"Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete...cinqüenta e cinco, cinqüenta e seis, cinqüenta e sete...oitenta e nove, noventa.." Assim ia contando Marlene enquanto subia degrau por degrau das incontáveis escadas de Hogwarts em direção ao salão comunal da Grifinória. Estava contando os degraus que subia? Também, mas também estava contando como um meio para se acalmar e evitar um atrito com Sirius que passava os últimos noventa degraus rindo bobamente. Do que exatamente ele ria, Marlene não sabia e sentia que, caso acabasse descobrindo, não haveria força no mundo que tirariam suas mãos da garganta dele.
"Cento e dez, cento e onze, cento e doze... Droga, Marlene! Você é mesmo uma idiota! Cento e dezoito, cento e dezenove, cento e vinte. A culpa disso é sua! É, vamos colocar sua mão mais perto da do Sirius, vamos. Não tem nada de mais nisso! Cento e vinte e cinco, cento e vinte e...Droga, agora perdi a conta! Sua estúpida!"
Enquanto Marlene se repreendia mentalmente, Sirius continuava rindo e, vez ou outra, olhando de soslaio para Marlene. Nem ele mesmo sabia porque estava rindo, mas o que ele sabia é que isso deixava Marlene extremamente irritada e deixar-la irritada era uma das coisas que ele mais gostava de fazer. Afinal era muito engraçado observa-la se segurando para não falar nada, mas, no fim, sempre dar uma de Lílian e discutir com ele, assim como a amiga ruiva dela fazia com James. Sim, era estranho, mas Sirius gostava de irritar Marlene e isso era fato.
Finalmente, após saírem de uma passagem secreta, Sirius parar de rir e Marlene parar a conta em cinqüenta e nove(ela teve que recomeçar aconta do zero), o quadro da mulher gorda ficou visível. Os dois se olharam, depois olharam as algemas que se mantinham bem presas em seus pulsos e destas novamente para a face um do outro. Talvez ambos estivessem pensando a mesma coisa, pois os dois aproximaram mais os corpos e esconderam as mãos no bolso de suas próprias capas e, assim, disseram a senha ao quadro. Quando este girou nas dobradiças, admitindo-os, o salão comunal da Grifinória inteiro virou-se para olhar o "casal" que acabara de entrar e rapidamente corriam para se juntar a um grupinho que conversavam animadamente perto da lareira: dois garotos e uma garota. Estes, quando viram os dois se aproximarem, os olharam com uma mescla de incompreensão e surpresa. Talvez por verem os dois chegarem ao mesmo tempo, ou talvez por verem um tão próximo do outro, ou talvez por verem os dois chegarem ao mesmo tempo tão próximos um do outro sem nenhuma tipo de ofensa ou sarcasmo partindo de nenhum deles.
Os dois se sentaram num sofá próximo o grupinho que ainda os olhava com uma ou duas sobrancelhas erguidas. Nossa, pensou Marlene olhando para a garota ruiva que a olhava com uma expressão do tipo "não acredito". Será que é tão raro assim ver Sirius e eu juntos, sem brigar nem nada? Pensou por mais um momento. Sim, com certeza é extremamente raro, concluiu.
Permaneceram assim, se encarando por alguns segundos até que um dos garotos, moreno, de óculos e cabelos extremamente assanhados quebrou o silencio:
- Sirius e Marlene... Hum, eu não esperava isso. -ele sorriu marotamente para a garota a seu lado, passando um dos braços pelo ombro dela- Você esperava, Lily?
A ruiva que ainda mantinha os olhos verde-vivos nos recém chegados, retribuiu o sorriso dele, mas nada disse. Talvez por ainda estar meio surpresa com a cena ou talvez por ter notado o olhar de "se você entrar na brincadeira do seu namorado, eu te mato" lançado por Marlene.
- Olha só, veado. Poupe-me das gozações, ok? O negocio é sério.-Sirius retirou a mão do bolso da capa e exibiu a eles o seu lado da algema.
Os três arregalaram os olhos ao Marlene também retirar a mão de dentro do bolso das vestes e exibir a outra parte da algema e a corrente ligando a metade dela a de Sirius.
- Agora, vão querer ouvir a história ou você quer brincar mais um pouquinho, James?-realmente contar para tentar se acalmar não ajudava Marlene em nada, afinal depois a raiva vinha dobrada.
