7 Pecados Mortais
por MissyGoldy
Capítulo n.º1
"Vaidade…"
A vaidade consiste em uma estima exagerada de uma pessoa por si mesma. Para a Igreja Católica é um dos piores sete pecados capitais, sendo o mesmo pecado associado ao orgulho excessivo e à arrogância, e também à soberba. A imagem da vaidade é uma pessoa que estará geralmente em frente a um espelho...
Uma brisa quente e harmoniosa entrava pela janela aberta, fazendo com que as cortinas, de um branco imaculado e suaves como a seda, esvoaçassem ao sabor do deleitoso vento. Essências de flores e de eucaliptos entravam no quarto, possuindo-o por completo, sem se importarem com a pessoa que já se encontrava ali, desacordada.
Sentindo os raios de sol, fortes e vulgares para uma manhã de Verão, incidirem no seu rosto, Sirius abriu os olhos, pouco a pouco, para puder se habituar à luminosidade, que preenchia o compartimento de uma forma estonteante, apagando qualquer indício de uma sombra da noite.
Bocejando e espreguiçando-se, ainda deitado na cama de casal, com lençóis frescos e limpos, de um azul muito claro, apenas vestido com uns boxers pretos, Sirius Black olhou tristemente para o tecto de um branco amarelado, devido à sujidade que este acumulara, ao longo dos tempos.
Sonhara mais uma vez com ela…
A mulher que lhe roubara o coração e que lhe tirara uma parte da alma, levando-os a ambos com ela para sempre…
Para toda a eternidade…
Sonhara com o seu toque suave e macio…
Com os seus lábios doces e tentadores…
Com o seu corpo delineado de curvas perfeitas e delicadas…
Com aqueles cabelos de um negro tenebroso caindo em ondulações confusas e sensuais até ao meio das costas, passando pelos ombros bem definidos e morenos…
Com aqueles olhos angelicais azuis, parecendo duas preciosas safiras com o seu específico brilho natural…
Sirius suspirou e abanou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos que o perseguiam desde a última noite de Verão, do ano passado, como uma sombra que não larga o seu dono.
Levantando-se, rapidamente, da cama, o que fez com que ficasse um pouco zonzo, Sirius fechou os olhos para acalmar a ressaca que começava a surgir, rapidamente, devido aos efeitos das grandes quantidades de álcool que tinha ingerido, na noite anterior.
Inspirou, calmamente, a essência feminina, tormentosamente familiar, que ainda se encontrava embrenhada no seu corpo, como uma doença impossível de ser curada.
Abrindo os olhos mais uma vez, olhou instintivamente à volta.
Três garrafas de vinho encontravam-se colocadas, de forma desordenada, em cima de uma pequena mesa de madeira, todas já vazias, mesmo ao lado da cama, acompanhadas, também, por uma pequena garrafa de cerveja, meia vazia.
Algumas folhas e pergaminhos velhos, rasgados e amachucados, encontravam-se espalhados em cima da secretária, num dos cantos do quarto, identificando-se como as mesmas cartas que Sirius tinha recebido a algumas semanas atrás, dos seus melhores amigos, a tentarem saber o que acontecera com ele.
Um roupeiro, ao lado da secretária, encontrava-se com as portas de madeira escancaradas, demonstrando o seu conteúdo. Roupas penduradas de qualquer forma e sem grande atenção, algumas sujas, outras amachucadas.
E, por fim, uma porta branca, mesmo frente à cama, que indicava a entrada para o banheiro, ao lado de outra, esta castanha clara, que o levaria até ao corredor de saída do motel barato, em que tivera hospedado durante essa noite.
Suspirando mais uma vez, dirigiu-se ao banheiro, levando consigo a garrafa de cerveja, deixando a marca circular do fundo desta na mesa, atolada de pó.
Sirius abriu a portinha de um pequeno armário velho, localizada acima do lavatório, para retirar uma caixa de comprimidos, metade vermelhos e metade brancos, para as suas dores de cabeça.
