Capítulo 15: Espionagem alheia e mudança de tática
Estava
realmente muito chato estar de vigia. O silêncio estava sendo
torturante para Draco.
O
loiro suspirou, deu uma última olhada pela clareira e passou a
assistir Gina dormindo.
Ele
reparou que ela estava toda encolhida e batia os dentes.
"Deve
estar com frio." Pensou e foi pegar um sobretudo flanelado em sua
mala.
O
Malfoy cobriu Gina e passou a mão pelos seus cabelos.
"Tão
macios quanto a pele dela. É tão chato estar vigiando
sozinho, se a Gina estivesse acordada eu poderia ao menos irritá-la.
Mas será que se ela estivesse acordada eu iria querer mesmo
irritá-la? Não, acho que não. Eu preferiria
beijá-la. Quando será que enjoarei dela? Creio que
depois de seduzí-la. Está demorando muito, eu costumo
conseguir levar uma mulher pra cama no máximo no 3º
encontro. Faz uma semana que estou viajando com a Gina, estamos
juntos praticamente 24 horas e eu ainda não consegui passar
dos beijos. Tenho que lhe dar os parabéns por conseguir
resistir por tanto tempo. Virgínia weasley é realmente
difícil, a mais difícil que já conheci. Mas não
impossível, nenhuma mulher é impossível para
Draco Malfoy. Essa ruiva vai ter que ser minha." Ele pensou
soltando os cabelos dela e voltando para a maçante tarefa de
vigiar.
Ficar
parado de vigia lhe dava sono, mas ele não deixava se dominar
pela vontade de dormir. Tentava manter a mente cheia de pensamentos
de como ultrapassar a resistência de Gina. Por fim lembrou-se
de sua mãe dizendo que mulheres adoram ser paparicadas, então
resolveu que tentaria paparicar Gina.
Era
sete horas da manhã quando Draco decidiu acordar Gina. Antes
disso ele foi até a própria mala e pegou um vidrinho de
poção anti-sono. Tomou um gole e foi em direção
da ruiva. Ele tirou os cabelos vermelhos da cara dela e chamou
docemente em seu ouvido.
-Gina
acorde. É hora de irmos embora. –ele disse pegando uma mão
dela.
Gina
sentiu o toque gelado de Draco embaixo de sua mão e
pensou.
"Esse
toque decididamente é do Draco, mas ele nunca falaria comigo
de forma tão calma e atenciosa. Devo estar dormindo
ainda."
-Está
me ouvindo Gina? Paris está a nossa espera e se não
abrir os olhos eu irei acordá-la do meu jeito. –ele
continuou falando no mesmo tom que antes.
Para
a decepção de Draco, Gina abriu os olhos.
"Eu
ainda vou acordá-la do meu jeito." Ele pensou
sorrindo.
-Tome
um gole, é a mesma poção anti-sono que eu já
te dei uma vez. E antes que pergunte, eu a não enfeiticei ou
modifiquei de nenhuma forma.
Gina
pegou o vidrinho da mão de Draco e tomou um gole:
-Obrigada,
eu ainda estava morta de sono.
-Eu
imaginei que estivesse. –Draco disse e foi guardar o resto da
poção.
-É
seu sobretudo, não é? –ela perguntou notando com o
que estivera coberta.
-Você
estava com frio e eu percebi isso. Já que não seria
educado mexer nas suas coisas para procurar algo que servisse de
cobertor, eu peguei um dos meus sobretudos.
-Obrigada
por não me deixar congelar.
-Por
nada, o barulho dos seus dentes batendo já estava começando
a me irritar.
-Sempre
egoísta...
-Mas
eu não te deixaria congelar mesmo que não estivesse
batendo os dentes. –Draco se justificou.
-Sei...-ela
respondeu e começou a pentear os cabelos.
Draco
pegou o sobretudo e guardou-o na mala:
-Podemos
ir?
-Sim.
–Gina respondeu guardando a escova e fechando a mala.
Andaram
por meia hora até chegarem a uma réplica do Arco do
Triunfo:
-É
aqui. –Draco informou –Dissendium. –a passagem se abriu
–Primeiro a s damas.
Gina
ergueu as sobrancelhas:
-Deu
para ser cavalheiro agora Malfoy? –ela perguntou e atravessou a
passagem seguida de Draco.
Os
dois saíram debaixo do verdadeiro Arco do Triunfo, mas ninguém
parecia ter reparado na súbita aparição dos
dois.
-Aonde
vamos ficar? Na casa dos seus parentes?
Draco
pareceu considerar o que Gina havia dito, mas por fim disse:
-Não,
acho melhor não. Meus tios também são comensais,
mas não devem ficar sabendo da nossa missão. O Lord
disse que não deveríamos contar a ninguém sobre
o que ele nos mandou fazer. Vamos para algum hotel trouxa.
O
verdadeiro (principal) motivo de Draco não querer levar Gina
na casa dos tios era que ele queria ficar sozinho com a Weasley e lá
não conseguiria. A não ser que dissesse que eram
namorados, mas ele não via razão para fazer isso. Era
mais simples que ficassem em um hotel...
-Você
realmente não vê a hora de estourar o limite do cartão,
não é? –Gina perguntou o encarando aborrecida.
-Não
se preocupe quanto a isso, eu já disse que a conta tem
bastante dinheiro.
-Então
pra qual hotel vamos?
