Por Leona-EBM

Toque Proibido

Capítulo 06

Maldição

I

A Morte da Alma

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"Que não seja imortal (posto que é chama) Mas que seja infinito enquanto dure".
(Vinícius de Moraes)

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Alguns meses passaram-se finalmente. O santuário estava um caos, ninguém havia entendido o que aconteceu com os quatro cavaleiros de ouro. Não havia aparecido nenhuma ameaça a Athena e nenhum cosmos suspeito foi detectado, tudo era um grande mistério, mas de uma coisa todos sabiam: ali tinha coisa.

No inferno. Os cavaleiros de ouro mantinham seus disfarces, e suas mentes eram bloqueadas por um poder de Shion, portanto não tinham risco de serem descobertos e assim tudo ocorria como o planejado.

Pelos corredores daquele grande castelo estava Camus, junto do seu inseparável balde de madeira que havia ficado bastante íntimo dele. E agora, como todos os dias, tinha que limpar o último quarto.

A porta de madeira a sua frente estava fechada, ele deu uma batida e não ouviu nada e assim acabou entrando, como todos os dias. Quando entrou acabou vendo que Radamanthys estava sentado em sua poltrona. Camus apenas o cumprimentou com a cabeça e começou a varrer o quarto.

A convivência havia melhorado. Radamanthys sempre conversava com o francês sobre coisas que lhe interessavam e certas vezes desabafava, começou a fazer isso quando viu que os conselhos do francês eram bons e surtiam efeito. E Camus por sua vez ficava cada dia mais perturbado com a semelhança entre Milo e Radamanthys, talvez isso fosse explicado por uma coisa que os dois tinham em comum: a estrela de Milo e Radamanthys era a mesma.

Os olhos frios e sem expressão de Radamanthys ganhavam uma cor e brilho especial sempre que viam o francês. Ele até chegava correndo em seu quarto só para poder passar mais tempo com o outro, e isso se prolongou por um tempo indeterminado até que Radamanthys viu-se perdido por aquele homem.

- "O que eu faço? Digo que o quero? O pego para mim. Posso simplesmente tomá-lo, subjugá-lo... eu posso qualquer coisa. Estou enrolando demais, não agüento. Por que não consigo tomá-lo como faço com os outros?" – pensava Radamanthys, enquanto observava Camus varrer seu quarto.

- "Ele está me olhando novamente. Não gosto desse olhar e nem gosto de olhá-lo... eles se parecem tanto... talvez se ele tivesse os cabelos compridos... não! Isso não! O que estou pensando...?" – pensava Camus, perturbando-se.

- Camus...

Camus parou com que fazia e olhou para Radamanthys, que estava sentado em sua poltrona, ficou esperando alguma coisa dele, mas o outro não disse nada. Portanto, Camus continuou a limpar o chão, não querendo saber o que o outro iria dizer.

- Você tinha alguém na Terra?

- Hum...

- Responda. Não gosto de mintam para mim – disse irritado.

- Sim.

- Quem era?

- Um cavaleiro.

- E vocês eram relacionados de que forma? – indagou mais curioso.

- Namorados – disse baixinho.

Radamanthys ficou um tempo em silêncio. Aquilo havia sido chato de se ouvir e sem entender acabou por se sentir enciumado, pois com certeza Camus devia pensar naquele cavaleiro o tempo todo.

- E vocês se gostavam?

- Sim – respondeu, não gostando do rumo daquela conversa.

- Mas agora você está morto. O que será que ele fez quando descobriu? Quando não sentiu mais seu cosmos...

- Não sei. Meu corpo foi deixado em algum lugar da Terra, não sei onde, mas já devem ter achado-o – disse. Realmente, aquilo lhe deixava curioso. Será que haviam feito algum funeral?

- Sim, quem sabe. Qual seria a reação dele?

- Não sei – disse contrariado – talvez a mesma que eu tivesse.