Metendo-os na boca, sem perder tempo, e ingerindo, logo em seguida, um último trago do resto da cerveja que se encontrava na garrafa, Sirius sentiu esta refrescar-lhe a garganta, ao mesmo tempo que sentia os comprimidos passarem por ela com alguma dificuldade.
Fechando a portinha e sem se olhar ao espelho, Sirius abriu a torneira do lavatório, fazendo o silêncio daquela manhã ser totalmente preenchido pelo zunido e rangido da velha canalização, que era atravessada pela água.
Colocando as mãos em forma de concha debaixo da torneira, Sirius encheu-as de água, para, em seguida, lavar o seu rosto com ela.
Sem se importar em limpar a cara com a toalha fofa, dobrada mesmo ao lado do lavatório, Sirius deixou as gotas escorrerem pela sua cara, pelo seu pescoço e pelo seu corpo bem definido e elegante, até à barra dos boxers, que acabaram por ficar encharcados.
Pousando as mãos molhadas e ainda um pouco suadas, devido ao sonho, uma em cada lado do lavatório, Sirius olhou-se por fim ao espelho.
O rosto ainda jovem estava marcado por olheiras muito profundas, mesmo por baixo dos belos olhos azuis cristalinos. O cabelo negro e sujo, estava despenteado e com nós. A boca, que outrora não emitia nada para além de um sorriso atrevido ou maroto, contorcia-se num esgar de tristeza e raiva.
Sirius afastou o olhar do espelho. Tinha nojo de si próprio. Tinha raiva! Como pudera abandoná-la num momento tão crítico como aquele? Como pudera trocá-la por uma satisfação ao melhor amigo? Como pudera acreditar que ela não o amava…? Como…?
Tantas eram as perguntas, como escassas eram as respostas.
Mas Sirius tinha a certeza de uma coisa, que nunca esqueceria…
- Amo-te…- sussurrou ele, numa voz rouca, deixando uma lágrima fina rasar-lhe os olhos, para logo se confundir com as gotas de água, que ainda lhe escorriam pelo rosto, e perder-se na boca do garoto, enquanto que ele abaixava a cabeça lamentavelmente.
- Desculpe o atraso, senhora… Amh…
- Senhora Kimberly, senhor Black! Kimberly!- disse a idosa, num tom jovial, sorrindo a Sirius, que lhe devolveu o sorriso com alguma dificuldade.
- Sim… Queira-me acompanhar, senhora Kimberly?- perguntou ele, dirigindo a senhora até aos portões monstruosos de uma enorme mansão.
- Claro, claro!- disse ela, após conferir o aspecto de Sirius, com alguma dúvida.
Apesar de não ter conseguido disfarçar as olheiras, Sirius tinha o cabelo negro penteado e lavado, mas, como provava a camisa preta, levemente húmida no colarinho, este não tinha sido seco, antes de sair do motel. As calças de ganga pretas estavam levemente amachucadas na parte inferior e os ténis, um pouco rotos nas partes laterais, necessitavam de ser urgentemente engraxados.
Indiferente ao que pensara a idosa senhora, Sirius pegou num molhe de chaves, procurando uma que coubesse na ranhura do cadeado forte, que prendia os portões, um ao outro.
Kate Kimberly era uma senhora já com os seus muitos 73 anos. Tinha um cabelo muito curto, completamente branco, que se encontrava, nesse momento, oculto por um chapéu cor de beringela. O seu porte, pequeno e franzino, dentro de um fato completo, em tons de roxo, era aparado por uma bengala de madeira de mogno envernizada. O seu rosto, marcado por linhas profundas e longas, tinha sido condecorado com dois olhos de um cinzento acastanhado, em forma de amêndoa.
- Como pode ver, existe muito espaço para os seus netos e bisnetos brincarem à vontade e sem interrupções!- disse ele, deixando a senhora passar pelas portas principais, para se deparar logo com a entrada luxuosa da casa.
