AH! A ANGÚSTIA, a raiva vil, o desespero
De não poder confessar
Num tom de grito, num último grito austero
Meu coração a sangrar!
Falo, e as palavras que digo são um som Sofro, e sou eu.
Ah! Arrancar à música o segredo do tom
Do grito seu!
Ah! Fúria de a dor nem ter sorte em gritar,
De o grito não ter
Alcance maior que o silêncio, que volta, do ar
Na noite sem ser!
Fernando Pessoa
Draco viu Gina sair do castelo, e fez um sinal com a cabeça para que ela o seguisse, ali havia muita gente e com certeza chamariam atenção, mesmo no meio de adolescentes se agarrando um Malfoy e uma Weasley conversando civilizadamente era percebido.
Andou devagar pelas margens do lago, pensando no que diria, mas nada vinha a sua cabeça, tudo que tinha certeza era que queria vê-la, queria senti-la, ter certeza que aquilo tudo não era um sonho, para ele isso era o suficiente pra voltar a dormir bem a noite.
Chegou a um lugar um pouco mais afastado, escondido por arbustos, lembrou-se que tinha visto a garota ali uma vez, logo que ela começara a namorar Potter, ele tinha dito algo como um incentivo para ela, algo pelo que se condenou por algum tempo.
Mas agora não passava de um lugar, um lugar onde poderiam conversar, ou não.
Parou perto dos arbustos e olhou além deles, Gina vinha andando devagar, com aquele vestido que tocava no chão ela parecia flutuar, flutuar como um lindo anjo, seu lindo anjo.
Não conseguia tirar os olhos dela por mais que tentasse, não que estivesse fazendo muito esforço. Ela parecia serena e nervos ao mesmo tempo, uma combinação estranha, mas ao mesmo tempo magnífica algo que ele jamais vira antes.
Conforme ela se aproximava ele percebia que não sabia o que dizer, sua voz se negava a sair, como se não julgasse necessário ser usada naquele momento, então, quando a garota finalmente estava parada a sua frente, tudo o que pode fazer foi pousar sua mão no rosto dela e encarar aqueles lindos olhos castanhos.
Uma música suave saia das janelas do salão e se fazia ouvir no jardim, o único som no silencio. Draco lentamente passou seu braço pelas costas de Gina, conduzindo-a no ritmo. Ela tinha a cabeça apoiada em seu peito e ouvia as batidas do coração do garoto, que voltavam devagar ao normal.
Com suas mãos unidas e corpos colados dançaram uma música após a outra, nenhum dos dois dizia nada, nervosos demais para falar ou então com medo de quebrar aquele momento mágico em que se encontravam, na verdade parecia que até mesmo um movimento brusco poderia faze-los voltar a realidade.
Então o delicado momento foi bruscamente interrompido quando uma voz conhecida soou não muito longe de onde estavam.
- Gi? Você está ai? - Harry falou parado a alguns metros dali, os dois, ocultados pela escuridão, nem se mexiam com medo de serem descobertos. Harry olhou ao redor e virou de costas, indo em direção ao castelo.
Draco e Gina se encararam, com os narizes quase se tocando e a respiração pesada, olharam-se fundo nos olhos, como se assim pudessem ver suas almas, e então, com um beijo que não passou de um toque de lábios, a garota foi embora.
- Oi Gi!- Harry levantou de uma mesa onde estava sentado com Rony e Hermione - Onde você estava? Eu te procurei por todos os lados!
- Eu estava por ai, precisava sair um pouco daqui... - Gina sentou-se pegando um copo da mesa e tomando um grande gole, Hermione parecia olhar para ela nervosa.
- Eu teria ido com você, também não agüento mais essa música. - falou Harry sentando-se ao lado dela e sorrindo.
- Não tem problema...Vamos para os dormitórios? A maior parte das pessoas já foi.
Eles saíram o salão quase vazio e subiram as escadas em direção da torre da grifinória.
Draco seguiu para seu dormitório sem passar pelo salão, não queria ter que encarar o cicatriz e Gina. Não sabia como faria aquilo, também, não tinham conversado nada! Onde estava a sua voz naquela hora? De férias na Bulgária?
