Capítulo 17: A questão de fogo x gelo
"Não
me conhece tanto quanto acha, Virgínia. Talvez eu me importe
mais do que pensa... Weasley".
Isso
que Draco havia dito ecoava em sua mente sem parar.
Eles
já haviam passado pelo segurança (Draco havia mostrado
a ele a bomba e murmurado uma desculpa para justificar o estado de
Gina).
"O
que é que ele quis dizer com aquilo? Esse cara tem sérios
problemas psicológicos, isso é o que ele tem. Ah! Mas
por que ele disse? Será que o Malfoy se importa realmente
comigo? Não, claro que não! LARGUE DE SER IDIOTA,
VIRGÍNIA! Como eu pude pensar nisso mesmo que por um único
segundo? Ele deve ter querido dizer que se importa com o meu corpo,
já que é isso que ele quer, e não com a minha
pessoa. BURRA, BURRA, BURRA! Mas é claro que o Malfoy só
quer o meu corpo".Ela pensou andando ainda apoiada em Draco.
"Como
eu fui estúpido! E-S-T-Ú-P-I-D-O! Sim, Draco Malfoy,
você foi estúpido demais! Por que eu disse que me
importava com ela mais do que ela pensava? EU NÃO ME IMPORTO
COM A WEASLEY! Os Weasley me dão náuseas! Menos a
Virgínia... Mas eles são uns burros, incompetentes e
defensores de um monte de babaquices sentimentalistas... Bem, mas a
Gina é diferente e é uma Comensal assim como eu... MAS
AINDA É UMA WESALEY, DRACO! Agora é capaz de ela pensar
que eu me preocupo com ela, mas isso não é verdade. Tá
bom, tá bom... Droga! Eu estava sim preocupado, mas tenho uma
boa razão para isso. A garota desmaiou, está fraca e eu
não quero uma mulher fraca. Gosto de mulheres vigorosas,
portanto quero Weasley em plena forma para me mostrar o quão
ardente ela pode ser. Quero uma prova maior do que daquela vez que a
induzi a agir por instinto. É com isso que me preocupo."
Draco pensou, convencendo a si mesmo disso.
O
primeiro lugar que acharam para comer não era exatamente um
restaurante e sim um café, mas entraram lá assim
mesmo.
Sentaram-se
em uma mesa e Draco já ia levantar para encontrar alguém
a que pudesse fazer um pedido, quando uma garçonete
perguntou:
-
O que o Sr... – ela começou e Draco informou seu nome –
Malfoy e a Sra. Malfoy gostariam de pedir?
Gina
estava tão fraca que nem ouviu o comentário da moça.
Já Draco espumou de raiva por dentro, mas estava com tanta
fome que decidiu deixar passar:
-
Nós queremos uma porção de batatas fritas, uma
porção de queijo, outra de calabresa, quatro croassant
de qualquer recheio e quatro canecas de chocolate quente. – ele
disse e a garçonete escrevia freneticamente no caderno de
notas.
-
Só isso? – a francesa perguntou ironicamente.
-
Vocês têm torta de morango?
-
Sim, o Sr. Vai querer?
-
Quero duas. – Draco disse e a moça se virou para ir buscar
as coisas. – Gina. – ele chamou e ela abriu os olhos.
-
Fala. – disse coma uma voz fraquinha.
-
Você está muito pálida e com olheiras sob os
olhos.
-
Obrigada por me informar o quanto a minha aparência está
decrépita. – ela tentou usar ironia.
-
É sério, você parece tão fraca que eu não
me surpreenderia se você desmaiasse a qualquer hora.
-
Você sabe mesmo como animar uma pessoa, consola tanto...
-
Com licença, - era a garçonete – aqui estão os
croassants e o chocolate quente. – disse tirando da bandeja as
canecas e uma cestinha com os salgados.