-Um
que eu sempre quis ir e que tenho certeza de que irá gostar.
Lê Maré d'amour Pallace Hotel, é nas
proximidades da Torre Eiffel. Vamos indo.
-Andando?
-Você
não quer conhecer a cidade melhor?
-Sim!
É claro que quero, mas não é perigoso nos
perdermos?
-Relaxa
Gina, eu falo francês. Lembra-se?
-Tudo
bem. –ela respondeu sorrindo e começando andar –O Arco do
Triunfo é fantástico, não é? –disse
olhando fascinada por cima do ombro.
-Sim,
sim. Tudo é muito fascinante, mas se não se importa
quero chegar logo ao hotel. Não vejo a hora de tomar um banho!
–Draco disse puxando a mão de Gina que não segurava a
mala.
Ao
sentir o toque gelado da mão de Draco, "Será que as
mãos dele são sempre tão assim, frias como o
gelo?" ela sentiu um arrepio e puxou sua mão para longe da
dele como se tivesse levado um choque.
-Também
acho melhor nos apressarmos, um banho seria ótimo. –a ruiva
disse andando a frente.
-O
que foi Virgínia? –Draco perguntou alcançando-a –Eu
posso até morder, mas eu não arranco pedaço,
sabia?
-Suas
mãos são frias demais. –ela respondeu o que não
deixava de ser verdade.
-Não
te ouvi reclamar ontem à noite. –Draco disse visando
encabulá-la e conseguiu.
A
Weasley ficou vermelha como um pimentão e passou uma mão
no cabelo tentando controlar o quanto se sentia
envergonhada:
-Esqueça
sobre ontem à noite Malfoy! Não vai mais acontecer.
–ela falou séria, mas ainda sem olhar pra ele.
-Vamos
ver por quanto tempo a Gininha agüenta manter a frase 'Não
vai mais acontecer'. –o loiro disse com um sorriso de desdém.
"Eu
odeio quando ele fala arrogante desse jeito. Como alguém pode
ser tão seguro de si?" ela pensou estreitando os olhos e
amarrando a cara.
-Eu
estou falando sério! –ela disse e o sorriso dele apenas se
alargou –Por que você não leva a sério o que
estou dizendo, Draco Malfoy? –Gina quase gritou e fez com que
muitos dos transeuntes olhassem curiosos, mas ela não deu a
mínima –Por que, hein?
"Será
que é por que eu sei que você não vai conseguir
cumprir? E por que será que eu sei disso? Será que é
por que você gosta dos meus beijos e tenta enganar a si mesma?
Imagine só o porque...somente por essas coisas é que eu
não levo a sério." Ele pensou e abriu a boca para
dizer, mas pensou melhor. Isso só a irritaria mais e não
era a irritação dela que ele desejava...
-Eu
levo a sério o que você acabou de dizer. –Draco disse
tentando não soar irônico, mas fracassou miseravelmente
nisso.
-Não,
você não leva. Pare de ser irônico! Eu imploro que
cale a boca agora mesmo se não quiser me ver partindo para a
violência. –Gina disse vermelha de raiva.
Draco
respirou fundo e não falou nada, sabia que Gina estava
espumando de raiva e só faltava sair fumaça da cabeça
dela de tão quente que ela deveria estar.
Demoraram
uns quarenta minutos para chegarem ao hotel, pois durante o percurso
viram as vitrines das lojas e os famosos cafés parisienses.
O
lugar era simplesmente lindo. Na fachada lia-se o nome do hotel que
parecia ser uma mistura. Algo entre um prédio luxuoso e um
enorme palácio.
Um
gramado bem cuidado se estendia a frente da construção
e havia um chafariz com dois anjos de arco e flecha apontando um para
o outro.
-Uau!
–Gina exclamou assombrada.
Draco
exibiu um sorriso:
-Sabia
que gostaria.
-Vamos
logo entrar. –Gina disse soando animada.
Perto
das portas duplas estava parado um porteiro simpático que os
cumprimentou e abriu as portas. O saguão de entrada tinha um
piso reluzente de cor azul cobalto. Gina notou que as pessoas que
circulavam por ali estavam falando em francês, embora ela não
entendesse praticamente coisa alguma.
Pararam
na recepção e Gina reparou vagamente que havia uma
recepcionista loira e que agora Draco falava com ela na "língua
do biquinho". A ruiva estava mais interessada em estudar o lugar do
que prestar atenção ao que Draco dizia, "Não
vou entender patavina mesmo." E era exatamente o que fazia
agora.
Gina
reparava nos belos lustres, em umas poltronas de couro preto e num
mulher que aparentava ter uns 60 anos. A ruiva estava se controlando
para não rir do jeito que aquela mulher andava: maquiagem
pesada, acessórios extravagantes e um caminhar empertigado
como se fosse a dona do mundo.
"Esse
andar empertigado me lembra o Percy." Ela pensou ainda olhando para
a mulher que agora chegava perto das portas de saída.
De
repente sentiu algo gelado em sua mão direita:
-Vamos
indo, já está tudo certo. –Draco disse a puxando.
-O
que está certo?
-Ficaremos
numa suíte da cobertura. Quarto 207 na Ala Norte.
Gina
então percebeu que a mão de Draco estava sobre a sua e
rapidamente tirou-a dali:
-Será
que as suas mãos são sempre frias? Parecia até
que um defunto estava me tocando. –ela comentou sem parar de
andar.