Era complicado demais, não podia fazer mais nada a não ser esperar a próxima oportunidade de conversar com a garota, e torcer para que quando isso acontecesse pudesse falar ao invés de só dançar com ela. Mas como tinha sido bom dançar com a pequena ruiva, sentir sua respiração no seu pescoço, sentir a pele quente dela contra sua pele gelada.
Respirou fundo antes de entrar no salão comunal, pensando em quem teria que encarar. Ao passar pela passagem sua surpresa foi grande ao se deparar com um lugar vazio, tão silencioso quanto uma tumba.
Se havia um lugar em Hogwarts onde jamais se encontrava esse tipo de silencio esse lugar era o salão comunal da sonserina, a qualquer hora do dia ou da noite havai alguém ali, independente do dia. Por isso que desconfiou que algo estava errado quando entrou ali e não viu ninguém.
Tirou a varinha da capa e começou a vasculhar todo o local, não estava com animo para aquilo, queria ir para cama e dormir, a dias que não conseguia dormir. Foi então que ouviu algo, parecia um riso. Uma mulher estava rindo e a voz não era nem um pouco desconhecida. Draco guardou a varinha e andou até uma cortina, puxando-a rápido.
Deu de cara com uma cena que estava cansado de ver.
- Oi pai, o que o senhor faz por aqui? - Lucio sorria ao olhar o filho, e Narcisa parecia muito aborrecida pela interrupção.
- Eu vim visitar você e sua mãe! - ele estava sentado em uma cama enfeitiçada para não aparecer para quem olhava de longe, por isso estava escondida atrás de uma cortina.
- Porque vocês insistem em sempre ficarem juntos em lugares que eu tenha acesso? Nesse caso que qualquer um tenha acesso. - Draco perguntou olhando para a sala para se certificar que não havia ninguém ali.
- Não é qualquer um que pode nos ver na verdade é só você, e porque o senhor continua ai parado ao invés de ir dormir e nos deixar em paz? - disse Narcisa olhando torto para o garoto.
- Desculpem.- ele largou a cortina e a cama voltou a desaparecer - Falo com vocês amanhã!
Então virou as costas e foi para o seu dormitório, a cabeça novamente muito longe dali.
Johanna observou um a um todos deixarem o salão principal, mas antes que alguém pudesse manda-la para cama se esgueirou para os jardins. Estava frio ali, mesmo assim não tinha vontade de entrar, o que estava acontecendo com ela? Nunca ficava assim, muito mais por causa de um garoto, só se preocupava consigo mesma e com seus amigos, nada de preocupações com alguém que significa algo mais, pelo menos não na plataforma de seus sentimentos.
Sempre aceitara o que sentia, nunca lutava contra si mesma, e até aquele momento isso funcionava muito bem, mas agora era diferente, não sabia o que sentia e era isso que a estava deixando daquela maneira.
"Tanto tempo ajudando Draco a descobrir e aceitar o que sentia e agora sou eu que estou presa neste limbo!" - pensava andando perto das paredes para que se alguém tivesse a brilhante idéia de olhar pela janela não a visse.
Parou com as costas contra a parede encarando o nada, sentia-se perdida, e parecia que seu coração estava espremido dentro de seu peito. Isso só podia significar duas coisas: ou estava com uma doença muito grave ou estava apaixonada.
Preferia acreditar na segunda hipótese, mas ao analisar com cuidado as duas parecia que a segunda era, de alguma forma, menos complicada.
Olhou para o lago, passava tanto tempo lá ultimamente, mas fazia tempo que não observava tudo ao seu redor. Tinha que voltar a fazer isso tinha que voltar a não se preocupar tanto, só viver, já estava ficando parecida com o Malfoy de tanta preocupação.
Andou até a margem do lago e sentou, olhando para a lua ao longe, devagar seu corpo foi descendo e ela acabou deitada na grama, com os olhos mal conseguindo se manter abertos. Pensava nele, em quem mais? Haviam sido tantos momentos, lembrava de quando haviam começado a se entender, de quando começou a conversar com ele.
Seus pensamentos voaram para algum lugar além, nada mais por ali podia incomoda-la, apertou o chale contra sua pele para espantar o frio e ficou ali parada com medo que ao se mexer tudo se dissiparia.