Gina
olhou para o croassant e o croassant "olhou" para ela. Amor à
primeira vista. Sem hesitar, a ruiva começou a comer com
vontade:
-
Isso aqui tá bom, não vai comer não?
-
Está parecendo uma morta de fome. Eu sei que a sua família
já foi pobre, mas está parecendo que nunca viu comida
na vida. Os Weasley já foram tão pé-rapados
assim, é?
-
Dane-se tudo, Malfoy! Eu to com fome. –ela explicou.
Draco
resolveu não discutir e começou a comer também,
mas com classe. Por mais que estivesse com fome, ele ainda era um
Malfoy e tinha que agir como um. O resto do que haviam pedido chegou,
eles comiam sem se falar. Estavam com tanta fome que devoraram tudo
em apenas 15 minutos:
-
Não quero ver comida na minha frente por um bom tempo. –Gina
declarou ao acabar de comer.
-
Também estou mais do que satisfeito.
O
loiro chamou a garçonete e pediu a conta.
-
São 50 dólares. – ela informou.
-
O quê? – Draco perguntou fechando a cara – Repete isso.
A
moça abriu a boca para falar novamente, mas Gina foi mais
rápida e pegou o papel indicando o quanto haviam gastado:
-
Ora, Malfoy! Ela disse 50 daquelas notas verdes. Ficou surdo por
acaso?
-
Eu não pedi a sua opinião, Weasley. Fique na sua. –
respondeu pra Gina – Eu não poderia debitar no cartão?
–acrescentou em francês para a garçonete.
-
Sinto muito Sr. Malfoy, mas a máquina de passar cartões
foi para o conserto ainda ontem.
"Puta
merda! Eu não posso acreditar no meu azar, a máquina
foi para o conserto ontem... Terei mesmo que gastar as notas
verdes".Pensou e tirou do bolso a sua carteira de
couro-de-dragão.
Ao
abrí-la procurou por uma nota com o número 50 e a
entregou para a garçonete, que fez uma cara de "Ô seu
pão-duro! Cadê a minha gorjeta?", mas nada comentou a
respeito antes de voltar para o balcão de cara amarrada.
-
Vamos embora daqui. – Draco disse se levantando e Gina fez o
mesmo.
Quando
já estavam lá fora, ele perguntou:
-
Para onde quer ir agora?
-
Pro hotel, pelo amor de Deus! Eu comi demais, preciso
descansar.
-Tudo
bem então. – concordou e começou a andar, mas ao ver
que Gina não o seguia ele parou – O que foi agora?
-Eu
não quero ir a pé. –ela reclamou – Vamos de táxi,
hein?
-Temos
que economizar, eu só tenho um pouco mais que 150 dólares
e sabe-se lá quando essa viagem irá terminar.
-Mas
eu estou me sentindo mole.
-Problema
seu! Da próxima vez aprenda a não agir como uma morta
de fome, achei que os Weasleys já tivessem superado essa fase.
– Draco disse recomeçando a andar.
-
Que grosseria! – a ruiva disse indignada e seguiu-o emburrada e
decidida a não lhe dirigir a palavra.
Quando
chegaram no hotel, Gina nem esperou Draco pedir a chave na recepção
e rumou direto para o quarto, ficando parada do lado de fora a
esperar que Draco destrancasse a porta. Mas ele estava demorando pra
fazer isso.
-
Abra logo. – ela disse sem rodeios.
-
Ainda está brava comigo, não está?
A
resposta da Weasley foi o silêncio.
-
O.K., eu sei que eu pisei na bola...Saiba que não foi por
mal.
-
Não, né? Foi por costume de aporrinhar a minha
família...
Ele
a interrompeu:
-
Mas eu estou tentando me desculpar.
Foi
a vez de Gina o cortar:
-
Poupe-me dos seus falsos arrependimentos e desculpas! Você é
um Malfoy, ou seja, mesquinho e arrogante. Nada vai mudar isso e
agora abra essa porta antes que eu me irrite de verdade e resolva te
matar. Se quer saber eu estaria fazendo um favor não só
a mim, mas a humanidade inteira.