Um candelabro pendia do tecto, brilhando cada cristal constituinte deste, quando Sirius acendeu as luzes. Um tapete grandíssimo vermelho sangue preenchia todo o chão da entrada, onde Sirius identificou a pequena mancha de vinho, que ele próprio entornara, num passado, agora longínquo. Havia, pelo menos, umas cinco ou seis portas ali, cada uma direccionando-os para compartimentos diferentes. Uma escadaria, envolvida por hera falsa, subia até ao piso superior, que se dividia, por sua vez, em dois.
- Este é o piso dos quartos! Como poderá constatar, existem doze quartos e seis banheiros, sem contar com os dois escritórios, com o bar e a biblioteca. Nas extremidades de cada um dos dois corredores encontrará uma escada em caracol que liga este piso ao sótão e…
- Não percebo, senhor Black…- interrompeu a idosa, olhando para o jovem, que a olhava confuso.
- Não percebe o quê, senhora Kimberly?- perguntou ele, vendo que teria que repetir a sua explicação mais uma vez.
- Não percebo, senhor Black, a razão pela qual um jovem como o senhor, dono de uma mansão como esta, em tão boas condições e com tantos compartimentos e espaço, não ter outros planos melhores para ela, em vez de vendê-la, simplesmente, a uma pobre idosa como eu, com doze filhos casados e cada um deles já com os seus próprios filhos! – disse a senhora, jovialmente, olhando para ele, e apoiando o seu corpo na bengala.
Sirius sorriu à senhora, mas desta vez sinceramente.
- Demasiadas recordações…- murmurou ele, fracamente, fechando os olhos só para tentar ouvir um simples murmúrio daquela que ele sempre amara.
- Sirius…
A pele de Sirius arrepiou-se levemente ao ouvir aquele murmúrio suave e tentador, roçando-lhe ao de leve a orelha.
- Sirius…
Só poderia estar enlouquecendo.
- Sirius…
Os cabelos da nuca eriçaram, ao sentir um toque suave passar-lhe pelo braço, ao mesmo tempo que uma sensação quente ocupava-se do seu pescoço.
- Recordações?- perguntou a idosa, erguendo uma sobrancelha, mas não deixando de sorrir.
Sirius abriu os olhos, fazendo o toque, a sensação e o murmúrio desaparecerem instantaneamente.
- Sim… Recordações …- disse ele, olhando em volta. – Foi nesta casa que vivi a minha maior aventura de todas… Mas não foi acompanhado com os meus amigos, como seria habitual para certas pessoas…
- Então, com quem foi? – perguntou a senhora, com o nítido interesse na sua vozinha fina.
Sirius sorriu, mais uma vez, olhando para uma das portas mais próximas das escadas, que o levaria até ao quarto que visitara durante várias noites e dias, durante o Verão do ano passado.
- Com a mulher mais perfeita de todo este mundo… Bellatrix Black…
Sirius Black;
Como já deve ser do seu conhecimento, o seu avô faleceu semana passada e de acordo com o testamento que deixou para trás, você é o herdeiro directo da mansão de férias da família Black e da maior parte dos territórios. Como também já deve estar-se a aperceber, terá que pôr os seus ressentimentos inúteis de lado quanto à sua família, e acompanhar-nos até à mansão, onde faremos as últimas partilhas. Seja útil uma vez na vida e venha para cá.
Sem mais;
Leonor Black.
- Não acredito nisto!- resmungou o garoto, amachucando levemente o pergaminho nas suas mãos.
- O quê?- perguntou outro garoto saindo do banheiro, escovando os dentes.
Sirius estendeu a carta ao amigo, que a agarrou para ler, enquanto que se deitava na cama mais uma vez, de onde tinha sido obrigado a levantar-se, para abrir a janela à violenta e idiota coruja da família.
- Vais?- perguntou James, erguendo uma sobrancelha.
Sirius encolheu os ombros, fitando o tecto completamente branco do quarto do amigo.
- Achas que devo ir?- perguntou ele, desviando o seu olhar para o amigo que relia a carta.
James Potter e Sirius Black eram os melhores amigos de todos os tempos. Tinham andado sete anos juntos na Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts, na equipa dos corajosos Gryffindors, e tinham sido conhecidos como os garotos mais gostosos e populares da escola. Infelizmente, esses momentos de glória adolescente, tinha acabado nesse mesmo ano, quando eles completaram o sétimo e último ano da escola.