FLASH BACK
Os clubes de duelos eram uma tradição antiga que as pessoas achavam divertido manter, era a oportunidade de mostrar que se era bom em algo, e até ser respeitado por isso. Era o momento daquela rivalidade saudável, ou não tanto, mas que mantinha as pessoas animadas e afiadas em feitiços. Alguns chamavam, naqueles tempos de guerra, de treinamento e recrutamento, mesmo que não houvesse nenhuma prova disso. Naquele dia estavam reunidos jovens para aquela antiga tradição, jovens que talvez nem soubessem que aquilo que faziam ali podia ser usado para outra coisa, que só estavam interessados em competir e, é claro, em ganhar.
Para Johanna clubes de duelo não eram grande coisa, na verdade várias vezes achava que eram um completo desperdício de tempo, mas ainda assim estava sempre lá, para provar a si mesma, a seus amigos e inimigos e principalmente a seu pai, que era ótima.
Entrou em uma ampla sala e olhou ao redor tentando achar uma cabeça loira, mas não conseguiu, Draco não estava em nenhum lugar por ali. Amaldiçoou-o um milhão de vezes, ele disse que estaria ali e agora tinha largado ela sozinha. Olhou ao redor procurando alguém com quem pudesse conversar. Viu muitos rostos conhecidos e sorriu para todos que a cumprimentaram de longe. Vasculhou o lugar mais uma vez quando viu uma pessoa com quem valia a pena conversar, começou a andar em sua direção quando sentiu uma coisa bater em si e foi arremessada no chão.
Sentiu sua cabeça pesada e ouviu passos se aproximando rapidamente. Sentiu alguém ajoelhar ao seu lado e segurar sua cabeça afastando ela do chão, sentia-se um pouco tonta, sentiu uma coisa gelada tocar sua bochecha e uma voz doce falar:
- Abre os olhos, vamos lá, por favor...- sentiu uma certa urgência na voz masculina.
Tentou abrir os olhos, mas a mínima luz que entrava pelas pequenas frestas que conseguia abrir era o suficiente para que se sentisse cega, então apertou os olhos. O garoto continuava falando, mas ela não reconhecia sua voz, respirou fundo e abriu os olhos levando a mão para frente de seu rosto rapidamente, depois de alguns segundos o encarou.
Era com certeza o garoto mais lindo que ela já tinha visto, seus olhos eram verdes, mas um verde escuro e bem perto da pupila eles eram um pouco amarelos, como um raio de sol ao redor do preto.
- Tudo bem? - ele abriu um pequeno sorriso mostrando seus dentes brancos e sua expressão era de alívio.
- Sim...- tentou se levantar, mas sentiu uma pontada na cabeça e caiu para trás, sendo aparada pelas mãos do garoto.
De repente reconheceu o garoto, era a única pessoa da sonserina com quem não conseguia trocar nem duas palavras, simplesmente por que não tinham sobre o que falar! Pelo menos era o que ela pensava, afinal o que teria para falar para alguém tão galinha? Ele era o único garoto que saia com mais garotas que Draco Malfoy, e isso era alguma coisa, porque Draco não era o que se podia chamar de monogâmico, pobre Pansy.
- O que me acertou?
Ele olhou para o chão e falou hesitantemente, escolhendo cada uma das palavras com calma.
- Bom, é que nós estávamos treinando para os duelos de mais tarde e ele - apontou com a cabeça para um outro garoto parado perto deles - desviou do meu feitiço...
Ela olhou-o com um pequeno sorriso no rosto, analisando a expressão no rosto dele, ele parecia um pouco ansioso pelo que viria depois daquela revelação, então ela falou devagar.
- Então eu já sei com quem eu terei que duelar hoje.
Ela sorriu para ele, que mesmo parecendo meio surpreso com a resposta sorriu de volta galantemente. A garota finalmente conseguiu se levantar e então viu parado no meio da multidão que se formara ao redor dos dois uma cabeça tão loira que quase parecia branca.
- O que aconteceu? - perguntou Draco logo que conseguiu chegar até ela.
- O seu amigo ali - ela olhou para Blaise que os observava de longe - me acertou um feitiço, mas vai ter volta, você pode ter certeza que vai...
- Você realmente acha que pode vencer o Blaise em um duelo?- ele levantou uma sobrancelha e abriu um sorriso torto no rosto.
- Você acha que eu não posso?- perguntou ela num tom de desafio.