O
Malfoy abriu a porta mecanicamente e ficou parado do lado de fora com
a boca aberta. Como Gina pôde ter dito aquelas coisas pra
ele?
"Estou
pasmo. Cada vez mais a Weasley me surpreende... Como é que ela
teve coragem de falar daquele jeito comigo? E foi de uma maneira tão
fria, parecia até eu mesmo falando. Ela foi capaz de conseguir
falar tudo sem expressão. Ela não podia ter falado
assim comigo, não mesmo. Me fez me sentir tão...
estranho".
"Estou
ficando louca! Tá certo que ele me humilhou com aquele
comentário sobre a minha família, mas como que eu
consegui parecer tão indiferente? Eu agi como o Malfoy
agiria... e isso me dá medo".
Mas
nenhum dos dois tiveram muito tempo para refletir sobre o que ouvira
ou falara, pois o quarto estava decididamente bagunçado:
-
Malfoy, venha aqui! É urgente!
Draco
atendeu o chamado de Gina:
-
Quer me xingar mais, é?
Gina
ignorou a pergunta:
-
Alguém esteve aqui.
-
Alô, será que nunca ouviu falar em serviço de
quarto ou camareira? Apesar de que preciso reclamar na gerência
sobre o serviço da anta do funcionário que passou por
aqui, acho que não existe ninguém com pior senso de
organização.
-
Será que dá pra "criança" para de
gracinha?
-
Não estou tentando ser engraçado, se estivesse você
estaria rolando de rir.
-
Não quero falar sobre a sua capacidade de ser ou não
engraçado. Estou querendo dizer que camareira nenhuma mexeria
nas malas dos hóspedes. Nossas roupas estão todas
espalhadas pelo chão.
Um
brilho de raiva passou pelos olhos de Draco:
-eu
mato a criatura desgraçada que ousou fazer isso se um dos meus
Armani estiver danificado.
Gina
rolou os olhos em tédio e fez um feitiço que colocou em
ordem a sua mala e a de Draco.
-
Fizeram isso de propósito, alguém esteve procurando
algo nas nossas coisas. – o loiro disse.
-Eu
estava tentando olhe dizer isso desde...
Ele
a interrompeu:
-O
mapa! Onde você o guardou? Na mala?
-
Não. – respondeu sentando-se perto da cabeceira – Aqui. –
e apontou o criado mudo antes de abrir.
Draco
chegou perto de Gina, mas viu apenas um tinteiro dentro da gaveta. Ao
ver o ponto de interrogação nos olhos de Draco, ela fez
um feitiço que destransfigurou o tinteiro no mapa:
-
Muito esperta, Virgínia. – Draco a elogiou.
-
É preciso ser. No nosso ramo, quem não é esperto
dança. – respondeu simplesmente.
-Será
que dá pra parar de agir como eu?
-eu?
Agindo como você? –ela perguntou com desdém e Draco
sorriu – Do que está rindo?
-
Você está sendo fria e usou o meu tom de desdém.
Ainda vai dizer que não está agindo como eu?
Ela
rolou os olhos pelo quarto antes de responder na defensiva:
-
Eu tenho culpa de você estar me influenciando?
-
Não. – disse e suspirou pesadamente antes de continuar –
Mas eu prefiro a Gina esquentadinha, - falou chegando mais perto –
é mais excitante. –apenas sussurrou ao ouvido dela.
Rapidamente Draco se afastou de Gina (a proximidade estava beirando
perigo eminente) e percebeu que ela estava muito vermelha.
-
Isso mesmo, eu quero a Gina que cora ao ouvir algo insinuante.
-
Ora Malfoy! Seu... – a ruiva ergueu uma mão para desferir um
tapa contra o rosto dele, mas ele segurou a mão dela e sorriu
arrogante.