James Potter era tão charmoso e bonito quanto Sirius, mas, em vez de dois olhos azuis cristalinos, possuía um par de olhos castanhos avelã, atrás dos aros dos óculos, que lhe dava um aspecto intelectual.
- Não sei… Mas acho que devias! Era da maneira que saias finalmente da minha casa!- riu-se James, fazendo Sirius deitar-lhe um olhar repreendedor, mas ao mesmo tempo divertido.
- Mas, e a festa de noivado?- perguntou Sirius, olhando para o amigo que, apenas a menção da palavra "noivado", sorrira bobamente.
- Está descansado! Como é esta noite, poderá fazer as malas amanhã de manhã e partir depois de um bom almoço, não?- perguntou ele, voltando ao banheiro, para enxaguar a boca.
- Bem… Acho que sim!- respondeu ele, guardando a carta que James tinha colocado em cima da cama dentro de um dos bolsos, amachucando-a mais um pouco.
- Sirius! Deixe o seu maldito orgulho de lado!É dessa maneira que se vê que é como a sua família!- resmungou James, de dentro do banheiro.
Sirius suspirou e revirou os olhos, mas afastou os maus pensamentos sorrindo.
Encontrava-se muito contente pelo amigo, que, finalmente, decidira avançar, após dois anos de namoro, e pedir a efusiva Lily Evans em noivado, que fora, durante longos anos, a paixão do maroto.
- Que género de anel achas que lhe devo comprar?- perguntou James, com as mãos nos bolsos das calças, enquanto olhava atentamente para a montra de uma ourivesaria.- Sirius?
James olhou para o amigo, vendo que não obtinha qualquer resposta da parte dele, que, por sua vez, olhava absorto para um anel de ouro branco, muito elegante, com uma pequena safira cravada nele, que parecia estar a olhar para ele.
Ao brilhar intensamente, com o barulho das luzes na loja, Sirius lembrou-se de uma garota que possuía uns olhos de um azul fascinantes, muito semelhantes aquela jóia, e com cabelos negros, sempre atados em duas tranças, uma em cada lado da cabeça. Fechou os olhos, fazendo a confusão e o barulho das pessoas, que passavam, diminuir consideravelmente, para se lembrar do rosto miúdo daquela garota, com pequenas sardas no nariz e um sorriso malvado na face.
- Sirius!
Sirius abriu os olhos. Os saltos altos das mulheres a passarem já se faziam ouvir a cada passada, na calçada, e o farfalhar das páginas dos jornais, transportados pelos homens, em fatos elegantes de trabalho, fizeram com que Sirius voltasse finalmente à realidade.
- O que estavas a dizer, James?- perguntou Sirius, olhando para o amigo, um pouco baralhado.
James suspirou, profundamente, revirando os olhos e passando uma das mão pelo cabelo, despenteando-o ainda mais.
- Anel para o noivado? Onde é que tinhas a cabeça, Sirius?- perguntou James, entrando na ourivesaria, sendo seguido pelo amigo.
- Ah… Na carta! Não sei se devo ir…- mentiu ele, olhando pelo canto do olho o anel com a safira.
- Vai! Tu és herdeiro daquela enorme mansão! Quando eu e a Lily nos casarmos, podes-nos sempre convidar!- disse ele, sorrindo marotamente.
- Quase toda minha!- contrapôs Sirius, interrompendo o amigo, analisando os anéis de noivado, numa vitrina, perto do balcão, onde um senhor de fato completo, recebia uma senhora muito elegante, vestida ricamente, que queria comprar uma gargantilha de diamantes.- E mesmo que quisesse convidar-vos, não sei se a ruiva vai aceitar o teu pedido de noivado…
James fuzilou-o com o olhar, o que fez Sirius ficar satisfeito. Adorava provocar as pessoas, entre todos James, principalmente naquela altura, em que este estava totalmente nervoso com a ideia do casamento.
