Por Leona-EBM
Capítulo 05
Faxineiros
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"Celebrar a vida é somar amigos, experiências e conquistas, dando-lhes sempre algum significado".
(Alexander Lowen)
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Após a reunião com a senhorita Pandora, os cavaleiros de ouro foram guiados por Radamanthys até seus quartos, que ficavam no subsolo daquele lugar.
- É aqui – disse Radamanthys, apontando para um corredor.
Os cavaleiros olharam ao redor, vendo que não havia uma janela sequer para que a luz e o ar de fora passassem. As paredes eram de pedras, uma colocada em cima da outra sem nenhuma segurança, se alguém batesse com força contra ela, com certeza desmancharia. No entanto, eram pedras bastante pesadas.
- Vocês... Irão fazer trabalhos simples e rotineiros, espero que não dêem problemas, pois não tenho paciência nenhuma com escórias! – disse o juiz, virando-se de costas e saindo de perto deles.
Os cavaleiros foram até o corredor, cada um pegou um quarto e quando entraram olharam bem o cômodo onde ficariam por muito tempo. E nada era confortável e luxuoso. Os cômodos, sem exceção, tinham uma cama de solteiro, uma cadeira de madeira e uma pequena mesa de madeira. Ao lado havia um pequeno banheiro, que mal cabiam duas pessoas em pé.
Camus sentou-se na sua cama e olhou para suas mãos, vendo seu corpo que já não era mais feito de carne como antes. Então respirou fundo, pensando em tudo que havia feito.
- Desde quando eu hesito tanto? – disse para si mesmo, pensando alto. Desde quando hesitava tanto? Desde quando pensava duas vezes em fazer as coisas?
A porta do quarto abriu-se de repente, Camus olhou de canto com certa hostilidade, mas no final viu que era Saga que entrava. Ele sorriu para seu amigo e indagou:
- O que foi?
- Nada. Só não queria ficar naquele quarto.
- Hum...
Saga sorriu e parou na sua frente com os braços cruzados, olhando para aquela face entristecida. Ele ergueu sua mão e tocou no rosto de Camus, puxando uma mecha dos seus cabelos, chamando a atenção do francês que esperou alguma resposta para seus atos.
- Você hesita agora, pois está apaixonado – disse, surpreendendo o francês, que apenas abaixou a cabeça concordando.
- Tem razão... Como Milo estará agora? Eu morri... O deixei... Sozinho, sem despedidas ou satisfações!
- Sim. Não só ele deve estar enlouquecido, mas todos os outros também. Eles não sentiram o cosmos de Shion, e também não têm idéia do que aconteceu. Nossos cosmos sumiram de repente junto com nossos corpos. Isso é inexplicável.
Os dois ficaram conversando por um tempo, até que a porta do quarto se abre novamente e eles vêm Shura adentrando por elas com um olhar impaciente e preocupado. Saga e Camus o observaram sentar na cama, até que Saga resolve perguntar o que aconteceu.
- Afrodite e Máscara da Morte...
- O que têm eles? – indagou Camus.
- Brigaram!
- Por que? – indagaram em uníssono.
- Bom... – respirou fundo e olhou em seus olhos – eu estou com Máscara da Morte... – disse surpreendendo os outros dois, mas eles logos assentiram – e... O Afrodite estava com ele antes, e gosta dele ainda...
- Hum... – Saga respirou fundo e olhou para Shura que estava com uma cara péssima. Ele se aproximou do amigo, ajoelhando-se na sua frente e colocando as mãos em seus ombros, dizendo:
- E o Máscara da Morte está com você não está? Então não se preocupe... Ele gosta de você. Não ligue para o que vem de fora, viva suas vidas sem intromissão de amores passados.
Shura sorriu amarelo e então disse:
- Mas... O filho da puta... Disse que quer os dois! – disse indignado.
Camus e Saga se entreolharam e então ficaram em silêncio. Realmente, não tinha muito que dizer ou fazer, se Máscara da Morte havia dito isso, o problema era ainda maior.
- E o que você quer fazer? – indagou Camus.
- Eu só sei que não quero ser um brinquedo – disse sinceramente.
- Não seja então – disse Saga – vá falar com ele, diga que não aceita isso.
- Eu já disse...- falou baixinho.
- E o que ele disse? – indagou Camus.
Shura ficou em silêncio e abaixou a cabeça. Camus levantou-se e respirou fundo indo até a cadeira que estava num canto, ele a puxou e colocou ao lado de Shura, sentando-se com as costas da cadeira de frente, ficando com as mãos apoiadas na madeira fina e lisa.
Saga levantou-se e olhou para o lado, pensando no que dizer para seu amigo. Não era uma situação nada fácil. Shura e Máscara da Morte se olhavam há um bom tempo, mas ninguém sabia que eles estavam juntos, e agora aconteciam problemas realmente sérios.
- Não sei o que dizer – disse Camus finalmente.
- Nem eu – Saga acrescentou.
Shura se levantou meio cambaleante, ele foi andando até a porta em silêncio. Depois virou para trás e fez um aceno com a cabeça para os dois como agradecimento e partiu, deixando os outros dois em silêncio.
- Ah! Que complicação... Ele queria mesmo desabafar – comentou Saga.
- Sim... Eu não sei o que faria no lugar dele. Se Milo quisesse outra pessoa também... Eu acho que não iria suportar. Ou talvez ficasse com ele mesmo assim, mesmo que meu coração fosse despedaçado.
- Hum... Milo... Esqueça-o aqui Camus! – disse, fazendo Camus olhá-lo assustado.
- Eu... Não posso. Ele que me dá forças.
- Não. Ele só lhe atrapalhará, o esqueça aqui. Você morreu!
Camus fechou os olhos com força, aquelas palavras haviam sido piores que socos em sua cara. Ele olhou para Saga de canto e levantou-se da cadeira jogando-se na sua cama de barria para baixo. Saga sentou-se ao seu lado rapidamente e tocou em sua cabeça, fazendo uma leve carícia.
- Desculpe-me... Mas é a verdade – disse, sentindo dor no coração de vê-lo daquele jeito. Mas também queria que Camus parasse de ficar pensando e falando em escorpião.
- Não. Talvez tenha razão... Eu sou um cavaleiro, não posso ter esses sentimentos.
Saga sorriu de canto e tomou coragem para lhe dizer:
- Eu estou aqui... Caso precise... De qualquer coisa... Qualquer mesmo.
- Ah! Obrigado Saga... – disse, sem pensar nas quintas intenções daquela frase.
No quarto ao lado. A situação estava dificultosa. Afrodite estava conversando com Máscara da Morte, que estava jogado em sua cama com os braços no alto de sua cabeça.
- Shura não quer... – disse Afrodite.
- Eu sei, não faz o tipo dele – disse Máscara da Morte, com certo desânimo.
- Você devia ter falado para ele antes! Devia ter dito que ficaria comigo também. Você não pensa direito nas coisas?
