Draco virou a cabeça para ver quem o segurava e deu de cara com uma Madame Hooch muito sorridente. Olhou confuso para ela e perguntou:

- Em que posso ajuda-la?

- Bom Sr Malfoy, - falou ela enquanto soltava o braço dele. - me responda uma pergunta, você vai fazer testes para o time de Hogwarts?

Ele se espantou um pouco e por isso demorou alguns segundos para falar, sua voz saiu exageradamente arrastada.

- Não. - ela pareceu ficar um pouco decepcionada então ele continuou. - Eu ia, mas decidi que meu ano já está muito ocupado sem mais isso para tomar meu tempo.

Ela o encarou por alguns segundos e parecia pensar então voltou a falar com uma voz calma e hesitante.

- Sabe o que eu acho? - ele fez não com a cabeça. - Eu acho que você deveria fazer um teste para artilheiro, eu os estava observando enquanto treinavam, você é muito bom, sabia disso?

Ele ficou olhando para ela meio espantado com o que ela falara, mas não respondeu a pergunta dela, pois concluiu que era uma pergunta retórica. Acertou em cheio, pois logo ela voltou a falar.

- Então, por esse motivo, eu peço que você pense seriamente em fazer o teste, suas chances são ótimas...

- Eu vou pensar, não se preocupe. - falou e virou as costas indo em direção ao vestiário seguido por Zabini, que tinha ouvido toda a conversa.

No momento em que entraram no vestiário Zabini falou.

- Você vai fazer o teste, não vai?

- Não, já disse que a posição de artilheiro não me interessa, e como o Potter já tem a sua posição quase garantida, eu não vou fazer teste nenhum.

- Mas ela disse que você é muito bom! E a opinião dela é quase decisiva na escolha dos jogadores. Isso quer dizer que você está no time! Tudo o que você tem que fazer é aparecer para o teste e fazer exatamente o que você fez hoje.

- Eu não vou fazer a porcaria do teste Zabini! Agora me deixe!

Dez minutos depois eles saiam do vestiário em silêncio.

Se em algum momento a escola estivera eufórica, não era nada se comparado ao que acontecia agora. Os professores distribuiam detenções como nunca, mas isso não adiantava, ninguém parecia se importar. Era quarta feira da semana dos testes, a escola parara para assistir aos testes, e todos comentavam as atuações de suas apostas. Sim, aquele evento se tornara algo incrivelmente lucrativo! Todos estavam interessados em apostar, amigos viravam inimigos e namorados gritavam um com o outro no meio do corredor muito mais freqüentemente do que antes, algo muito estranho, mas a escola estava em chamas, e nada podia ser feito para acabar com aquilo.

Felizmente no meio dos insanos ainda existiam pessoas sãs, assim como um garoto loiro que observava tudo aquilo com uma cara indignada.

- Por que as pessoas agem assim? - perguntou para si, sem perceber que falara em voz alta, pior foi quando responderam.

- Eles só estão emocionados por causa da proximidade do evento Sr. Malfoy, em poucos dias tudo volta ao normal.

Ele se virou e deu de cara com o rosto bondoso do diretor.

- Sim diretor, mas mesmo assim eu não vejo motivo para tanta exitação, não é nada de mais.

- Talvez para você não seja, jovem Malfoy, mas para eles esse evento significa muito, principalmente para quem quer entrar no time.

- É, eu vi como o Blaise esta agindo, não tão esquisito quanto eles - ele apontou um grupo de Lufos que cochichavam exitados e as vezes soltavam gritinhos. -, mas bem esquisito.

O diretor sorriu e se aproximou um pouco mais do garoto, que, por instinto, deu um passo para trás.

- Eu preciso falar com você. - ele falou numa voz que não passava de um sussurro.

- Claro professor, pode falar.

- Não aqui, venha comigo, sim?

Eles andaram até o escritório do diretor, ele disse a senha e os dois foram levados pelas escadas. Depois de sentar em sua mesa e apontar uma cadeira para que o garoto se sentasse o diretor começou.

- Eu te chamei aqui pois imaginei que o senhor não iria querer conversar sobre isso na frente de todos. - o garoto se encolheu um pouco na cadeira, involuntariamente.