- O que achas daquele?- perguntou James, após alguns segundos em silêncio, apontando para um anel.
Sirius mal olhou para o anel, mas vira o suficiente para concluir que a futura senhora Potter iria adorar e estimar o pequeno anel com uma esmeralda e pequenos diamantes.
- Um brinde aos noivos!- riu-se Frank Longbottom, erguendo a taça de espumante acima da cabeça, ao que todos seguiram o exemplo, brindando em honra do casal mais recente: James Potter e Lily Evans. - Que sejam muito felizes e que tenham muitos filhos!
Lily corou, sendo abraçada carinhosamente por James, que lhe beijou a face afectuosamente.
Sirius sorriu ao ver os amigos finalmente contentes.
Apesar de não apreciar em muito casamentos, Sirius tinha a certeza que aquele ali em particular passaria à frente todos os outros.
- Estamos a pensar numa equipa de Quidditch!- riu-se James, não largando a cintura da noiva.
- Sete filhos, James? Enlouqueceste de vez?- perguntou Lily, escancarando a cabeça.
- Prontos, Lily… Não se preocupe que o James está a pensar, de certeza, em alguns suplentes!- riu-se Sirius, fazendo Lily olhar para ele com um olhar de censura, mas não evitando sorrir.
- Boa sorte!- desejou James, sorrindo ao amigo.
- Bem preciso!- riu-se ele, pegando nas suas poucas malas.- Quero ver como vou conseguir aguentar a minha mãe durante três meses! E ainda por cima a tratar de negócios e heranças!
- Por milagre, consegues!- disse James, ao que Sirius gargalhou.
- Sim… Um milagre!- gozou Sirius, despedindo-se por uma última vez do amigo, e desaparecendo no ar.
- Finalmente! Pensei que nunca mais aparecesse!- resmungou alguém, logo que Sirius apareceu, magicamente, no hall de entrada do nº12 de Grimmauld Place, a casa da mui antiga família Black.
Sirius ergueu a cabeça, rapidamente.
Uma mulher alta e magra, com cabelos tão pretos como as trevas e olhos de um negro tão escuro e profundo, que faziam com que nunca dê-se para ver os seus verdadeiros sentimentos, encontrava-se à sua frente, olhando-o com o maior ódio e desprezo que podia existir.
- Bom-dia também para si, mãe!- resmungou Sirius, revirando os olhos e pousando as malas no chão.
- E não me fale nesse tom, menino! Que maneiras são essas?- replicou ela, olhando para ele irritadiça.- Vá cumprimentar imediatamente o seu pai e o seu irmão! E já agora a sua pobre coitada prima Narcisa, que está na sala de visitas à espera à mais de duas horas para nos irmos embora!
Sirius revirou os olhos mais uma vez, vendo a sua mãe virar-lhe as costas e sair do hall de entrada, entrando numa porta que daria à sala de jantar, resmungando sobre algo parecido com "Porque aquele miserável não saiu mais às suas primas e ao irmão? Tinha logo que ir buscar aquele feitio insuportável do avô…"
Sirius bufou. A sua mãe sempre preferira as primas e o outro filho, do que a ele próprio. Excepto, é claro, Adromeda, que no último ano tinha fugido de casa com o namorado muggle, uma pessoa não-mágica, desencadeando a raiva e o ódio de sua mãe e tia, que defendiam com unhas e dentes os princípios de um puro-sangue.
- Olá, maninho…- disse uma voz atrás de si, interrompendo os seus pensamentos e fazendo o desprezo do garoto, aumentar ainda mais.
Olhando para as escadas sombrias e já um pouco desgastadas, que dariam ao piso superior, onde se encontrava, entre muitos, o seu quarto, Sirius deparou-se com ninguém mais e ninguém menos que o seu irmão mais novo: Regulus Black.
- Maninho… Como tem passado?- perguntou Sirius, num tom irónico, irritando-se ao ver que Regulus, agora mais crescido desde a última vez que o vira, possuía a mesma beleza extrema que ele próprio.