Máscara da Morte olhou-o de canto, sentindo vontade de arrancar aquela língua fora. Ele sentou-se na cama ao sentir que Shura voltou para seu quarto. Ele levantou-se sem dizer nada e foi andando para fora do quarto.
Os olhos de Afrodite fecharam-se com raiva ao ver que ficou falando sozinho naquele quarto. Ele fechou seus punhos com tanta força, que uma dor incômoda invadiu seu corpo, mas não era mais forte que a raiva e ciúme que sentia no momento.
Já no corredor, Máscara da Morte entrou no quarto de Shura sem dizer nada e fechou a porta atrás dele, olhando para capricórnio que estava deitado na cama de barriga para baixo.
- Sai – disse Shura baixinho, não querendo conversa.
- Não, tenho que falar com você.
- Mais mentiras? Promessas? Não obrigado, retire-se agora!
Máscara da Morte pegou a cadeira e a colocou ao lado da cama. Ele sentou e ficou olhando para aquele corpo que tanto o seduzia, e que nesse momento queria para ele. Câncer encostou a mão em seus cabelos esverdeados, sentindo seus fios lisos e finos passearem por seus dedos.
O ar pareceu faltar para Shura. Aquilo era uma tortura, e quando sentiu o corpo de Máscara da Morte em cima do seu, não disse nada, apenas aproveitou aquele momento. Não podia enganar seus sentimentos, queria ficar com ele, mas não daquele jeito.
Um beijo doce e delicado foi deixado no pescoço de Shura, que se arrepiou com aquilo. Máscara da Morte abriu a boca soltando seu ar quente perto da orelha de Shura, que apenas respirou fundo, tentando controlar seus arrepios. E então uma voz sussurrante sai da garganta de câncer.
- Eu quero você, além de tudo.
- Então por que me faz passar por isso?
- Eu tenho sentimentos por ele também.
- Não pode.
- Mas eu tenho.
- Então vá embora.
- Não dificulte. O que era para ser diversão tornou-se sério.
- Diversão? – indagou assustado, virando-se com tudo, fazendo Máscara da Morte saltar da cama, ficando em pé, enquanto Shura erguia seu tronco, para finalmente sentar na cama.
- No começo eu o seduzia, brincava, mas ficou sério...
- Está dizendo que dormiu comigo por diversão e...
- Não, cala a boca. Naquela hora eu já não brincava mais. Acabou ficando sério, eu nunca... Senti isso, por isso me assusto. Com ele... É diversão, mas também tenho um sentimento.
A porta do quarto se abriu fazendo o clima ficar mais tenso. Afrodite entrou no quarto e encostou-se à porta com os braços cruzados, olhando com raiva para Máscara da Morte, que apenas o ignorou e continuou a olhar para Shura, que se irritou com a presença do outro.
- Diversão? – indagou Afrodite.
- Você sabe que é por isso, você também fez o mesmo comigo!
- Sim, mas ficou sério depois – disse peixes.
- Sim – concordou.
- E você disse que me amava uma vez – comentou, olhando para Shura que quase teve um infarto ao ouvir aquilo.
Máscara da Morte olhou para Shura que parecia que iria explodir a qualquer momento, e depois olhou para Afrodite que sorriu e foi se aproximando de capricórnio, sentando-se ao seu lado na cama.
- Shura, acalme-se. Ele também te disse isso?
- Não... Nunca – disse, apoiando a cabeça nas duas mãos.
A mão fria de Afrodite afundou em seus fios esverdeado, fazendo uma leve carícia. Ele também sentia atração por aquele corpo, por aquele homem tão cheio de idéias e princípios. Shura era absolutamente irresistível.
- Tire as mãos de mim e saiam desse quarto agora – disse friamente, então ele levantou-se com confiança no olhar e continuou, - Máscara da Morte, você se divertiu comigo o bastante. Se você acabou gostando de mim problema é seu! Vão embora, não quero participar desse jogo sem eira e nem beira. Vocês não se gostam, só se usam. Isso é sujo demais, e eu não vou deixar meus sentimentos nas mãos de vocês.
- Hei eu... – Afrodite abriu a boca para falar, mas sentiu o cosmos de Shura se elevar, então se afastou um pouco, indo para perto de Máscara da Morte.
- Shura, depois eu converso com você, pois...
- Cala a boca – interrompeu-o. Não queria ouvir a voz de Máscara da Morte agora, e nem olhá-lo. – sumam. Agora! Os dois... Não quero nada com você Máscara da Morte, não mais...
Os dois cavaleiros olharam-se e resolveram sair, pois capricórnio parecia que iria entrar em colapso. Ele estava tão alterado, nenhum dos dois iria imaginar que ele acabaria dessa maneira, mas era compreensível.
A porta do quarto abriu-se e eles saíram rapidamente. Máscara da Morte até olhou para trás, mas Shura o fuzilou com os olhos, desejando que eles fossem o quanto antes. E quando a porta finalmente se fechou, Shura se jogou na cama em silêncio.
Duas semanas haviam se passado naquele inferno, mas o tempo não era marcado, não era presenciado, ele simplesmente passava rapidamente ou lentamente. Não se tinha idéia exata de que mês estavam, dia ou horário. Sabiam apenas que estavam de pé novamente e isso era o suficiente.
Os cincos cavaleiros não haviam feito nada nesse meio tempo. Eles acordavam, conversavam e descansavam seus corpos novamente.
No entanto, o dia de hoje foi diferente. Radamanthys junto de outro cavaleiro chamado Zeros apareceu perante eles, dizendo os pequenos serviços que eles iriam fazer.
- Não tem muitas coisas que vocês possam fazer aqui, mas temos algum trabalho com a limpeza do lugar – disse Zeros, olhando com desprezo para eles – vocês serão nossos faxineiros.
- Se o Mestre Hades assim desejar – disse Saga, olhando nos olhos daqueles dois cavaleiros.
- Sim, ele deseja isso – disse o pequeno cavaleiro corcunda, que agora olhava para Camus – e você, por que não nos olha?
Camus estava distraído. Ele encarou Zeros nos olhos, mostrando toda sua beleza e depois olhou para Radamanthys, perdendo-se no brilho daqueles olhos amarelados. Os dois ficaram se olhando por um tempo, até que Zeros falou novamente.
- Eu vou dar o material para vocês, o trabalho é simples. Até vermes podem fazê-lo. Limpem tudo direito! E eu me chamo Zeros. Grande Zeros para vocês!
Os cincos cavaleiros ficaram olhando para aquela criatura ridícula com certo desprezo, fazendo o pequeno espectro se irritar com seus olhares. Mas ele não podia fazer nada, não poderia agredi-los ou xingá-lo, pois estaria se rebaixando. Então ele olhou para Radamanthys, que não disse nada.
- Quaisquer dúvidas me procurem – disse Radamanthys, virando-se de costas para eles, mas antes de uma última olhada para o cavaleiro de aquário que parecia estar hipnotizado por aquele olhar.
Zeros ficou sozinho ali, olhando para os outros cavaleiros que estavam em silêncio, com os braços cruzados o olhando como se ele fosse um inseto. O pequeno espectro tossiu levemente e disse:
- Sigam-me.
