Poder de Gaia.

Capítulo IX – Família.

A guerra não era mais algo falado aos sussurros. Ela estava forte, violenta e destrutiva. Os membros da Ordem faziam o possível para deter os avanços de Lord Voldemort, mas cada vez mais se viam enterrando amigos, familiares e trouxas desconhecidos. Severus como espião sempre dizia onde seria o próximo ataque, mas a freqüência com que ocorriam deixava cada vez menos tempo para organizar uma defesa. Nem sempre ele conseguia avisar de todas as investidas do Lorde e isso deixava alguns dos membros desconfiados de sua lealdade ao lado da luz, para não dizer revoltados por estarem perdendo terreno na guerra. Assim, esta revolta acabava sendo descontada em quem não tinha relação nenhuma com a situação... Sayuri. É claro que Dumbledore estava sempre presente para defendê-los das acusações e da ira dirigida a sua afilhada.

Sayuri estava aflita. Nos últimos dias Severus tem saído para exercer seu papel de espião e Comensal, arriscando-se e voltando para ela cada vez mais abatido, sombrio, tão sombrio que passava dias sem lhe dirigir a palavra. E assim começava uma batalha para que ele voltasse a ser o Severus de antes. Mesmo sabendo que a cada ida ao lado das trevas ele nunca retornava o mesmo, mesmo sabendo que seu amado era consumido aos poucos pelas trevas eles reservavam para as noites uma entrega total de corpos, almas e corações, um absorvendo o que o outro tinha a oferecer. Um procurando no outro o apoio que precisavam para vencer as adversidades encontradas. E assim passaram-se quatro meses desde seu casamento.

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A Ordem está toda reunida para o aniversário de um ano de Harry e Neville. Neste dia, deixaram a guerra lá fora para comemorar a vida.

Molly cuidava da cozinha e olhava cada um de seus filhos brincando, até pousar seus olhos em Sayuri, que estava com sua caçula, Ginny, nos braços, sendo embalada por uma melodia que saía dos lábios da moça.

Tendo Ginny em seus braços a sono solto, Severus aproxima-se de sua esposa, observando-a embalar o bebê.

'Quando poderei oferecer este milagre a você, meu amor?'

'Quando não sei, mas que seja igual a você, querida.'

Molly não sabia que o casal podia conversar sem falarem, mas ela podia ver em seus olhos a angústia e a esperança de começarem uma família apenas deles, e nisso sentiu uma pontada forte no peito. Ela sabia que tinha que fazer algo pelo casal, pois como coração do casal durante a cerimônia, era seu dever trazer e garantir a felicidade, o amor. E pensando nisso, ela se lembrou de ver Sayuri pálida e enjoada por alguns dias, e dias estes onde ela não saia do quarto para nada, nem mesmo se alimentar. Virou-se e começou a preparar um chá muito especial para sua amiga.

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Uma semana depois, Molly convida Sayuri para um chá com bolo na cozinha da Ordem.

"Sayuri! Que bom que veio. Sente-se aqui". Indicando uma cadeira ao seu lado na ponta da mesa.

"Obrigada Molly. Não são todos que concordam com você".

"Como assim querida?".

"Nem todos gostam de ter a esposa de um Comensal perto. E se possível, estas pessoas expulsão você de onde está".

"Por isso não a vejo nas refeições? Só a vejo nas reuniões, e nem está assim em todas. Estou preocupada com sua saúde, querida".

"Não se preocupe. Quando esta guerra terminar, eu e Severus estaremos bem longe daqui, onde não possam mais nos ferir com palavras". Ela fala tudo com muita tristeza.

"Não diga isso. Eu vou sentir muito a sua falta, das nossas conversas, das dicas e trocas de receitas". Ela fala isso enquanto serve chá para as duas.

"Obrigada. Vou pensar nisso".

"Experimente, é uma receita que eu venho aperfeiçoando a alguns anos. Queria saber como está." E Sayuri beberica de sua xícara, assim como Molly.

As duas passaram vários minutos conversando sobre os mais diversos assuntos. Sempre trocando receitas de como fazer este ou aquele ensopado de cogumelos. Ou sobre como manter os gnomos de jardim longe das roseiras. Sayuri enquanto isso não parava de beber do chá que Molly a serviu. Já estava na sexta ou sétima xícara e não parava. Não pode resistir a curiosidade, acabou por perguntar a amiga.

"Hum...o que você colocou neste chá, Molly? Está maravilhoso..."

"Como assim? Ele está doce?"

"Hum... está sim... ele tem um gosto muito bom. Tão bom que não consigo resistir. E o seu?"

"O meu não tem gosto de nada, parece que estou tomando água". Responde uma Molly sorridente.

"Como assim? Isso não é um chá, é?" pergunta desconfiada.

"Não. É uma poção que eu criei para me certificar que eu estava realmente... grávida".

"E como é que você pára de beber isso? Eu simplesmente não consigo". Ela ainda não havia se dado conta da afirmação de Molly.

"Bom... até a gravidez do Ron, as poções eram azedas, sem contar que quando engravidei dos gêmeos, nem cheguei a tomar a poção de tão forte que era. Mas quando engravidei da Ginny, levei dois dias e três caldeirões cheios para parar de tomar, pois tinha um sabor doce e muito bom".

