PEQUENOS GRANDES PROBLEMAS – VERSÃO 2.0

CAPÍTULO 05- TOU-SAN RAN...

Yohji suspirou, sentado na vitrine da floricultura. Ser bebê era muito chato. Tedioso. E ele já estava começando a reverter. Hoje de manhã ele já não tinha se pego assistindo Hamtaro? E gostando?

-Daqui a pouco vou estar repetindo as frases dos Teletubbies. Ai, que saco! E essas velhas que só entram aqui pra apertar minhas bochechas?

Com um a menos, os três tinham trabalho a mais, então não podiam dar atenção ao pequeno como gostariam. Mas naquela tarde, sem tanto movimento, Aya resolveu fechar uma hora mais cedo.

-Vamos ao shopping dar uma volta. As fraldas do Kudou estão acabando e acho que Omi também tem algumas coisas que ele gostaria de comprar, não?

Ken olhou para o arqueiro que franziu a testa, mas logo pegou a idéia. E deram um banho em Yohji, colocaram um macacão jeans com tênis e lá foram eles. O mini playboy estava encantado como tudo parecia diferente e sentado em seu carrinho, olhava pro alto e pros lados.

-Enquanto você faz as compras de supermercado, nós vamos levar o Yohji pra brincar no playground, é no terceiro andar.

-Encontro vocês lá. – respondeu Aya.

Mas no caminho para a área de recreação, tinha uma loja de informática. Omi parou pra ver umas coisas na vitrine e Ken se distraiu com uns jogos de videogame. Yohji, virado pra frente, começou a ficar irritado com a demora. Viu um palhaço passando à distância e resolveu ir atrás dele. Desceu do carrinho com facilidade e foi caminhando. Os dois nem perceberam o carrinho vazio e foram empurrando. O palhaço virou uma esquina, os meninos viraram outra e o bebê...

-Droga! Ele anda muito rápido. Melhor eu voltar e... Peraí, ondeéqueeutô?

Yohji olhou prum lado, olhou pra outro e começou a sentir um frio no estômago.

-Calma, Yo-tan! Muita calma nessa hora. Eu já passei por essa loja... será que eu passei mesmo? Eu tava olhando pro palhaço e não prestei atenção no caminho... O que eu vou fazer agora? O que um bebê faria? Um cigarro agora não ia cair mal... E eu deixei a merda da chupeta no carrinho... Oh, droga! – e começou a fazer beicinho, a situação começou a ficar muito angustiante e...

-Shh, shhh... que foi, neném? Se perdeu?

"Quem é essa? E se for uma ladra de bebês? Eu sou tão lindo, tão fofo, e se ela quiser me vender pro Brasil?" –e Yohji voltou a por a boca no mundo.

Mas era uma atendente de loja que levou o pequeno para a segurança do shopping, a fim de que eles dessem um aviso pelo sistema de alto-falantes... Nesse meio tempo, Aya já tinha feito as compras e estava alcançando Omi, que parecia angustiado.

-Que foi? Cadê o Ken?

-Acabamos de chegar e fomos pegar Yohji no carrinho... E ele não estava mais...

-Como vocês conseguiram perder um bebê de dentro do carrinho?

-Ele deve ter saído...

-Óbvio. (Dããã) Eu quero saber é a que horas ele saiu sem vocês perceberem?

Omi ficou sem jeito mas contou:

-Paramos pra ver uma vitrine... Ken foi avisar a segurança do shopping... Eu fiquei pra te esperar...

-Vamos até ele, então.

"Atenção senhores clientes. Na área de segurança do shopping está um bebê de uns dois anos, loiro de olhos verdes, vestido com uma camiseta azul, macacão jeans e tênis. Atende pelo nome de Yohji..."

-Bem, ele pelo menos sabe dizer o nome.

-Sem comentários.

Mas na área de segurança, Ken tinha problemas, já que não tinha documentos que o identificava como parente do bebê.

-Ele me reconhece, não está vendo, seu guarda?

-Isso não quer dizer nada. Ele é um bebê risonho e muito dado.

-Ficamos um pouquinho com ele, enquanto o pai ia comprar fraldas. Se eu volto sem ele, meu cunhado vai me trucidar. Minha irmã vai me cortar o pescoço.

-Sinto muito rapaz. Liberaremos para o pai da criança, se ele trouxer documentos, claro.