Todos os seguiram, passando por lugares que eles nunca haviam visto. Tudo era novo, pois não haviam saído do quarto desde que chegaram. E também não haviam visto muitas pessoas. Eles chegaram num salão bastante movimentado, tinha muitos espectros ali, e todos os olhavam com certa hostilidade.
- Aqui – disse Zeros, apontando para um monte de produtos de limpeza no chão – vocês vão limpar os quartos.
Afrodite fez uma careta ao pegar um grande esfregão amarelo florescente, e depois pegou um balde que tinha alguns produtos químicos dentro. Os outros cavaleiros fizeram o mesmo, e depois olharam para Zeros.
- Aqui está a lista dos quartos que vão limpar – dizendo isso, entregou as eles uma pequena folha de papel.
Na folha de cada um deles continha exatamente vinte quartos. Eles olharam os nomes de todos eles e depois olharam para Zeros, que ficou esperando as perguntas e as reclamações.
- "Vamos cavaleiros de Athena... reclamem, chorem... gritem por ajuda! Idiotas..." – pensou se divertindo.
- Quando começamos? – indagou Saga – e onde ficam os quartos?
- Não tem um papel para nos sinalizar? – indagou Máscara da Morte em seguida.
- Como seria essa limpeza? – indagou Afrodite.
Zeros ficou um tempo em silêncio e então disse, com certa raiva.
- Atrás dessa folha tem os endereços dos quartos. Vocês não sabem ler? E comecem imediatamente! Quero tudo limpo!
- Ok – disseram em uníssono, passando reto pelo pequeno espectro.
Eles se separaram rapidamente, pois cada um pegou um andar diferente. Camus estava no último andar daquele grande castelo. Ele foi andando vendo as portas de todos os quartos que teria que limpar. Ele foi até a primeira, dando duas batidas, para logo depois perguntar se tinha alguém dentro, e sem resposta alguma entrou.
Ele olhou para o lugar, vendo como era luxuoso. Tinha uma grande cama de casal no meio do quarto, e várias almofadas coloridas jogadas no chão. Tinha um pequeno barzinho de bebidas e muitos quadros nas paredes. Mas o que mais chamava a atenção era a grande janela de vidro que havia no centro do quarto. Camus andou até ela, vendo a linha do horizonte, perdendo-se naquele vista.
- "Vamos começar..." – pensou, olhando para o chão.
Ele retirou todas as almofadas do chão e os tapetes, os batendo na janela para retirar todo o pó e logo depois começou a varrer o lugar, vendo como estava sujo.
A cada vassourada, a cada pano que passava, a cada roupa desarrumada, Camus lembrava-se de Milo e dos dias que tinha que arrumar aquele quarto bagunçado, pois escorpião não levantava um dedo sequer para fazê-lo.
E quando o quarto ficou limpo, Camus saiu e foi para o outro, vendo que era diferente e bastante luxuoso também. Ele respirou fundo e começou a limpeza novamente, e depois foi indo em quarto em quarto.
Horas mais tarde, Camus estava no último quarto. Ele já estava terminando a limpeza. Nesse momento estava abaixado no chão, limpando um grande armário com uma cera especial que havia ganhado para passar nos móveis. Ele estava distraído, e nem percebeu a entrada do dono do quarto.
- Já terminou?
Camus ergueu seu olhar cansado para Radamanthys que estava na porta do quarto com os braços cruzados. Ele ficou olhando para aqueles olhos que lhe chamavam tanto a atenção e logo em seguida se levantou, sentindo certa tontura de ficar tanto tempo limpando e limpando sem parar.
- Só falta o banheiro – disse secamente.
- Faça-o logo – disse, colocando o elmo da sua armadura em cima da cômoda ao lado de sua cama, para logo em seguida jogar-se de costas em sua cama.
Camus observou-o por um minuto e depois foi até o banheiro fechando a porta do mesmo para que não o incomodasse. Ficou um tempo naquele banheiro, vendo como aquele espectro era bagunceiro e logo em seguida saiu, encontrando-o na mesma posição.
- Pronto – disse Camus, indo até a porta do quarto para partir.
- Hei... – Radamanthys o chamou.
Camus se virou e esperou ele dizer o que queria.
- Me pegue uma bebida no bar.
Camus ergueu sua sobrancelha e então respirou fundo cedendo. Ele colocou o esfregão no chão, encostado a parede e então foi até o barzinho, vendo que tinha muitas bebidas diferentes, então olhou para Radamanthys, que o encarava.
- O que gostaria? – indagou Camus.
Radamanthys sentou-se na cama de repente e sorriu, comentando.
- Por acaso é Francês, cavaleiro?
- Sim, por que? – indagou sem entender.
- Tem bastante sotaque. E eu quero uma vodka.
Camus não disse nada. Ele pegou a garrafa e um pequeno copo servindo a bebida, logo depois a entregou a Radamanthys que pegou o copo rapidamente e bebeu tudo de uma vez, como se aquilo fosse água.
- Mais... – disse, estendendo o copo novamente.
Camus pegou o copo e voltou ao bar. O aquariano soltou seus cabelos, que estavam presos por uma faixa azul clara, fazendo suas longas mechas chegarem até o meio de suas costas, para logo depois estender a manga de sua blusa preta até os cotovelos. E novamente entregou a bebida a Radamanthys, que tornou a beber como antes, e logo pediu mais.
- Quer a garrafa? – Camus indagou, pegando a garrafa na mão.
- Pode ser – disse.
Camus lhe entregou outro copo cheio e ficou com a garrafa na mão, vendo que tinha que servi-lo novamente, e ficou assim por um bom tempo até que metade daquele líquido deixou a garrafa.
- "Por Athena... como ele consegue ficar sóbrio depois de tudo isso?" – pensou Camus, vendo que ele ainda mantinha aquele olhar gélido.
- O que você fazia no santuário de Athena? – indagou ele com uma voz calma e bastante fria.
- Protegia a casa de aquário – disse secamente.
- E agora virou faxineiro – comentou zombeteiro – que coisa!
- "É... ele está ficando bêbado" – pensou, pois o espectro abriu um largo sorriso e sua face estava avermelhada.
- Já limpou todos os quartos?
- Sim.
- Então está livre, já?
- Creio que sim.
- Beba comigo então cavaleiro.
Camus não queria beber, aliás, era fraco demais para a bebida. Se ele virasse um copo de vodka daquele jeito, ele com certeza não conseguiria se levantar mais.
- Não obrigado.
- Hei, não faça desfeita – olhou com certa raiva – beba!
Camus olhou para o lado, indo buscar um copo, mas Radamanthys o deteve, dizendo:
- Na garrafa mesmo, vamos acabar com ela.
Aquário olhou para a garrafa, vendo que ainda tinha metade dela. Ele a abriu, sentindo o cheiro forte de bebida invadir suas narinas e então olhou para Radamanthys que estava um pouco impaciente. Então ele virou a garrafa, dando apenas dois goles que desceram rasgando.