-Para
sua informação Weasley, eu sou mais vivo do que você
possa imaginar. –ele disse com os olhos faiscando
perigosamente.
-Não
era minha intenção te ofender. Eu só não
entendo como alguém pode ter sempre as mãos assim, tão
geladas quanto gelo.
Os
olhos de Draco suavizaram ao ouvir sinceridade nas palavras de
Gina:
-Não
é sempre, é somente a maior parte das vezes. Quando
fico envergonhado ou sinto alguma emoção forte elas
esquentam.
-Você
é capaz de se envergonhar e sentir algum sentimento? Achava
que Malfoys não passavam por essas "meras banalidades
sentimentalistas".
-Eu
ainda sou um ser humano, sabia?
-Tá,
então por que está me contando isso? É uma coisa
particular, está me dando uma arma que pode ser usada contra
você...isso é como estivesse me contando o seu
'calcanhar de Aquiles'...eu quero dizer sua fraqueza. –ela
acrescentou ao ver ele levantar uma sobrancelha ao ouvir a expressão
'calcanhar de Aquiles'.
-Não
usaria isso contra mim, usaria?
-Não
com algo que te prejudicasse. Mas por que contou?
-Eu
sei que eu sou um egoísta insensível, bem esse é
o meu jeito. Mas queria que soubesse que confio em você, apesar
das nossas constantes brigas. Afinal estamos juntos nessa.
Gina
sorriu, isso era tudo o que ela precisava ouvir, mas ainda tinha
dúvidas se era verdade o que ele tinha falado. E se ele
estivesse mentindo para extrair algumas informações da
Ordem da Fênix...Ou essa seria uma nova tática para
amolecer a resistência dela?
"Ele
disse que confia em mim...Isso é verdade?" Gina pensou e
então disse:
-Mudou
de tática para fazer com que eu não cumpra a promessa?
Isso não adianta! Vo-cê-não-vai-conseguir-me-se-du-zir,
entendeu Draco Malfoy?
-Olhe
nos meus olhos Virgínia e veja se eu estou mentindo.
Os
dois haviam chegado a porta de número 207 e pararam em frente
dela.
Gina
então olhou nos olhos de Draco. Eles pareciam tempestuosos,
ele estava claramente aborrecido por Gina estar duvidando de sua
palavra:
-Confia
mesmo?
-Sobre
as minha mãos apenas você e a minha mãe sabem
além de mim. Não conte pra ninguém dessa minha
fraqueza.
-Então
você não mostra os seus sentimentos mais fortes pelas
sua expressão facial e sim pelas mãos. Obrigado por
confiar em mim e contar uma coisa dessas...hum, vai ou não vai
abrir a porta?
-Ah
é. –Draco disse levando a chave até a maçaneta.
O
loiro girou a chave na fechadura e então abriu a porta. O
quarto era espaçoso, tinha uma cama bem espaçosa de
casal, um abajur enorme em forma de cupido, duas mesas de cabeceira,
um frigobar, um guarda-roupa embutido e uma porta que certamente
daria acesso ao banheiro.
-Gostou?
–Draco perguntou entrando seguido de Gina.
-Por
que você NÃO PEDIU dois quartos ou pelo menos UM que
tivesse DUAS CAMAS? Está pagando no cartão, não
está? Será que algum dia você vai se lembrar que
eu não tenho nenhum vínculo com você que nos
obrigue a dormir na mesma cama?
-Pra
mim não é obrigação alguma... –Draco
disse com divertimento, mas ao receber um olhar fuzilador de Gina ele
ficou sério –Estamos perto do Ano Novo se você não
se lembra e foi uma sorte conseguir esse quarto...abra a janela da
varanda e veja por si mesma.
A
ruiva ficou curiosa, se adiantou rapidamente até a janela e
abriu-a. 'Oh meu Deus!' essa era a frase que poderia melhor
descrever o estado de Gina naquele momento:
-Oh
meu Deus! Eu não acredito! Daqui tem uma bela vista para a
Torre Eiffel. –ela disse fascinada.
Draco
chegou por trás de Gina, a abraçou pela cintura e
deixou que sua cabeça se apoiasse no ombro da ruiva. Ela só
percebeu a presença 'longínqua' de Draco quando ele
sussurrou em seu ouvido:
-Lindo,
não? Dizem que é uma das visões mais românticas
do planeta. Eu exigi um quarto virado para a torre, sabia que iria
adorar. –e ao dizer isso começou a beijar o pescoço
dela lentamente.
"NÃO!
Dessa vez não! Eu disse que não iria mais acontecer e
não vai." Ela pensou e desenlaçou as mãos de
Draco de sua cintura, reparando muito vagamente que haviam
esquentado.
-Não
Malfoy! Eu NÃO quero! Me deixa em paz. –disse o empurrando
pra longe de si.
O
loiro deu um suspiro profundo:
-Olhe
pra mim Gina e veja o meu estado. –ele disse e quando a ruiva
olhou, ele fez uma cara de cão sem dono –Eu estou tão
carente, me sentindo tão sozinho. Preciso que alguém me
dê amor e carinho.
"Será
que a convenci?" ele pensou, mas logo viu que não.
-Amor
e carinho? Não me faça rir! Essas são duas
palavras que não tem significado algum no seu vocabulário.