Yohji, com um pocky de morango na boca (1), acompanhava o diálogo sem interesse. Foi só quando Aya e Omi apareceram e a conversa foi quase a mesma, "sem documentos, nada feito", Kudou-san achou melhor fazer algo senão ele ia dormir ali no shopping. E esticando os bracinhos, bocejou e deu um grito:

-Tooooooooooouuuu-saaaaaaaaaaaannn, vaaambooooooooora?

Todos caíram na risada. Aya teve que sorrir também. O guarda coçou a cabeça mas passou a criança para os braços do ruivo.

-É irregular, mas ele deu o veredicto. Não deixe o bebê com seus cunhados mais. Criança não deve cuidar de criança.

Yohji deu uma risadinha, fez questão de dar um beijo em seu "papai" com a boca melada do pirulito e pulou pra dentro do carrinho. Longe do guarda, os gatinhos riram muito, mas sabiam que em casa, ia ter sermão Fujimiya de encomenda.

Mas a verdade que Yohji estava mesmo entediado e ficando teimoso e birrento por causa disso. Dois dias depois da sua "aventura no shopping" foi dia de faxina na floricultura. Aya e Ken esfregavam o chão enquanto Omi cuidava das janelas. Yohji sentado na porta entre a casa e a loja tentava brincar, mas ele estava de saco cheio...

"Merda! Não era à toa que o Aya tinha aquelas crises quando encolheu. Eu pensei que ia ser legal ser criança e ter uns dias de folga, mas putz! Que saco! Não posso fumar, não posso beber, não posso passear sozinho... Quando, em toda a minha vida, eu ia imaginar que ia ter saudades de trabalhar com eles? Com a mangueira na mão, eu podia até sacanear eles um pouco, jogando água sem querer no Kenken..."

Deu uma risadinha e empurrou o carrinho de fricção. Ele correu, bateu no lado errado da porta e caiu no meio da floricultura. Ken escutou o barulho e da onde estava, avisou Yohji:

-Deixa, eu pego. Não venha aqui que ta ensaboado, você vai escorregar e se machucar.

-Não, tem um lugar limpo pra por o pé. Eu vou.

-Kudou... – avisou Aya.

-Yohji-kun, não teima... – disse Omi, largando o serviço e indo em direção ao carrinho.

Antes ninguém tivesse dito nada. O loiro desceu os degraus com cuidado e foi tentar ir correndo pelo tal lugar sem sabão pra pegar o carrinho antes de Ken e Omi. Não deu outra, ele escorregou, caiu de costas e foi deslizando em direção à uma prateleira cheia de vasos. Omi deu um grito, Ken e Aya praguejaram.

Yohji bateu com toda força uma parte do traseiro e das coxas na parte de baixo e cobriu o rosto com os braços, pra tentar se proteger dos vasos que iam cair em cima dele. Mas apesar do barulho de vasos balançando, nenhum caiu. Yohji arriscou dar uma olhadinha, haviam duas vassouras com a parte de varrer segurando a prateleira, uma em cada ponta. Ken estava feliz, Aya aliviado e Omi comemorava:

-Belo trabalho de equipe!

-Tira logo ele daqui! –gritou Fujimiya, a irritação disfarçando a satisfação do bebê estar ileso.

Omi pegou Yohji no colo e com cuidado pra não cair com ele, levou-o para dentro. Somando o tédio com a frustração, com a dor que ele estava sentindo, com a sensibilidade de todo neném quando se grita com eles, tudo fez com que Yohji começasse a chorar alto, aos soluços. O arqueiro até se assustou, mas depois de tirar as roupas molhadas, pegou um spray analgésico e começou a massagear os pontos doloridos de Yohji. Ele foi se acalmando e ficou sonolento. Foi só buscar a chupeta e ele dormiu. Ken entrou no quarto:

-Será que não era melhor levá-lo ao médico pra ver se não machucou nada sério?

-Acho que não. O choro foi mais pelo susto.

-Geez, ele é mais teimoso que o Aya quando ficou pequeno.

-De uma maneira ou de outra, Aya-kun é um adulto mais sossegado. Ele não sentia tanta falta da rua quanto Yohji-kun sente. Ele está entediado.