Um sorriso desenhou-se nos lábios de Radamanthys, que se levantou da poltrona indo até Camus, que ficou paralisado. O juiz se aproximou e arrancou abruptamente a vassoura da mão de Camus, jogando-a no chão. E logo em seguida tocou em seus ombros, apertando-os, mostrando sua força.

- E agora me responda. Você tem alguém nesse lugar? E não se esqueça que você está morto.

- Não... – disse inseguro. Até teve vontade de dizer que tinha algum relacionamento com outro cavaleiro, até mesmo pensou em Saga. Mas não queria comprometer ninguém.

- O que lhe impede de tentar algo comigo? – sorriu – nada! – disse em seguida.

Os olhos de Camus arregalaram-se de repente, ele olhou para baixo e sentiu vontade de sair correndo daquele lugar, ver-se longe daquelas mãos fortes e calorosas. E Camus logo despertou ao sentir os lábios molhados de Radamanthys em sua bochecha, bem próximo a sua boca.

Num movimento para trás tentou se afastar, mas as mãos de Radamanthys fecharam-se com mais força. Ele não o deixaria fugir dali, queria falar com ele, ter ele e por fim se relacionar com aquele cavaleiro que tanto lhe seduziu.

E novamente uma batida na porta faz Radamanthys irritar-se e Camus aliviar-se. O juiz foi até a porta, abrindo-a rapidamente, mostrando seu olhar raivoso para Zeros que estava com uma pequena pasta nas mãos.

- Preciso lhe dizer Radamanthys, que a senhorita Pandora está querendo que você analise isso perante ela. Agora! – disse ele, mostrando sua arrogância. No entanto, abaixava um pouco a cabeça, pois não contrariaria Radamanthys que com um dedo poderia esmagá-lo.

- Sim. Já irei.

- Ela disse agora.

- Eu disse que já vou.

- Pode deixar que eu cuido de seu quarto... não deixarei que nada ocorra. Eu olharei esse cavaleiro para você – disse, fazendo Radamanthys suar frio.

- Vigiar?

- Sim. Você sempre volta... não gosta que fiquem em seu quarto. Era igual com o outro empregado, você sempre ficava em cima. Talvez seja melhor não ter faxineiro algum – comentou algo que já havia notado há um tempo.

Isso era um fato! Radamanthys não gostava que invadissem sua privacidade, por isso mesmo sempre ficava observando os empregados que limpavam suas coisas. Mas com Camus era diferente, na verdade, amava ter suas roupas dobradas por ele; amava sentir o cheio do seu perfume no cômodo.

- Não é necessário, agora não me perturbe que eu já irei – disse friamente, fechando a porta na cara daquele espectro ridículo.

Os olhos de Camus ainda estavam arregalados, ele queria sair correndo, mas a única saída estava atrás de Radamanthys, que o olhava nesse instante. O juiz se aproximou de Camus, que tentou se esquivar das suas mãos. Mas não teve jeito, ele foi abraçado por trás, e agora ouvia as palavras do outro em seu ouvido.

- Posso te pedir um favor?

- Hum...

- Fique aqui até eu voltar.

Camus não respondeu, e estava na cara que não iria ficar naquele lugar. Isso seria motivo para que Radamanthys sentisse liberdade para fazer o que quisesse com ele, e vendo que não obteria resposta alguma, Radamanthys se irritou ainda mais, mas deixou o francês de lado, pois não queria se atrasar até seu encontro com a senhorita pandora.

- Então eu te vejo... por aí – disse ele, saindo do quarto.

Com as mãos trêmulas, Camus terminou de limpar aquele quarto. Mas teve que admitir que nem conseguiu fazer nada direito, até deixou algumas coisas pela metade e outras acabou nem fazendo.

Com passos rápidos saiu daquele quarto, indo até o seu. Quando chegou, viu que não tinha mais ninguém ali, pois todos ainda estavam terminando seus serviços. Havia voltando mais cedo realmente. No entanto, não demorou muito a ouvir uma porta se abrindo e fechando.

Camus saiu do seu quarto e foi ver quem havia chegado. E para sua felicidade era Shura, e não pensou duas vezes, ele foi até o quarto do amigo, entrando sem pedir licença.

