Hello people!
Boa leitura!
OUKI MEGAMI
Segunda parte – Os fantasmas da cidade
15. A cidade do crime
Antes de entrar na funerária, guiado por Mukotsu, que o olhava com desconfiança, o Homem Cinza deu uma última espiada no carro estacionado a poucos metros do sobrado e depois nas ruas de terra banhadas pelo sol. Consultou seu relógio, verificou que passava um pouco da uma e meia da tarde.
Inu-Yasha percebeu que o rosto de Naraku se iluminou quando ele avistou na porta aquele estranho homem vestido de cinza. Naraku tirou pela primeira vez os óculos escuros – o rapaz pode notar que seus olhos eram frios como um bloco de gelo – e os dois se saudaram e se abraçaram com aquela intimidade que só velhos amigos tem.
- Puxa, quanto tempo, heim? – disse Naraku, ainda abraçado ao Homem Cinza, olhando-o como se avaliasse as roupas caras que ele vestia. – Mas você está ótimo, meu caro. Caramba, parece que o tempo só passa para mim...
- Que é isso, Naraku? Você está até mais jovem do que na última vez que a gente se encontrou – o Homem Cinza comentou, enquanto depositava sua maleta no assoalho da sala. – Acho que já faz uns quatro anos que a gente não se vê, não é verdade?
- Daí pra mais. Puxa, foi naquele serviço grande que a gente fez em Tóquio, lembra? – Naraku recolocou os óculos e ia falando como se os dois estivessem ali recordando travessuras de uma infância distante. – Caramba, naquele dia você bateu o recorde e velocidade: abriu o cofre daquele banco em menos de um minuto... Mas, me diga, por onde tem andado?
- Por aí. Na verdade tenho "trabalhado" pouco, Naraku. A barra anda muito pesada não só nas cidades grandes, mas também nas pequenas. Semana passada mesmo eu soube que a polícia de Tóquio matou o Tenshi e o Atama no Tetsu. Você lembra deles?
- Lembro, por Kami... Cheguei a trabalhar com o Tenshi e o Atama no Tetsu há alguns anos. Quer dizer que eles dançaram, é? Que barra, hein? A polícia não está dando moleza... – Naraku baixou a cabeça e uma sombra pareceu ter passado por seu rosto. – Mas vamos falar de coisas alegres, meu caro. Deixa eu te apresentar o meu pessoal. O Yama você já conhece bem, não é?
O Homem Cinza sorriu e olhou na direção do brutamontes, que grunhiu um monossílabo.
- Claro que conheço, Naraku, dos velhos tempos. Inclusive nós estávamos juntos num trabalho em Okinawa em que ele não deu sorte e foi apanhado pelos tiras. Não foi isso Yama? – o Homem de Cinza perguntou, como se estivesse recordando um piquenique que não deu certo por causa da chuva. – Nem sempre a gente tem sorte nesse negócio...
Yama mostrou uma expressão magoada:
- Aquela foi uma história mal contada e todo mundo sabe disso. Só você conseguiu escapar quando a polícia chegou e o que é pior: levou o dinheiro com você...
- Ora, Yama, vai me dizer que você ainda guarda ressentimentos daquilo? Eu tive sorte quando os tiras invadiram o banco, só isso. E nem era tanto dinheiro assim que consegui levar...
- Pois, pra mim, aquele lance nunca foi explicado. Sabe o que eu acho? Você deve ter dado dinheiro aos policias pra sair dali e largou a gente na fogueira... – Mukotsu falava olhando-o direto no rosto, num tom inconfundível de desafio.
Antes que o Homem de Cinza replicasse, Naraku puxou-o pelo braço:
- Que é isso, gente? Vamos parar com essa conversa inútil. O que aconteceu entre vocês está morto e enterrado. O importante é o que vamos fazer daqui para frente.
O Homem Cinza deixou-se conduzir por Naraku para o meio da sala, mas ele e Yama ainda trocaram um olhar carregado de tensão. Em seguida, o grandalhão fez uma careta e encaminhou-se para as escadas, subindo para o andar de cima sobrado. Naraku falou no ouvido do Homem Cinza:
- Não ligue pra ele, não. O Yama anda muito nervoso por estarmos aqui isolados, mas agora ele arrumou uma namoradinha e as coisas vão melhorar, tenho certeza.
Ao ouvir isso, Inu-Yasha lançou um olhar enfurecido na direção da dupla. Naraku ignorou-o e prosseguiu com as apresentações:
- Aquele ali é o Ginkotsu, o nosso vigia – informou, apontando o barbudo que segurava uma escopeta ao lado de Inu-Yasha. – Está comigo há bastante tempo e é de plena confiança. Com uma vantagem: o Ginkotsu é mudo. Assim, não fica enchendo a cabeça da gente com bobagens, como as vezes acontece com o Yama.