- Eu não sei...- falou ele passando a mão nos cabelos -Mas eu posso te dizer que o Zabini é um grande duelista, ganha até de mim muitas vezes.
- Eu sei disso, quando eu era mais nova eu freqüentei aulas de duelo com ele, e eu nunca venci... - constatou ela com uma expressão pensativa.
- E o que te faz pensar que pode vence-lo agora?- ele tinha um sorriso cúmplice, como se esperasse que ela revelasse um plano diabólico ou algo assim.
- O que me faz pensar que eu posso vence-lo agora é o simples fato que nós dois crescemos, e eu hoje sou uma duelista tão boa quanto o meu pai.- ela olhou para o garoto a sua frente e terminou - E isso não é pouca coisa.
- Eu imagino...Mas, se a senhorita permite que eu de a minha opinião, você parece estar confiante demais, e isso com certeza pode ser um ponto negativo, se é que vocês vão duelar mesmo...
Ela simplesmente sorriu para ele, dando as costas logo em seguida e indo em direção a um grupo de garotas que conversavam animadamente enquanto observavam Blaise e um outro garoto treinarem.
Mais tarde naquele dia as pessoas ali presentes se acomodaram nas arquibancadas, os duelistas já se preparavam nos bastidores, aquilo era mais do que uma competição, era um show. As regras ali eram claras, a primeira pessoa que caísse e permanecesse no chão por mais de dez segundos era a perdedora do duelo, a outra passava para a próxima fase. Simples fora isso tudo era permitido, tudo menos maldições imperdoáveis é claro, ali estavam todos entre "amigos".
Era uma competição de "mata-mata", você perdeu você esta fora, venceu vai para a próxima etapa, no final apenas dois competiam pelo prêmio de cem galeões, não que qualquer uma das pessoas ali presentes precisasse realmente do dinheiro, era simplesmente um fator de motivação.
Os primeiros seriam Blaise Zabini e Charles Turow, os dois bons duelistas, cada um com seu estilo.
Johanna se escorou na porta para olhar o duelo, eles eram reproduzidos em um tipo de telão na sala dos duelistas, mas ela preferia ver assim.
Os dois garotos se cumprimentaram educadamente, andaram três passos para trás e ficaram em posição, Blaise deu um grande sorriso e então atacou o outro fez um escudo e ele voltou a atacar. Os dois se encararam por um momento e Charles atacou, o outro desviou do feitiço e falou decidido.
- Ferístera!
Então o outro flutuou à alguns centímetros do chão com uma expressão aterrorizada, até que foi arremessado longe, caindo semi inconsciente no chão.
A platéia aplaudiu o moreno que levantava as mãos no ar como se já tivesse ganhado o premio. Johanna bateu palmas calmamente enquanto ele vinha em direção a porta, o outro tinha sido levado por alguns medibruxos para uma outra sala, e então falou:
- É esse o melhor que você pode fazer? - entrou na sala a sua frente e foi se arrumar, depois do duelo seguinte seria sua vez.
O duelo seguinte foi vencido por Felícia Crash, uma garota sem muitos amigos, e de quem a maioria das pessoas tinha medo só de olhar.
Agora chegara sua vez, respirou fundo e encarou Blaise por um segundo antes de entrar, seu duelo seria contra Todd Flydd, um completo idiota que se achava capaz de vencer qualquer um.
Encarou o garoto nos olhos enquanto o cumprimentava, os olhos dele soltavam faíscas, como se desejasse essa vitória mais do que tudo, a garota mantinha seus olhos calmos, e transmitindo a maior doçura que podia, queria fazer com que ele acreditasse que era "inofensiva".
Preparou-se sem tirar seus olhos dos dele, o garoto torceu a boca e gritou.
- Gargági!
Desviou com um feitiço e uma pessoa da platéia foi atingida, tento algo parecido com uma convulsão. Os olhos dele faiscaram mais ainda, mas desta vez de raiva e ele voltou a atacar.
- Kárnia!
A garota conjurou um escudo e ele deu um passo para frente, como se fosse pular encima dela, ele deu alguns passos para o lado, como se estivesse escolhendo um ponto de onde não poderia errar, Johanna analisou seus movimentos e então, quando ele chegou exatamente onde ela queria que ele chegasse proferiu seu feitiço.
- Falerdáia!