- Camus? O que houve? Está pálido – disse Shura, indo até ele.

- Eu... o Radamanthys, ele está impossível.

- O que tem ele? – indagou, puxando Camus pela mão para que ele se sentasse na cama.

- Ele... tentou, ele... quer... bom...

- Ah! Entendi – disse Shura, já prevendo o que ele iria dizer. E logo em seguida bateu as mãos na sua calça, batendo o pó contido nela para logo depois sorrir amarelo – Camus você não têm que se preocupar com Milo agora.

Camus olhou-o incrédulo e indagou:

- O que quer dizer?

- Está atraído por outro homem, isso é normal.

- Eu não estou!

- Está sim. Mas calma... não estou dizendo que não ama mais Milo, não me entenda mal. Só entenda uma coisa, você não precisa mais se preocupar com nada.

- Mas eu não quero! – disse abismado.

Shura analisou um pouco o que disse vendo que havia sido uma grande besteira, mas pelo que havia ouvido das conversas de Camus e Saga acabou por perceber que o francês estava confuso e irritado com suas novas descobertas naquele lugar. Sendo assim, concluiu que ele talvez quisesse outra pessoa para se relacionar.

- Me desculpe, não disse coisas agradáveis.

- Eu vou indo.

- Camus, fique. Nunca tem ninguém interessante aqui comigo.

- E Máscara da Morte?

- Hum... – Shura olhou para o chão, mostrando um olhar triste – chama ele de interessante? Ele me machuca o tempo todo, ele... e aquele outro.

O olhar de Camus deixou de ser irritado para se tornar sereno e calmo, ele sentou-se na cama novamente e ficou a ouvir as histórias de Shura, que não era das melhores. Pelo que ouviu, Shura estava sendo aterrorizado por Afrodite e encurralado por Máscara da Morte sempre que ambos chegavam do serviço.

- Me provocam, me machucam... eles adoram me ferir. São uns sádicos.

- Shura, você não precisa suportar isso! – disse indignado.

- Camus. Eu o amo! Se Milo lhe tratasse assim, você iria deixá-lo? Iria?

Um momento de reflexão, e Camus respondeu:

- Não.

Shura não disse mais nada, ele se levantou e foi andando até sua cômoda onde havia uma vazia de plástico que continha água fresca. Ele molhou um pedaço de pano e depois passou por seu rosto, limpando-o.

- Eu os odeio! – sussurrou Shura.

Camus levantou-se e disse:

- Eu vou descansar agora, e pense no que eu falei. Às vezes sofremos tanto que a felicidade que vem com o relacionamento não cobre os atos cruéis. Um peso é maior que o outro.

- Obrigado, Camus. Você e Saga... Ajudam-me muito.

- Qualquer coisa me chame! – disse, saindo do quarto.

Entrando em seu quarto, Camus jogou-se na cama e fechou os olhos, imaginando o sorriso de Milo, lembrando-se da sua doce voz. E então, um líquido transparente e quente começou a escorrer de seus olhos, caindo por sua face fria e entristecida.

E nesse ritmo pegou no sono, indo para um lugar sem sonhos ou pesadelos, ficando no meio do consciente e subconsciente, não indo para lugar algum, ficou estagnado e por fim solitário. E quando abriu os olhos foi para ver um pequeno relógio que marcava a hora exata para se levantar para o serviço.

Camus sentou-se na cama lentamente e bocejou, vendo que iria para mais um dia de serviço. Ele olhou para seu corpo, achando estranho ele estar com uma coberta.

- Saga... obrigado – disse baixinho, dobrando a coberta.

Ele foi andando até uma mesa, onde havia uma bacia d'água e começou a se lavar. Ele pegou roupas novas, pois as que estava usando estava ficando muito fedida.

Pegou uma calça preta que era um pouco colada a seu corpo e depois colocou uma regata preta por cima, que era bem fresca e feita de um pano fino. Seus cabelos foram presos numa trança mal feita, deixando duas longas mechas que chegavam até a cintura soltas, e elas ficavam na frente de seu corpo, passando por seu peito.