James abriu a boca para retrucar, mas recebeu uma cotovelada de Lily e acabou ficando quieto. Os três olharam para Sirius e Marlene esperando a história completa. Sirius começou a falar:
- Bom, na aula de estudo dos trouxas, o professor tava passando uns objetos pela classe e a Lene e eu queríamos ver como essas algemas funcionavam e...
-Pode parar, Black. Que história é essa de "a Lene e eu queríamos ver como eles funcionavam"! Eu não queria ver nada, eu estava prestando atenção na aula!
- Ah, agora vai jogar a culpa toda em cima de mim?- Sirius parecia ofendido.
- Claro que vou, a culpa foi toda sua mesmo!
- Ah, é assim, McKinnon!
- É, é assim mesmo, Black!- Marlene já começava a aumentar o tom de voz.
- Já vão começar...-James sussurrou para Lily num tom de riso e esta revirou os olhos.
- Ótimo, coloque toda a culpa em cima de mim.
- Mas a culpa foi toda sua mesmo!
- CHEGA!-Marlene, Sirius, James, Remus e mais vinte cabeças se viraram para Lily no instante em que ela gritou. Verdade seja dita: o que Lily não tinha de altura, tinha de potencia na voz- Não importa de quem foi a culpa! Agora contem essa história de uma vez!
-Ai, ai... É tão bom ver a Lily gritando com alguém que não seja eu- James suspirou rindo e foi acompanhado por Remus que, até agora, não havia dito palavra alguma.
Lily, que havia levantado, voltou a se sentar ao lado do namorado que começou a afagar-lhe os cabelos e fez sinal para Marlene continuar. A garota lançou um olhar cheio de fúria para Sirius e, em poucas palavras, explicou o que havia acontecido (tomando o cuidado de deixar bem claro que a culpa daquilo era somente de Sirius e ignorando totalmente os olhares dele e suas tentativas de interrompe-la)
Quando terminou, ficou esperando alguma reação dos outros, coisa que não demorou muito a acontecer. James começou a gargalhar como um idiota, Lily não sabia se ria ou não e Remus... bem, Remus foi o que teve a atitude mais madura do grupo:
- Já que não tem como vocês abrirem elas- ele falava com o cenho franzido- eu só posso desejar uma boa sorte para conseguirem ficar tanto tempo juntos sem se matarem.
Ele caiu na gargalhada com James e, juntos, começaram a jogar piadinhas pra cima de Sirius e Marlene. Lily continuava sem falar nada, embora olhasse o namorado com um olhar de total repreensão.
- Muito obrigado, Remus. Agradeço imensamente- Marlene disse sarcasticamente.
- Deixa eles pra lá, Lene -Sirius continha a vontade de rir junto com os amigos e, a todo custo, tentava manter uma expressão séria no rosto ao e dirigir a morena- melhor irmos tomar banho de uma vez e dormir.
- Hey. Como vocês vão fazer isso?- Lily os olhou com curiosidade
- Boa pergunta- Marlene não havia parado pra pensar nisso. Olhou para James que continuava rindo como um idiota, deste pra Remus que tentava persuadir o amigo a parar de gargalhar, de Remus para Sirius que tinha uma expressão provavelmente igual a que Marlene tinha agora e deste de volta para Lily- Tem alguma idéia? Pelo amor de Merlin, diga que tem uma idéia, Lily.
- Pra ser sincera, eu tenho sim. Por que não usam o banheiro dos monitores-chefes?
- O banheiro dos monitores? – Marlene repetiu- Mas nós não sabemos onde fica e nem a senha pra entrar...Espera- olhou para a amiga que exibia um sorrisinho tipicamente maroto nos lábios- vai nos dizer onde fica?
- Bom, como monitora chefe, é meu dever ajudar os alunos e, bem- ela se aproximou de Marlene e disse num tom de voz baixo para que só a morena ouvisse- o Sirius precisa muito de um banho. Acho que caiu um pouco de bile de verme nele durante a aula de poções...
Marlene riu gostosamente do comentário da amiga.
- Bom, então esta certo. Eu vou pegar minhas roupas.-Marlene se levantou e Sirius foi obrigado a fazer o mesmo. Lily, no entanto, foi mais rápida
- Pode deixar que eu pego, Lene. O pessoal vai comentar muito se ver você e o Sirius subindo pro quarto, se é que me entende.- Marlene entendeu na hora o que ela quis dizer. Realmente, não seria nem um pouco legal as pessoas ficarem comentando que Sirius e Marlene subiram juntos para o dormitório feminino. Fez que sim com a cabeça para Lily e esta rumou para a escadaria que dava para o dormitório em que ela dividia com Marlene- Já volto.