- Falar sobre o que professor? - ele apertou os dentes uns contra os outros já imaginando o que viria depois.

- Sobre seu pai. - o garoto estava pronto quando recebeu a facada, mas isso não fez a dor diminuir, na verdade a cara de quase pena do diretor e o medo que ele parecia ter de falar sobre isso doeu mais do que o próprio assunto. - Eu sei que não é o melhor assunto...

- Não se preocupe com isso, só fale o que tem que falar. - ele interrompeu o diretor falando um pouco mais aspero que pretendia, logo baixou os olhos arrependido, querendo ou não aquele ainda era o diretor da escola, e, naquele lugar, era superior a ele.

- Tudo bem senhor Malfoy, seu pai me mandou uma carta pedindo que eu permitisse que o senhor lhe fizesse uma visita em Azkaban, eu mandei uma coruja para ele dizendo que permitia contanto que você quisesse. E então, o senhor quer?

Draco pensou por alguns momentos, sempre vira seu pai como alguém superior, e desde que ele fora preso gostava de enganar a si mesmo dizendo que ele estava viajando ou algo assim, mesmo sabendo que era mentira, era a unica maneira de não abalar as certezas de sua vida. Certeza de que seu pai seguira o caminho certo, certeza que ele queria servir ao Lord, certeza que aquele era o seu futuro. E agora teria que encarar seu pai de frente na cadeia, encarar a realidade nua e crua. Não saberia dizer quanto tempo ficou parado sem falar nada, mas quando falou transmitia mais certeza do que realmente sentia.

- Eu quero.

Dumbledore olhou para ele por alguns segundos examinando-o e por fim disse:

- Me encontre aqui amanhã ás quinze horas, eu irei com você.

Não sabia porque, mas ao saber que o diretor estaria com ele tudo pareceu se acalmar. Não parecia mais tão aterrorizante.

Na manhã seguinte Draco acordou muito cedo, só de pensar que ia ver seu pai a tarde seu estômago se revoltava. Evitara aquele encontro por todo o tempo possível, mas naquele dia ele iria finalmente acontecer, um arrepio percorreu sua espinha deixando uma sensação estranha em seu corpo.

Não comeu nada no café da manhã e seguiu direto para as aulas. Não prestou muita atenção a matéria, sua mente travava uma batalha, uma parte dele queria que a tarde chegasse logo, para que tudo acabasse logo. Já a outra parte queria que a hora nunca chegasse, pois não se sentia preparado para isso.

Querendo ou não o tempo passou e a hora chegou. Exatamente às quinze horas ele estava na frente do escritório do diretor.

- Entre Sr. Malfoy.

O garoto entrou na sala e encontrou Dumbledore mexendo em alguns papéis, ele levantou os olhos e sorriu para ele.

- Sempre pontual. - ele observou ele por alguns segundos e então falou. - Nós vamos para Azkaban com uma chave de portal, você já viajou de chave de portal Sr. Malfoy?

- Sim. - isso foi tudo que ele conseguiu dizer, pois se falasse mais alguma coisa sabia que vomitaria tudo o que tinha comido, mesmo que fosse muito pouco.

O diretor colocou um vaso de flores encima da mesa e Draco caminhou até perto dele tocando-o. Em segundos sentiu como se um gancho puxasse seu umbigo.

Caiu de pé em um lugar que ele não conhecia. Observou a sua frente um lago, e sobre ele uma neblina densa que fazia com que ele não conseguisse enxergar mais do que um metro a frente. Olhou para o lado e deu de cara com o diretor que encarava o lago sério, mesmo que Draco quisesse seria impossível saber o que ele pensava, parecia distante, mas ao mesmo tempo alerta. Foi tirado de seus devaneios por uma movimentação na água. Olhou da margem para o diretor, que parecia muito tranqüilo, e de novo para a margem. Em uma questão de segundos um barco apareceu ali, só o barco, não tinha ninguém dentro dele.

- Entre Draco. - falou o diretor com uma voz bondosa.

- É o barco que nos leva a Azkaban?

- Sim.

- Por que não tem ninguém conduzindo ele? - falou olhando receoso para o barco.