Os mesmos olhos azuis cristalinos marcavam o rosto jovem e o cabelo negro, num caindo elegantemente até ao queixo, estava no outro curtinho.
- Melhor do que certas pessoas…- gozou ele, afastando-se logo em seguida, entrando também na sala de jantar, numa atitude de arrogância.
Sirius apertou o punho. Se ele conseguisse ficar na presença da sua mãe e do seu irmão, durante uma semana, sem se irritar, viraria santo…
- Aqui estamos!- sorriu o senhor Black, aparecendo por trás de uma árvore, juntamente com a mulher, os filhos e a sobrinha, que usava, por sua vez, uma saia tão curta, que obrigou Sirius a olhar as pernas bem torneadas da garota, cobiçosamente.
Narcisa Balck possuía o dom da beleza, como já seria de esperar na família em que se encontrava… Pelo menos na geração deles. Cabelos loiros caíam em pequenos caracóis até aos ombros brancos, enquanto que dois olhos de um azul clarinho brilhavam no rosto.
Ao sair de trás da árvore, seguindo o pai, Sirius deparou-se com a mesma mansão que vira durante vários meses, no Verão. A mansão de férias da família Black.
O mesmo portão preto imponente fechava a entrada para uma aventura inacreditável. Os mesmos campos e jardins, à volta do edifício branco, com várias janelas e varandas, e uma grande porta de entrada, esperavam embarcar duas pessoas com um mesmo destino inevitável. Os mesmos compartimentos, decorados de formas tão diferentes entre si, hesitavam em esconder segredos perigosos e sombrios.
Tudo estava igual.
Até mesmo o seu quarto.
Logo ao entrar, os vários tons de vermelho e dourado fizeram-se sobressair. O seu avô tinha feito aquele quarto especialmente para si.
Uma cama de dossel, com cortinas de um dourado meio transparente e colcha vermelha sangue, encontrava-se encostada à parede direita, enquanto que, mesmo à frente, estava um roupeiro que tocava o tecto. Uma longa secretária, à frente de uma das janelas fechadas, com cortinas de um dourado escuro escuras, estava próxima a uma varanda, enfeitada com algumas flores primaveris.
Suspirando e sorrindo pela primeira vez naquele dia, Sirius dirigiu-se à varanda, abrindo-a, para sentir a brisa acariciar-lhe o pescoço e afagar-lhe os cabelos, fechando os olhos automaticamente. Inalou o suave aroma de frutos silvestres, proveniente de um bosque ali perto.
Tinha saudades do seu avô. Era o único naquela família sem preconceitos…
Sirius olhou em volta atentamente. Os territórios do avô falecido, estendiam-se até onde caía o sol. Perto do bosque, meio recôndito, podia-se ver um pequeno lago límpido, brilhando com os últimos raios de sol. Como o tempo passara tão depressa?
- SIRIUS! A MÃE QUER QUE DESCHAS! A NOSSA PRIMA JÁ CHEGOU!- gritou Regulus, batendo com toda a sua força na porta de madeira do quarto de Sirius, com o propósito de irritá-lo.
- JÁ VOU!- rugiu Sirius, olhando para a porta furioso e olhando, depois, distraído para os portões da mansão, onde esperava um carro muito elegante branco, para entrar.
Ao se abrirem os portões, Sirius endireitou-se, olhando para o carro avançar, pela estrada de areia, parando mesmo à frente da porta de entrada.
A porta branca do carro abriu-se, deixando com que um perna morena elegante aparecesse de dentro do carro.
- SIRIUS!
Sirius revirou os olhos e correu até fora do quarto. Como estava arrependido em não ter ficado na companhia dos seus amigos…
- Como sempre atrasado!- resmungou a sua mãe, com o nariz torcido, num esgar de arrogância, vendo-o correr pelas escadas abaixo.
Sirius deitou-lhe um olhar furioso, continuando a avançar, aproximando-se deles. Porque ainda não tinham aberto a porta à pessoa que esperava entrar?
Então, Regulus colocou o pé à frente de Sirius, fazendo com que este acabasse por tropeçar e cair no chão.