Foi só então que ela se deu conta do que estava acontecendo...

"Então quer dizer que estou..."

"Grávida, e de uma menina".

"Como vou contar isso para Severus?"

"Isso apenas você saberá me dizer, mas digo-lhe uma coisa. Uma família é o que Severus mais precisa no momento. Uma família somente dele".

"Obrigada Molly. Contarei a ele assim que ele retornar de sua missão". Sayuri responde com um de seus raros sorrisos.

"Mas agora me diga..." e as duas buscaram outro assunto e outro chá.

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Dez dias se passaram até Severus retornar à sede da Ordem. Ele fora diretamente conversar com Dumbledore, sem ver ao menos quem estava na lá.

"Dumbledore!"

"Oh! Severus, enfim voltou".

"Albus! Eu tenho algo muito importante para lhe falar! Não temos tempo para amenidades!" O tom de voz de Severus era firme, porém era claro que estava exaltado com alguma coisa.)

"Então diga o que é". Apesar de mostrar-se sério, Dumbledore procurava manter seu semblante sereno e tranqüilo como sempre.

"O Lord sabe da profecia e irá atacar uma das crianças. Ele não nos informou qual delas e muito menos quando será o ataque, mas é muito importante que nós..."

"Severus, respire fundo e se acalme. Eu pensarei em algo. Agora eu quero que você vá ao seu quarto, tome um bom banho, e converse com sua esposa, você esteve fora muito tempo meu rapaz, precisa descansar além do que, ultimamente, ela anda muito melancólica e cabisbaixa. No estado em que ela se encontra, isso apenas seria pior para a situação. Sei que você sabe que aqui na Ordem as coisas não andam muito bem para ela. Agora vá!" A voz firme, porém calma do Diretor não deixava margem para discussão.

"Sim... com sua licença". Severus não entendera direito, mas se sua esposa precisava dele, ele estaria lá.

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Chegando ao quarto, toma um banho, veste as calças de seu pijama, pois Sayuri apoderou-se das camisas, e se acomoda preguiçoso na cama, esperando sua esposa. Estava cansado de todo aquele trabalho de espião. Mas sabia que era importante fazê-lo.

Sayuri entra em seus aposentos um tanto quanto angustiada e triste. 'Como vou contar...'

"Contar o que, Sayuri?"

Ela não o tinha visto, e com o susto, bateu seu braço no trinco da porta.

"Ai!"

"Você deveria ser mais cuidadosa, Sayuri". Dizia um Severus indiferente, vendo-a acariciar o local da batida, e fazer uma cara zangada.

"Fácil dizer! Não foi você que entrou no quarto e levou um susto!"

"Calma! Mas o que diabos está acontecendo com você, mulher!"

"Não era assim que pensei em lhe contar". Disse mais calma.

"Contar o quê?" Se acalmando também.

Sayuri senta-se de frente a ele na cama, e olha-o nos olhos.

"Severus, o que você acha da sua família?"

"Um pesadelo. A única pessoa que realmente me amava era minha mãe. Mas por que a pergunta?"

"E o que você faria se tivesse uma só sua?"

"Uma... só minha? Não sei... talvez ser um pai presente, que ame seu filho, que o ensinasse a voar de vassoura, que o levasse a um jogo de Quadribol, que ensine as coisas da vida..."

"E se for uma menina?"

Severus pôde reparar em lágrimas que desciam pelo rosto de sua esposa. E essas lágrimas não são de felicidade e sim de angústia, apreensão, sofrimento. 'Mas, espere um pouco...'

"Você disse... você quer dizer que..."

E recebendo um aceno afirmativo de Sayuri, ele a pega nos braços e a roda, rindo feliz. Quando Sayuri é posta no chão, Severus a olha nos olhos e os dois sorriem, a beija com um gosto salgado nos lábios.

"Uma... menina... eu seria um pai coruja, faria de tudo para que nada falte a minha princesinha, farei-a feliz, seria ciumento, pois ela herdará a beleza da mãe... e a amaria muito, pois ela é o fruto do meu amor pela pessoa mais importante de minha vida. Você, Sayuri."

Ele se ajoelha na frente dela, recebendo um olhar de adoração dela, e descobre o ventre ainda liso, para em seguida dar um beijo e sussurrar para que apenas eles pudessem ouvir.

"Filha... seja bem-vinda, meu anjo."


Que emocionante... tô com os olhos marejados... não...tô lendo de volta e agora estou chorando mesmo!

Novidades no pedaço! Agora eu tenho uma Beta-reader! É a dona Sheyla Snape...valeu miga!

Bom, não recebi muitas reviews, mas mesmo assim estou digitando. E apenas uma pessoa me disse qual outro casal q querem nessa fic...

O que acharam desse capítulo? Eu achei que o Sev precisava de algo para batalhar na Guerra, que está a todo vapor agora.

Bom, uma notícia ruim, leitoras (e leitores, se tiver algum...), a minha obaa-san (avó) faleceu a alguns dias, então demorou um pouquinho. Mas sem crise!

Sei lá o que mais...Ah! O tal do disclaimer...

Nada disso me pertence, tô apenas curtindo com meu personagem favorito da tia JK.

Beijocas a todas!

Fui!