- A verdade Sr. Malfoy, é que ninguém sabe exatamente onde fica Azkaban. - Draco olhou com uma cara desconfiada para ele. - Quem a construiu enfeitiçou uma frota de barcos para que se pudesse chegar lá. Com o tempo é claro que o ministério arranjou outras formas de chegar lá, mas até hoje ninguém conseguiu dizer exatamente onde fica a ilha... Por isso os visitantes ainda viajam nos mesmos barcos.

- Ah... Interessante.

Os dois entraram no barco encantado e ele voltou a se mexer. Draco encolheu-se dentro das vestes no momento em que adentraram a neblina, o frio era tanto que mesmo com toda a roupa ele sentia como se estivesse com uma camiseta e uma bermuda. Depois de alguns minutos ele começou a sentir algo diferente, algo muito parecido com o que sentia quando os dementadores se aproximavam, mas mais fraco. Navegavam devagar o que só piorava tudo, de vez em quando ele olhava para o diretor que não parecia estar afetado por tudo aquilo, então se perguntou como? Era impossível que ele não estivesse sentindo, ainda assim ele parecia estar num mundo a parte...

Depois de dez minutos eles chegaram. O garoto observou a imponente fortaleza de pedra que parecia brotar do chão e novamente sentiu aquela coisa esquisita. Não saberia dizer quanto tempo ficou parado, mas só voltou a si quando ouviu seu nome.

- Draco? Você esta bem?

- Estou diretor, estou. - ele limpou o suor de sua testa. Suava frio e aquela sensação não o abandonava, de repente tudo o que queria era voltar para a escola.

- Ótimo. Vamos entrar?

Seguiram para dentro com passos lentos. A cada passo ficava mais claro para Draco que ele queria ir embora, ele sentia que se ficasse ali muito tempo não saberia o que fazer, ficaria louco. Ouviu um grito e olhou, se virou bruscamente para a esquerda, mas não viu nada além de uma porta de ferro muito grande. Chegou mais perto do diretor e continuou seu caminho. Caminharam por alguns corredores sendo guiados por uma auror que não parecia muito feliz em estar ali, e logo chegaram em uma porta de madeira que parecia tão pesada que era impossível de mexer, óbvio que isso era só impressão. O auror entrou pela porta e os dois esperaram, depois de cinco minutos ele saiu e os conduziu até uma sala onde um homem mexia em alguns papéis.

- Boa tarde Dumbledore, que bom ve-lo novamente!

- Fico feliz em ve-lo também Fudge, como esta seu irmão?

- Muito bem, atolado até o pescoço com as tarefas do ministério, mas bem.

- Que bom. Eu trouxe o jovem Sr. Malfoy para visitar seu pai, mandei uma coruja agendando o horário.

O homem olhou pela primeira vez para Draco e tinha uma expressão indecifravel no rosto, parecia surpreso quando falou.

- Claro, vou verificar. O Sr Malfoy normalmente só recebe visitas de sua esposa e advogado...

Draco engoliu em seco, parecia que o homem o estava acusando de algo, na verdade a mãe dele nunca permitira que ele visitasse seu pai na cadeia, e ela mesma só fazia isso muito de vez em quando.

- Esta aqui sim... Sr. Malfoy por favor me acompanhe. Espere aqui Dumbledore, volto em um minuto.

Draco caminhou junto com o presidente de Azkaban até uma sala vazia a não ser por um armário e então ele falou para o garoto.

- Por favor tire todas as jóias e a varinha e ponha nessa caixa. Depois siga aquele homem que ele te levara até a sala de visitas.

Ele concordou com a cabeça, tirou a varinha de suas vestes por primeiro, então tirou sua corrente e seu anel, hesitou um pouco antes de tirar sua pulseira, mas por fim o fez. O auror revistou-o e depois eles seguiram até uma sala mais afastada, aparentemente a unica sala clara de todo o prédio. Estava sentado a alguns minutos quando ouviu um barulho na porta e então levantou-se rapidamente.

Observou seu pai entrar na sala ao mesmo tempo em que abriam suas algemas. Analisou ele por alguns momentos, ao mesmo tempo que sabia que estava sendo analisado. Seu pai não perdera sua pose, e mesmo nas roupas cinzas da prisão parecia superior. Aquele lugar não parecia fazer mal para ele, na verdade se Draco visse ele chegando em casa com aquela aparencia diria que ele estava voltando de uma viagem, e não da cadeia.