-
Até mesmo dou preferência a vê-la prestes a me
estapear do que...bem, eu só quero que nunca mais fale fria
daquele jeito comigo, Virgínia...
-
Eu sempre te agüentei sendo frio comigo. Por que é que eu
não posso ser também um poço de frieza?
-
Não combina com a imagem que faço de você e, além
disso, pra que juntar gelo com mais gelo se o fogo tem o poder de o
derreter? – disse e beijou a mão da ruiva antes de soltá-la
– Vou sair, o.k.?
Como
Gina nada respondeu, ele aceitou como um tudo bem:
-
Não sei a hora que volto. – acrescentou saindo e fechando a
porta atrás de si.
?
Era o que estava acontecendo com a Weasley, sua cabeça estava
cheia de pontos de interrogação.
"O
que é que ele quis dizer com aquela história de fogo e
gelo? Eu falo que ele não bate bem da cabeça... No fim
eu nem tive tempo de falar que o fato das nossas roupas estarem
espalhadas quando chegamos tem o dedo daquele que está nos
seguindo, pelo menos eu acho..." pensou deitando-se na cama e
fechando os olhos.
"Oh
Merlim! Eu não sei como contar ao Draco. Não posso
chegar nele e simplesmente dizer: Na verdade eu sou espiã da
Ordem da Fênix e preciso que você traia Voldemort pra me
ajudar. Bem, se eu disser pra ele dessa maneira, ele não vai
pensar duas vezes antes de lançar um Avadra Kedavra, mas mesmo
se eu não contar dessa forma, ele também pode querer me
matar. Eu juro que não sei o que faço! Estou com
tanto sono... tão cansada..." foram os último
pensamentos dela antes de dormir.
Gina
caiu em um sono conturbado com um sonho esquisito:
"Primeiro
ela aparece em um lugar escuro com breu:
-
Dá pra alguém acender a luz? – perguntou
normalmente.
De
repente, o lugar ficou iluminado e a ruiva estava na Antártida
coma mesma roupa com que fora dormir, mas não estava com frio.
Havia vários (pra não dizer muitos) pingüins, que
sequer notaram-na ali.
-
Oi Gina.
Ela
virou-se e viu que era Draco.
-
O que você quer aqui, Malfoy? Não vê que está
me atrapalhando?
-
Atrapalhando? Mas você não está fazendo nada.
-
Estou sim, o Voldemort me mandou ser babá desses pingüins.
-
É mesmo, esqueci que eles são filhos do Lord.
-
Ainda não me disse o que veio fazer aqui, Malfoy. Veio só
afogar um dos filhos do Lord pra me culpar?
-
Não, eu apostei com Potter que poderia vender uma geladeira em
qualquer lugar e aqui estou. – Draco explicou e imediatamente uma
geladeira apareceu atrás dele.
-
Fique à vontade, mas creio que alguém aqui vá
comprar.
-
Vou fazer uma demonstração do meu produto.
-
Não precisa! Além disso, estou ocupada. – mas Draco
já estava abrindo a geladeira.
-
O lhe que design arrojado, a cor branca que combina com o ambiente. O
espaço de dentro é ampliado com magia, sabia? Quer ver
os gelos do freezer?
-
Não estou interessada. Por aqui, em qualquer lugar que se
olhe, tem gelo.
-
Mas o preço tá uma pechincha, só 150 galeões.
– falou, já pegando duas amostras de gelo do freezer e
fechando a geladeira.
-
150? Ficou louco? Isso tá muito caro! Eu nem preciso da
geladeira.
Draco
pareceu não ouvi-la:
-
Observe esses dois gelos. – disse e Gina rolou os olhos. –
Observe! – ele insistiu.
-
Tá. O que é que tem?
-
Imagina que são duas pessoas.
-
Pra quê?
-
Apenas imagine.
-
Se você insiste...