Enquanto Lily subia para apanhar uma roupa para Lene, esta era convencida por Sirius a subir ao dormitório masculino para apanhar a roupa dele e, embora Marlene dissesse que não porque não queria que as pessoas pensassem bobagens ao vê-los indo para o dormitório, foi "convencida" devido a uma força maior: Sirius a arrastando pelo braço escada acima.
Voltaram o mais depressa possível (Sirius passou cinco minutos fuçando no malão de James a procura de duas coisas que ele disse a Marlene que iriam os ajudar muito) e encontraram Remus e Petter, que havia acabado de chegar, conversando e Lily e James ocupados demais um com o outro para reparar em qualquer outra coisa.
Desde que Lílian e James começaram a sair, no fim do sexto ano deles, havia certos momentos entre os dois que faziam Remus Peter, Sirius e Marlene ficarem de vela. Bom, Peter sempre conseguia se distrair com algo, especialmente se fosse algo de comer; Remus estava saindo com Dorcas Meadowes, então, na maioria das vezes quando o grupinho estava reunido e Lílian e James resolviam fazer esse tipo de coisa, Marlene e Sirius eram quem acabavam segurando vela.
Sirius limpou a garganta, anunciando a presença dele e de Marlene ali, o que fez Lily se sobressaltar e levantar-se da poltrona, ligeiramente corada e James olhar feio para Sirius por este ter quebrado o clima. Lílian apanhou uma sacola de papel (dessas de shopping XD) e entregou a Marlene dizendo que ali estavam as roupas dela, disse onde ficava o banheiro dos monitores e a senha para se entrar e, antes que Marlene ou Sirius pudessem dizer qualquer coisa, a ruiva já voltava para os braços de James.
Marlene revirou os olhos e, junto com Sirius, desapareceram pelo buraco do retrato.
-Lily -James interrompeu os selinhos na namorada- Por que não deixou a Lene e o Sirius subirem no dormitório das meninas? Ia ser engraçado ver eles rolando escada abaixo quando ela se transformasse num escorregador-ele começou a rir.
-Ora, porque eu não queria ver eles pagando o mesmo mico que você pagou quando tentou subir lá, James –James fechou a cara pra ela, mas isso só a fez dar mais risada ainda
- Sirius, é por aqui!- ela tentava seguir para a direita.
- Não é, Marlene. É por aqui- Sirius apontava o caminho da esquerda.
- A Lily disse: "pegue a direita após passar pelo quadro da noiva que é abandonada no altar". Então é por aqui.-Marlene tentou puxar Sirius pelo caminho que queria, mas ele era bem mais forte que ela.
- Você ta ficando surda por acaso, Marlene? A Lily disse pra virar a esquerda quando chegássemos nesse quadro- ele continuou parado no mesmo lugar como se Marlene não tivesse aplicado força alguma ao puxa-lo.
- Não é, Sirius!
- É sim!
- Não é!
- Impar!
- Par!
- Haha, ganhei.
- Não valeu.
- Valeu sim, Marlene. Agora vamos logo antes que o zelador escute a gente.
Marlene, apesar de extremamente contrariada, seguiu com Sirius pelo corredor da esquerda. Os passos dois dois ecoavam nas paredes frias do castelo e, embora os alunos do sétimo ano tivessem permissão de andar pelos corredores até as dez, os dois estavam apreensivos quanto a serem encontrados naquele corredor.
Após dobrarem a esquerda novamente e descerem mais um lance de escadas, eles encontraram um quadro de um homem com uma incrível bigodeira que pingava um liquido arroxeado, provavelmente vinho; o homem parecia bêbado, mas nem por isso deixou de olha-los com reprovação; Sirius sorriu triunfante:
- Eu não disse que era pela esquerda, Lene?
Marlene revirou os olhos.
- Se vanglorie depois, Sirius. Bom, vamos ver – ela girou o corpo para a direita e observou as portas dispostas pela parede- quinta porta à direita da pintura de Boris, o pasmo... – ela apontou para a primeira porta a partir da estatua e foi contando mentalmente até parar num simples porta de madeira negra, sem maçaneta e muito menos fechadura- É aquela ali- seguiu com Sirius até lá.