- Não me cumprimenta? Cade a educação que eu te dei?

- Desculpe-me. Olá pai, como vai?

- Muito bem, não tenho muito do que reclamar, e você?

- Muito bem.

- E sua mãe?

- Bem, não muito feliz, mas bem.

- É, ela estava assim quando veio me visitar da ultima vez. - algo em seu semblante mudou, como se ele sofresse, mas foi só por um momento. - Porque você não veio antes visitar seu pai? - sua voz tinha um tom de reprovação, mas não de ressentimento.

- Eu estive ocupado, e mamãe também não permitiu que eu viesse durante as férias.

- Ocupado com o que?

- Muitas coisas, não sei se o senhor ficou sabendo, mas havera um torneio de quadribol na escola, um torneio entre Hogwarts, Durmstrang e Beauxbatons.

- Eu ouvi algo sobre isso sim, mas no que isso te ocupa?

- Acontece que a maioria dos alunos estão totalmente emocionados com isso, então ficam correndo e gritando, e eu como monitor vivo atras deles dando detenções e escrevendo relatórios para entregar para o Snape para que ele tire pontos das casas. - um sorriso brotou no canto de sua boca sem que ele pudesse impedir, aquilo estava sendo sua diversão durante praticamente todo o ano. Distraiu-se então pensando nas detenções e seu pensamento voou para uma garota ruiva e uma detenção em uma noite fria... Afastou aquilo da mente antes que seu pai percebesse, então aquela sensação voltou.

Draco olhou para o lado e deixou transparecer o quanto lhe desagradava aquele lugar. Não sabia como seu pai podia não se sentir mal ali.

- Vejo que você não gosta daqui, diria mais, que você não suporta ficar aqui, certo?

- É, estava me perguntando como você agüenta. Mesmo sem os dementadores esse lugar é terrivel... Parece que um pedaço deles ficou aqui.

- Eu agüento simplesmente por ser superior a tudo isso, vejo que você não aprendeu nada do que eu tentei lhe ensinar durante toda sua vida.

- Como assim? - não entendera o que o pai quisera dizer, mas sabia que ele não estava feliz, não pelo seu rosto, mas por sua voz, que se alterava, muito pouco, quando ele ficava assim. Só ouvidos treinados como os dele captariam tal tom de seu pai.

- Você deve se manter impassivel, não importa o que você esta sentindo, - ele sorriu fracamente. - deixar as pessoas saberem suas fraquezas é meio caminho para a derrota.

- Ah.

- Ah? Você deve levar isso realmente a sério meu filho, pode ser importante na sua vida. Não deixe que as pessoas, mesmo seus aliados, conheçam suas fraquesas. Elas podem ser usadas contra você a qualquer hora.

No lado de fora da porta um homem gritou: "Cinco minutos".

- Nosso tempo já esta acabando, tão pouco tempo pra passar com a família...

- É, muito pouco tempo.

- Eu não consegui te dizer tudo que eu queria... mas eu já imaginava isso. - ele colocou a mão direita no bolso da roupa e tirou um envelope, entregou-o a Draco e disse. - Aqui esta tudo que você precisa saber.

Neste momento o auror entrou na sala e levou seu pai, deixando um Draco bastante confuso para tras. O garoto foi levado de volta para a sala onde deixara suas coisas e depois para a sala do irmão do ministro, mas nem por um só segundo deixou de pensar na carta de seu pai. E foi isso que fez também durante todo o percurso de volta para a escola. Não entendia o que seu pai quisera dizer com "Aqui esta tudo que você precisa saber". O que ele tinha que saber, sobre o que? Aquelas perguntas não paravam de aparecer na sua mente. Sabia que não poderia ser nenhum plano ou algo perigoso, pois tinha certeza que nada saia ou entrava no presidio sem ser verificado, e isso o tranquilizava bastante.