- Bom... Minha vez – disse, puxando a garrafa de sua mão, dando uns cinco longos goles, para depois entregar para Camus novamente.
O francês olhou para a garrafa em sua mão e deu um pequeno gole. E depois entregou a Radamanthys que sorriu e então disse:
- Realmente, você não bebe... Pegue um copo, pois assim, poderei vê-lo beber melhor.
- Eu não agüento – confessou.
Radamanthys sorriu e se levantou rapidamente, passando numa velocidade anormal por Camus, que se assustou. Ele olhou para trás vendo que o juiz já estava com um copo na mão e então ele se sentou novamente na cama e entregou o copo a Camus.
- Agora sim... E qual é seu nome?
- Camus.
- Ah! É mesmo... Camus, pensei que fosse Saga. Confundi-me.
- Hum...
Radamanthys colocou bebida no copo de Camus e logo em seguida colocou no seu também, deixando a garrafa no chão.
- Hoje eu estou de mau humor. É bom conversar com pessoas que não tem nada a ver com aqui.
- Hum.
- Beba – disse Radamanthys.
Camus olhou para o copo, vendo que tinha que beber aquele líquido ácido. Por que tinha que se submeter aquilo? Tinha que obedecer às ordens daquele juiz caso queria ficar bem naquele lugar.
O copo foi virado e Camus bebeu lentamente, sentindo sua cabeça latejar depois. Ele fechou os olhos, vendo que suas pálpebras pesavam um pouco. Ele também não sentia muita segurança por ficar em pé.
- Nossa. Já está bêbado com isso? – Radamanthys sorriu se divertindo. Ele estava querendo se distrair realmente, pois havia levado uma bronca de Pandora, e isso o deixava de péssimo humor.
- Eu disse que não agüentava... – disse baixinho.
- Tudo bem. Não beba mais então... Não quero falar com um bêbado.
- Acho que já estou... – comentou colocando a mão na cabeça.
Radamanthys levantou-se e colocou o copo em cima da cômoda, e logo em seguida ficou atrás de Camus. Ele se aproximou do francês lentamente colocou a mão em sua cintura, sentindo suas curvas, para logo dizer.
- Quero mesmo me distrair hoje... – disse, e logo em seguida se afastou.
Camus ficou olhando para aquele corpo se afastar e então fechou os olhos com força, tentando fazer sua cabeça parar de rodar, mas o som alto de uma fechadura se fechando chamou sua atenção, ele olhou para frente, vendo que a porta do quarto havia sido trancada.
- "Não... ah, isso não vai acontecer. Não pode... ah... não...!" – pensou Camus, meio atordoado com tudo que acontecia.
- Você só está alto, como eu. Apesar de estar um pouco tonto.
O juiz colocou-se atrás de Camus e com uma mão o empurrou na cama. Camus acabou caindo de barriga para baixo, adorando descansar seu corpo cansado e alterado pela bebida, mas logo sentiu o colchão se afundar, ao ver que o outro havia se sentado na cama.
Camus ficou de joelhos na cama e olhou para Radamanthys, prendendo-se novamente àquele olhar que tanto lhe chamava atenção. Sentia-se atraído por ele, era verdade e por isso mesmo detestava ficar perto dele.
Radamanthys começou a retirar suas armadura, jogando-a no chão, ficando apenas com uma calça e regata preta. Camus ainda estava com a cabeça rodando para ver o que o outro fazia, mas ele acabou por se concentrar e tentar sair dali.
- Aonde vai cavaleiro? Não os dispensei ainda – disse, puxando-o pelo cabelo.
- Me solta... – disse baixinho.
Radamanthys sorriu e o puxou, fazendo Camus cair de costas na cama. O juiz subiu em cima do seu corpo, sentando-se no seu abdome, para olhar em seus olhos avermelhados por causa da bebida. Camus apenas se perdeu naquele olhar, sentindo um medo amedrontador por sentir atração por outro homem sem ser Milo.
- Vai ser divertido... Prometo – disse, antes de retirar sua regata e jogá-la para trás.
Camus fechou os olhos e virou a cabeça para o lado. Radamanthys sorriu, ele estava encantando com o olhar entristecido de Camus, de como ele hesitava em fazer as coisas, diferente de todos os outros que conheceu. Pois todos os cavaleiros e amazonas daquele lugar matariam para poder ficar com ele, já que era um dos grandes juizes.
As roupas de Camus estavam sendo arrancadas com cuidado do seu corpo, ele não resistia, não queria resistir também e sentia-se péssimo por isso. A imagem de Milo veio a sua mente e ele acabou sentando-se de súbito, dando de cara com Radamanthys que se assustou um pouco.
- O que foi cavaleiro?
- Não... – disse firme, colocando as duas mãos no peito de Radamanthys o empurrando para trás.
- Ninguém me diz "não".
- Então eu vou ser o primeiro.
O juiz fechou a cara e logo em seguida segurou a cabeça de Camus e atacou sua boca, dando um beijo forçado e carregado de desejo. Sua língua passeava por seus lábios e bochecha, e seus dentes fechavam-se nos seus lábios, desejando-os para ele. A boca do francês foi tampada pela do outro, e agora nem conseguia respirar direito.
- "Desde quando fiquei tão fraco?"- pensou Camus, vendo que não tinha força alguma para empurrar aquele homem. – "eu sempre fui assim tão fraco? Ou eu fiquei assim? Ou então... será que ele é tão forte assim?".
Radamanthys fechou a cara e olhou para trás, vendo que alguém batia em sua porta.
- O que foi? – indagou.
- A senhorita Pandora está lhe chamando.
- Agora?
- Sim, senhor!
- Já estou indo! – disse irritado, olhando para Camus, que havia aberto um sorriso de satisfação.
Radamanthys se levantou e foi pegando suas roupas rapidamente no final vestiu toda sua armadura num piscar de olhos. Camus havia se levantando também e se vestido, ele estava meio cambaleante, mas conseguia andar.
O juiz se aproximou dele, abraçando-o por trás lhe dando um beijo na nuca, fazendo o corpo de Camus se arrepiar com aquilo. E então disse:
- Até mais tarde...
Camus olhou para a porta do quarto que já havia sido aberta por aquele espectro e então saiu logo daquele quarto, antes que ele resolve voltar.
Aquário estava chegando ao seu quarto, ele estava se segurando nas paredes. E por sorte encontrou Saga na sua frente, que parecia estar preocupado com ele. Saga o socorreu, colocando o braço do francês por cima dos seus ombros.
- O que aconteceu? Você bebeu? – indagou, indignado.
- Ah! Radamanthys me deu bebida – disse – eu não queria, mas não desobedeci.
Saga entrou no quarto de Camus, colocando-o deitado na cama e então se sentou ao seu lado.
- O que ele fez? – indagou preocupado. Ele não era nada ingênuo.
- Ah! Ele tentou transar comigo...
- E? – arregalou os olhos, sentindo seu ar sumir.
- Alguém bateu na porta... E ele teve que sair... – disse, fechando os olhos.
- Ele fez alguma coisa? Ele te tocou? Diga Camus!