-
Se eu pegar e atritá-los, eles vão se desgastando.
-
E eu com isso?
O
loiro decidiu ignorar o tom 'doce' com que Gina perguntara.
-
Se são duas pessoas... podemos dizer que são duas
pessoas com gênios difíceis agindo da mesma maneira.
-
E...
-
E isso as faz brigar e só as desgasta.
-
Ainda não sei o que tem a ver com a geladeira.
-
Nada, mas é um conselho. Bem, e se pegarmos gelo e... – ele
disse e estalou os dedos, fazendo-os aparecer em um deserto com um
sol escaldante. – contrapormos com o calor do sol ou mesmo do fogo,
- tirou um isqueiro do bolso, o acendeu e colocou perto dos dois
cubos de gelo – o gelo acaba derretendo. Isso te diz alguma
coisa?
-
Não. – respondeu, depois de pensar um pouco.
-
Faz algum sentido?
-
Não.
-
Mas algum dia vai fazer.
O
corpo de Draco foi ficando translúcido, ele estava preste a
desaparecer.
-
Do que está falando? – Gina pergunta quase que desesperada
de curiosidade para saber a resposta.
-
Não se preocupe, você ainda vai entender. – respondeu
e desapareceu por completo "".
Gina
acordou sobressaltada em sua cama. Quanto tempo ela estivera
dormindo? Não dava para saber, mas já era 7h da noite
(ela constatou no relógio de parede) e nada de Draco. Aquele
sonho estava deixando a ruiva com dor de cabeça, por isso ela
decidiu ir tomar um banho para relaxar.
Preferiu
a banheira, pois achou que seria melhor para fazer reflexões.
"Pense,
Gina! Você tem que desvendar! Deixe-me ver, o Malfoy tinha me
falado que o fogo derrete o gelo... e o Malfoy do sonho também.
Acho que quer dizer que com meu jeito sou capaz de derreter o gelo, a
frieza do Malfoy... Mas espera aê! Então o Malfoy me
disse que eu causo esse efeito nele... Por que ele deixaria isso
claro pra que eu descobrisse? Talvez ele queira que acredite que ele
sente algo especial por mim e assim aproveitar-se da minha
ingenuidade. Só que acontece que eu não sou mais
ingênua e boba há muito tempo. Eu prevejo cada movimento
que ele vai dar em relação a mim. Enquanto ele está
indo com a farinha, eu já estou voltando com o bolo. É,
o Malfoy vai ver que não é tão fácil
quanto aprece enganar Virgínia Molly Weasley".
Draco
abriu a porta do quarto e viu que Gina estava sentada na cama (já
vestida para dormir, com pijamas) e olhava vidrada para a
televisão.
-
Já vai dormir, Virgínia?
Mas
a ruiva não respondeu e sequer pareceu ter ouvido. Ele deu de
ombros, tirou os tênis e meias. Depois desligou a TV e nem
assim Gina se mexeu.
"Essa
Weasley tem sérios problemas, parece estar em transe... Será
possível?" pensou, enquanto desabotoava a camisa
branca.
Então
deu de ombros e andou até a Weasley.
-
Weasley? – perguntou, agitando uma mão na frente dela e
nada.
Draco
abaixou-se, apoiando as mãos no colchão e sussurrou ao
ouvido dela:
-
Será que a Gininha ficou surda?
A
reação foi imediata. Gina sentiu o perfume do corpo
dele, a proximidade e a voz arrastada pareceu a ela uma carícia
lasciva que a fez se arrepiar.
-
Até que enfim acordou. – murmurou e então se
afastou.
A
ruiva percebeu nesse momento a camisa aberta dele deixando o peitoral
largo e liso e a barriga bem trabalhada à mostra. Gina engoliu
em seco.
"Oh,
Merlin! Não seja estúpida Gina! PARE DE REPARAR NO
QUANTO O MALFOY É GOSTOSO!" pensou, chutando-se
mentalmente por isso e forçou-se a olhar nos olhos dele.