O inseparável balde de madeira foi pego e mais alguns equipamentos que Camus usava. Ele foi andando pelo corredor, começando a sua velha rotina, indo limpar os quartos, batendo nas portas para ver se tinha alguém.

Já estava ficando tarde, quando Camus entra no último quarto, ele olha aflito para os lados, fechando a porta atrás dele. Seu olhar correu por todo cômodo, procurando o dono do quarto, mas não o achou.

Colocando o balde no chão, ele pegou um pano e começou a passar pelo móveis, retirando todos os objetos que haviam em cima. Estava tranqüilo, pretendia terminar tudo o mais rápido possível antes que Radamanthys chegasse, no entanto para sua infelicidade a porta do quarto foi aberta, fazendo o coração de Camus parar uma batida.

Era Radamanthys que chegara. Ele entrou e fechou a porta, retirando o elmo de sua armadura e colocando em cima da sua penteadeira, e logo em seguida retirou sua armadura e sentou-se na cama.

O trabalho de Camus não parou, ele continuou a limpar, surpreendendo-se com o fato de Radamanthys não ter dito nada até aquele momento, mas desejava que ele não dissesse nada.

- Boas notícias para você, cavaleiro! – disse Radamanthys de repente.

- Hum? – Camus não entendeu.

- A invasão será iniciada daqui Três meses. E vocês que irão começá-la, e eu vou liderá-la, apesar da senhorita Pandora não aprovar.

- Invasão?

- Ah! Sim. Está na hora de tirar o governo de Athena.

- Sim – disse Camus, com uma voz surpresa – por que diz que são boas notícias?

- Porque você irá ver o seu cavaleiro.

Camus paralisou, ele abaixou a cabeça e então esboçou um leve sorriso que ele não teve como controlar. Os olhos atentos de Radamanthys o notaram e acabou sentindo muita inveja e ciúme desse amor de Camus.

O juiz levanta-se rapidamente da cama e vai até Camus, jogando aquele pano cheio de pó no chão e puxando sua cabeça na sua direção para tomar seus lábios como desejava há tempos e dessa vez ninguém iria interrompê-lo.

As mãos de Camus empurravam o tórax de Radamanthys inutilmente, pois este não se movia um milímetro sequer. E o corpo de Camus foi arrastado para a cama, e ele foi jogado ali de qualquer jeito, sentindo um certo alívio só que foi momentâneo, pois o corpo pesado de Radamanthys logo caiu sobre o seu.

- Hoje você é meu – disse, rasgando suas roupas.

- Me... Me larga... – disse irritado, com uma voz rouca e carregada de desespero.

- Não! – disse, dando um soco em seu rosto, deixando-o atordoado – hoje nada me impede.

Camus fechou os olhos imaginando Milo em sua mente, desejando estar com ele. Ele acabou caindo num mundo escuro, onde havia apenas ele, e por incrível que pareça Camus sentia muito frio ali. E ao longe podia ver a imagem de alguém, era Milo. Ele começou a correr até escorpião, gritando seu nome, mas ele nunca se aproximava, pelo contrário, se afastava cada vez mais.

E nesse desespero que Camus se encontrava acabou perdendo a consciência, mas antes disso seu corpo serviu de tudo para satisfazer Radamanthys, que agora se deitava ao seu lado com um sorriso vitorioso no rosto. E o juiz não se importava com a dor e sofrimento que havia feito o outro passar, apesar de seus sentimentos não serem falsos, mas também não o amava. Talvez apenas desejo.

Algumas horas passaram-se. Camus abriu os olhos sentindo cada músculo de seu corpo doer como nunca, ele olhou para o lado e viu que Radamanthys o observava atentamente, e então fechou os olhos com força lembrando-se da humilhação que passou. Mas algo chamou mais a atenção de Camus, ele olhou para seu braço direito e encontrou uma pequena marca, era um círculo dourado, sem nada mais.

- O que é isso?