Ao chegar no colégio foi para seu quarto correndo e abriu a carta. Leu tão rápido quanto podia, mas devagar o suficiente para entender. Aquela carta era uma carta normal, onde ele dizia que sentia falta de casa, do convivio com a família, das longas conversas nas tardes de domingo... Completamente normal, bom, não tão normal já que seu pai nunca escrevia coisas assim, mas nada perigoso. Já ia abandonar a carta quando notou algo estranho, a assinatura de seu pai, estava em vermelho. Chegou mais perto e tremeu ao perceber do que se tratava, era sangue. Afastou-se bruscamente da carta. Seu pai só podia estar louco! Assinar uma carta usando o próprio sangue como tinta... Parou por um momento, já tinha visto algo assim, mas onde? Não conseguia se lembrar. Caminhou até sua mala e começou a procurar algo que o ajudasse a se lembrar, agora tinha que descobrir onde vira aquilo, suas suspeitas tinham se tornado realidade, seu pai queria que ele fizesse alguma coisa. E ele precisava descobrir como ter acesso ao verdadeiro conteudo daquela carta.

Passou o resto da tarde na biblioteca, procurando por algo que ele nem sabia o que era. Chamou mais atenção que pretendia já que fora três ou quatro estudantes, todo o resto da escola estava nos jardins assistindo aos testes para o time.

A noite chegou e ele ainda não se lembrara onde tinha visto algo parecido com aquilo, por mais que tentasse se concentrar simplesmente não conseguia. Foi a uma da manhã que, depois de muito tentar, ele conseguiu se lembrar de como fazer aquilo. Não era algo agradavel, ele tinha certeza disso. O verdadeiro conteudo daquela carta só poderia ser lido por uma Malfoy de sangue, ou seja ele. Mas a parte ruim é que ele tinha que assinar seu nome ao lado do nome do pai, com o seu sangue. Tinha lido sobre isso a algum tempo e desde aquela época não achava uma idéia muito agradavel, mas sabia que o pai escolhera esse modo de lhe passar as informações pois, além de não precisar de uma varinha para fazer o feitiço, era um modo completamente seguro. Resolveu deixar a seção de tortura para o dia seguinte e foi para cama menos relaxado que achou que iria quando descobrisse a verdade.

Acordou cedo na outra manhã, e a primeira coisa que fez foi verificar se a carta continuava no lugar onde ele a colocara. Depois tomou um banho e foi tomar seu café, deixando sua tarefa para a tarde quando, mais uma vez, todos os alunos estariam nos jardins.

No começo da tarde ele se encontrava mais uma vez encarando aquele pergaminho, mas agora sua expressão era de apreensão e não de duvida. Pegou um punhal que tinha sempre ao lado da cama e pousou-o na mão esquerda, iria ser rápido, tinha que se cortar deixar um pouco de sangue cair em um tinteiro vazio e depois fazer um feitiço para cicatrizar, simples. Passaram-se alguns minutos enquanto ele olhava para sua mão, para o punhal e então para a folha, nada parecia adiantar, ele não tinha coragem. Largou o punhal encima das cobertas e levantou-se, caminhando até o banheiro. Olhou-se no espelho e por um momento pode ver a cara de desapontamento e raiva de Lucio por ele não ter feito o que lhe fora mandado, pode até sentir novamente.

FLASHBACK

Draco estava sentado em seu quarto na mansão Malfoy parecendo muito mais palido do que normalmente e encarando a porta como se esperando por algo acontecer, então ouviu sua porta sendo chutada e caindo no chão ao mesmo tempo que seu pai entrava no quarto.

- Quais eram as instruções?

- Desculpe pai!

- Desculpe? Você poderia ter posto tudo a perder! Eu achei que tinha te ensinado melhor Draco!

- Eu tentei pai, eu juro! Mas eu não consegui!

- Não conseguiu? Como você não conseguiu, suas instruções eram tirar a informação dele e mata-lo, mas por alguma razão ele ainda esta vivo! Porque Draco?

- Eu estava tentando tirar a informação dele, mas chegaram algumas pessoas!

- Deveria ter sido mais rápido! - Lucio tirou a varinha de suas vestes.

- Não Lucio! - falou Narcisa que entrava agora no quarto. - Ele é seu filho!

