10 – O Perdão

Gina conversava amenidades com Hermione, sem querer tocar no assunto "Harry", quando viu Pichí batendo o bico no vidro da janela.

- O que será que ele quer? Será que o Rony não deu comida para ele? – Gina disse em voz alta.

Hermione já sabia o que era e sorriu para si mesma.

- O que será isso? – perguntou ela, desamarrando a bolsinha da perna da coruja.

- Não sei, abre logo! Vamos ver o que é! – disse Hermione ansiosa.

Gina abriu a bolsinha e viu que era um presente, embrulhado cuidadosamente em um papel dourado, com uma fita vermelha. Devagar ela desatou a fita e levantou o papel. Se deparou com uma caixinha pequena, muito bonita, com um formato de coração. Ao abrir a caixa, Gina ficou surpresa ao ouvir que uma música suave saía de dentro dela.

- É..., é... linda! – conseguir dizer.

Então ela viu que havia um bilhete dentro da caixinha. Ela o apanhou e leu:

"Gina,

Não sabia como pedir-lhe desculpas com palavras, então lhe comprei este presente. Espero que goste. Ele tem a forma de um coração. O mesmo coração que está aqui, batendo no meu peito, arrependido, machucado por ter magoado você e louco de saudades. Amo você mais do que tudo e quero você do me lado, sempre.

Perdão.

Harry"

Gina levantou a cabeça, com lágrimas nos olhos e encarou Hermione, que aguardava ansiosa pela reação dela. Ela apenas entregou o bilhete para Hermione ler e correu para o quarto ao lado. Hermione leu o bilhete de Harry e sorriu. "Não é que meu amigo está ficando bom com as palavras!" Pensou feliz.

No quarto de Rony, Harry andava de um lado para o outro, nervoso.

- Será que ela vai gostar? Droga! Talvez eu devesse ter comprado outra coisa. Não, não, a Tonks me disse que qualquer garota gostaria de ganhar uma daquelas.

- Harry, dá para parar de andar assim! E que droga é essa que você mandou para minha irmã? Você ainda não me disse.

Quando Harry ía abrir a boca para contar a Rony, a porta do quarto se escancarou e Gina estava parada lá.

- Você não bate mais não? – reclamou Rony - E se nós estivéssemos sem...

- Dá o fora, meu irmão! – ela disse sem rodeios.

- O quê? – ele disse confuso.

- Sai, eu quero falar com o Harry!

Ele olhou para Harry que tinha um sorriso na boca.

- Agora vê se pode, eu sou obrigado a sair do meu próprio quarto. – saiu resmungando e fechando a porta.

Gina encarou Harry por uma fração de segundo apenas, antes de correr e abraçá-lo forte. Ficaram um bom tempo só sentindo aquele abraço, até que se afastaram.

- Você me perdoa? – ele disse receoso – Eu estou com um arrependimento monstro aqui – e apontou o peito. – Fica comigo?

- Eu amo você, seu bobo! Claro que eu perdôo. – dizendo isso, ela pressionou os lábios nos dele.

Harry ficou surpreso, mas logo a estava beijando de volta, com uma paixão enorme. Quando se separaram, ela sorriu e ele retribuiu o sorriso. Ela puxou-o e sentaram na cama.

- Por que você me fez passar este dia assim? Poderia ter falado algo antes. Você não sabe como eu me senti.

- Ah, eu sei sim. E meus óculos também. – e eles riram. – É que eu queria fazer uma surpresa e não esperava que você se sentisse tão mal. Depois você ainda me ouviu dizer ao seu irmão que o que você me mandou não era nada demais. Aí eu me senti horrível. Desculpe-me. É que eu não queria que ele ficasse me perguntando.

- Então você gostou?

- Disso aqui? – e ele puxou o lenço de seu bolso.

- Estava com você esse tempo todo?

- Está brincando? É meu talismã agora. Eu não me separei dele nem um minuto depois que a Pichí chegou lá em casa. Bem..., talvez na hora do banho. – ele brincou.

- Eu queria fazer você se lembrar de mim. Queria mandar algo a você que provasse que eu ainda existia, se você ainda quisesse. Aí, bem, eu espirrei um pouco do meu perfume no lenço e mandei.

Ele segurou seu rosto entre as mãos e disse com carinho:

- Lembre-se de uma coisa: Você jamais precisará fazer com que eu me lembre de você ou de que você existe. E sabe por quê? Porque desde aquele dia, no Salão Comunal da Grifinória, quando todos comemoravam a nossa vitória no Quadribol, aquele mesmo dia em que eu esqueci que todo mundo estava em volta e beijei você. Desde aquele dia, Gina, você nunca mais saiu da minha cabeça. E melhor, nunca mais saiu daqui. – e levou a mão dela até seu peito. – Entende agora? Eu te amo Ginevra Weasley! – e a beijou novamente.

Do lado de fora do quarto, Rony tentava ouvir o que se passava lá dentro.