O Homem Cinza apertou a mão de Ginkotsu, deu uma rápida olhada no rapaz sentado na cadeira e então voltou-se para a morena.
- E esta é a Kagura, minha paixão – Naraku explicou, passando a mão pelo rosto da mulher. – Quando a gente se conheceu, ela era uma dançarina numa boate de Tóquio, mas eu a "roubei" pra mim, não é, Kagura?
A pele da morena estava pálida que parecia fundir-se à roupa branca que ela vestia. Quando Kagura e o Homem Cinza se encararam, o rosto dele pareceu tocado por um halo de luz e ela sorriu, estendeu a mão de unhas bem cuidadas. O Homem Cinza correspondeu ao sorriso e, numa mesura, curvou-se para beijar a mão da mulher, murmurando "encantado". Naraku parecia satisfeito:
- Hum, você é mesmo um perfeito cavalheiro – ele disse, sentando-se na poltrona e indicando outra para o amigo. – Bem, agora vamos falar dos nossos planos. Temos o que fazer aqui em Ouki Megami.
O Homem de Cinza sentou-se, depositou sua maleta ao lado da poltrona e apontou para Inu-Yasha, que continuava na mira da arma de Ginkotsu:
- E esse pivete, é o mascote de vocês?
- Bem, digamos que ele é nosso hóspede – Nraku respondeu, lançando um sorriso cínico na direção do rapaz. – É o seguinte: faz quase três meses que nós ocupamos esta cidade. E as primeiras pessoas que apareceram por aqui depois disso foram ele e os amiguinhos dele. Então nós tivemos de agir porque são garotos muito abelhudos e poderiam arruinar nossos planos.
- Bom, e que planos são esses, Naraku? Confesso que estou morrendo de curiosidade desde que a dona da boate Zoku deu a dica de que deveria vir procurá-lo aqui neste fim de mundo. Achei estranho alguém se lembrar de mim, pois fazia quase dois anos que eu estava escondido no interior de Hokkaiko e não a Tóquio. E outras coisa: foi muito difícil encontrar sete lugar: ninguém sabe onde fica e nem existe nos mapas...
- E esse é o lado bom da coisa, meu caro. Pense bem: é um lugar onde ninguém pensaria em nos procurar, você não acha?
- Isso é verdade – o Homem de Cinza concordou, mas manteve a testa franzida de curiosidade. – Bom, e o que vamos ficar fazendo aqui?
- Aí é que está – Naraku exclamou, batendo na coxa do outro. – Minha idéia é trazer todos os nossos amigos para morar em Ouki Megumi. A polícia nunca vai nos incomodar aqui.
- Ainda não estou entendendo...
- Ora, meu amigo, aos poucos vamos transformar Ouki Megumi numa cidade dedicada exclusivamente aos nossos negócios. Aqui, ninguém nunca vai nos incomodar. E todos poderão sair por aí fazendo o serviço, com a certeza de que na nossa cidade estarão bem abrigados.
- Você vai me desculpar, Naraku, mas estou achando isso uma idéia meio maluca. – O Homem Cinza abriu os braços e olhou para Kagura, como se também estivesse falando com ela. – Quem garante que os caras vão querer se enfiar neste fim de mundo?
- Ora, ora, não seja pessimista, meu amigo. Você mesmo não reconheceu que a polícia não está dando moleza pra ninguém? Pois então. Isso aqui viraria uma espécie de refúgio, para onde todos poderiam voltar depois de "trabalhar" por aí. Se este lugar já tivesse do jeito que eu quero, o Tenshi e o Atama no Tetsu não teriam morrido...
- Bom, isso é verdade. Se eles tivessem um bom esconderijo estariam vivos a esta hora.
- Viu como eu tenho razão? – Naraku vibrou quando percebeu que o outro, pouco a pouco, ia se convencendo de sua idéia. – Imagine só daqui a algum tempo: esta cidade vai estar tão cheia de gente que, mesmo se a polícia descobrir que estamos aqui, ninguém vai se atrever a invadi-la. Só o exército para nos tirar daqui, meu amigo. Sabe como eu tive essa idéia? Lendo, meu caro, lendo. Uma vez li que, antigamente, os corsários se refugiavam no Caribe depois de pilhar os navios em alto-mar. Não é bárbaro isso?
- Ainda não sei se vai dar certo, Naraku. Em todo o caso, onde eu entro nesta história?