Não vou ser seu brinquedinho por falta de não ter outra
com quem 'brincar'! Além do que quem é você
para falar de amor? Você nunca amou nenhuma mulher, você
nunca amou ninguém!
-Alto
lá, Srta. Sabe-Tudo de Amor! Não é verdade o que
está dizendo. Eu amo a minha mãe. Além disso,
você não pode falar nada. Pelo que me consta você
odeia o Potter com o fogo de mil sóis, mas você já
o amou.
-Não
fale dele! E o que você quer sugerir? Que o amor pode virar
ódio? Sim, pode!
-Então
o ódio também pode virar amor... –ele meio que
perguntou meio que afirmou.
Gina
respondeu incrédula:
-Isso
é totalmente absurdo! Algo totalmente diferente! Quem seria
idiota de se apaixonar por alguém que já odiou?
-É
mesmo. Quem faria isso? –Draco perguntou com o olhar ilegível.
Os
dois se encararam sem palavras. Demorou alguns minutos até
Gina quebrar o silêncio:
-Eu
vou tomar banho. –ela disse e Draco abriu a boca para contradizê-la
–Prometo que não demoro.
-Tudo
bem, mas seja bem rápida.
"Aposto
que ela esquecerá de trancar a porta." Ele pensou animado
quando a viu entrar.
Draco
deixou passar um minuto e então girou a maçaneta para
abrir a porta, mas ela não abriu...
"Droga!
Não acredito que ela lembrou de trancar." Ele pensou
aborrecido e sacou a varinha "Eu abro ou não abro a maldita
porta? Espiá-la durante o banho não é ético,
mas desde quando eu ligo para o que é ético ou deixa de
ser? Se ela não me deixa tocá-la, eu quero pelo menos
poder vê-la."
-Alorromora.
–ele disse bem baixinho apontando para a fechadura, mas não
adiantou.
Gina
havia fechado a porta com um feitiço, então ele teria
que anulá-lo antes:
-Finite
incantatem. Alorromora. –ele disse e dessa vez funcionou.
Abriu
vagarosamente a porta e sem fazer barulho, olhou para a banheira e
Gina não estava lá. Então ele correu os olhos
para o Box e lá estava ela debaixo do chuveiro. Para o azar de
Gina o Box era feito de um vidro cristalino, ou seja, Draco podia ver
tudo. Bem, nem tudo, já que a fumaça embaçava os
vidros.
O
loiro viu o contorno do corpo dela, os olhos fechados e as mãos
enxaguando os cabelos rubros. Ele teve vontade de entrar naquele Box
sem mais demora e de fazê-la sua lá mesmo, mas se
controlou e fechou a porta novamente:
-Colloportus.
"Eu
não acredito em como estou agindo. Até parece que eu
nunca vi uma mulher nua na minha frente...É patético!
Eu nunca precisei espiar mulher alguma no banho para saber como ela
era quando estava nua. A Weasley está me deixando louco! Faz
pouco mais de uma semana que eu 'não passo a noite com
ninguém'. Eu nunca fiquei tanto tempo sem sexo desde que
perdi a minha virgindade e isso faz muito tempo...A Weasley me
provoca demais, sorte eu ter tido um ótimo auto-controle agora
há pouco. Como é que a Virgínia consegue
resistir tanto? Será que o meu poder de sedução
está em decadência? Espero sinceramente que não.
Nada do que eu tentei funcionou até agora. O que faço
para tê-la aos meus pés? E se eu mudar de tática?
Talvez se eu desse menos em cima dela, ela sentiria falta e viria
atrás de mim. Ótimo, eu vou ser legal com ela, mas não
mostrarei segundas intenções. Se isso não der
certo, eu não sei mais o que pode." Ele pensou andando de um
lado para o outro no quarto.
-Hey,
Draco! Por que está andando pra lá e pra cá?
Estás com algum problema?
"O
meu problema é você." Draco pensou e então
virou-se para encarar Gina.
-Nenhum.
Accio toalha. Vou pro chuveiro, será que poderia ir dando uma
olhada no pergaminho? –Draco disse sem olhar pra ela.
-O.k.,
irei fazer isso. –Gina respondeu olhando para Draco e quando ele
olhou de volta, ela sorriu.
Foi
aí que Draco reparou em como Gina estava. Mediu-a de cima
abaixo com os olhos. Ela vestia um macacão preto que ia até
os pés e uma blusinha de manga curta por baixo, calçava
All Magic (a versão de All Star para bruxos) e seus cabelos
vermelhos caiam em cascata pelos ombros.
Draco
teve sérios problemas para controlar seus pensamentos e não
dizer algo insinuante:
-Tá,
então você me conta depois sobre o mapa. –ele disse e
fechou a porta do banheiro.
"Que
milagre! O Malfoy não falou nada que não devesse. Será
que ele finalmente percebeu que não conseguirá nada
comigo ou estará com febre?" ela pensou estranhando a reação
dele.
-É
melhor eu ir ver o mapa. –ela disse se dirigindo para a própria
mala.
Gina
pegou o mapa e abriu-o, mas não havia nada de novo nele.
"Mas
que estranho, não está escrito em qual lugar de Paris
devemos ir. E agora? Acho que é porque não está
na hora de procurarmos. Só espero que não demore tempo
demais ou eu creio que minha mãe seria capaz de mandar o
Ministério atrás de mim." Gina pensou e guardou o
pergaminho (não sem antes transfigurá-lo em um
tinteiro) na gaveta de um dos criados-mudos.