- Seu…- Sirius não conseguiu acabar, sendo pisado numa mão, pela mãe, que passava por ele, nesse preciso momento, para abrir a porta, que alguém batia fortemente. Sirius fechou os olhos e encostou a cabeça ao chão, sentindo uma dor aguda possuí-lo.
- Bem-vinda, minha cara Bellatrix!- cumprimentou a mãe de Sirius, tentando manter a sua postura fria, mas não evitando uma pontada de felicidade, que era muito rara, na sua voz.
Sirius ergueu levemente a cabeça.
Sapatos azuis de salto alto, em verniz, umas pernas morenas perfeitamente torneadas, um fato azul claro com o símbolo de Beauxbatons, justo a um corpo elegante e com curvas bem definidas, uma face de anjo, com dois olhos de um azul safira fascinantes e com longos cabelos negros em ondulações confusas e atrevidas… Aquela não era, definitivamente, a mesma Bellatrix irritante, que usava sempre tranças, que conhecera à sete anos atrás.
- Já no chão, caro priminho? Não precisa fazer-me sentir tão bem-vinda!- riu-se Bella, sarcasticamente.
Sirius rugiu, entreabrindo os olhos. Continuava irritante.
- Sabe, priminha, não quero que haja a hipótese de tropeçar no tapete… Ainda pode estragar o seu belo rosto que lhe tanto custou!- gozou Sirius, levantando-se num ápice.
Bella revirou os olhos, desviando o olhar para a sua tia.
- Os meus pais?- perguntou Bella, enfadonha, olhando em volta.- Narcisa!
Bella sorriu eaproximou-se da irmã, que lhe devolvia osorriso, abraçando-a, o que fez Sirius erguer uma sobrancelha, surpreso pela atitude tão diferente da prima, que antes era tão egoísta e insensível.
- Parece que o clima de França não lhe fez bem…- gozou Sirius, baixinho.
- O que está dizendo?- perguntou ela, por cima do ombro, ficando ainda mais sensual, erguendo um sobrancelha bem delineada.
- N… Nada!- engasgou-se Sirius, corando levemente.
"O que raio se está a passar comigo?"
- Sirius! Leve as malas de sua prima para cima… Ah… E quanto aos seus pais esteja descansada. Voltarão no final desta semana...- disse a senhora Black, ao que Bella anuiu.
Sirius pegou nas malas de Bella sem cuidado algum, arrastando-as pelas escadas acima.
- Black! Tenha cuidado! Ouviu? Estou falando consigo!- reclamou Bella, seguindo mesmo atrás do primo.
- Black? Existe tanto Black nesta casa que não dá para saber se está falando comigo!- disse Sirius sarcasticamente, entrando no quarto de Bella, decorado em tons de azul e prata.
Apesar de se assemelhar ao seu quarto, o quarto de Bella apenas tinha uma diferença. Tinha um enorme espelho, mesmo ao lado da cama.
Atirando as malas de qualquer forma para cima da cama de dossel, com cobertores azuis-escuros e cortinas transparentes de prata, Sirius fez menção em sair, mas Bella impediu-o.
- Você é um idiota!- disse ela, apontando irritada para uma mala, que se abrira, revelando o seu conteúdo.
- E você é uma garota irritante!- respondeu ele, aproximando-se dela, perigosamente, transportando um sorriso maroto.
- Ah, é! Pelo menos não sou safada como você!- exclamou ela, também aproximando-se dele, ficando a poucos centímetros do rosto dele.
- Mas tenho a certeza que não se importaria de ser…- provocou Sirius, enlaçando-a pela cintura, apertando-a contra o seu corpo.
- Largue-me!- disse ela, libertando-se facilmente do abraço dele.- Saia daqui, JÁ!
- Como queira, priminha…- disse ele numa voz rouca, ao ouvido dela, fazendo-a arrepiar-se.- Mas depois não fique arrependida...
Sirius saiu do quarto, rapidamente, sentindo um arrepio ao se lembrar de quão perto os rostos deles dois estavam.
