Capítulo 8: Jogando a ceia nas mãos de Deus
Draco
acordou de mau humor.
"Aquela
Weasley desgraçada, praticamente não me deixou pregar
os olhos. Não parou de fazer escândalo até dormir
e isso foi bem depois de eu ter feito umas trezentas ameaças.
Me arrependi de ter colocado aquela poção modificada na
taça dela e olha que é difícil eu me arrepender
de algo".
O
loiro se levantou vagarosamente de seu leito improvisado e olhou a
Weasley que ainda dormia.
"Que
ódio eu tenho só de olhar pra você. Fica aí
dormindo com essa cara de anjo sendo que é o oposto de um".
Draco pensou observando a expressão de Gina.
A
ruiva estava como ele havia deixado, amarrada e coberta por um lençol
(depois que ela havia dormido, Draco cobriu-a para afastar a tentação
que era vê-la em trajes debaixo).
"uma
coisinha a mais ela merece..." pensou conjurando uma corneta.
Draco
encheu seus pulmões de ar e soprou com força e vontade
a corneta:
-Ah!
–Gina gritou respirando aceleradamente –Que susto! Malfoy, seu
filho da puta. Isso é maneira de se acordar alguém?
Eu tive um pesadelo horrível e agora você vem com essa
corneta! O que foi que eu te fiz?
-Eu
acho que o fato de estar amarrada pode refrescar a sua memória.
–ele falou maldosamente.
-O
QUE É ISSO? Não foi um pesadelo? –ela perguntou
suplicante –Eu não fiz de verdade o que penso que fiz, não
é?
-Fez
tudo de que está lembrando-se. Tinha razão quando me
disse que não te conhecia, me surpreendeu o seu jeito
impulsivo. –ele disse sorrindo cinicamente.
-Eu
disse que não podia com muito álcool. Estava bêbada
e você quis se aproveitar de mim!
-Eu
me aproveitar? Se você estivesse bêbada não teria
se lembrado. Assuma Weasley! Assuma que agiu por vontade própria.
-Me
recuso! Devo ter tido um mal súbito. E isso não muda
o fato de que queria se aproveitar da situação. Assuma
isso você!
-Você
veio se insinuando e me agarrando. O que queria que eu fizesse? Te
prendesse no banheiro?
-Sim!
Deveria ter feito isso se cheguei a me rebaixar a esse ponto. Como
posso ter feito algo tão irracional?
-Tudo
bem, eu explico como. Só se conhece alguém, quando esta
pessoa não está agindo racionalmente. Eu te induzi a
agir de forma irracional, eu coloquei uma poção na sua
taça de champagne.
-Ah,
então foi isso! Agora está explicado. Estava começando
a me preocupar com o meu estado de sanidade mental.
-Não
precisa ofender, Weasley.
-Que
bom que as minhas ações foram por causa dessa poção.
Mas não faça isso nunca mais! Porque ainda assim não
muda o fato de que sabia os efeitos da poção e queria
se aproveitar disso.
-Aí
é que você se engana, Weasley. Eu não podia
prever que agiria daquela forma. Eu te tirei a razão e não
o livre arbítrio, ou seja, fez o que fez porque quis.
-Mas
eu não sinto absolutamente nada por você! Eu juro!
–ela exclama com desespero em explicar a verdade a ele.
"Ele
só pode estar mentindo". Ela pensou com tanta força
que Draco pôde captar esse pensamento.
"Não
estou mentindo". Pensou permitindo que Gina pudesse ver esse
pensamento.
-O
seu racional jura, mas o seu inconsciente não. Ontem você
realmente me quis.
-Não
pode ser...devo estar em outro pesadelo.
-Não
faça essa tempestade no copo d'água. Pode ter certeza
de que não foi a primeira nem a última que desejou
estar em meus braços. Fique tranqüila, é uma
mulher normal.
-Ficar
tranqüila? Não dá. Eu queria transar com você
ontem à noite...e você ainda me diz pra ficar
tranqüila?
"Não
posso acreditar que mesmo remotamente...no meu inconsciente, eu tenha
pensado em desperdiçar a minha 1ª vez com esse cretino.
Eu tenho que ter batido com a cabeça em algum lugar". Ela
pensou sem manter contato visual com Draco, assim evitando que ele
soubesse o que ela acabara de pensar.
-Por
que é tão difícil pra você compreender?
Você é uma mulher, eu sou um homem incrivelmente
atraente e estamos viajando juntos. Qual é? Isso é
normal. –ele disse como estivesse explicando que um mais um são
dois.
Gina
deu um sorriso:
-Não
venha querendo jogar a culpa toda pra cima de mim. Quando um não
quer, dois não fazem. Então você queria também,
lembro-me que disse até que queria mais do que eu. Teria
acontecido se o meu outro querido lado, o enfezado, não
tivesse interferido.