- Maravilha. Agora, qual é a senha?
- Ahn... é...
- Você não lembra, Lene?- Sirius ergue uma das sobrancelhas.
- Claro que lembro, espera um minuto-ela fazia força para se lembrar.
- Anda rápido.
- Paciência é uma virtude, sabia?- ela falou irritada enquanto fazia força para se lembrar a senha para entrar no banheiro.
Sirius abriu a boca para replicar, mas a fechou instantaneamente ao ouvir ruídos de passos que iam ficando cada vez mais altos. Tinha alguém vindo na direção deles.
- Agora não é não, Lene. Anda logo- Sirius sussurrou com urgência.
- Espera. É... é... Ai, meu Merlin, qual é a senha?
O barulho dos passos ia se tornando mais alto a cada segundo.
- Lene...
- Espera caramba! –Marlene não se conteve, acabou gritando e Sirius, com desespero, percebeu que, seja lá quem estivesse vindo, havia escutado o tom de voz nada baixo de Marlene e agora apertava o passo mais ainda em direção a eles- Ai, qual é? Sais de banho? Não, não é isso? Água de toalete? Eca, não também não é isso.
- Shhh, Lene.
- Shhh nada. Já disse pra não fazer...
Sirius não esperou ela terminar. Tapou a boca da garota com uma das mãos e a arrastou para dentro de um armário de vassouras que ficava do outro lado da parede. Ao fechar a porta do armário, ainda tapando a boca de Marlene e deixando uma pequena frestinha para espiar, ele ouviu os passos virarem o corredor. Continuava espiando quando sentiu uma dor na mão direita. Contendo-se para não emitir qualquer ruído, ele olhou furioso para Marlene que sorria vitoriosa por ter conseguido tirar a mão dele se sua boca. Sirius fez sinal para que ela se calasse e, pela primeira vez, ela obedeceu, aproximando-se mais dele para espiar também. Por um momento, o perfume da garota entrou pelas narinas de Sirius e ele sentiu uma vontade enorme de continuar ali naquele armário de vassouras com ela.
Ficaram assim por alguns minutos. Lene espiando pela fresta na porta pra ver se o individuo dono dos passos já havia indo embora e Sirius aspirando o perfume dela. Por fim, os passos se tornaram mais distantes de novo e eles puderam sair do armário. Marlene não tardou a começar a falar.
- Não precisava ter tapado minha boca- disse com irritação.
- Claro que precisava. Você não ficava quieta- ele ainda estava meio entorpecido pelo aroma dela- Bom, já lembrou da senha?
- lembrei- ela se aproximou novamente da porta- Aroma floral.
A porta estremeceu e, no instante seguinte, uma bela maçaneta prateada surgiu na madeira negra. Sirius segurou no puxador e abriu a porta. Com a pretensão de ser cavalheiro, fez um gesto para Marlene entrar primeiro e assim que a morena fez, ele olhou para os lados para se certificar de que não havia ninguém ali e adentrou o local, fechando a porta atrás de si.
A primeira impressão que Marlene teve ao colocar os olhos naquele lugar foi a de que com certeza valia a pena ser monitora somente para desfrutar daquilo. O banheiro era enorme, os pisos e azulejos eram de um branco perola lindo e, no centro, havia uma banheira enorme, do tamanho de uma piscina olímpica, meio oval, repleta de torneiras de formas e cores variadas na bordas.
Enquanto Marlene decidira qual daquelas torneiras abriria primeiro, Sirius analisava com cuidado um pedaço de pergaminho amarelado. Marlene não sabia o que era aquilo, mas também não queria saber, queria tomar aquele banho de uma vez e ir dormir pra poder acordar na manhã seguinte e constatar que tudo aquilo não passa de um sonho, ou um pesadelo, depende do ponto de vista.
- Sirius – ela se virou para o garoto que imediatamente guardou o pedaço de pergaminho no bolso das vestes- vamos logo- Marlene o puxou em direção a banheira.
Os dois passaram os últimos dez minutos abrindo e fechando torneiras e, quando finalmente se cansaram, tiveram uma discussão que levou mais dez minutos sobre como fariam para tomar banho.A idéia de Marlene de tirar as roupas só após entrarem na banheira e continuar com as roupas intimas acabou ganhando (só ganhou após ela ameaçar afogar Sirius na banheira caso ele não aceitasse) e assim fizeram.