O garoto levou as duas mãos a garganta e caiu de joelhos no chão, em seguida soltou um grito bastante alto e caiu inconsciente no chão. A platéia explodiu em aplausos e a garota se curvou levemente agradecendo, e com um grande sorriso no rosto se retirou do peque no palco e foi até a sala dos duelistas.
Ao chegar lá logo encontrou aqueles olhos verdes a encarando, ela sorriu para ele e foi ver quem seria seu próximo adversário. Draco, que estava parado ao lado de Zabini tinha uma leve expressão de surpresa no rosto, nunca tinha visto a garota duelar, mas quando ela estava lá encima parecia que fazia isso a vida toda. Ela parecia incrivelmente poderosa, como se nada pudesse toca-la.
Os duelos passavam rapidamente, um competidor caindo depois do outro, alguns demorando mais, outros menos. Os medibruxos tinham bastante trabalho para cuidar das pessoas que perdiam, porque muitas vezes eles ficavam inconscientes ou tinham uma loucura momentânea, ou então tinham grandes marcas na pele, isso quando não tinham sido transformados em outros seres. Mas felizmente até aquele ponto da competição todos tinham recebido tratamento e estavam bem.
Finalmente chegaram aos quatro finalistas, os vencedores das duas batalhas que viriam agora seriam as duas pessoas a competir diretamente pelo prêmio, os duelos seriam sorteados.
- E o primeiro duelo é entre...Blaise Zabini - a platéia aplaudiu alto, principalmente as garotas que pareciam hipnotizadas pelo garoto - e... Felícia Crash. - a platéia soltou um muxoxo dessa vez, as garotas pareciam horrorizadas com a possibilidade da outra destruir a perfeição do rosto do garoto, tentando falar mais alto que a multidão o "apresentador" continuou - E na seqüência Johanna Cross e Draco Malfoy!
Johanna e Draco se encararam e saíram do palco, os dois ficaram escorados na porta para ver o duelo, nenhum dos dois pareceu querer falar nada.
Blaise e Felícia se cumprimentaram, os dois pareciam tranqüilos, apesar da garota ter um brilho estranho nos olhos e ter falado só mexendo os lábios "Agora eu vou te esmagar". Johanna acreditava que Blaise estava mais nervoso do que aparentava, mas torcia silenciosamente para que ele ganhasse, assim eles poderiam finalmente duelar.
Os dois se encararam por alguns segundos, como se desafiassem o outro a atacar. A garota foi a primeira a responder a provocação e gritou.
- Largnama!
Blaise fez um feitiço para desviar o feitiço, que atingiu o chão longe dele. Sorriu para a garota que tinha os dentes arregalados, como se quisesse assusta-lo e então gritou.
- Muractara!
A garota tentou desviar do feitiço só mexendo o corpo, mas ele acertou seu pé, que começo a afundar no palco, como se fosse um fantasma, então ela gritou.
- Garacva!
Blaise foi atingido na mão esquerda e seu braço começou a se transformar em um tipo de galho de árvore, ele olhou horrorizado para ele e depois encarou a garota que se equilibrava num pé só, viu que ela ia atacar novamente, mas foi mais rápido.
- Homandila!
A garota caiu de bunda no chão quando uma grande planta puxou-a pela cintura, por mais que ela se debatesse a planta não permitia que ela se mexesse, então quando a planta apertou seus braços forte e a garota gritou de dor um sinal tocou alto, fazendo com que Blaise encerrasse seu feitiço sob uma salva de palmas da platéia enquanto os medibruxos corriam para acudir a garota que mal conseguia se mexer.
- Que cena horrível! - falou Johanna observando a garota ser carregada em uma maca - Eu juro que quando acabar com você lá encima eu vou te deixar com um pouco de dignidade...
- Quem disse que você vai acabar comigo? - perguntou Draco com a sobrancelha levantada.
- Eu disse...- respondeu ela se virando para ele - Afinal agora a única coisa entre o meu duelo com o Zabini é você, e eu não estou a fim de perder a oportunidade...
- Muito bem...- falou ele achando graça da determinação dela em vencer o outro - Mas, só para você saber, não existe derrota com dignidade...
Ela riu enquanto os dois se encaminhavam para o palco. Blaise já estava com seu braço curado e observava os dois subirem do mesmo lugar onde ela vira todos os duelos.