Como
a Weasley não pensou em mais nada para fazer, ela foi até
a varanda para admirar novamente a Torre Eiffel.
"Como
essa torre é linda, mas eu preciso pensar em outras coisas
mais importantes. \e, como contarei a verdade para Draco, por
exemplo. O que ele fará quando souber? Vai me matar, me
delatar ao Voldemort ou vai me ajudar? Humpf, dele é melhor
não esperar demais. Só por milagre ele vai me ajudar a
espionar. Bem, eu acho que ficarei encrencada." Ela pensou dando um
suspiro pesaroso que deixava transparecer toda sua preocupação.
Capítulo
16: Torre Eiffel, de bombas à desmaios
Gina
já dava seu vigésimo suspiro quando Draco saiu do
banho:
-E
o mapa? –Draco perguntou.
A
Weasley que estivera admirando de cima para baixo os 300 majestosos
metros da torre, virou-se para Draco:
-Nada
novo. –ela respondeu e percebeu que ele estava de toalha.
O
loiro teve que se esforçar para não dar um sorriso
vitorioso quando viu Gina passar a língua involuntariamente
pelos lábios ao olhá-lo:
-O
que foi? Draco perguntou soando inocente.
-N-nada.
–Gina se apressou a responder –Apenas estava imaginando o porque
de você não se trocar dentro do banheiro já que
eu estou aqui.
-Esqueci
de pegar minhas roupas, não costumo me trocar dentro do
banheiro. –ele disse pegando roupas em sua mala –Isso te
incomoda?
"Sim,
isso me incomoda muito. Esse seu corpo de deus grego me faz babar que
nem uma idiota. Fico dividida entre a vontade de te agarrar ou de te
esganar por provocar em mim tamanho desejo." Ela pensou evitando
contato visual.
-Me
incomoda demais essa sua pretensão de achar que quero vê-lo
seminu.
-Não
foi de propósito. –ele disse parecendo mortalmente sério
e entrou no banheiro de novo.
Ao
ver a porta se fechar Gina começou a se abanar.
"Maldito
Malfoy! Como eu posso me sentir tão atraída por ele?
Você ainda me paga."
Poucos
minutos se passaram e Draco saiu do banheiro, dessa vez vestido com
uma calça jeans preta, camisa branca e tênis
preto:
-Está
a pensar em quê? –Draco perguntou curioso.
-Vamos
sair? –ela perguntou para ele –Tem vários lugares em que
podemos ir.
-Tudo
bem, podemos sair juntos. –Draco respondeu indiferente –Quer ir
agora?
-Sim,
é claro!
Os
dois haviam acabado de passar pelas portas duplas do hotel quando
Draco perguntou:
-Aonde
gostaria de ir primeiro?
-Adivinha!
–Gina respondeu sorrindo feliz.
"Sorriso
lindo." Draco pensou e viu Gina desviar o olhar "Merda! Ela deve
ter lido esse pensamento, preciso ser mais cauteloso."
Ele
agiu como se nada tivesse acontecido:
-Vamos
até a Torre Eiffel então e depois poderíamos
almoçar.
Como
Gina nada respondeu, Draco começou a andar e a ruiva então
o seguiu.
Paris
era uma cidade fabulosa, Gina não sabia para onde deveria
olhar primeiro.
-Gostando
de Paris? –Draco perguntou mais para puxar assunto do que outra
coisa.
-Eu
te disse que sempre quis vir aqui, mas... –ela parou abruptamente
de falar.
-Mas
o quê? –ele perguntou curioso.
-Eu
nunca imaginei que viria aqui com você. Na verdade eu... –ela
parou de novo.
-Na
verdade você o quê? –ele perguntou encorajando-a
continuar.
-Você
vai rir de mim. –Gina disse um pouco sem graça.
-Prometo
que não. –Draco respondeu ansiando a resposta dela.
-Tá
bom então. Hum...é que acontece que eu sonhava há
anos viajar para cá com um namorado.
-Imaginava
que viria com o Potter, não? –Draco perguntou deixando claro
em seu tom o desagrado de falar de Harry.
-Sim,
eu imaginava. Mas isso é passado...delírios de uma
adolescente.
-Mas
você está aqui em Paris e com uma companhia muito melhor
do que o "Cara-cicatriz".
-Já
te disseram que você é muito convencido?
-Eu
digo isso a mim mesmo diariamente.
Gina
deu um meneio de cabeça para mostrar o descontentamento ao
ouvir a resposta dele.
"Eu
odeio esse jeito convencido que ele tem!" ela pensou e não
falou mais com ele até chegarem bem próximos da
torre.
-Olhe
quantos turistas. –a ruiva comentou.
-Ah
é? Olhe para o tamanho dessa fila! Eu ODEIO ficar em filas,
pode dar meia volta e esquecer da idéia.
-Mas
eu quero subir ao topo dela! Dê um desconto, há muitos
turistas porque estamos perto do reveillon.
-Fora
de cogitação eu esperar essa fila andar para pegar o
maldito elevador. –disse em tom definitivo e Gina juntou as mãos
e o olhou de um jeito inocente de modo a pedir por favor, fazendo com
que ele reconsiderasse um pouco –Sinto, mas não fico nessa
fila nem morto! –a ruiva abriu a boca para reclamar, mas ele
continuou a falar –Tive uma idéia.