-Eu
não queria, você me obrigou!
-Eu
te obriguei? Há, essa foi boa! Por acaso eu te ameacei ou
torturei?
-Ameaça
não, mas tortura sim. Você me provocou demais, Weasley.
Se oferecendo daquele jeito, qualquer um ficaria louco de
desejo.
-Está
me chamando de oferecida? Eu tenho culpa que a sua resistência
seja tão fraca? Você me disse que eu era linda. Me
chamou de Gina apenas porque eu queria parar. E você? Você
queria continuar, ou seja, tem atração por mim
Malfoy.
-Em
1° lugar: Eu até resisti bastante às suas
investidas. Em 2° lugar: eu disse que você estava linda. Eu
disse que estava e não, era. Em 3° lugar: Eu queria
continuar, porque eu não gosto de parar as coisas pela
metade.
-Isso
explica porque você é um completo idiota.
-Olha
aqui, Weasley. Eu não vou perder mais tempo tentando explicar
que você agiu como uma galinha por vontade própria.
-Galinha
é a sua mãe! –Gina gritou injuriada.
-Lave
a boca antes de falar da minha mãe! Você não
chega nem aos pés dela.
-É
óbvio que não, se ela é a rainha da galinhagem.
Duvido que ela tenha agüentado o insuportável do seu pai
por todos esses anos.
A
mão direita de Draco voou para o pescoço de Gina:
-Tem
orgulho da sua família, não? –Draco
perguntou.
Impossibilitada
de falar, Gina fez que sim com a cabeça:
-Meça
as suas palavras Weasley ou não sobrará um membro da
sua família para que se orgulhe. Fui claro?
Ela
fez que sim de novo e ele soltou a garganta dela:
-Cof!
Cof! Cof! –ela tossiu em busca de ar.
-Vou
te desamarrar, temos que ir pra Roma.
Gina
respirava aceleradamente e tinha os olhos arregalados:
"Ele
pode me matar a qualquer hora. É melhor que eu não
teste tanto a paciência dele".
Depois
de se vestirem, pegaram as malas, andaram até o portal e
atravessaram-no. Estavam novamente na ilha imapeável:
-Posso
te perguntar uma coisa? –Gina pediu cautelosamente.
-Já
está perguntando, mas pode fazer outra pergunta. –Draco
respondeu indiferente.
-Qual
é o nome dessa ilha?
-É
conhecida como Ilha dos Portais.
-Ah,
um nome bem sugestivo. É...onde fica o portal para Roma?
–perguntou insegura.
-Meio
quilometro a Noroeste daqui. –ele respondeu começando a
andar e Gina segui-º
Cerca
de 10 minutos depois eles chegaram a um tipo de jardim com flores e
bancos. Bem no centro havia um pilar no estilo romano:
-Que
lugar lindo! –Gina exclamou enquanto olhava para todos os lados com
admiração.
-Vamos
indo, Weasley.
-Você
é muito chato mesmo, Malfoy.
-Não
me importa a sua opinião. Dissendium. –disse apontando sua
varinha para o pilar e o portal abriu. E assim passaram por
ele.
Draco
e Gina foram parar debaixo de uma ponte, em uma pequena calçada.
Havia um rio à frente deles:
-Hum...Malfoy...aqui
não é Roma. –Gina disse quando viu um cara vindo de
barco na direção deles.
-Eu
sei, aqui é Veneza. Eu podia jurar que tinha um portal para
Roma, mas pelo menos estamos na Itália. –ele disse meio sem
jeito.
-É,
teremos que praticamente atravessar o país.
-Dá-se
um jeito nisso. Hei, você aí, pare! –Draco disse para
o cara do barco.
-Para
onde querem ir? –o homem perguntou em italiano.
-Para
um hotel onde alguém fale inglês ou alemão. –Gina
respondeu.
-O.k.
–o condutor do barco respondeu, fazendo um gesto para que entrassem
no barco.
-Você
fala alemão e italiano? –Draco perguntou a Gina.
-Alemão
sim, mas só arrisco algumas palavras em italiano.
Durante
o percurso, apenas olharam a cidade curiosos. Gina olhava para os
enfeites natalinos:
-Que
dia é hoje, Malfoy? –ela perguntou.
-Vinte
e quatro de dezembro. Por quê?
-Véspera
de Natal, já? Oh meu Deus, a minha mãe vira uma fera
quando alguém da família falta na ceia de Natal.
-Então
você se ferrou, porque é impossível que a gente
termine essa missão ainda hoje.
-Deixe
que eu vá, eu volto rapidinho.
-Não,
a não ser que me leve junto. O Gui e a Fleur já acham
mesmo que somos namorados.