Camus abriu os olhos vendo que Saga parecia estar nervoso com ele, mas não entendeu o porquê daquilo, então apenas respondeu:
- Ele me beijou, eu tentei empurrar... Mas... Desde quando sou tão fraco? Não o movi um milímetro sequer... Nada...
- Você está bêbado... É isso... – disse irritado.
- Não... Eu me sinto tão fraco. Sou mais fraco que você, que Milo... Ah! O Milo... Ele não vai me perdoar.
- Eu já disse que você morreu Camus! Não existe mais Milo nessa vida... Esqueceu? Não fique pensando nele, esqueça-o!
- Saga... Eu senti atração por ele... Eu me sinto um lixo.
- Por quem? – assustou-se, não querendo acreditar.
- Radamanthys...
Saga fechou os olhos e então olhou bem nos olhos de Camus, indagando:
- Você geralmente não se lembra de nada quando está bêbado, não é?
- Não. Nada... Isso é incrível... Chega até ser ridículo.
Saga sorriu de canto e respirou fundo, sentindo insegurança no que iria fazer, mas a vontade era maior que qualquer coisa. Ele tocou no rosto de Camus e então se abaixou, capturando aqueles lábios nos seus, vendo o olhar assustado do francês.
- Sa... Saga... O que está fazendo?
- Nada Camus, nada.
E Saga continuou a beijá-lo passando a mão por aquele corpo que tanto desejava, sentindo todos seus músculos e suas curvas. Camus foi obrigado a se sentar na cama, e logo recebeu um abraço apertado de Saga, mas as mãos de Saga não ficaram ali, ele as desceu até suas costas e deslizou por suas pernas, indo para o meio delas.
- Pára! – Camus pediu, ao conseguir escapar daquela boca, mas logo foi tampada novamente.
As mãos de Camus empurravam o corpo do outro, mas ele não se afastava. Acabou por se frustrar. Estava tão fraco, não conseguia se afastar de ninguém. Desde quando virou um simples boneco de pano?
Camus sentiu a mão de Saga massagear seu pênis. Ele queria fugir, tentou, mas não conseguiu escapar. Em um momento olhou para Saga que lhe jogava um olhar apaixonado, não entendeu aquilo e nem queria fazê-lo. Ele apenas fechou os olhos ao sentir uma onda de prazer invadir seu corpo.
Um gemido alto deixou a boca de Camus, quando seu corpo começou a tremer involuntariamente. Suas mãos fecharam-se nos braços de Saga que beijava seu pescoço, sentia cada vez mais prazer, iria explodir daqui a pouco.
- Saga... Eu... Ah... Saga... Por que?
Saga não disse nada, ele sabia que Camus não iria se lembrar de nada, mas mesmo assim não queria dizer nada, para ter certeza que seus sentimentos ficariam em segredo dele. E então continuou a masturbá-lo até sentir o líquido quente invadir suas mãos, para logo depois sentir que os apertos em seus braços sumiram.
A mão de Saga estava toda lambuzada, ele levou-a até a boca e lambeu aquele líquido, adorando sentir o gosto daquele corpo. Logo em seguida Camus caiu para trás, fechando os olhos, caindo em um sono profundo e Saga se afastou, dando um beijo em seus lábios.
- "Pena que não posso fazer isso com você sóbrio... me desculpe Camus... também não podia dormir com você, pois... estaria sendo muito canalha" – pensou, saindo rapidamente do quarto.
Camus abriu os olhos e viu Saga sair, e então acabou dormindo de vez, sem pensar em mais nada, pois tudo estava rodando numa velocidade incrível e seu estomago parecia revirar. Realmente, era muito fraco para bebida, mas três copos cheios de vodka não eram nada leve.
No dia seguinte. Camus abriu os olhos ao ouvir duas batidas em sua porta, ele se levantou sentindo fortes dores na cabeça, então foi andando até aporta abrindo-a logo em seguida. Quando viu de quem se tratava abriu um sorriso amarelo e abriu mais a porta, deixando Shura entrar.
- Camus... preciso de conselhos – disse Shura, entrando.
Camus fechou a porta quando Shura entrou. Ele colocou a mão em sua cabeça, sentindo ela pesar e então olhou para o cavaleiro de capricórnio que já havia se sentado na beira da sua cama.
- O que lhe aflige? – indagou Camus, sentando-se na cadeira de madeira, pois estava com receio de ficar de pé.
- Máscara da Morte e Afrodite estão me provocando ao máximo – revelou – eles tentam...
- Tentam?
- Tentam me agarrar... – disse constrangido.
Camus ergueu uma sobrancelha e então sentiu uma pontada na cabeça. Ele fechou os olhos com força lembrando-se de toques e então acabou lembrando-se da conversa que havia tido com Radamanthys e com Saga.
- "O Radamanthys... não o Saga... não, o Saga não faria isso. O Radamanthys... por Athena. Isso aconteceu mesmo? Mas eu lembro... ah! O Saga me ajudou a dormir... tenho que agradecer a ele depois... que vergonha! Mas... aquele homem... aquele juiz... ele..."
- Camus! Camus! – Shura o chamava há um tempo.
- Ah!... Oi? – Camus ergue a cabeça, encarando-o.
- Você está bem? Está desligado. Você por acaso ouviu o que eu disse?
- Desculpe... Eu bebi um pouco ontem e estou perturbado.
- Bebeu? Aqui? Aonde? – indagou perplexo.
- O Radamanthys, eu estava limpando o seu quarto quando ele entrou e me ofereceu vodka.
Shura ergueu uma sobrancelha e esboçou um leve sorriso. Ele lembrou-se de Milo e lembrou-se do que escorpião havia lhe dito uma vez.
"Camus não agüenta um copo de bebida! Se ele bebe, logo cai e não se lembra de nada".
- E o que aconteceu depois? – indagou Shura, preocupado.
- Não sei ao certo... – mentiu. Na verdade não queria comentar.
- Ok... – respeito o silêncio do outro, mas sabia que havia mais coisas ali.
- Mas me diga... O que está acontecendo?
- Bom... Eu estou apaixonado.
- E por que não vai atrás da sua paixão?
- Porque... – disse e abaixou a cabeça, sentindo uma pontada forte no coração – ele... Ele não quer só a mim.
Camus ficou um tempo pensativo e disse:
- Eu vou lhe dizer uma coisa. Mas é muito pessoal... Se Milo quisesse outra pessoa e dissesse para mim, que ficaria comigo só se tivesse as duas... Eu... Eu aceitaria. Pois viver sem ele... Para mim... Não me restaria mais nada.
Shura ficou olhando para o francês, vendo o brilho apaixonado de seus olhos e então sorriu de canto com seus pensamentos. Ele acabou se levantando, chamando a atenção de Camus, que ficou olhando-o. Capricórnio sorriu e disse:
- Obrigado Camus. Mas eu... Sinto-me um nada. Sabe... Quando você está com uma pessoa você gosta de...
- Se sentir único! – disse Camus, cortando-o.
- Exatamente... Único! Especial...