Os dois se cumprimentaram com sorrisos nos rostos, aquilo com certeza seria divertido, os dois eram amigos a muito tempo, e conheciam as fraquezas um do outro, óbvio que não seria muito nobre usar esse conhecimento em seu favor, mas eles não se importavam com isso, eram sonserinos e não um bando de grifinórios bobos. Por isso que sabiam exatamente o que o outro iria usar, e não ficariam bravos por isso, quando saíssem dali seriam exatamente a mesma coisa, nada daquilo faria danos a amizade.
Posicionaram-se e Draco logo atacou no lado esquerdo, o lado mais lento da garota.
- Felarus!
Ela se defendeu com alguma dificuldade e sem esperar atacou o garoto na altura do abdomen, sabia que ele gostava de encarar os olhos das pessoas e um ataque no meio termo entre alto e baixo seria perfeito.
- Galarta!
O feitiço passou de raspão rasgando a roupa no outro e tocando a pele, que ficou vermelha e escamosa além de parecer bastante dolorido. Draco fez uma cara de dor e voltou a encarar a garota já atacando.
- Rewarta!
A garota tentou desviar, mas foi atingida no ombro e soltou um grito de dor quando ele começou a adquirir uma cor arroxeada e pulsar. Ela levantou a cabeça decidida a usar o golpe mais baixo, quando encarou os olhos cinzas de Draco chorava. Ele se desarmou completamente, ela sabia que ele não conseguia ver uma mulher chorando sem se sentir mal, então, aproveitando o momento de distração dele falou:
- Jarmah!
Então ele foi arremessado longe enquanto dava gargalhadas, ela começou a rir também contagiada pelo riso dele. Um sinal tocou alto em algum lugar do salão e ela acabou com o feitiço e andou até Draco para ajuda-lo a se levantar.
- Dois golpes baixos, - falou ele assim que ela chegou perto o suficiente para ouvi-lo - mas você me paga!
Ela riu e estendeu a mão para ele, que se levantou e andou com ela até a sala dos medibruxos.
O último duelo, momento decisivo da competição, as apostas estavam feitas e os duelistas em posição. Os dois com brilhos quase obsessivos nos olhos, como se a vida deles dependesse do resultado do duelo. Olhos faiscando encarando olhos em chamas, todos estavam tensos, a situação passava isso.
Dando um passo a frente o garoto começou, com uma voz segura e um meio sorriso:
- Garacva! - o feitiço atingiu o chão ao lado da garota, e de lá começou a nascer uma grande árvore, que vinha em direção dela.
A garota colocou um pé encima de um galho e quando esse cresceu ficou sentada nele, acima da cabeça do garoto.
- O que foi feito do cavalheirismo? Largma! - gritou antes que ele pudesse responder.
O feitiço passou ao lado da orelha do garoto e atingiu a parede ao longe. As pedras começaram a escorrer em forma de uma lava cinzenta e que soltava fumaça. O garoto olhou para trás e então pulou na árvore, onde Johanna ainda estava sentada.
- O que foi aquilo? Vapuore! - tanto a lava quanto a árvore desapareceram, a garota caiu de bunda no chão, soltando um ganido e logo se pôs de pé.
O duelo já se estendia por meia hora quando Blaise deu uma risada alta a escapar de um feitiço e, mesmo estando de costas, atacou com um feitiço que ainda não havia sido usado naquele dia.
Um grande trasgo saiu do chão, sorrindo maldosamente e atacando Johanna com seu bastão de madeira, a garota desviou da primeira vez e da segunda, mas o trasgo não agia como os normais, parecia mais inteligente, parecia calcular seus movimentos.
Foi então, na terceira vez que investiu seu bastão contra a garota, que ela vôou pelos ares, rolando por toda plataforma. O trasgo veio em sua direção, a garota, meio cambaleante ainda tentou ataca-lo, mas ele já estava muito próximo.
Quando o monstro voltou a levantar seu bastão, tendo uma garota que mal se agüentava em pé a sua frente, algo estranho aconteceu, um feitiço roxo veio rápido acertar direto a cabeça do trasgo, que virou pó. Em seguida Blaise correu para perto de Johanna, que, logo que ele chegou ao seu lado, caiu desmaiada em seus braços.