-
Não me chame de Gininha, eu não sou nenhuma garotinha.
Além disso, eu não estava dormindo. – foi o que
conseguiu dizer (agradecendo a Deus por não ter
gaguejado).
Draco
deu um sorriso misterioso.
-
Estou ciente de que não uma garotinha, apesar de às
vezes agir como uma. Bem, mas como é que consegue se desligar
tanto do mundo?
-
Pode acontecer quando estou perdida em pensamentos, é
normal...
-
Só se for pra você.
-
Ah! Vá tomar banho, Malfoy!
-
É, eu sei. Já estava indo mesmo. – ele respondeu, se
encaminhando para o banheiro.
-
Vê se você se troca no banheiro. Ouviu, Malfoy?
-
Mas que saco, Weasley! – reclamou, se encaminhando pra mala, a fim
de pegar suas vestes de dormir.
Ao
ver Malfoy entrar no banheiro e fechar a porta, ela deitou-se na cama
e puxou o edredom para cobrir-se.
-
Mas ele é mesmo um pedaço de mal caminho... ai, aqueles
beijos do Malfoy... Merda! Será que o que quero na verdade
é estar nos braços do Draco recebendo os beijos dele?
NÃO É POSSÍVEL! Agora que ele parou de tentar
me beijar, eu deveria estar aliviada... mas não estou. Posso
estar sentindo falta? MAS NEM BRINQUE COM UMA COISA DESSAS, VIRGÍNIA!
– disse, socando a travesseiro. – É melhor eu dormir.
Gina
fechou os olhos, mas qualquer um sabe que não basta fechar os
olhos e dormir instantaneamente. Bem, pelo menos não quando
você dormiu várias horas seguidas de tarde.
Depois
de ficar se revirando na cama por um tempo, Gina ouviu a porta do
banheiro ser aberta e fingiu estar dormindo.
-
Será que a Weasley já dormiu? – Draco perguntou, se
aproximando da cama e observando a ruiva – Sim, dorme mesmo como
uma pedra, já deve estar no 7º sono. – concluiu,
subindo na cama e se cobrindo também com o mesmo edredom.
Gina
não se mexeu, mas ficou instantaneamente corada por Draco
estar debaixo do mesmo edredom.
"É
a minha chance de saber se ele é capaz de fazer algo comigo
enquanto estou dormindo".
-
Ah, Virgínia... Que bom que não perguntou onde fui. Eu
não gostaria de ter que mentir pra você... – falou
calmamente, enquanto alisava os cabelos dela com delicadeza. – Você
é muito linda enquanto dorme, mesmo sendo uma Weasley...
"...
queria que fosse minha... e você vai ser". acrescentou em
pensamento, tirando a mão do cabelo de Gina e virando-se para
o outro lado.
-
Hum... Draco? – Gina perguntou o mais calmamente que pôde.
O
loiro quase deu um pulo de susto.
-
Está acordada desde quando?
-
Eu não dormi ainda. Depois diz que eu não sou normal,
você fala sozinho...
Draco
engoliu em seco.
-
Não exatamente, você estava acordada e eu não
falo sozinho... apenas converso comigo mesmo... Bem, agora vá
dormir.
-
Estou sem sono. – a ruiva disse e Draco se controlou para não
dizer que não tinha nada a ver com isso. – Hum... você
demorou bastante... Por onde andou?
-
Por aí.
-
Por aí não esclarece nada.
-
Você me ouviu... eu não quero ter que mentir pra você,
não sobre isso.
-
Isso o quê?
-
Garanto que ficará sabendo em breve, por isso não me
pergunte mais, o.k.?
-
Tudo bem. – Gina concordou, ainda um pouco relutante em deixar a
curiosidade de lado.
"Eu
preciso contar pra ele sobre mim. Como é que eu começo?"