Radamanthys sorriu, ele sentou-se na cama e puxou Camus, colando seu peito nas costas suadas do aquariano, que olhou para trás de canto, tentando ver a expressão de seu rosto. Porém Radamanthys mordeu com força o lóbulo de sua orelha, fazendo gemer baixinho.

- Isso é a prova do meu sentimento por você.

- Prova?

- Sim, prova, Camus. Agora você é meu.

- Eu... sou seu? – indagou indignado, sentiu que algo não estava no seu lugar.

- Sim – disse, tocando em sua mão, sentindo seus dedos compridos e finos, apertando-os delicadamente.

- Eu não sou seu! – disse, quase gritando, remexendo-se para tentar escapar daquele abraço, que ele julgava asqueroso no momento. Sentindo uma forte repulsa por ele, querendo ardentemente sair correndo e se esconder para sempre.

A força de Radamanthys, porém, não era algo que se podia quebrar tão facilmente. Ele segurou Camus com mais força, fazendo os ossos do francês se contraírem.

- Me solta! Eu não sou seu, nunca vou ser!

- Sabia que iria dizer isso. E também sei que fugirá quando aparecer novamente naquele santuário – disse friamente, mas no fundo de sua voz podia-se sentir raiva e ciúme acumulados.

- "O que ele quer dizer?" – pensou Camus, atordoado.

- Eu... não... vou... deixar... você... ficar... com... ele! – disse, num sussurro pausado e frio.

Um choque correu pelo corpo de Camus. Estava certo que era apenas um desejo de Radamanthys, que era uma simples frase, mas aquilo tocou bem no fundo de sua alma que se arrepiou por inteira.

- Não pode me...

- Antes que diga asneiras, Camus – interrompe-o – O que você acha que eu fiz com você enquanto dormia? E você é tão belo enquanto dorme...

- O que você fez? – indagou, remexendo-se.

- Eu... bom, acho que é bom falar, senão você pode enlouquecer caso faça "aquilo" com o seu cavaleiro, e de repente o veja morto no chão.

- Morto? Você vai matá-lo?

Radamanthys riu alto, e começou a se explicar.

- O que fiz em seu braço não é apenas uma marca. É um feitiço chamado: "Toque Proibido", o que isso significa? Bom, vou lhe dizer. Quando você abraçar, beijar, dormir ou mesmos acariciar esse tal cavaleiro, essa marca em seu braço vai brilhar e então... ele cairá morto em seus braços.

O mundo de Camus ficou em silêncio. A imagem de Milo veio a sua mente, e de repente viu ele se afastar até sumir numa velocidade que não podia acompanhar. Seu peito estava tão apertado que não suportava, fazendo ele ter que abaixar um pouco a cabeça para aspirar melhor o ar a sua volta, mas ele não vinha, não tinha ar, não precisava respirar, estava morto.

- Nome bem sugestivo, não? – comentou, rindo algo.

- Seu... Seu maldito. Por quê?

- Porque, Camus... você não me aceitou. Aliás, se me aceitasse, se ficasse comigo, nada disso teria acontecido.

- Você não pode manipular as pessoas desse jeito! – gritou.

- Pessoas? Camus, eu não me interesso por ninguém desde que me conheço por gente. Apenas você, apenas você! Você não acredita, não é mesmo? – disse, com uma voz decrescente.

- Desde quando você deseja o mal para a pessoa que você gosta? Desde quando você a violenta? Desde quando você a humilha?

- Desde o momento que ela te ignora, não o nota, e vive pensando em outra pessoa. É isso Camus, você é o culpado!

Os braços que prendiam o corpo do francês afrouxaram-se e ele pode sair, levantando-se rapidamente olhando para aquele juiz que parecia estar muito irritado.

- Não saia, não deixei! – disse Radamanthys, vendo que o outro olhava para a porta.

- Tire o feitiço, tire-o agora!

- Não posso. Esse feitiço é unido ao meu corpo. Se quiser desfazê-lo, tem de me matar, ou quem sabe ele se quebre de outra forma? Matando esse tal cavaleiro ele irá sair.