- Eu não mereço um filho como esse, um filho que não consegue fazer nem um pequeno serviço para o Lord. É sua culpa! - agora ele olhava para ela. - Você mimou ele demais!

- Não fale besteiras Lucio. Vamos descer e conversar como pessoas civilizadas que somos.

Ele olhou para Draco com ódio, e o garoto sentiu um aperto no coração. Viu sua mãe começar a sair do quarto quando seu pai falou.

- Crucio.

E então ele sentiu como se mil facas entrassem no seu corpo, enquanto ouviu a voz de seu pai dizer.

- Com os cumprimentos do Lord das Trevas.

Poucos segundos depois ele caiu inconsciente.

FIM DO FLASHBACK

Colocou a mão na barriga e depois lavou o rosto antes de se decidir, tinha que fazer aquilo. Caminhou até sua cama e pegou o punhal, já deixando a varinha pronta para fechar o ferimento. Respirou fundo e começou:

- 1, 2... 3

Afundou a faca na palma de sua mão e ela começou a sangrar imediatamente, ele sentiu a dor e virou a mão para que o sangue escorresse para o lugar certo. Menos de um minuto depois ele falava o feitiço e o corte desaparecia, assim como sua dor. "Não foi tão ruim, vamos ver o que vem agora."

Pegou uma pena e mergulhou no tinteiro com seu sangue, escreveu Draco Lucio Malfoy e imediatamente todas as letras começaram a mudar de lugar, logo formando um novo texto. Ele respirou fundo antes de começar a ler.

Draco

Vejo que estava certo ao supor que sua memória continuava boa, afinal se não se lembrasse das aulas que tinha quando era mais novo não teria conseguido ler essa carta, como você deve ter percebido esse feitiço não esta em lugar nenhum, não esta escrito em livros ou pergaminhos, a muito tempo foi banido por ser considerado muito perigoso.

Mas como você deve imaginar eu não tive todo o trabalho para fazer essa magia simplesmente para te testar, eu preciso de você, o Lord precisa de você. É uma missão complicada, mas sem riscos, a não ser que você não consiga cumpri-la, é obvio.

Para cumprir sua missão você não tera que deixar os terrenos de Hogwarts, mas você tera que agir sozinho.

No dia 25 de Setembro você deve sair do castelo ás 11:30 e caminhar em direção a Floresta Proibida. Va até a cabana do guarda caça sem ser visto. Caminhe pela plantação dele sem deixar marcas sempre em linha reta. Ao chegar a orla da floresta procure uma árvore que tem uma flor azul com miolo vermelho, pare ali. Caminhe cinco passos para dentro da floresta e vire a direita no primeiro arbusto, então ande dez passos em linha reta e vire a esquerda. Caminhe até chegar em uma clareira. No meio dessa clareira deve haver um circulo de flores, com o meio vazio. Exatamente a meia noite no meio dessas flores ira aparecer uma nova flor, no momento em que ela aparecer você deve arranca-la e pensar em mim, sim, pense nessa flor em minhas mãos. Quando você fizer isso algo estranho ira acontecer, a escuridão vai tomar conta do mundo, por um minuto.

Essa flor só nasce uma vez a cada dez anos, por isso não falhe. Não se esqueça, você não pode ser visto por ninguém. Siga essas instruções com precisão e eu garanto que você tera sucesso na missão.

Essa carta deve ser destruida e seu conteudo memorizado, se cair em mãos erradas você não será o unico a se encrencar.

Não falhe, Lucio Malfoy

Draco piscou duas ou tres vezes, então era isso, tinha que entrar na Floresta Proibida e roubar uma flor. Que coisa mais absurda, porque ele tinha que roubar uma flor? Porque ele tinha aceitado ir ver seu pai? Tudo seria mais facil se ele simplesmente tivesse dito não... Sabia que seu pai arrumaria um modo de lhe mandar aquilo, e então nada poderia fazer além do que ele dizia.

Os dias se arrastavam para todos no colégio, mas agora não tinha mais toda a emoção dos testes nos corredores, agora tudo o que se via eram pessoas nervosas e ansiosas esperando pelos resulatados. Quatorze pessoas seriam selecionadas, um time titular e outro reserva. As aulas estavam cada vez mais difíceis também, com o atraso os professores passavam muita lição de casa e exigiam demais dos alunos, passando punições severas para quem atrapalhasse as aulas.