Tudo depois disso foi como um borrão, medibruxos, gritos e exclamações de preocupação. Lembrava-se de ouvir a voz de Draco, gritando, seguida pela voz de Blaise, desculpando-se, mas então nada mais lhe vinha a memória sobre aquele dia, pelo menos não até o momento que acordou.
Abriu os olhos, tudo era muito branco ao seu redor, "Um hospital?", pensou confusa, em seguida pode ver um rosto familiar. Draco encontrava-se sentado em uma confortável poltrona ao lado de sua cama, quase dormindo.
- Você deveria procurar uma cama, dormir assim sentado pode te dar torcicolo. - sussurrou assim que achou sua voz, mesmo num tom tão baixo foi o suficiente, no silencio que estava o lugar, para chamar a atenção não só de Draco, mas também de alguns medibruxos, que não tinha visto estarem ali.
Depois de convencer a todos que estava bem, algumas horas mais tarde, finalmente lhe explicaram o que havia acontecido, era bastante incomodo saber que tinha sido vencida por um trasgo, mas ainda assim era bom saber que era um trasgo especial, mais inteligente do que os outros.
- Você tinha que ver a cara do Blaise quando aquele monstro te acertou, acho que eu nunca vi ele tão assustado! - falava Draco entre gargalhadas agora que estavam sozinhos no quarto, antes, quando os médicos estavam ali, ele parecia bem mais sério - Ele acabou com ele e então saiu correndo para ver se você estava bem, - agora ele parara de rir e segurava sua mão com força - eu quase morri quando ele chegou perto de você e a srta simplesmente caiu inconsciente nos braços dele.
- Eu estou bem Draco! - falou apertando a mão dele de volta - Não se preocupe, foi só um susto.
O quarto ficou em silêncio, mas não um silêncio desconfortável, o tipo de silêncio que há entre as pessoas que se conhecem tão bem que não precisam conversar para estarem a vontade uma com a outra.
Saiu da ala médica da mansão onde ocorria o clube no fim da tarde, acompanhada por Draco que perguntava a toda hora se estava tudo bem, ao que ela sempre respondia que sim e ria da cara de preocupação dele.
Foi então que alguém pigarreou, fazendo com que ela se virasse. Lá estava ele, Blaise, com um saco de couro em uma mão e um pequeno troféu na outra.
- Que bom que você já esta bem. - falou hesitante, então andou até ela, entregando o troféu e o saco - Para a verdadeira ganhadora, o que eu fiz não foi legal, me desculpe.
Não disse nada, algo impedia que falasse, o toque, o mínimo toque da mão dele na dela fez com que sentisse como um choque por todo o corpo, algo que jamais havia sentido. Então limitou-se a sorrir, um sorriso que foi devolvido na hora, fazendo com que seus joelhos falhassem e ela quase fosse parar no chão novamente.
Blaise passou o braço por suas costas e riu, dizendo algo que ela não entendeu, então a acompanhou até a carruagem que levaria ela e Draco para a Mansão Malfoy, onde ficaria para que seu pai não a visse naquele estado.
Observou Blaise se distanciar conforme a carruagem deixava o chão.
FIM DO FLASHBACK
Fora naquele momento que seu coração disparara por alguém, o único alguém. Desde então tentara esquecer, fazia de tudo para superar aquilo, mas nada adiantava, tornaram-se cada vez mais amigos, cada vez mais próximos, e seus sentimentos foram deixados de lado, atrás de sorrisos forçados, conselhos amorosos e aulas de dança.
Blaise andava pelos jardins com sua corvinal quando viu alguém deitado perto do lado, a pessoa parecia-lhe estranhamente familiar. Ao se aproximar percebeu que quem quer que fosse a garota tinha algo de errado com ela, parecia tremer demais, quis se aproximar, mas Raquel segurou seu braço, dizendo "Você vai me trocar por outra?". Continuou andando, ouvindo a garota falar até que ouviu a garota no chão dizer algo. Sua voz era mais que familiar, já tinham passado bastante do local onde ela estava caida, mas olhou para trás, só então reconhecendo o vestido. Soltou o braço de sua acompanhante e saiu correndo.
- Se você me deixar aqui sozinha agora não vai mais voltar! - ela gritou, mas ele já não escutava mais.
