Hello people!
OUKI MEGAMI
Segunda parte – Os fantasmas da cidade
14. Reflexões no cativeiro
Mas Naraku não estava mentindo. Sango, Miroku e Sesshoumaru estavam bem. Isto é, se podem ser consideradas bem três pessoas aterrorizadas, presas num lugar escuro e ameaçador.
Depois de capturados, Sesshoumaru e Miroku haviam sido conduzidos por Yama e Ginkotsu até a Mina Vermelha, uma antiga escavação abandonada, cuja entrada achava-se quase escondida pelo mato no fim de uma das ruas de Ouki Megami. Quando o ex-boxeador, num esforço que tornou ainda mais saliente os músculos de seus braços, destrancou e removeu a pesada porta da mina, os dois meninos quase perderam a fala.
- Por Kami-sama! É a Sango – Miroku exclamou, chocado com a visão da menina encolhida num canto escuro da mina.
Ele e Sesshoumaru entraram na escavação e se agacharam ao lado de Sango, que parecia em estado de choque. Tanto que, quando a porta da mina foi retirada e a claridade do dia invadiu o lugar, ela apenas levantou os olhos para seus companheiros, como se não tivesse forças para nada além daquilo.
- Mas o que aconteceu com você, Sango? – Sesshoumaru sentou-se ao lado da menina e afagou seu braço com delicadeza.
Sango passara a noite trancada naquele lugar escuro e úmido. Abraçada aos dois e tremendo muito, ela passou a balbuciar palavras desconexas, numa tentativa de explicar o que tinham sido aquelas horas na escuridão, em companhia de insetos e ratos, que encheram de terror com seus ruídos insones. Sesshoumaru e Miroku ficaram tão preocupados em acalmar a amiga que nem perceberam quando Mukotsu e Ginkotsu deram uma última olhada satisfeita para o trio e bloquearam novamente a entrada da mina. Por uma fresta mínima, a luz do sol continuou penetrando, como se quisesse brincar com os três, lembrando que lá fora havia um dia luminoso, bem diferente daquele lugar lúgubre em que estavam aprisionados.
Depois de alguns minutos, a vista se acostumou à semi-escuridão e Miroku e Sesshoumaru, perceberam que Sango recobrava a calma, tentaram examinar o local. Uma placa jogada num canto advertia: "Perigo: mina condenada". E nenhum dos dois ousou avançar no túnel escuro que havia à frente, escorado por madeiras apodrecidas pela infiltração de água. Depois de forçar sem resultado a porta na entrada da mina, Miroku e Sesshoumaru sentaram-se desanimados ao lado de Sango e os três permaneceram em silêncio por um bom tempo, cada qual entregue aos seus próprios pensamentos e medos.
Sango havia conseguido se acalmar, mas ainda se mantinha encolhida, abraçada aos joelhos. A vontade de fugir se misturava à fome e à fraqueza. Ela ouvia a respiração ofegante de Miroku ao seu lado e, observando-o dissimuladamente com o canto dos olhos, foi tomada por um súbito acesso de ternura. O desejo de abraçá-lo, afagar seus cabelos e passar a mão por seu rosto tornou-se quase irresistível. Ela estremeceu. Só não fez porque, mesmo à meia-luz luz, a presença de Sesshoumaru sentado à sua direita a inibiu.
Embora Miroku parecesse absorto, sentado com o queixo apoiado na mão, não deixou de perceber que Sango o fitava. Só havia um pensamento que superava sua preocupação com a situação que estavam vivendo – e esse pensamento relacionava-se com a menina de cabelos castanhos encolhida a seu lado. Miroku sentia uma necessidade incontrolável de falar com ela – embora não soubesse direito o que iria dizer. Olhando-a, tentou compreender o que estava acontecendo dentro de si, porque a simples visão da garota provocava nele uma espécie de calafrio.
Estavam tão próximos que, se esticasse o braço, conseguiria tocar nos cabelos dela. Houve um momento em que o olhar dos dois se encontrou e Miroku, temendo que sua voz saísse hesitante, conseguiu murmurar:
- Por Kami, o que vai acontecer com a gente?
Sango abaixou a cabeça.