E foi assim, nesse ritmo, que o dia 25 de Setembro chegou. Draco acordou muito cedo suando frio, a dias tinha pesadelos sobre o que aconteceria naquela noite, já tinha sonhado que tinha sido pego por centauros, pelos professores, mas o pior deles era o que não tinha sido capaz de completar a missão e seu pai e mais tres comensais o torturavam por causa disso.

A noite caiu e todos já se recolhiam para seus dormitórios quando Draco saiu devagar do salão comunal da Sonserina, com seu distintivo de monitor reluzente no peito venceu a distancia até a porta em poucos minutos, sem encontrar ninguém. Saiu do castelo e caminhou pelas sombras até a casa de Hagrid, chegando lá contornou a casa e entrou na horta. Caminhou devagar sem tocar em nada e então ouviu um barulho, instintivmente se abaixou espiando por cima de uma enorme abóbora.

- Quem esta ai?

O guarda caça saiu pela porta da frente procurando por alguém, Draco ouviu alguém falar numa voz bem baixa e viu o gigante sair do caminho deixando alguém entrar na cabana. Sua curiosidade venceu seu instinto de continuar seu caminho e ele caminhou até a janela. Olhou para dentro e sorriu ao ver Potter e seus escudeiros saindo de baixo de uma capa de invisibilidade.

- O que vocês fazem aqui? - pediu o guarda caça a eles.

- Ouvimos algo, e viemos aqui confirmar. - falou Granger.

- Ouviram o que?- ele recuou, parecendo querer esconder algo.

- O que vai acontecer hoje?

- Nada.

Isso levou Draco de volta ao mundo real e ao motivo dele estar ali, olhou o relógio, perdera muito tempo naquela besteira, agora tinha que correr, e como dizia seu pai "A pressa é a inimiga da perfeição". Continuou seu caminho cuidadoso como antes e muito mais alerta, não pudera escutar tudo, mas algo aconteceria naquela noite, só torcia para que eles não tivessem a mesma idéia que seu pai.

Chegou até a orla da floresta e se pôs a procurar a maldita flor azul de miolo vermelho, demorou mais do que pretendia nessa busca, e agora estava realmente atrasado. "Um, dois, três, quatro, cinco, não é que tem um arbusto aqui mesmo? Isso só pode significar que eu estou na trilha certa, graças a Slytherin! Agora dez passos em linha reta. Um, dois, tres, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e dez. Agora virar a esquerda e andar até a clareira." Olhou para frente e caminhou rápido, logo chegou a uma clareira, dois minutos para a meia noite. Caminhou até o centro e viu o circulo de flores, eram flores muito estranhas, seus espinhos pareciam garras e suas petalas dentes, nunca vira nada assim antes agora faltava um minuto para a meia noite. Hesitou por um segundo, e se essas flores o mordessem? Afinal tinham um aspecto bem aterrorizante, vinte segundos. Estendeu a mão para pegar a flor no momento em que ela aparecesse, dez segundos, agora não podia mais voltar atras, cinco, mas, tres, e se... Seu relógio marcou meia noite e uma linda flor nasceu imponente entre as outras, era branca como a neve, tinha o caule negro como a morte e espinhos vermelhos como o sangue, mas agora Draco não hesitou, arrancou a flor ao mesmo tempo que a luz das estrelas pareceu se extinguir e pensou em seu pai.

N/A:Antes de qualquer coisa me desculpem pela demora, eu tive um problema com a net, mas agoraeu estou de volta.

Um capitulo sem nenhuma ação D/G, na verdade um capitulo sem Gina.Esse capitulo e talvez o próximo são o que faz com que eles voltem a se encontrar mais normalmente e que voltem a ficar juntos, então podem esperar que depois dessa transição tudo melhora, ou não.

Queria agradecer a Ane Malfoy, Lou Malfoy, Laura e aNiTa JOyCe BeLiCe pelos comentários.

Comentem!Quanto mais comentarios eu receber mais rápido eu atualizo, eu juro.

Beijos e até a próxima

Nina Black Lupin