- Ah, sabia que você ia perguntar isso. Escolhi você por causa de suas habilidades: é o maior arrombador de cofres do país. Com o tempo, você vai dar um curso para os nossos amigos que estiverem morando aqui e eles vão poder fazer a limpeza nos bancos por aí. Pense bem: eles fazem o serviço e voltam para cá numa boa, para a "nossa cidade".
- E o que eu ganho com isso? – quis saber o Homem Cinza, que estava meio assustado com o tom estranho da voz de Naraku.
- Simples. Para morar em segurança aqui, todo mundo vai pagar uma porcentagem dos roubos pra gente. Nós vamos administrar a cidade. Estou pensando até em reativar o banco pra guardar o dinheiro do pessoal, ah, ah, ah.
O Homem Cinza e Kagura trocaram um olhar rápido. E Naraku, tirando os óculos escuros, exibiu um brilho insano nas pupilas. Ficou em pé para dar maior ênfase às palavras:
- Com o tempo, vou reabrir o jornal de Ouki Megami e, quem sabe, a gente até faça uma eleição pra escolher o prefeito. Já pensou? Vai ser uma cidade normal, exceto por seus habitantes...
- Olha, Naraku, eu preciso pensar direito nessa história. Reconheço que é uma coisa que pode dar certo. Nos últimos tempos precisei ficar me escondendo por aí por causa da polícia e foi um inferno para achar um lugar decente... Mas não sei, preciso pensar.
- Claro, claro, meu amigo. Pode pensar à vontade. A Kagura vai te levar até o seu quarto no hotel. Você vai ver que já temos algumas mordomias.
Dizendo isso, Naraku levantou-se e fez sinal a Kagura para que acompanhasse o visitante, com uma recomendação:
- Kagura, não se esqueça de religar a energia elétrica do hotel. Ontem tivemos que desligar a força lá por causa desses abelhudos – explicou ao amigo. – Mas mesmo assim eles resolveram ficar e deu no que deu.
O Homem Cinza apanhou sua maleta e, acompanhando Kagura, deixou a funerária. Naraku levantou-se e sorriu para Ginkotsu:
- Vamos chamar o Yama. Chegou a hora de dar um jeito neste nosso amiguinho.
Inu-Yasha, que ainda estava chocado com a conversa que acabara de presenciar, sentiu um calafrio no estômago. Ele continuava sentado e algemado e ouviu, impotente, a outra frase de Naraku:
- Não se preocupe, Inu-Yasha. Eu garanto que não vai doer nada. Como você sabe, detesto violência.
Tenshi: anjo
Atama: cabeça
Tetsu: ferro
Zuku: clã
Hokkaiko: uma das quatro ilhas que forma o Japão.
Gomen nasai, leitores, tenho andado muito desorganizada. Sei que isso não é desculpa, mas é que a minha cabeça tá a mil.
Espero que tenham gostado deste capítulo.
Hoje ao em vez de um postei dois.
Respondendo as reviews:
nathBella:
Oiii! Infelizmente não irei dizer se sua suposição está correta ou não. Você irá descobrir mais para frente.
O que eles vão fazer agora? Bem, isso é uma boa prerrogativa, pois ainda nem eu sei XD (O QUÊ? ò.õ) verdade, conciência você tem alguma idéia (XD).
Eu também não sei se aguentaria ficar num lugar daqueles à noite - nota mental fazer um teste de resistência como o da Sango (pirou de vez é Ò.Ó).
Pode esperar que ainda haverá mais emoções. Bjus..
Nemo letting go:
Huhu, adoro deixar as pessoas curiosas, fico feliz que esteja gostando. E foi mal aí pela demora.
Bjus..
Sakurinhah:
Oie! Pode ficar tranquila, saciarei sua curiosidade com o decorrer dos capítulos. Aos poucos você irá saber quem realmente é ele, seus planos e sua ligação com mais um integrante do grupo de Naraku.
Bem, o porque aKagome arranhou o Yama, você irá descobrir no próximo capítulo.
Huhahahaha, pois é, tenho que admitir você descobriu tudo. Era exatamente isso. Você descobriu até mesmo antes de mim XD.
O climinha que você falou, é pra entre o Miroku e a Sango, certo?
Vou lhe responder porque não coloquei assim muita coisa. Apesar de um gostar do outro ainda estão naquela fase das incertezas, a vontade de demonstrar o que está sentindo, mas ao mesmo tempo o medo de não ser correspondido. Sem contar na vela - Sesshoumaru - que estava no resinto.
Não sei se pareceu isso, mas enfim era algo assim que eu queria colocar. Bjus..
Sanetoki-san:
Fico muitíssimo feliz que está gostando, e obrigada pelo elogiu. Bjus
Obrigada a todos que escreveram! Vocês são o animo para as postagens de novos capítulos.
Fiquem agora com mais um capítulo... Um homem apaixonado...