-
Draco?
-
O que é, Gina? – ele perguntou meio aborrecido.
-
Eu preciso falar com você.
-
Falar comigo? Mas você já está falando.
-
O que eu quis dizer é que preciso falar sério com
você.
-
Sério? E não pode deixar pra amanhã?
-
Não, não dá.
-
O.k. então, pode mandar bala.
-
Bem, eu queria saber o porque de você ter virado um Comensal.
-
Que assunto mais chato. Pra que quer saber isso?
"Pensei
que queria falar sobre nós". ele pensou, confuso.
-
Você sabe meus motivos, quero saber dos seus.
-
Desde que nasci o meu pai queria que eu me tornasse um, mas não
foi bem por isso... eu sou bem capaz de desafiar meu pai se eu
quiser. Mas o fato é que eu sempre fui ambicioso, não é
á toa que fui da Sonserina. Também me irritavam os
trouxas com aquela mania de se acharem superiores porque têm
tecnologia.
-
Tá, e você é ambicioso em relação a
quê?
-
Poder, eu adoro a idéia de controlar os outros por ser
poderoso. Ocupo um ótimo cargo no Ministério da Magia,
mas nossos horários eram diferentes e por isso não nos
cruzávamos.
-
Você trabalha em qual departamento?
-
Execução das Leis da Magia.
"Isso
explica porque as leis de proteção a trouxas não
estavam sendo aprovadas". a ruiva deduziu sabiamente.
-
E você está satisfeito com a sua vida?
-
Qual a finalidade do interrogatório?
-
Quero saber mais sobre você, Draco. Ás vezes tenho a
impressão de que não te conheço nem um
pouco.
Draco
revirou os olhos em tédio antes de continuar.
-
Tenho dinheiro, um bom emprego e chovem mulheres aos meus pés.
Não posso dizer que tenho uma vida ruim.
-
Então você está satisfeito com tudo?
Draco
olhou para Gina e ela olhou de volta. O loiro parecia estar
avaliando.
-
Vou te contar se você prometer levar isso para o túmulo.
-
Prometo. – a ruiva disse beijando os dedos indicadores cruzados em
X.
-
Eu nunca gostei de ter ninguém mandando em mim e dizendo o que
eu tenho que fazer. Não gosto de ter que obedecer Voldemort,
ele é um coroa chato e frustrado por ter vivido em orfanato. –
Gina segurou o riso ao ouvir isso. – Esse é o lado ruim de
ser Comensal. Eu queria ter poder sobre ele um dia.
A
ruiva desviou o olhar.
"Então
o Malfoy não é tão leal assim, melhor pra
mim...".
-
Você nunca pensou em deixar de ser um Comensal da Morte?
-
Não, na minha opinião é um caminho sem volta.
Voldemort pode ser muito cruel com os traidores. Você já
se arrependeu?
Gina
engoliu em seco.
-
Não, claro que não. Eu fiz o que tinha que fazer.
"Não
vai dar pra revelar agora".
-
Você é a Comensal mais estranha e linda que eu já
conheci.
-
Como se tivesse muitas Comensais. – respondeu, corando até a
raiz dos cabelos.
-
Foi apenas um elogio, não é nada demais, então
não precisa ficar tão vermelha. Agora vamos dormir.
-
Você fala isso pra todas, não é seu cachorro?
-
Não pra todas, eu não sou tão hipócrita
assim, Weasley.
-
Me deixe em paz!
-
Boa noite pra você também.
-
Eu não te desejei boa, na verdade você merece uma
péssima.
-
Tudo o que quiser desde que cale a boca. – e ela não falou
nada. – Preciso dormir, estou morrendo de sono.
A
ruiva apenas bufou.
"Linda?
O Malfoy deve estar com sono mesmo, pra me elogiar... Eu tenho que
trazê-lo pro meu lado. Apenas não sei como".