-Idéia?
–ela perguntou confusa.
-Já
volto, não saia daqui nem que veja algo absurdo...a não
ser que você não queira mais subir na torre.
-Claro
que quero, te esperarei aqui. –ela concordou e ele se afastou
andando a passos largos.
A
pobre Weasley foi para o último lugar da fila, que a propósito
parecia ter umas 300 pessoas. Os minutos se passaram com ela
ignorando os olhares cobiçosos de alguns caras, até que
ela ouviu a voz de Draco magicamente ampliada (como se ele estivesse
falando em um megafone) sabe-se lá vinda de onde:
-Atenção!
Atenção! –ele falava (gritava) em um francês
perfeito –Fomos informados de que há uma bomba no topo da
Torre Eiffel, -as pessoas começaram a se apavorar –a área
deve ser imediatamente evacuada para inspeção de
profissionais. Isto não é um treinamento, repito, isso
não é um treinamento. As pessoas devem se afastar
imediatamente do local.
"Eu
não acredito nisso! Como é que o Malfoy faz uma coisa
dessas?" Gina pensou vendo a zona em que o lugar havia se
transformado.
As
pessoas corriam para longe e algumas gritavam. Em meio ao tropel,
Gina pôde avistar Draco vindo até ela:
-É
isso o que você chama de solução? –ela
perguntou incrédula quando o loiro chegou à sua
frente.
-Não,
é o que eu chamo de distração. –ele respondeu
indiferente.
-É
o que eu chamo de confusão. E que confusão! Você
criou um furdúncio enorme Draco! E pra que isso?
-Para
subirmos na torre. –respondeu como se fosse óbvio.
-Não
vão nos deixar subir, você disse pra todos se afastarem
e deixarem a situação ser controlada por
profissionais.
-Bingo!
É aí que está. Nós seremos os
profissionais. –Draco disse puxando Gina em direção a
torre –Não usaremos nossos verdadeiros nomes é claro.
Nós seremos detetives do esquadrão anti-bombas. Você
será Lindsay Mcdogall e eu serei Louis...oh sei lá, vou
usar o meu sobrenome então, é francês
mesmo.
-Acho
melhor não usar seu sobrenome ou irá se meter em
confusão. –Gina o alertou.
-O.k.
Eu darei um jeito. –disse, deu os últimos dez passos e parou
na frente do segurança que guardava a torre.
-Não
ouviram o aviso? Devem se retirar imediatamente daqui. As autoridades
já devem estar a caminho. –o homem falou em
francês.
-Acontece
que nós somos as autoridades. –Draco respondeu (em francês
também) se referindo a ele mesmo e Gina.
-Oh
sim e eu sou o Papai Noel. Quem são vocês? Turistas
impertinentes ou repórteres oportunistas?
-Está
vendo alguma câmera? –Draco perguntou fechando a cara e
continuou –Pode me chamar de Louis, o audacioso, é como
todos os meus subordinados do esquadrão anti-bombas me chamam
e essa é a minha principal funcionária, a srta. Lindsay
Mcdogall.
-Se
são do esquadrão anti-bombas, por que estão
vestindo essas roupas? Não são essas roupas que são
utilizadas pelo esquadrão. Cadê os uniformes
tradicionais?
-Hoje
era dia de folga pra mim e Lindsay, nós estávamos
passeando quando o meu celular tocou e me avisaram do ocorrido.
Viemos o mais depressa possível e não deu tempo de
trocarmos de roupas. Ou você acha que eu uso aquele uniforme 24
horas por dia?
O
segurança não era tão fácil assim de se
enganar, Gina percebeu o olhar desconfiado que ele ainda lançava
para ela e Draco:
-Então
mostrem-me as suas credenciais. –ele exigiu.
-Que
parte de "era o meu dia de folga" você não entendeu?
–Draco perguntou já começando a se irritar –Não
podia imaginar que eu e Lindsay seríamos convocados de uma
hora pra outra.
-Porque
a srta. Mcdogall está tão calada sobre o assunto? –o
segurança perguntou olhando para Gina.
-Ela
é inglesa, mudou-se a pouco tempo para a França e por
isso ainda não sabe falar francês.
-É
verdade que são do esquadrão anti-bombas, srta.
Mcdogall? –ele perguntou dessa vez em inglês.
-Sim,
nós somos e estamos aqui para fazermos o nosso trabalho. Mas
acontece que uma certa 'parede humana' não está
permitindo. –Gina disse fuzilando o segurança com o olhar
–Deixe-nos passar ou será o responsável pela
destruição de um dos monumentos mais conhecidos do
mundo e que é também o símbolo do seu país.
Vai querer apodrecer na cadeia por isso ou vai nos deixar desarmar a
maldita bomba?
-Então
subam de uma vez. –o segurança falou mais do que contrariado
enquanto dava passagem para "Lindsay" e "Louis".
Gina
apertou o botão do elevador panorâmico e Draco perguntou
para o segurança:
-Não
há ninguém lá em cima, há?
-Não,
já tirei os visitantes que estavam lá em cima e tenho
que acrescentar que não vi bomba alguma.
-Os
terroristas são ardilosos para esconderem bombas, mas não
se preocupe. Iremos desarmá-la. –Draco disse e entrou com
Gina no elevador.
-Você
simplesmente perdeu o juízo! Não há nenhuma
bomba lá em cima. –Gina disse assim que as portas se
fecharam e eles começaram a subir.