Ajoelhou-se ao lado de Johanna, ela estava gelada, apertava seu fino chale contra a pele tremula. Tirou sua capa e colocou sobre ela, pegando-a no colo e correndo para a enfermaria. Ela falava palavras desconexas, entre elas ele distinguia frio, Blaise, aulas, e algo sobre choques.
- Bom dia Draco! - falou uma voz calma e forte.
Draco abriu os olhos devagar, dando de cara com seu pai que tinha um estranho sorriso no rosto. Nem queria pensar no que tinha acontecido na noite anterior para uqe seu pai estivesse com um sorriso daqueles na cara.
- Bom dia pai, não é muito cedo para me acordar? - falou se acomodando na cama de modo que o sol não batesse em seu rosto.
- Cedo? - Lucio olhou para seu relógio - São dez horas da manhã!
- Eu sei, - continuou Draco sentando na cama ao perceber que ele não o deixaria em paz - mas não tem aula, então eu pretendia dormir até mais tarde.
- Não seja tão preguiçoso Draco! Levante logo, todos os seus colegas já levantaram!
- Isso é porque o senhor entrou aqui, eles jamais ficariam no caminho de Lucio Malfoy.- explicou Draco levantando da cama e se encaminhando para o banheiro - Porque o senhor acha que não tinha ninguém no salão comunal ontem?
- Eu só achei que vocês fossem diferentes da minha época, talvez uma geração mais calma, que não fica o tempo todo acordada...- falou Lucio olhando pela janela com uma cara confusa.
Draco saiu do banheiro já vestido e arrumado, então parou escorado na cama e ficou encarando o pai, o que estaria ele fazendo ali? Não podia ser só por sua mãe, poderia?
Passaram-se alguns momentos até que um deles se se pronuncia.
- Você deve saber que eu não estou aqui para uma simples visita não é mesmo Draco? - Lucio virou e ficou encarando o filho.
- Eu imaginava, mas estava agora mesmo me perguntando o que exatamente você poderia querer aqui, o senhor vai me esclarecer? - estava com os braços cruzados e mantinha uma expressão vazia, como seu pai tinha lhe ensinado "não confie nem mesmo em seus aliados" ele dissera.
- Estamos muito satisfeitos com o sucesso do plano e com o modo como se livrou de qualquer encrenca, soube que enrolou direitinho os professores. - ele sorria orgulhoso, como se tudo o que ele ensinara finalmente começasse a valer a pena.
- Eu não me livrei completamente, quer dizer, eu ainda tenho que fazer parte do time idiota de Hogwarts, e dessa eu percebi que não vou poder me livrar tão fácil, e acredite, eu tentei. - falou Draco sentando-se na cama.
- Mas isso é muito bom Draco! - falou Lucio.
- Como assim? - Draco encarava Lucio com uma expressão que dizia claramente " você enlouqueceu?".
- É óbvio que isso é bom Draco, você pode ficar de olho no Potter sem chamar atenção, essa era a chance que nós precisávamos! - novamente aquele brilho maníaco se instalava em seus olhos. - Eu vim aqui para dizer que o Lord das Trevas está muito feliz com você, e para te entregar isso.
Ele tirou um pequeno pacote da capa e entregou-o a Draco, que o abriu devagar. Lá dentro havia uma pequena cobra de prata, bastante pesada.
- Quando eu precisar me comunicar com você vou mandar um bilhete por ela, é só checar todos os dias, e se você precisar falar comigo é só colocar o pergaminho na boca dela e ela vai saber aonde ir.- então virou para a porta, com a capa esvoaçando, antes de sair virou para trás e disse - Carregue-a sempre com você.
Então foi embora, deixando um Draco muito cansado para trás.
N/A: Olá todos! Dessa vez eu consegui postar mais cedo, eu já comecei o próximo capítulo entõa acho que não ou demorar...
O que vocês acharam do capítulo? Não teve muito D/G, mas acho que já deu pra matar um pouquinho das saudades dos dois, agora, aparentemente, tudo começa a funcionar para os dois...
A volta do Lucio! Sim, porque ele não podia ficar longe por muito tempo, ele é muito importante para isso...
hehhehehhehhe
Meus agadecimentos a Karen, Laura(comentario gigante!), Musa-Sama, Ane Malfoy e CahMJ's pelos comentários, eles são muito importantes para mim, talvezmais do que vocês imaginam!
Até mais para todos, beijos!
COMENTEM!