- Então... Converse com ele.
- Já o fiz. Ele não quer saber, e Afrodite fica em cima também.
- Eu não sei o que lhe dizer. Mas siga suas emoções Shura, isso é o melhor que pode fazer no momento. Ou então fuja de suas emoções e se isole, creio que será doloroso.
Shura arregalou os olhos então se virou para Camus, dizendo:
- Você é de poucas palavras Camus, eu me arrependo de não ter conversado muito com você quando éramos vivos. Acho que perdi muito tempo. Eu até pensava, por que Milo está com uma pessoa tão reservada. E agora vejo que julgar as pessoas é o maior defeito da humanidade.
Camus não disse nada, apenas fez um aceno com a cabeça e sorriu de canto. Shura agradeceu e se despediu, saindo imediatamente do quarto. Quando Camus se viu sozinho, ele correu até o banheiro, ajoelhando-se no chão para logo em seguida colocar tudo que estava no estomago para fora.
Após vomitar, Camus lavá-se e sai do banheiro encontrando Saga parada no meio do seu quarto, com um olhar estranho.
- "Saga... como eu o encaro? Eu devo ter lhe dado trabalho... e essas imagens, que terríveis. Estou misturando o que Radamanthys fez comigo, com as boas ações de Saga". (1)
- "Será que ele se lembra? Será que se recorda do que eu fiz? Desejo que não... por Athena, que ele não se lembre!".
Os dois ficaram em silêncio, esperando que o outro falasse primeiro. Até que Camus resolveu sair dos seus pensamentos.
- Dei trabalho? – indagou, fazendo Saga sorrir em seguida.
- Nenhum. Dormiu rápido.
- Lembro-me que conversamos um pouco...
- Ah! Eu ajudei você a ficar sentado na cama, pois você queria rolar no chão, então acabei lhe segurando. Depois de ficar quieto, eu te soltei e você dormiu... – mentiu descarado. Mas Camus iria se lembrar que abraçou Saga em algum momento.
Algo pareceu se iluminar na face de Camus, ele estava juntando as peças do seu quebra cabeça agora. Ele sorriu mais animado ao saber que aquelas imagens comprometedoras não tinham algum elo com Saga, mas só com Radamanthys.
Saga se aproximou e tocou no rosto do francês, vendo que ele estava com os olhos vermelhos e a face pálida.
- Não sabe beber realmente...
- Não queria beber.
- Sei... – riu baixinho – lembro-me de quando você bebeu no barzinho... Você falou tanta besteira.
Camus sorriu ao se lembrar das memórias passadas. E então se afastou daquela mão e se sentou na cama.
- Shura está com problemas – comentou saga.
- Eu sei.
- O que você acha?
- Máscara da Morte é um filho da puta – disse gêmeos.
- Também acho.
- E Afrodite parece ser o pior deles.
- Também acho.
Os dois se olharam e então respiraram fundo. Aquilo iria dar muita briga ainda.
Shura estava sentado em cima de algumas rochas, olhando para o espaço vazio a sua frente sem interesse algum. Sua mente estava cheia de problemas e perguntas que tinha medo de achar respostas. No entanto, seu momento de paz chegou ao fim rapidamente, ele olhou para o lado vendo que Afrodite se aproximava.
- Oi! – disse ele, sentando-se em uma rocha que estava um pouco mais afastada. Ele abraçou seu joelho direito e apoiou seu queixo nele, olhando diretamente para Shura, que já o observava de canto.
- O que quer?
- Por que resiste tanto. Por que não me quer também?
Shura apenas o olhou e não respondeu.
- Eu, você e Máscara da Morte. Não acha que nos daríamos muito bem? Por que quer me excluir dessa maneira? Eu sempre gostei dele, mas de você... Eu tenho que admitir que só quero seu corpo.
Afrodite sorriu ao ver um olhar raivoso e então se levantou, andando graciosamente até Shura, que parecia que iria socá-lo a qualquer instante, mas ele não fez nada, e apenas deixou que Peixes encostasse suas mãos frias e delicadas nas mechas esverdeadas de seus cabelos.
- Não te atraiu? Sei que sim... – disse, deslizando sua mão para seu rosto.
Shura fechou os olhos e lembrou-se das palavras de Camus: "eu aceitaria. Pois viver sem ele... para mim... não me restaria mais nada".
Algo molhado chamou a atenção de Shura, ele abriu seus olhos, vendo que havia recebido um beijo em seus lábios de Afrodite, que agora segurava sua cabeça com as duas mãos. Ele ficou um tempo paralisado deixando aquela boca macia sobre a sua, até que tomou sua decisão.
Os lábios de Afrodite curvaram-se em um sorriso ao ver que Shura abriu sua boca, permitindo que a sua língua pudesse entrar, e então o fez sem pensar duas vezes. Logo pode explorar aquela boca que sempre teve vontade de conhecer, tocando em cada cantinho, conhecendo o seu gosto cálido.
Shura interrompeu o beijo e o empurrou para trás. Afrodite sorriu e então colocou as mãos na cintura, esperando que ele dissesse alguma coisa.
- Foi tão ruim assim? – indagou provocante. Ele levou uma mão até seu peito, deslizando por ele – não gostaria de me tocar?
- É um puto mesmo – disse, levantando-se.
Com passos rápidos, Shura fecha sua mão em um punhado de mechas do cabelo de Afrodite e o arrasta para fora daquele lugar. Peixes até tentou se soltar e pedir para ele lhe soltar, mas Shura estava irredutível.
Afrodite abriu os olhos ao ver para onde estava sendo levado e então sorriu de canto. Shura estava arrastando-o até seu quarto, e já estava em frente a ele. Não ficou parado na porta, ele a abriu com um soco e logo a fechou.
Já dentro do quarto. O corpo de Afrodite foi jogado na pequena cama de solteiro do quarto, que se encontrava desarrumada pela noite mal dormida do seu dono.
- Vou te dar o que tanto quer... – disse, retirando suas roupas, jogando-as no chão.
Afrodite sentou-se na cama e olhou para o tórax desnudo de capricórnio e então correu seus olhos para a parte de baixo, onde as mãos dele já tratavam de retirar suas calças. E no final, mais nada restou naquele corpo, apenas sua beleza natural.
- Pode vir... – disse peixes, com um sorriso satisfeito no rosto.
Shura se aproximou dele rapidamente, agarrando seu rosto com as duas mãos para logo em seguida devorar sua boca, mordendo seus lábios com força, deixando-os vermelhos, e sua língua serpenteava por aquela boca, buscando conhecer tudo que Máscara da Morte tanto gostava.
Shura sentou em cima das pernas de Afrodite, com as pernas abertas, lado a lado com seu corpo. As mãos de Afrodite já voaram para suas costas as acariciando delicadamente, para depois irem aos seus braços musculosos, apertando seus bíceps com força, deliciando-se com seus músculos, e já imaginando as coisas que faria com aquele corpo.
As roupas que envolviam o corpo de Afrodite começaram a serem retiradas, algumas se rasgaram, outras tiveram sorte de saírem intactas, mas no final. Ambos estavam nus em cima daquela cama.