-Eu
não quero ter que fingir de novo.
-Então
não vá. Também não me agrada dizer pra
outras pessoas que você é minha namorada. Você
sabe que eu não te suporto.
-Certo
então. Eu não vou, mas aposto que amanhã todos
os aurores estarão na nossa cola.
-É
isso o que você quer Weasley? Ir pra Azcaban? Não é
porque é uma auror que está isenta de ser presa, também
é uma comensal. Ao invés da sua mãe virar uma
fera, ela vai morrer do coração.
-Mas
se eu for com você, ela vai ter um ataque.
"Se
ela não tiver, o Rony vai ter um pela família
inteira".
-Escolha
o que você prefere: que a sua mãe morra do coração
ou tenha um ataque?
-Na
verdade eu não prefiro nenhum dos dois, mas já que não
tenho muito o que escolher...os meus irmãos vão te
matar, mas tudo bem, eles vão estar fazendo um favor pra
humanidade. Irei com você então.
-Que
os seus irmãos não se atrevam a mexer comigo.
-Você
é que não se atreva a fazer nada contra eles. O Gui e a
Fleur acreditaram, é só continuar fingindo.
O
barco parou e antes de desembarcaram, Draco colocou alguns dólares
na mão do condutor: -Onde é que você arranjou
esse dinheiro? –Gina perguntou.
-Troquei
uma parte dos meus galeões por essas notas verdes. O
recepcionista do hotel da Suíça disse que se chamavam
dólares e eram aceitas em muitos lugares do mundo. –ele
explicou.
Os
dois olharam para frente e na fachada de um prédio lia-se
"Gran Hotel Italian". Eles entraram no edifício, por
dentro ele era decorado com as cores da bandeira italiana e tinha uma
árvore de natal gigante ao centro:
-Alguém
aqui fala inglês? –Gina perguntou a um homem de uniforme
preto.
-Sim,
nossos funcionários falam inglês, italiano, francês,
alemão e espanhol. Eu sou Giovannni, o gerente. O que o
adorável casal deseja?
"Adorável
casal? Não somos nem amigos!" Gina pensou indignada.
-Não
somos um casal e é óbvio que queremos quartos. –Draco
respondeu de forma nada amigável.
O
gerente pareceu ficar sem graça:
-Me
desculpem pelo palpite errado. Temos dois quartos conjugados no 5°
andar. Gostariam de ficar com eles?
Gina
viu Draco abrir a boca para dar uma resposta malcriada, por isso
falou antes que ele tivesse chance de responder:
-Sim,
ficaremos com eles.
-Aqui
estão as chaves. –ele disse e entregou-as nas mãos de
Gina –Se precisarem de alguma coisa, liguem para a recepção.
Tenham uma agradável estadia no Gran Hotel Italian.
-Obrigada.
–Gina agradeceu –Vamos Malfoy.
Deixaram
as malas em seus respectivos quartos e saíram para explorar a
cidade. Pararam para almoçar no "Mama Mia", um típico
restaurante italiano:
-Macarrone
pra due. –Gina pediu ao garçom –Eu
sempre quis comer macarrão italiano caseiro. –acrescentou
para Draco.
-Eu
também. Então foi isso que pediu?
-Sim.
Temos que procurar algum estabelecimento bruxo para que possamos usar
pó-de-flu para chegarmos de noite na minha casa.
-Pó-de-flu?
Eu vou ficar cheio de fuligem. –ele reclamou.
-Eu
posso aparatar, mas você não, já que não
sabe aonde é a minha casa. Você não quis ir?
-É
lógico, vai que você resolve me dedar pro Ministério
ou algo do tipo.
-Eu
não vou fazer isso. –ela afirmou.
-Não
confio em você.
-Ótimo!
E quem disse que eu confio em você também?
A
comida chegou rápido e com isso o eminente risco de discussão
foi dissipado. Draco conseguia comer rápido e com classe. No
entanto, Gina comia devagar e se esforçava para não se
lambuzar com o molho.
Depois
do almoço eles continuaram a exploração. Lá
pela 5h da tarde acharam em um beco o "Bar do Tim", entraram
dentro dele e a julgar pelas pessoas com capas que estavam ali, era
um bar bruxo.
-Bom
diorno. –Gina cumprimentou o balconista,
sem se dar conta de que já era de tarde e com um inconfundível
sotaque inglês.
-Boa
tarde senhorita. É inglesa, não?
-Sou
sim.
-Conhece
o meu irmão?
-Não
sei. Quem é ele?
-Tom,
o dono do Caldeirão Furado.
-Ah,
claro que conheço. Então você é o
Tim?
-Sou,
posso ajudá-la em algo?
-Eu
e o meu amigo –"Grande amigo meu que o Malfoy é". –ela
pensou com ironia –poderíamos usar a sua lareira à
noite? Precisamos ir até a minha casa.
