casa. Estava tão feliz que desistiu de voltar logo e ficou circulando pelos arredores por mais um tempo. "Tonks e Moody devem estar loucos da vida comigo." Riu consigo mesmo. Quando chegou em casa, Harry se deparou com a cara feia dos tios o mirando. Estava tão acostumado, que nem deu bola e se dirigiu às escadas para subir para o quarto.

- Ei, moleque! Volta aqui agora mesmo!

Harry estacou e resolveu voltar. Nada o aborreceria hoje.

- O que houve? – perguntou ao tio.

- O que houve? O que houve, moleque, é aquilo ali emporcalhando o tapete e toda a limpeza que sua tia fez hoje.

Pelo canto do olho viu sua Tia Petúnia o fuzilando com os olhos. Então acompanhou o dedo do tio, para onde ele apontou. Em um canto da sala estava Pichí, a coruja de Rony, arregalando os olhos para ele. Harry chegou mais perto e soltou de sua pata o que parecia ser um pequeno lenço. Não havia mais nada, só o lenço. Ele desenrolou-o e sentiu um aroma floral, já bem conhecido por ele. "Era dela! Só podia ser!" A sua desconfiança virou certeza. No cantinho do lenço, Harry leu a inscrição bordada: G.W. À sua volta, Harry pensava ouvir um burburinho de vozes. Provavelmente os tios berrando ou reclamando com ele, mas ele nem prestava atenção. Seus sentidos estavam todos voltados para o perfume de Gina, que invadia deliciosamente o seu corpo. Não pensou em mais nada. Largou os tios falando sozinhos, subiu as escadas e começou a arrumar a mala para ir para a Toca. Se Hermione podia ir antes, por que ele não? Agora mesmo é que ele não iria ficar dentro daquele quarto.

Gina aguardava a volta da coruja, ansiosa. "Será que ele gostou? O que será que ele está pensando? Droga Pichí, cadê você?" Como a coruja não voltava com a resposta, ela resolveu aguardar na cozinha, enquanto jantava. Chegando lá encontrou toda a família, inclusive Fleur. A casa voltara ao normal. Pela manhã, todos haviam saído, exceto ela e Rony. O pai para o Ministério, Fred e Jorge para a loja, Carlinhos havia levado Gui ao St. Mungus para uma consulta de revisão, a mãe e Fleur nas últimas compras para o casamento. Todos estavam rindo, exceto a mãe e Rony. De pé, Fred fazia uma imitação perfeita do irmão, tentando se aproximar de Hermione.

- Pára com isso Fred – a mãe reclamava com ele – Não vê como está seu irmão?

Pelo que Gina podia ver, Rony estava da cor da bandeira da Grifinória. A veia na sua têmpora pulsava tanto que parecia que ía explodir. Ele já estava levantando a varinha para o irmão, quando Gina chegou por trás e puxou-lhe a varinha das mãos.

- Não entra na pilha dele. Não vê que é isso que ele quer? – sussurrou Gina no ouvido de Rony – Se você não ligar e não responder, ele esquecerá. – e devolveu-lhe a varinha.

Rony guardou-a novamente nas vestes, mirou o irmão com raiva mais uma vez e se concentrou em comer.

- E aí mãe, terminaram de comprar tudo? - Gina perguntou, nitidamente na tentativa de mudar o assunto.

O que acabou dando certo, porque Fred sentou-se para jantar e não falou mais nada. Os outros decidiram parar também com a brincadeira, para Rony não se engasgar com a comida.

- Ah, sim querida. Você precisa ver a tiara que Fleur comprou para colocar nos cabelos. É linda!

- Eh siin Giina. Muiito bonnitah! Gui, amorr, voceh vai amarrr. – Fleur acrescentou, dando um beijo em Gui.

O resto do jantar correu muito bem. Rony conseguiu comer bem, apesar de tudo. No final, ele balbuciou um "muito obrigado" para a irmã, do outro lado da mesa, antes de se levantar e subir para o quarto. Gina ajudou a mãe a tirar a mesa, mas a toda hora olhava para ver se não havia uma coruja chegando.

- O que houve Gina? Você não pára de olhar lá para fora. – A mãe perguntou curiosa.

- Ah, é, bem, eu estou aguardando a Pichí. Mandei um le, é..., uma carta ao Harry.

- Quando ele chega filha?

- Não sei mãe. – disse triste – Do jeito que ele estava em Hogwarts, acho que ele chegará em cima da hora do casamento e vai embora logo que acabar a cerimônia. Talvez nem passe o aniversário dele aqui.

- Será, filha? O seu irmão não sabe de nada?

- Mãe, – disse e chegou mais perto, falando baixo – os pensamentos do Ron, no momento, estão concentrados em uma mocinha muito inteligente, que estuda com ele em Hogwarts. Acho que o Harry não é o tipo dele. – e piscou para a mãe.

- Mas é o seu né, Ginevra Weasley?

- Mãe! – disse corando.

- Ah, você acha que eu não fiquei sabendo que vocês namoraram nos últimos meses em Hogwarts?

- Bem, nós namoramos sim, mas terminamos depois do funeral do Dumbledore.

- Por quê?

Gina olhou pela janela mais uma vez e vendo que não vinha nenhuma coruja, respondeu com lágrimas nos olhos.

- Porque ele é um idiota, mamãe! – e correu para o quarto, trancando a porta.

Ela ficou mais um bom tempo acordada, esperando a maldita coruja, que não vinha. Até que ela não segurou mais o sono e dormiu, com os olhos inchados.