E as coisas ficaram um pouco mais complicadas no início da noite, quando receberam uma visita de Manx. Yohji estava deitado de bruços no sofá e deitado de bruços continuou. A ruiva estranhou.

-Que foi, Yoo-chan, não ganho nenhum abraço?

O bebê suspirou entediado. Ken fez sinal pra ela e na cozinha contaram a ela o motivo do mau humor e dele estar deitado de bruços. Manx riu e entregou a fita a eles. Com cuidado desceram com o mini-playboy lá embaixo pra verem o teor da missão e Yohji suspirou de novo.

-E agora? Não podemos levar o Yohji-kun. Lembram-se daquela vez com o Aya-kun?

Todo mundo, até o bebê, rolou os olhos, lembrando exatamente tintim por tintim, principalmente da bronca que Omi deu em todos quando voltaram pra casa.

-Eu adoraria ficar com ele, mas não posso. Vou estar ocupada pelos próximos dias fazendo uma pesquisa de campo para a Kritiker...

-Será que aquela sua amiga pode ficar com ele, Omi?

-Vou ligar para a senhorita Sune. Alô, Kitty? É, mas o priminho do Aya-kun já foi embora, por isso não te ligamos mais... Não, que é isso, claro que sua companhia é agradável de qualquer jeito. Então, você poderia cuidar de um outro bebê nosso? Do Yohji-kun agora. Ah, que pena. Espera, vou anotar. Sim, se você recomenda, nós confiamos... Muito obrigado. Sim, eu direi a eles. Boa noite.

-Ela não vai poder.

-Não. Ela está estudando pro vestibular e tem prova nas próximas duas semanas. Mas indicou uma amiga, que também tem muita paciência pra cuidar de crianças.

-Peça pra ela vir aqui amanhã cedo. Precisamos conhecê-la e acostumar nosso bebê com ela.

Omi fez a ligação e combinaram um encontro lá pela hora do almoço.

Passado um pouco da uma, uma jovem alta, loira e de óculos escuros parou na frente da floricultura. Conferiu o endereço e entrou, puxando os óculos para a testa, revelando belos olhos castanho esverdeados. Ken se aproximou, solícito:

-Posso ajudar em alguma coisa?

-Sim, estou procurando Omi-kun. Ele me ligou sobre um serviço de baby sitter. Eu sou a Kalih Inne.

Omi saiu do outro lado da loja para cumprimentá-la e apresentar aos companheiros. Aya estava fazendo um arranjo e só abanou a cabeça. E o bebê em questão... bem, Yohji estava mais um pouco involuído. Ele estava debaixo da bancada e lá ficou, olhando para a senhorita Inne.

-Ele é sempre assim, tímido?

-Nem sempre. Yohji, Yo-tan, venha aqui... – o menino sacudiu a cabeça, muito levemente. – Ai, que feio, venha... você não é nenhum bichinho do mato, vem...

Mas Ken não o convenceu. E ao ver que o jogador ia pra debaixo da bancada tirá-lo na marra, Yohji saiu, mas pra grudar na perna da calça de Fujimiya. O ruivo só suspirou longamente.

-Dai-me paciência, Senhor. – limpando as mãos no avental, ergueu o bebê no colo e praticamente deu uma volta completa na Koneko antes de chegar perto da garota. – Agora olha como ela é boazinha. É amiga da Kitty-dono, não é uma seqüestradora de crianças, não vai te levar embora, ela vai cuidar de você, brincar com você... Nós vamos ficar aqui, por perto... Larga do meu pescoço, Yohji. E eu to falando sério.

O bebê ficou olhando bem para os olhos violetas, depois olhou para Kalih, olhou para Ken e Omi, pra confirmar e estendeu os bracinhos.

-Nossa, Fujimiya-san, estou impressionada com sua técnica. Ele sempre lhe obedece assim?

-Quase nunca. –resmungou o ruivo. – Ainda bem que hoje ele colaborou.

Kalih Inne passou a tarde com o loiro, pra ele ir se acostumando com ela...

N/A: Huahuahauhuahua, Kalih Inne na área, no próximo capitulo, uma noite com Yo-tan. Vai ser uma noite mágica! Elétrica! Vai sobreviver alguém? (1) Pocky é um pirulito em forma de bastão, muito apreciado por aqueles lados. Se vocês não conhecem, procurem no Google, que aparece o que é e a montanha de sabores. 04/08/06