- Ronald Weasley! O que você pensa que está fazendo? – era Hermione quem chegava perto, falando baixo.

- Shhhh. O que você acha que eu estou fazendo?

- Ah Ron, francamente..., agora chega para lá e deixa eu ouvir também.

Eles riram baixinho e encostaram o ouvido na porta.

- O que eles estão falando?

- Não deu para ouvir direito, mas acho que Harry pediu desculpas a ela. Sei lá, eles falam, depois ficam mudos. Falam de novo e depois ficam mudos de novo. O que será que está havendo?

- Acho que nesse período de silêncio, eles devem estar se beijando – ela sussurrou, com o ouvido ainda na porta.

Rony se afastou um pouco e perguntou curioso:

- Como você sabe?

- Ron, você continua com a sensibilidade...

- De uma colher de chá? Já sei, você já me disse isso uma vez. – disse emburrado.

- Ok, ok, desculpa. – disse virando para ele. – É que está na cara o que está se passando lá dentro. Seus tempos com a Lilá não ensinaram nada a você?

- Droga! Vou para o meu quarto!

Se virou e saiu andando. Depois lembrou que o quarto dele era ali mesmo, atrás daquela porta. Quando voltou, deu de cara com Hermione, que ria baixinho dele.

- Ron, só você mesmo para me fazer rir desse jeito e a essa hora.

- Puxa, você precisa rir desse jeito mais vezes?

- É? Por quê?

- Porque você fica ainda mais bonita. – ele disse com sinceridade.

Ali na penumbra, nenhum dos dois consegui ver que o outro estava muito vermelho. Eles apenas se encaravam. Rony sentiu uma vontade imensa de beijá-la e assim ele chegou mais perto e tirou uma mecha de cabelo dela que caía na sua testa. "Me beija, por favor." Ela pediu em pensamento. Quando ele ía se abaixar em direção a ela, a porta do quarto se abriu de repente. Gina e Harry olhavam surpresos para eles.

- Nós..., ah..., nós..., eu estava indo ao banheiro, quando encontrei o Ronald perambulando pelo corredor, né, Ron?

- Isso! Estava esperando acabar aí a "conversa" de vocês. Você "conversou" direito com a minha irmã, Potter?

- Muito bem, Uon Uon! – disse Gina rindo, puxando Hermione de volta para o quarto dela.

- Droga, não quero esse apelido de novo! Que saco! De novo! De novo! – bufou ele entrando no quarto.

- Calma Ron! O que houve? Isso não é só porque a Gina chamou você de Uon, Uon, é?

- É.., bem..., não!

- E o que é, então? Você e Hermione estavam muito estranhos ali na porta.

- Ah, deixa para lá – e deitou-se para dormir.

Harry não insistiu. Na verdade ele queria ficar quieto, ali, só saboreando a lembrança da boca de Gina junto à sua. Com esse pensamento e com o lenço dela ao seu lado, ele adormeceu.

- Conta tudo, conta tudo! Quero os detalhes! – Hermione pedia à amiga.

Gina contou tudo a ela e Hermione disse:

- Puxa, Gi, eu estou tão feliz por vocês. – e deu um sorriso a ela.

- Agora é a sua vez! – Gina disse de supetão.

- Minha vez de quê?

- De me contar o que você e meu irmão estavam fazendo, quando gente abriu a porta.

- Ah, eu já disse, eu estava indo ao...

- Banheiro? Ah, e você acha que eu engulo essa.

Hermione estava encabulada.

- Ok, nós estávamos tentando ouvir o que vocês falavam lá dentro.

- Só isso? – perguntou desconfiada.

- O que mais poderia ser?

- Mione, eu conto tudo para você? Por que você não se abre para mim?

Ela olhou do chão para Gina e acabou falando:

- Bem, eu acho que o Ron ía me beijar, quando vocês abriram a porta.

- Ai! De novo! O Ron vai me matar! – e tapou a boca com as mãos.

- Como assim, de novo? Ele contou da sorveteria?

- É, ele contou. Então você percebeu que ele ía beijá-la lá?

- Bem, foi o que me pareceu. Ele confirmou isso para você?

Gina assentiu com a cabeça, levando um sorriso à boca de Hermione.

- Já é a segunda vez que alguém interrompe a gente. – disse amuada.

- Você gosta dele não é?

- Bem, o Harry disse que isso está praticamente escrito na minha testa.

- E está mesmo! Escrito na testa dos dois!

- Você acha realmente que ele gosta de mim?

- Mione, ele já tentou beijar você duas vezes!

- É...

- O problema dele é coragem, entendeu? Acho até que ele está bem corajoso! 2 tentativas em 2 dias! Vocês vão conviver por 3 semanas seguidas. Vai surgir outra chance.

Hermione foi dormir com as palavras de Gina na cabeça: "Vai surgir outra chance." "Tomara que ela não demore muito." Pensou.