As respirações de ambos estavam aceleradas. Shura não estava tão excitado como Afrodite, que já estava com sua ereção totalmente desperta.
- Está gostando agora? – indagou Shura, com um tom de raiva.
- Muito. E quero mais.
Shura apertou o abraço, estralando os ossos daquela criatura que gemeu baixinho, mas não de dor, mas sim de tesão. Capricórnio sentou-se na cama e puxou a cabeça de Afrodite para baixo, na direção do seu pênis.
Com um sorriso escancarado nos lábios. Afrodite abre a boca imediatamente e engole aquele grande membro que lhe chamava tanto a atenção. Sua língua se enroscou naquele pedaço de carne e seu corpo começou ir para frente e para trás, junto com sua cabeça.
A cabeça de Shura foi jogada para trás, ele via todo o quarto, mas sua visão estava ficando turva, e sentia um prazer indescritível com aquilo, mas só de lembrar que era a boca de uma pessoa que ele não tinha sentimento algum, todo o clima acabava.
- Che... ga! – disse, empurrando aquela cabeça para trás.
Afrodite passou a língua por seus lábios sedutoramente e avançou nos lábios de Shura, compartilhando o gosto novo em seus lábios. Entretanto Shura logo o afastou e o empurrou na cama de barriga para baixo. Um braço forte fechou-se na sua barriga e ele logo foi puxado para cima, ficando de quatro.
Um grito alto escapou pelos lábios de Afrodite. Ele abaixou a cabeça e agarrou-se aos lençóis da cama, tentando suportar a dor daquele membro que lhe invadia a seco, sem cuidado algum, mas ele tinha idéia de que Shura não seria cuidadoso com ele. No entanto, não entendia o porquê de tanta dor assim. Talvez fosse porque agora era um espectro e seu espírito fosse mais sensível às coisas, como a dor.
O membro de Shura entrou por inteiro. Ele havia entrado rápido e com força, sentindo aquele pequeno buraco abrir-se rapidamente para ele, pelo visto o outro já estava acostumado a dar, pois não havia sido tão dificultoso, como deveria. E infelizmente, para Shura, ele não havia sentido nem metade da dor que ele queria que o outro sentisse.
A respiração de Afrodite estava acelerada, ele estava com o corpo mole, queria fugir daquelas mãos, mas foi preso com força e agora sentia as fortes estocadas para dentro do seu corpo. Após um tempo acabou sorrindo, sentindo uma forte onda de prazer invadir todo seu corpo.
- Vai... Mais rápido... – pediu entre um gemido e outro.
Shura cerrou seus olhos e continuou com que fazia. Ele queria seu prazer, e seu gozo estava vindo à tona, então se retirou dentro daquele corpo e virou Afrodite novamente de barriga para cima. Shura fica ajoelhado perto do seu gosto e começa a se masturbar rapidamente, Afrodite por sua vez, sorriu e abriu a boca, esperando ansiosamente por aquele líquido.
E não demorou muito. Shura jogou sua cabeça para trás, gemendo baixinho ao sentir a onda de prazer que tomou seu corpo, e de seu pênis, seu gozo ejaculou caindo no rosto de Afrodite, lambuzando-o até a última gota.
Shura desce da cama, sentando-se no chão para logo depois deitar nele, sentindo o ar gelado que saia por de baixo da porta invadir seu corpo. E acabou fechando os olhos ao mesmo tempo em que tentava normalizar sua respiração. E Afrodite por sua vez tocou em seu membro que estava lambuzado com seu próprio sêmen e sorriu.
A porta do quarto abriu, o homem que entrava por ela tinha um sorriso divertido nos lábios. Máscara da Morte olhou para Afrodite estirado na cama e depois para Shura que parecia dormir; e então ele foi se aproximando de Shura e se ajoelhou no chão, tocando em seu rosto, fazendo-o abrir os olhos.
- Agora é minha vez! – disse com um sorriso malicioso nos lábios, enquanto descia sua mão por seu peito.
Camus estava terminando a sua maratona de serviços. Quem iria imaginar que um renomado cavaleiro iria acabar como faxineiro no inferno de Hades? Era algo engraçado de se ver.
O balde que carregava derramava um pouco de água pelo chão de pedra. O balde era feito de madeira e havia muitos buracos, frestas, que permitiam que a água passasse. E para a surpresa de Camus, ele estava ficando cada dia mais cansado, parecia que como um espectro o seu corpo era mais sensível a tudo, até ao cansaço.
- "Último quarto... Radamanthys. Espero que não vê-lo" – pensou o francês, abrindo a porta do quarto, que rangeu.
Com um passo entrou naquela penumbra, olhou para os lados e não viu ninguém. Quando fechou a porta, foi andando até a janela que estava escondida por grossas camadas de uma cortina num tom vermelho sangue. Quando a abriu pode deixar a luz natural invadir o quarto e assim o iluminar.
- Boa noite, cavaleiro.
Uma voz fria e grossa chamou a atenção de Camus. Ele acabou olhando para trás, vendo que o dono do quarto estava sentado numa grande poltrona no canto do quarto, e o francês ainda se perguntava como não havia sentindo a presença do outro.
- Boa noite – disse friamente, esperando ansiosamente que todo aquele pesadelo terminasse.
- Preciso pedir desculpas a você, cavaleiro.
Camus não disse nada, e também percebia que todas as vezes que o chamava de "cavaleiro", tinha um tom de ironia e brincadeira no meio. Desde quando perdeu o respeito? Talvez não fosse nada naquele inferno. Talvez não! Ele não era nada ali.
Radamanthys se levantou mostrando seu belo físico, sua figura imponente e então deu alguns passos parando ao lado de Camus, mas manteve uma certa distância. Seus olhos amarelados ficaram observando a noite do lado de fora daquele quarto.
- Sente falta do sol? Da lua? Dos ventos matinais?
Um minuto de silêncio, Camus pensou um pouco, recordando-se do vento quente do final da tarde, e automaticamente lembrou de Milo e de seu doce sorriso.
- Sim... – revelou timidamente, não gostava de se abrir, muito menos para alguém que julgava seu inimigo, apesar de serem "aliados".
- Seus pensamentos são tão claros – comentou, com um sorriso divertido – me divirto com eles... Na verdade, vocês cinco me divertem. São tão... Atípicos. Diferente das pessoas daqui, já estava cansado.
Não entendia o que ele queria dizer com aquilo, mas não era a primeira vez que dizia. Camus apenas assentiu com a cabeça e continuou em silêncio, até se tocar que tinha um trabalho para fazer independente de qualquer coisa.
- Eu vim para limpar o seu quarto caso não queira...
- Pode limpar – disse interrompendo-o – ficarei aqui, afinal, tenho meu descaso também.
Não dizendo nada, Camus foi andando até suas coisa que havia deixado no chão ao lado da porta. Ele olhou para trás, vendo que Radamanthys não estava mais na janela e aquilo o deixou nervoso por um segundo, mas tentou se concentrar nos seus afazeres. Ele olhou para o interruptor, mas não sabia se o outro queria a luz acessa, e então indagou alto:
- Posso ascender à luz?
