Hello people!
OUKI MEGAMI
Segunda parte – Os fantasmas da cidade
16. Um homem apaixonado
Minutos antes, deixara a sala e subira as escadas rumo ao andar de cima do sobrado, Yama mal conseguia controlar a raiva. Considerava o Homem Cinza um traidor e, por causa dele, ficara uns bons anos na cadeia. Tinha esperado tanto por uma oportunidade como aquela. Agora que tinha a chance de acertas as contas com o sujeito, era obrigado a engolir seu ódio porque o homem se tornara importante para os planos de Naraku. Embora o Homem Cinza estivesse ao alcance de suas mãos, nada podia fazer. Não se conformava. E sentia uma vontade danada de descarregar seu ódio esmurrando as velhas paredes da funerária.
No momento em que girou a chave, no entanto, e abriu a porta de um dos quartos, a profunda frustração que sentia desapareceu como por enquanto. Mukotsu experimentou um sentimento que, por ser novo, ainda não compreendia direito. O motivo para essa mudança de humor era a garota que estava agachada, encolhida num canto do quarto. Kagome.
Yama fitou-a com adoração e, por alguns segundos, algo parecido com ternura substituiu a expressão feroz em seu rosto. Ele fechou a porta atrás de si e ficou imaginando a maneira certa de tocá-la – como um sujeito desajeitado faria numa loja de cristais finos.
Kagome levantou a cabeça e seus olhos inchados de tanto chorar divisaram a criatura enorme parada à sua frente.
- Não toque em mim – ela choramingou, encolhendo-se mais ainda de encontro à parede.
- Não tenha medo, menina, eu não vou fazer mal a você – Yama tranqüilizou-a, sentando-se na beira da cama e tentando dar à voz poderosa um tom adocicado. – Eu quero ser seu amigo.
- Me deixe ir embora, por Kami – Kagome implorou, colocando a cabeça entre os joelhos.
- Ah, isso não é possível, não. Você vai ficar aqui, mas eu vou proteger você, não se preocupe. Eu quero ser seu amigo.
Mukotsu esticou o braço e tocou a cabeça de Kagome, o que fez com que ela recuasse, num misto de pânico e repulsa.
- Não precisa ter medo de mim – ele repetiu, pondo-se outra vez em pé. – Já falei: eu só quero ser seu amigo.
- Mas eu não quero! – Kagome gritou, voltando a chorar. – Eu quero ir embora...
- Veja uma coisa: você me arranhou naquela hora e eu deveria ter ficado zangado, não acha? Mas tudo bem, eu já te perdoei... – A mão de Yama avançou novamente da direção do rosto de Kagome.
Quando aqueles dedos grossos estavam a poucos centímetros de sua face, Kagome reagiu de repente e cravou os dentes na mão do homem. Ele saltou um berro e pulou para trás.
- Ai, assim você me machuca – reclamou, fazendo uma careta de dor e esfregando a mão atingida. – Você é muito brava menina. Olhe que eu estou ficando nervoso, hein?
Yama permaneceu olhando aquela criatura frágil à sua frente. Sabia que bastava um tapa e ela se desmancharia como um castelo de cartas. Mas sabia também que jamais teria coragem de erguer a mão para a menina. Queria conquistar a confiança dela, só isso. Então continuou:
- Sabe que uma vez eu matei um cara com um soco? Sério. Ele me provocou e naquela época eu era um lutador de boxe. Bati uma vez só, na cabeça. Ele caiu que nem uma árvore velha...
Kagome arregalou os olhos e percebeu um riso nostálgico no rosto do grandalhão.
Yama fechou os olhos por um momento:
- Eu só queria assustar o cara, mas calculei mal a força do soco. Coitado, foi nocaute total. Mas quem mandou me provocar, né? Isso estragou a minha vida porque depois tive que fugir e precisei abandonar o boxe.
Kagome começou a tremer quando o homem avançou mais uma vez em sua direção. Encolhida contra a parede, a única coisa que restava era fechar os olhos. E foi o que ela fez, prendendo a respiração e esperando. Quando Yama ia toca-la, três batidas soaram na porta. Ele fez uma careta de desgosto e atravessou o quarto.
A porta foi aberta e Yama deu de cara com Ginkotsu, que se pôs a grunhir e a gesticular. O brutamontes ouviu aquela confusão de sons guturais e só então falou:
- Já entendi, Ginkotsu. O chefe quer que eu leve o Inu-Yasha para a Mina Vermelha, não é? Está bem, já vou descer.
Enquanto Ginkotsu se afastava pela escada, Yama voltou outra vez para perto de Kagome. Agachando-se, falou em voz baixa:
- Agüenta um pouco aqui, menina, que eu tenho um servicinho pra fazer, mas já volto. Daí a gente vai conversar direito. E eu não quero mais saber de mordidas e arranhões, ta? Você está avisada.
Kagome ergueu a cabeça a tempo de ver aquele homem musculoso deixando o quarto. No momento em que escutou o ruído da chave trancando a porta, ela se levantou. Tinha acabado de ouvir o brutamontes pronunciar o nome de Iun-Yasha, o que significava que o namorado estava vivo. Talvez os outros ainda estivessem também, pensou, enchendo-se de esperanças. Sabia que estava correndo sérios riscos e não podia ficar de braços cruzados. Quando o ex-lutador de boxe voltasse, ia ser impossível detê-lo com arranhões e mordidas. Portanto tinha de agir.
Kagome foi até a janela que dava para os fundos da funerária. Já havia feito aquilo quando Yama a trouxera para o quarto e se assustara com a altura que teria de vencer para escapar dali. Mas agora não havia mais escolha: ou fugia ou teria de enfrentar aquele homem horrível outra vez. E só de pensar nisso, sentiu um arrepio na espinha.
Caminhando pelo quarto, ela olhou para o guarda-roupa e uma idéia se formou em sua cabeça. Abrindo a porta do móvel, viu as roupas que com certeza pertenciam ao grandalhão e, revirando-as, encontrou o que procurava: lençóis.
Creio que com este capítulo suas dúvidas sobre o que aconteceu a Kagome foram tiradas.
Um bom fim de semana a todos!
Até o próximo capítulo - creio eu que farei um especial, e postarei dois capítulos no mesmo dia (por Kami ela nem sabe ao certo das coisas) - ...Recordações do passado.
Kisses...
Façam alguém felizzzz, postem um reviewwww
(A situação está feia, ela já está apelando XD)
Ja ne...