Ao entrarem na água, Marlene, com um assomo de nervoso, percebeu que a banheira era demasiada funda pra ela de modo que teve que ficar apoiada na borda para manter a cabeça acima da superfície de água; já Sirius... bem, Sirius sabia nadar.
- Pronto, será que agora posso tirar a roupa, Marlene?- ele falava aborrecido.
- Pode, mas não esqueça de...
- Já sei- ele retrucou no mesmo tom de voz irritado de antes.
Os dois ficaram em silencio enquanto iam despindo-se. O único som que era ouvido era o de um tipo de bolha que, quando estourava, fazia um som como o de uma bombinha que as crianças trouxas costumava jogar nas festas juninas. Embora a espuma fosse suficientemente densa para cobrir seu corpo, Marlene não deixava de se sentir constrangida por estar ali, quase nua, numa banheira, com um garoto, ou melhor, quase nua, numa banheira com Sirius Black. Sirius, por outro lado, parecia nem se importar. "De fato", pensou Marlene enquanto olhava de esguelha pra ele",parece que ele faz isso o tempo todo e... Claro, né? Provavelmente ele faz isso o tempo todo com aquelas garotas estúpidas com quem ele sai."
- Ahn... Lene- Sirius disse após um momento, enquanto desabotoava os botões da camisa e tirava um dos braços dela- temos um problema...
- É, eu também percebi isso...- Marlene estava fazendo praticamente os mesmos movimentos que ele.
O problema era simples: não havia como passar as camisas pelos braços por causa das algemas. Marlene disse um palavrão e Sirius começou a rir, afinal nunca havia visto ela dizer palavrões. A garota apoiou uma das mãos na borda da piscina e com um impulso, jogou metade do corpo pra fora, esticando o braço para apanhar sua varinha que estava ali perto. Embora aquilo tudo não tenha levado mais de trinta segundos, Sirius pode reparar muito bem nas curvas da garota que sempre ficavam escondidas sob o uniforme de Hogwarts, principalmente numa pequena mancha, provavelmente de nascença, localizada na cintura dela num tom um pouco mais escuro que a pele.
Quando Marlene voltou para a água, colocou a varinha debaixo da espuma e murmurou um feitiço de corte(Sirius não gostou nem um pouco ao constatar que sua camisa agora estava em retalhos), fazendo o mesmo movimento de se apoiar na borda da banheira e colocar metade do corpo pra fora para recolocar a varinha no lugar (Sirius até esqueceu da camisa dele)
Novamente ficaram em silencio. Marlene detestava, simplesmente detestava ficar em silencio porque sua mente começava a devanear e, aquele momento era totalmente impróprio para um devaneio, afinal, imagine o que a mente de Marlene poderia começar a imaginar ao unir o fato de Sirius e ela estarem juntos com o evento de os dois estarem tomando banho e somar a tudo isso o detalhe de que estavam praticamente nus.
Mantinha-se meio de costas pra ele enquanto e ensaboava e, embora tentasse ao máximo manter sua mente livre daquilo, pensamentos meio (lê-se: muito) impuros surgiam. Já Sirius cantarolava uma música qualquer enquanto se esfregava e, se Marlene fosse legilimens, poderia ver que os seus pensamentos impuros não eram nada comparados aos de Sirius.
- Lene? – disse ele após cinco minutos de puro silencio entre eles.
- Sim?
- Gostei da sua marca de nascença- ele sorria marotamente enquanto uma espuma densa se formava em seus cabelos conforme ele os esfregava com as pontas dos dedos.
- Que marca de nascença, Sirius? – ela devolveu virando-se pra ele.
- Essa que você tem na cintura, essa manchinha.
- Ah não, aquilo não é uma marca de nascença...- ela corou um pouco, imaginando que outras partes de seu corpo Sirius havia visto.
- Ué, é o que então? – ele a olhou um pouco mais interessado e, graças a fricção no couro cabeludo, uma boa parte da espuma caiu em seus olhos, fazendo-os arder na hora, Sirius os esfregar e Marlene rir um pouco.
- Ah, é uma cicatriz. Eu tinha uns seis, sete anos, fui com minha família no zoológico bruxo da Escócia durante o verão e acabei me separando deles e indo até a área dos explosivins. Um deles não gostou muito de mim e lançou uma labareda de fogo com o ... o ... Bem, com a arma deles pra atacar. Não deu tempo de sair de perto, mas a sorte foi que só pegou de raspão, senão essa manchinha seria bem maior e bem mais feia- os dois riram e ela continuou- Mas eu não gosto dela, é esquisita.