Sesshoumaru levantou-se, caminhou até a entrada da galeria da mina e lá permaneceu, apoiado na parede fria. Estava envolvido em uma luta mental bem diferente da que afligia seus dois companheiros de cativeiro. Como se fosse uma espécie de trauma, outra vez o conflito entre coragem e covardia o havia atingido.
Vivia um momento semelhante ao do assalto em sua casa: minutos antes, quando ele e Miroku haviam sido trazidos para a mina pelos dois homens, aquele dilema se repetira. Enquanto Mukotsu se esforçava para remover a porta, os dois meninos permaneceram imobilizados por Ginkotsu, que lhes apontava a escopeta. Sesshoumaru experimentara a mesma indecisão de um ano e meio atrás: tentar ou não um salto sobre o homem que, em lugar de falar, comunicava-se emitindo grunhidos. E mais uma vez lhe faltara coragem.
Sesshoumaru não se conformava com aquilo que classificava como um novo fracasso. Se houvesse tentado alguma coisa, refletia, talvez ele e seus companheiros não estivessem agora confinados naquele lugar escuro e amedrontador. O que o tirou desses pensamentos sombrios foi a voz de Miroku:
- O que será que aconteceu com Inu-Yasha e com a Kagome?
- Devem ter sido apanhados por essa gente também – Sesshoumaru respondeu, encaminhando-se para perto dos dois.
- E o que a gente vai fazer, por Kami? – a voz de Sango soava fraca e desesperançada.
- Estive pensando... Será que não vale a pena entrar nesse túnel aí e verificar onde vai dar?
A sugestão de Sesshoumaru fez com que Sango e Miroku trocassem um rápido olhar. Este levantou-se também e ficou ao lado do companheiro:
- Mas nós não temos nenhum tipo de luz, Sesshoumaru. De que adianta entrar aí se não vamos conseguir enxergar nada...
- Isso é verdade – Sesshoumaru concordou. – Mas a gente não pode ficar parado aqui, esperando sabe lá Kami o quê.
- Será que esses homens vão nos deixar aqui para sempre? – Sango perguntou, mantendo-se ainda encolhida.
- Quem é que pode saber o que eles estão planejando? – rebateu Miroku. – O que você acha que eles pretendem, Sesshoumaru?
Antes de responder, ele caminhou novamente até a porta da mina e inspecionou-a. Além de ser grossa, estava bloqueada por fora, o que afastava de imediato qualquer possibilidade de fuga por ali.
- Boa coisa é que eles não estão pretendendo. Você viu o jeito dos dois que trouxeram a gente até aqui? São assassinos, está na cara.
- Ai, por Kami – Sango choramingou e os dois meninos olharam na direção de seu vulto. – Este lugar deve estar cheio de cobras e ratos. Eu quero sair daqui...
A menina voltava a descontrolar-se, eles perceberam. Sesshoumaru pensou em bronquear, mas não disse nada, pois compreendia a tensão que ela havia passado durante a noite e a gravidade da situação que estavam vivendo. Miroku sentou-se outra vez ao lado da menina e tocou levemente seus cabelos, o que fez com que ela erguesse a cabeça e o abraçasse, iniciando um choro convulsivo.
- E o que eles fizeram com o Inu-Yasha e com a Kagome? – Miroku indagou, enquanto tentava controlar a garota.
- Não sei, não – Sesshoumaru comentou secamente.
Ele jamais diria o que estava pensando, pois isso com certeza iria piorar ainda mais o clima naquele lugar. Mas em sua cabeça uma idéia começava a tomar uma forma cada vez mais concreta e assustadora: Inu-Yasha e Kagome tinham sido mortos.
Este ficou um pouco mais curto XD.
Mas espero que tenham gostado. Agora sabemos o que aconteceu a Sango, Miroku e ao Sesshoumaru.
Gomen nasai a todos que postaram, mas só postarei as respostas das reviews no próximo capítulo. Entrei rapidinho pra postar este para não deixar vocês leitores na espera. Eu sei como isso é ruim.
Mas prometo responder a todos.
Bem até o próximo capítulo... A cidade do crime... qual seria o real plano de Naraku?
kisses
Ja ne...