-Eu
sei. Não há agora, mas vai haver.
A
ruiva olhou muito séria pra ele:
-No
que está pensando? Ficou maluco de vez? Não que eu
duvidasse antes, mas agora deixou óbvio pra mim ver.
-Eu
invento toda essas história para podermos subir na torre e
você vem duvidando da minha sanidade? O mínimo que
poderia fazer era agradecer e confiar em mim. –o loiro disse e viu
Gina o encarando preocupada –Não fique assim, não há
motivo. Tudo ficará bem.
-Sério?
-Hum-hum.
E a propósito você mente muito bem quando quer, gostei
particularmente de quando insinuou que o cara apodreceria na cadeia.
Tenho que reconhecer que foi uma jogada de mestre ameaçá-lo
desse jeito. –Draco comentou.
A
expressão no rosto de Gina de desanuviou e ela não pôde
deixar de sorrir. Um sorriso vacilante, é verdade, mas ainda
assim um sorriso:
-Você
fez tudo isso por eu querer vir até aqui ou por que não
queria esperar na fila de jeito nenhum? –ela perguntou observando o
rio Sena.
Draco
lembrou-se do que planejara anteriormente: ser legal, mas não
a ponto de insinuar 2as intenções. Por isso considerou
e pesou a pergunta por alguns segundos antes de finalmente
responder:
-Um
pouco de cada.
Nesse
momento a porta do elevador se abriu e eles saíram para
admirar a Paris que se estendia a seus pés:
-Linda,
realmente uma paisagem explêndida. Mas e quanto a
bomba?
-Sinceramente
eu não te entendo Virgínia. Você queria tanto vir
aqui e agora que conseguiu fica aí se preocupando à
toa. É uma oportunidade única, então eu sugiro
que você relaxe e curta a visão que você tanto
queria. –Draco falou seriamente.
-Mas...
-Não
tem mas nenhum! Se você não aproveitar esse momento, eu
sou capaz de te jogar lá embaixo, entendeu?
Gina
respirou fundo:
-O.k.,
você venceu. –ela disse se apoiando em uma barra e observando
vários lugares.
Draco
também ficou olhando, ele estava do lado de Gina e parecia
perdido em pensamentos.
"Que
perda de tempo essa minha nova tática. Não está
adiantando nada não dar em cima da Weasley. Mas também
eu não posso esperar que ela se arraste aos meus pés em
tão pouco tempo. Preciso ser paciente...humpf, coisa que com
certeza eu não sou. Eu simplesmente ODEIO ter que esperar.
Quando quero algo, quero pra ontem. Que droga! Pelo jeito terei que
ter paciência e esperar." Ele pensou e então olhou
para o rosto satisfeito e sonhador que Gina ostentava.
-O
que foi Draco? –ela perguntou percebendo o olhar dele fixo em
si.
-Quero
saber como se sente ao olhar pra tudo isso..
-estou
me sentindo estranha. Feliz, mas estranha. É mais alto do que
pensava, estou com um pouco de tontura. –ela disse parecendo mais
pálida que o normal.
Draco
percebeu Gina oscilando nos próprios pés e então
a segurou junto se si (uma mão na cintura e outra nas costas).
A ruiva levantou a cabeça e seus olhos castanhos encontraram
os cinzentos de Draco. Ele passou uma mão pelos cabelos ruivos
dela. Os olhos da Weasley (apesar dela estar se sentindo meio mal)
tinham um tipo de brilho, os lábios dela estavam entreabertos
e pareciam implorar pelos de Draco.
Ao
olhar para ela, o loiro sentiu-se perdido e como se um imã o
atraísse na direção dela. O Malfoy ficou mais do
que tentado a beijar Gina.
"...o
que é que eu estou pensando? Não acredito que eu quero
beijar o Malfoy! Ai esses olhos misteriosos! Não me torture
mais!" Gina pensou, Draco conseguiu ler e se esforçou para
manter-se sério.
"Então
a Gininha quer um beijo...Droga! Não posso negar que também
não gostaria." Ele pensou e a Weasley também pôde
saber o que se passava na mente dele.
Draco
desviou o olhar.
"Não
vou beijá-la agora que ela quer, mesmo que isso me custe todo
o auto-controle. É pra Gina ficar comendo na minha mão
e não o contrário. Vou continuar agindo como se não
me importasse em seduzí-la."
-Você
está bem? –ele perguntou afastando seu corpo do da ruiva,
mas ainda assim segurando-a caso ela tivesse um eventual
desmaio.
-Está
tudo bem, é apenas uma fraqueza repentina seguida por
tonteira. Pode me soltar, eu não corro o risco de desabar no
chão a qualquer momento e mesmo que corresse, eu não
sou nenhuma boneca de porcelana que pode se quebrar com qualquer
coisa.
-Tem
certeza? –Draco perguntou olhando para as feições
ainda um tanto pálidas de Gina, a ruiva fez que sim e ele a
soltou –Olhe lá hein Virgínia! Você tem se
alimentado direito? Eu não quero ter que servir de... –nesse
instante o estômago dele roncou –Já sei o porque dessa
fraqueza. Estamos sem comer desde o almoço de ontem. Eu comi
bem, mas você tem aquela MANIA DE NÃO PEGAR MUITA
COMIDA.
-Deve
ter sido por isso mesmo. –ela concordou –Mas eu não
esperava ter que ficar tanto sem comer.