- Faça como quiser – diz Radamanthys, que estava sentado em sua cama.
Camus ficou aliviado ao descobrir sua localização e então ascendeu à luz, vendo todo o quarto que para sua infelicidade estava uma verdadeira bagunça e depois olhou de canto para Radamanthys, que estava abrindo um livro que lhe chamou a atenção.
A mente de Camus viajou um pouco ao ver aquela capa azul clara, aquele grosso livro que uma certa pessoa amava ler. Ficou perdido lembrando-se das conversas que tinha com seu amado escorpião e de como ele defendia aquele livro, que na sua opinião era fantasioso demais.
Percebendo o olhar atencioso que estava recebendo Radamanthys ergue seu olhar vendo que Camus o olhava e então indagou:
- O que há cavaleiro? Alguma dúvida?
- Nada... – disse, acordando para seus afazeres.
Camus pegou a vassoura e começou a varrer o quarto rapidamente, vendo o quanto de poeira que se juntava.
Os olhos atentos de Radamanthys apenas observavam Camus, ele não conseguia mais se concentrar naquela leitura apesar daquele ser um dos seus livros favoritos, que por curiosidade estava lendo pela terceira fez. Realmente, não havia muito que se fazer naquele lugar.
- Camus, preciso de uma opinião sua.
- Diga – disse, enquanto varria sem mais olhá-lo, já estava começando a se acostumar com aqueles diálogos.
- Você viajaria para um caminho que no final conseguiria alcançar seus desejos da infância, ou viajaria por um caminho que alcançasse os desejos de quem mais ama?
Os movimentos de Camus pararam por um tempo, ele olhou para Radamanthys, mostrando sua face pálida e então não soube o que dizer.
- "Por que isso? Essa pergunta... esse livro... esse jeito... ele... ele é tão parecido com Milo. Ah! Eu me lembro quando Milo ficou refletindo sobre essa opção de viagens... e ele sempre perguntava para mim... sempre... por que isso?".
- Hei. Muito difícil responder? Eu sei que de primeiro é complicado...
- Escolheria a opção em que Edmund escolheu...
Radamanthys fechou o livro e se arrumou na cama, ele acabou esboçando um discreto sorriso que passou despercebido por Camus, até mesmo Radamanthys duvidaria que havia sorrido.
- Por acaso leu "Caminhos de Rochas"? – indagou.
- Não, mas uma pessoa lia e sempre me questionava. Acabei conhecendo cada sílaba desse livro por ele... Sem ao menos lê-lo.
- Interessante. E você gosta?
- Na verdade, eu acho fantasioso demais. Todas as personagens têm conflitos internos que parecem uma grande novela do período do romantismo na literatura. Amores perdidos, sonhos deixados, vidas perdidas por nada, idealizações, tudo isso... Sinceramente, não me agrada.
- Entendo. Mas o autor desse livro mostra a vida... Crua e nua. Dizem que ele se matou por causa desse livro...
- Desejo pela morte... Por que essas pessoas desejavam tanto?
- Não sei. Talvez porque tinham ansiedade de ver como foram suas vidas e de como poderiam melhorar numa outra reencarnação. Ou talvez... Porque eram infelizes demais. Dizem que o personagem Edmund era o próprio autor...
- Sim, é o que parece... – disse Camus, sentindo vontade de sair correndo daquele quarto. Como ele poderia ter comentários tão iguais aos de Milo?
Camus ficou em silêncio e continuou a varrer o chão indo em direção ao banheiro que ficava mais afastado da cama, para que assim pudesse descansar seus pensamentos. Radamanthys continuou a ler seu livro mais entusiasmado.
Uma hora se passou desde então. As mãos de Camus sorriram quando deixaram o cabo da vassoura e dos panos de limpeza, ele lavou suas mãos na pia do banheiro, que havia sido o último lugar que havia limpado e então saiu do quarto, vendo que Radamanthys ainda estava em sua cama.
- Terminou? – indagou o outro.
- Sim.
- Ótimo.
O elogio foi ignorado por Camus que foi andando em direção a porta com suas coisas na mão, mas antes de partir foi impedido pela voz alta e autoritária do grande juiz.
- Parece que deixou uma pessoa amada para trás Camus.
O comentário foi terrível. Camus apenas o engoliu e o olhou de canto com o mais desprezo possível, para depois levar a mão até a maçaneta da porta.
- Mas lembre-se... Você é um traidor, não é mais um cavaleiro de Athena... E o melhor: você está morto!
Aquilo foi pior que mil facadas em seu peito. Tanto Saga como Radamanthys haviam pisado em seus sonhos. Por que ele não poderia sonhar com Milo? Por que todos o impediam de ao menos sonhar? Não podia ficar sonhando, para se desligar daquele inferno?
- Eu já sei – disse um pouco contrariado.
Radamanthys riu alto, e disse:
- Elevou o tom de voz, irritou-se finalmente.
- Deseja mais alguma coisa?
- Não, pode ir – disse – afinal, teremos muito tempo para conversarmos... A sós.
Camus encarou-o perplexo. Realmente, a noite anterior havia sido lamentável e infelizmente o outro tinha que comentar o ocorrido. Agora poderia sentir-se um coelho numa cova recheada de leões.
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"O que é a vida sem um sonho?"
(Edmond Rostand)
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Continua...
Hello!
(1) Camus é tão ingênuo. Mas como ele não se lembra de nada, ele acaba misturando as imagens, e ele não iria desconfiar do seu melhor amigo Saga de Gêmeos!
Desculpe a demora. Mas ocorreu um grande problema aqui em casa. Meu pai formatou o computador sem querer. Eu tive que reescrever esse capítulo, e foi muito chato!
Eu espero que estejam gostando! Camus está olhando muito para Radamanthys, não é verdade? O que será que vai acontecer com esses dois? E o Saga... Ele está de olho nesse francês... Mas mesmo assim, ele não faria coisas indevidas com Camus. Ou faria?
Shura, Máscara da Morte e Afrodite... O que será que aconteceu com eles para tanto ódio no futuro? E como terminará a relação deles... (hahaha... que suspense não?).
Erros de português, e digitação (eu digito rápido e troco às letras), sinto muito, mas eu não tenho uma beta!
Próximo capítulo vai rolar mais lemons! E eu pretendo já partir para o presente e encerrar está história!
Comentários! Quem já comentou algum capítulo pode comentar novamente, pois não são iguais e a história continua correndo. Por favor, gente, eu recebi poucos comentários no capítulo anterior. Por acaso estou regredindo? Isso é tão triste... Acho que não estou agradando como queria. Mas eu estou me divertindo ao escrever...
Eu vou indo agora. Espero que meu pc não seja formatado de novo, ou então eu vou subir pelas paredes.
Obrigada a todos que comentaram e me ajudaram. Um beijão.
Ah! E obrigada por lerem.
21/11/05
21:16 h.
Por Leona-EBM