-Podem
sim. –Tim respondeu.
-Muito
obrigada, então nos veremos mais tarde. –Gina agradeceu e se
retirou do bar junto com Draco.
Eram
10:30h da noite e Gina estava de frente para o espelho da
penteadeira, se arrumando:
-Weasley,
abra a porta desse conjugado. –Draco ordenou de seu próprio
quarto.
-Não,
ainda estou me arrumando. –Gina respondeu –E não adianta
insistir para que eu abra.
Passou-se
meia hora:
-Weasley
abra essa maldita porta! –Draco exigiu esmurrando a porta.
-Já
estou terminando, só mais um instantinho.
Mais
quinze minutos...
-Eu
juro que vou arrombar a porra dessa porta se você demorar mais
um segundo! –o loiro gritou já sem um pingo de
paciência.
Gina
destrancou a porta e ele olhou-a abobado:
-Quem
é você? Pode me fazer o favor de chamar a Weasley?
–Draco perguntou.
-Não
está me reconhecendo? –Gina perguntou.
Draco
então olhou-a mais atentamente (de cima à baixo).
Gina
prendera os cabelos deixando apenas duas mechas caindo em seu rosto,
usava um vestido decotado frente única quase até o
joelho e sandálias plataforma igualmente vermelhas.
"Uau!
Não imaginava que ela podia ficar tão... linda".
Draco pensou.
-O
quê? Você vai falar alguma coisa ou vai ficar parado me
olhando com cara de idiota? –Gina perguntou. "Um idiota que está
muito bonito, mas ainda assim um idiota". Ela pensou olhando o
terno preto que ele vestia e sentindo o cheiro do perfume dele.
-Não
tenho nada a dizer, a não ser que está
apresentável.
-Pois
eu tenho algo a dizer. Bem, na verdade...é algo que eu quero
perguntar.
-Então
pergunte.
-Você
já escondeu a sua Marca Negra com algum feitiço?
-Muitas
vezes, inclusive agora. E você?
-Quase
sempre, mas só dura por algumas horas.
-Ser
um Comensal da Morte é uma escolha sem volta e você sabe
disso.
Gina
engoliu em seco:
-Vamos?
–perguntou para quebrar o clima tenso.
-Já
está mais do que na hora.
Eles
pegaram um táxi e também um engarrafamento de dar nos
nervos:
-Oh
não! Vamos chegar atrasados.
A
culpa foi sua Weasley! Pra que ficar um século na frente do
espelho?
Chegaram
no bar do Tim às 23:40h:
-Boa
noite Tim. –Gina cumprimentou apressada.
-Boa
noite aos dois. A srta. está fabulosa.
-Obrigada,
mas temos que ir, já é quase meia-noite.
-Todo
bem, adeus. –Tim se despediu e foi deitar-se.
-Olha
Malfoy, quando entrar na lareira diga claramente "A Toca".
-A
Toca? –ele perguntou achando esquisito.
-É
e não me faça perguntas. Eu vou na frente e te mostro
como se faz. –Gina disse adiantando-se para dentro da lareira com
um punhado de pó-de-flu –A Toca!
"Como
se eu não soubesse como se faz". Ele pensa entediado.
Gina
saiu da lareira e apenas Luna estava na cozinha:
-Reparo!
–Luna disse e a fuligem sumiu do corpo de Gina –Até que em
fim! Todos estão lá fora te esperando e a sua mãe
já estava tendo um treco...
-Shiu,
Luna! –Gina a cortou desesperadamente –O Draco Malfoy está
vindo aí e ele acha que eu odeio...
Luna
a cortou:
-O
Malfoy? Então é verdade o que a Fleur disse?
-Não
sei o que ela disse pra você, mas acontece que o Draco acha que
eu odeio o Harry e a Mione. Diga a eles que não me tratem bem
e se possível nem me dirijam a palavra. Um dia eu
explicarei.
-O.k.
–Luna respondeu –Hum...sugiro que veja quem acabou de chegar. Eu
vou indo.
Gina
virou-se e deu de cara com Draco coberto de fuligem:
-Reparo.
–ela disse apontando a sua varinha pra ele –Assim está
melhor.
-Essa
é a sua...casa? –ele perguntou com desdém.
-É
e nenhuma palavra depreciativa para com ela ou com os habitantes dela
se não quiser morrer. Faltam dez minutos para meia-noite,
todos estão lá fora. Não se esqueça, para
eles você é meu namorado.
-Eu
sei disso Weasley...digo Gina. Vamos? –ele perguntou segurando a
mão dela junto a sua.
-Hum-hum.
–Gina respondeu.
"Seja
o que Deus quiser". Ela pensou apreensiva com o que estava por vir.