Espera aí… O que se passava com ele? Nunca pensara em seduzir a sua prima, por mais bonita e sensual que ela fosse. Ele nem gostava dela!
Não resistindo à tentação, Sirius entreabriu levemente a porta, espreitando pela pequena abertura.
Cantarolando uma música, Bella retirava o casaco azul do uniforme, abrindo alguns botões da camisa branca, dando uma melhor visão ao seu decote.
- Chega!- resmungou Sirius, fechando a porta e afastando-se em direcção ao seu quarto.- Isto é uma loucura… Ainda vou parar ao St.Mungus...
- A sua irmã Bella?- perguntou a senhora Black, ao jantar, a Narcisa.
- Ela disse que não tinha fome… Ia ficar no quarto a descansar.- disse a garota, cortando o bife.
- Muito bem…- foi a resposta da senhora Black, voltando à sua refeição, fazendo com que um poderoso e intolerável silêncio apoderar-se da sala de jantar, já por sienorme.
- Com licença… Tenho de ir ao banheiro…- disse Sirius, levantando-se da cadeira, ainda mastigando um pedaço de carne.
- Isso são maneiras?- perguntou a sua mãe, mas Sirius limitou-se a ignorá-la, saindo do compartimento e subindo a enormeescadaria, passando as mãos pela hera falsa, sentindo a aspereza de cada folha.
Chegando ao topo das escadas, Sirius virou para a direita, mas quando ia aseguir para o seu quarto, reparou que a porta do quarto de Bella estava toda aberta.
Sirius não conseguiu evitar em espreitar.
- Não sabia que em Beauxbatons aprende-se a ser tão vaidosa…- disse Sirius, encostando-se à porta, observando a prima a trocar de roupa, à frente de um enorme espelho.
- O que estás a fazer aqui?- perguntou ela, surpreendida, levantando o rosto.
- A apreciar a vista…- disse ele, dirigindo-se a ela, não se esquecendo de fechar a porta.
Como ela ficava ainda mais bela quando corava…
- Saia daqui, imediatamente!- disse ela, afastando-se dele.
Sirius reparou que Bella usava uma camisa de dormir branca, que, com o cabelo ainda molhado da garota, deixava ver mais do que o desejado pela garota. Não admira que ela estivesse a mudar de roupa à frente do grande espelho, de uma maneira tão.. soberba!
- Sabe, Bella… Nunca pensei que fosse tão tímida…- riu-se ele, encostando-a à parede.
- Não se atreva…
- Porque não? Tem medo de… ser seduzida?- perguntou ele, na sua voz sensual ao ouvido de Bella, fazendo-a passar as mãos suaves pelos cabelos negros.
- N… Não…- terrível erro. A voz de Bellatrix enfraquecera.
- Então, porque não se rende?- perguntou ele, subindo pouco a pouco o vestido, acariciando as pernas macias da garota.
- Eu…
Sirius passou os lábios pelo pescoço da garota depositando um beijo na curva do pescoço. A essência feminina preencheu-o… O odor aprazível de camélias entranhava-se no seu corpo.
- Pare…- murmurou Bella, entre o afastar e o agarrar ainda mais firmemente contra o seu corpo.
- Como deseja…
Bella ficou estática ao sentir o vazio à sua frente, enquanto queSirius saía pela porta, fechando-a atrás de si.
Respondendo às reviews:
Fini Felton: Amou? Que bom saber que gostou da minha fic! Fiquei tããããããão contente! Rsrsrsrsrs... Aqui tem o primeiro capítulo e espero que goste e que não a tenha desiludido! Bjo!
Juh: Obrigado! Aqui está o capítulo tão desejado! Bjo...
Miss Lupin: Oi! Estou morrendo de felicidade! Rsrsrsrs. Obrigado por gostar tanto das minhas fics! Bijo!
julinha: Oi! Obrigado! Espero que continue acompanhando a fic e que deixe seu review a dizer a sua opinião! Bjo!
Próximo Capítulo:
Gula - Um pecado extremamente apetitoso...