- Eu gostei dela. –Sirius disse, sorrindo- Eu também tenho uma cicatriz, mas eu não consigo ver.
- Onde fica? –Marlene? Curiosa? Imagina. (momento sarcasmo)
- Hum...- o sorriso de Sirius se alargou- Na minha perna direita, atrás, um pouco abaixo da...
- Ta bom, ta bom, não precisa especificar mais – Marlene revirou os olhos e Sirius caiu na gargalhada – Mas como você conseguiu ela?
- Nem lembro direito. Diz minha prima Andrômeda que foi um dia em que ela me levou num parque trouxa que ficava a uns cinco minutos da casa do namorado dela. Eu fui no escorregador, mas não reparei que tinha um prego com a ponta pra cima e...- Marlene soltou um "ui" só de imaginar- Mas nem doeu. Eu desde pequeno já era forte.
- Sei, sei... acredito. – Marlene sorriu e voltou a se ensaboar. Sirius olhou novamente pra ela, desta pra toda a extensão da banheira e da banheira de volta pra Marlene.
- Lene?
- Diga.
- Eu quero nadar, vamos? – ele a puxou pelo braço pra longe da borda da banheira, mas ela logo voltou pra onde estava- vamos! Vai dizer que você não sabe...?
Marlene fechou a cara e, a muito custo, fez que sim com a cabeça. Não sabia nadar e simplesmente tinha trauma de piscina, lagos, rios ou qualquer coisa que fosse fundo o suficiente pra ela; resultado de uma vez que caíra no lago perto da casa da avó e só não se afogara graças a um dos primos que a salvou.
Sirius a encarou como se não acreditasse, mas refez suas expressão para um sorriso maroto e, novamente, puxou Marlene pelo braço em direção ao meio da banheira.
- Eu vou te ensinar a nadar – disse ele ignorando os inúmeros esforços da garota para voltar para a borda – Vamos, Lene, eu seguro você.
- Eu não quero, Sirius – ela relutava pra voltar, mas tinha que por na cabeça que a força masculina superava a feminina, especialmente quando o lado masculino sabe nadar e o feminino não.
- Agora já era, Lene. A borda ta longe já. – ele ria enquanto ela constatava que ele estava certo: eles já estavam no centro da banheira e Marlene não iria conseguir voltar pra margem sem correr o risco de engolir uma boa porção de água com espuma. "maldita hora que não aprendi a nadar", pensou ela enfurecida.
- Eu te odeio, sabia, Sirius? – ela o olhou cheia de fúria; ele apenas sorriu.
- Sabia que é feio contar mentiras, Lene?
- E quem disse que eu to mentindo?
- Ta bom, já que é verdade, eu te solto então. – ele soltou a mão que segurava o braço dela e Marlene, ao sentir que ia afundar feito uma pedra, agarrou-se no garoto que começou a rir- Viu só? Eu sei que você me ama.
- Você é um idiota, Black! – ela estava com medo e estava com raiva, uma combinação nada boa.
- Ah, Lene, deixa de ser chata; já disse que te seguro – ele colocou as mãos em volta da cintura dela e Marlene sentiu um arrepio passar por sua espinha e que ela teve quase a certeza de que não tinha nada a ver com a água que começara a esfriar.
Marlene ainda estava com medo, mas, por alguma razão que ela desconhecia, Sirius estava lhe passando uma sensação de segurança que nenhum professor de natação conseguia passar a ela e, talvez, o fato dos corpos dos dois estarem praticamente colados um ao outro e os olhos de ambos estarem focados um no outro também ajudasse muito, tanto na sensação de segurança quanto no ritmo acelerado em que o coração da garota começara a bater.
Quanto tempo os dois ficaram assim, apenas se olhando e sentindo a pele um do outro, não se sabe, mas, se dependesse de Marlene, eles ficariam assim por bem mais tempo e, se dependesse de Sirius, a pouca distancia que havia entre eles seria vencida naquele momento e foi o que ele tomou a decisão de fazer.