-Pare
de falar em comer! –Draco reclamou –Meu estômago está
roncando e eu estou morrendo de fome. Vamos embora. –disse já
indo em direção ao elevador.
-Mas
Draco! E a bomba?
Ele
parou no meio do caminho e virou-se para ela:
-Droga!
Havia me esquecido disso. –disse fechando os olhos e começando
a pensar no que fazer.
Depois
de um curto espaço de tempo ele conjurou uma estrutura
metálica maciça do tamanho de uma caixa de fósforos.
Notava-se nela um relógio em contagem regressiva. Gina olhou
para o objeto de forma apreensiva:
-Isso
não é uma bomba de verdade, é?
-Receio
que seja. –ele respondeu sério olhando para o relógio
que já marcava um minuto.
-Pelas
barbas de Merlin! Malfoy você é louco e quer nos matar!
Temos que abrir essa bomba e desativarmos. –ela disse conjurando
uma pequena chave de fenda e um alicate de eletricista em
miniatura.
-Não
seja idiota Weasley! É claro que não quero NOS
matar.
-Dê-me
essa bomba, rápido!
Draco
hesitou:
-O
quê?
-ME
DÊ ESSA PORRA DE UMA VEZ ANTES QUE VOEMOS PELOS ARES!
Sem
pestanejar o loiro passou-lhe a bomba. Gina rapidamente tratou de
desrosquear a tampa e viu dois fios (um vermelho e outro azul) sobre
o que parecia um chip complexo:
-O
que está esperando? –Draco perguntou já quase
arrancando os próprios cabelos em sinal de extrema preocupação
–Faltam apenas 18 segundos, desative logo essa coisa!
-Eu
não sei qual fio cortar. –ela confessou agora beirando o
desespero.
-São
apenas dois! ESCOLHA UM DELES!
Ela
respirou fundo...10 segundos... "Azul é a cor do céu
e do mar"...9 segundos... "Vermelho são rosas, amor e
sangue"...8 segundos... "Oh meu Deus! O que escolho?"...7
segundos... "Não quero morrer!"...6 segundos... "Azul
me leva a cantar"...5 segundos... "Vermelho me leva a amar"...4
segundos...
-WEASLEY!
FAÇA ALGUMA COISA!
Três
segundos e Gina se decidiu.
"Eu
escolho amar". Ela pensou e cortou o fio vermelho.
O
relógio paralisou em 2 segundos e ela respirou
aliviada:
-achei
que ia morrer. –ela disse e desabou desacordada nos braços
de Draco.
-Mais
essa! Eu não acredito que a Weasley desmaiou... Acorde
Virgínia! –ele chamou -Mas que saco! –disse e puxou a
varinha de suas vestes com uma mão enquanto segurava Gina com
a outra –Enervate!
Gina
abriu os olhos e piscou algumas vezes antes de olhar para o loiro que
a segurava, quando ela se deu conta da situação, ficou
vermelha de vergonha.
"Droga!
Eu tinha que ter desmaiado?" ela perguntou-se.
-Vamos
sair daqui. –foi a única coisa que conseguiu dizer.
Draco
se abaixou para pegar a bomba que estava no chão e colocou-a
em um bolso da calça. Gina começou a andar meio
oscilante na direção do elevador, mas Draco a deteve
pelo braço.
-Me
solta Malfoy! Eu posso andar sozinha. –a ruiva disse irritada com
ele.
-Não,
não mesmo Virgínia. A última vez que disse que
eu podia soltá-la, eu soltei. Mas agora é diferente,
você desmaiou.
-Isso
não faz de mim uma inválida! –respondeu
indignada.
-Engula
o seu orgulho, pois eu vou ajudá-la.
-Não
vai não! –teimou.
-Ótimo!
Sou eu quem está com a bomba e não sairemos daqui
enquanto não concordar.
-Ótimo
também. –respondeu parecendo indiferente.
Draco
sorriu debochado:
-Será
que não está com fome Virgínia? Se continuar sem
comer, irá desmaiar de novo. É isso o que quer?
Gina
bufou e disse resignada:
-O.k.,
você venceu.
Ele
sorriu novamente e se aproximou dela. Passou um dos braços da
ruiva por trás de seu pescoço:
-Apoie-se
em mim. –ele disse segurando-a pela cintura.
Foram
andando juntos para o elevador e Gina percebeu a situação
desconfortável de Draco (ele era consideravelmente mais alto
que ela e tinha que se curvar para que ela pudesse se apoiar
direito):
-Por
quê? –ela perguntou.
-Por
que o quê? –Draco perguntou simplesmente.
-Por
que está fazendo isso Malfoy? –ela perguntou de cara
amarrada –Me ajudando.
-Você
acabou de responder. Estou fazendo isso para te ajudar. –disse e os
dois entraram no elevador.
Gina
revirou os olhos em tédio:
-Sabe
do que estou falando. –como ele nada disse a respeito disso, ela
continuou – Então por que está me ajudando? Não
é obrigado a fazer isso. Você nem ao menos se preocupa
comigo Malfoy.
Draco
então olhou intensamente dentro dos olhos de Gina, o rosto
dele inexpressivo:
-Não
me conhece tanto quanto acha, Virgínia. Talvez eu me importe
mais do que pensa...Weasley. –disse dando ênfase ao sobrenome
dela.