Aproximou-se um pouco mais de Marlene e sentiu a respiração da garota falhar e pesar assim como a sua própria. Os dois ainda mantinham o contato visual, azul versus, cinza e Sirius ia se aproximando mais e mais. Marlene cerrou os olhos e, quando os lábios dos dois estavam a ponto de se tocarem, um soluço agudo veio das costas deles e fez Sirius se sobressaltar a soltar Marlene que engoliu uma boa quantidade de água, se engasgando.
Após Marlene recuperar-se de seu ataque de tosse, ela e Sirius viram-se na direção que havia vindo o soluço e se depararam
Com o fantasma de uma garota de cabelo preso em duas Marias-chiquinhas e olhos marejados de lagrimas prateadas emoldurados por grossos óculos. A fantasma aproximou-se flutuando dos dois e disse numa vozinha esganiçada pontuada por soluços sentidos:
- A pobre Murta não pode nem vir no banheiro dos monitores procurando paz e sossego que já encontra esses casais fazendo essas coisas impróprias- de repente sua voz tornou-se um uma risada zombeteira- ah, mas o diretor vai gostar de saber que tem casaizinhos tomando banho, juntos a essa hora da noite, ah vai sim.
- Murta, querida, você não seria capaz de contar a ele, seria? – Sirius se adiantou- E, além do mais, você sabe que eu te amo, não sabe?
A fantasma, caso fosse viva, coraria diante daquilo, ou pelo menos era o que indicava o risinho que dera a Sirius. Marlene associou aquele riso a aquele típico das garotas que corriam atrás de Sirius e se conteve para não cair no riso
- Ok, não vou contar...- ela fez um sinal de displicência e disse numa voz que achava ser provocante, mas lembrou a Marlene o guincho de uma cacatua no cio- Mas saiba que é só por você, Sissi- ela olhou feio na direção de Marlene(que estava agarrada nos ombros de Sirius para não cair de novo) e voltou a olhar o moreno – Mas você não devia ficar se agarrando com qualquer uma, eu sou ciumenta, sabe?
- Ora, Murta, elas são apenas passatempos, você sabe que eu só amo você.
Marlene ouviu aquilo e, embora uma parte de si soubesse que era brincadeira da parte dele e que só estava dizendo aquilo pra Murta não os delatar, não pode deixar de sentir uma raiva imensa daquele moreno a sua frente. Odiou cada paalvra que ele continuou dizendo a murta, odiou os risinhos agudos da fantasma e odiou mais ainda quando ela foi embora e sirius voltou-se pra ela com um sorriso tipicamente dele nos lábios e a envolveu novamente pela cintura.
- Onde estávamos...?
- Indo embora! – a voz da garota saiu autoritária e decidida.
- mas lene...
- Indo embora, Black!
Com uma força descomunal e com uma habilidade pro nado que ela não fazia idéia que tinha, Marlene rumou direto para borda da banheira arrastando um Sirius que não havia entendido nada.
Quando chegou a borda, deu novamente um impulso e, dessa vez, deixou a água. Sirius a olhou ainda se perguntando o que havia feito de errado quando ela se virou irritada pra ele.
- Será que da pra você sair ou ta difícil!
- Ahn... -Sirius olhou para baixo, como se tivesse percebido algo se virou pra Lene- Num vai dar pra eu sair daqui agora não, Lene – havia um tom de riso em seu rosto.
- Posso saber por quê?
- Não iria gostar de saber... – ele ria e isso só a deixou mais irritada.
" Por que, Marlene?" pensava ela" Porque você foi topar a idéia dele, heim, "POR QUÊ!'
N/A: Aleluia, irmãos, a Bia resolveu escrever o terceiro cap!
Bem, quero pedir desculpas pela demora, mas é que a pessoa aqui passou por uma bela fase de fadiga mental e esse cap estava muito difícil de sair, mas, graças a uma pequena grande ajuda de umas pessoinhas e da dona Mylla Evasn e da amiga dela que me encheram o saco o tempo todo pra terminar de uma vez esse cap,. Ele finalmente ficou pronto. o/
Bom, espero que tenham gostado e, eu sei, eu sei, vocês estão imaginando por que o Sirius não podia sair da banheira, acertei? Bem, a resposta disso eu deixarei suas pequenas mentes pervas imaginarem. Muahahaha
Bom, eu queria agradecer muuuito ao povinho que comentou, de verdade.
Espero que tenham gostado desse capitulo e, não, não sei quando posto aqui o quarto, mas prometo que posto.
Beijos, gente.
Até o próximo capitulo. o/