- Então... – disse Camus, fechando sua mandíbula com tanta força, que seus dentes entalaram.

- Não me faça ter que bater em você, Camus – disse, vendo sua intenções – não pretendo fazer isso com seu corpo, e sim outras coisas.

Em um movimento rápido, Camus foi puxado e jogado novamente na cama, tendo seu corpo preso pelas mãos fortes e obstinadas de Radamanthys. O juiz passou a língua por seus lábios numa cena obscena e começou a falar algumas coisas nos seus ouvidos, fazendo Camus se envergonhar.

O quarto de Camus estava mais sem vida do que nunca. Ele olhava para o teto escuro e mal acabado sem atenção alguma, o ar frio a sua volta não arrepiava sua alma como antes, pois ele simplesmente parou de sentir tudo que podia desde o momento que saiu do quarto de Radamanthys.

Saga aparecia às vezes para visitar Camus, mas este se mostrou longe a todos os encontros, chegando a se levantar e sair, deixando Saga falar sozinho. E gêmeos, apenas ficava olhando-o, tentando decifrar aquele olhar tão triste e longe, que Camus adquiriu.

- Camus... Eu sei o que houve, mas não tinha como não acontecer. Nós nos vingaremos! – disse Saga, cerrando os punhos com força – "Shion está com tudo programado" – disse em pensamento essa vez.

- Hum... Talvez não – disse, ficando em silêncio novamente.

Saga sorriu de canto ao ouvir sua voz, que se tornou rara nesse último mês.

- "Radamanthys pagará, e quando retornarmos, Milo entenderá" – disse em pensamento, alegre – "E vocês poderão ficar juntos... de novo!" – e continuou a dizer, mas agora, com uma voz decrescente e cheia de tristeza.

- Saga, deixe-me sozinho! – pediu, deitando-se na cama.

O olhar estreito de Saga caiu sobre o corpo de Camus, ele ficou mais um tempo ali, olhando-o, mas logo partiu.

- "Milo... aonde quer que você esteja... saiba que não poderemos ficar mais juntos, tentarei fazer você me odiar, me repudiar, me ignorar. Mas saiba Milo, que nunca ninguém o amará mais do que nem eu!" – pensou Camus, pretendendo a partir desse pensamento, cumprir seus objetivos.

Uma lágrima fria e transparente correu por sua face, escorregando por sua bochecha pálida até os seus roxos lábios, entrando nas rachaduras de sua boca até entrar na sua cavidade quente, para sentir seu gosto salgado. E sua mão foi até sua boca para conter os gemidos altos que emitia naquele momento. Nunca havia chorado assim em sua vida, sempre se mantinha forte a tudo, mas agora, não conseguia mais se manter impassível ao que sentia.

-

"Há uma pessoa que com o olhar me toca
E mesmo quando tento fugir
Entrelaçada nos teus braços me encontro.
E tento não dizer que ele é meu mundo,
Mas o faço inevitavelmente, me engolfo num profundo oceano de imagens.
Congelo teu reflexo em minha mente.
Tento pousar meus olhos em outra direção
E quando me perco, encontro-me voltado num beijo...
E como sempre, meu anjo
Resgata-me dos meus medos,
E me leva para o mundo dos sonhos".

(Rafael – Karine Rangel)

-

"Mas agora... Não posso mais te ter. Apenas congelar seus reflexos a minha mente. Estou morto, Milo... eu morri".

II

Ações Cruéis

Afrodite caminhava por um caminho rochoso e estreito. Ele carregava um pano de chão junto e um balde de lata, que estava quase furando.

Para todos os espectros de baixo nível, Afrodite era considerado um Deus para ele, por causa de sua beleza e charme que ele vivia exibindo, ele até mesmo tinha um "dono" que impedia que os outros avançassem nele.

Ele estava indo até uma área aberta daquele inferno, onde podia sentir um vento demasiado frio e relaxante. Quando chegou, encontrou Máscara da Morte ali, conversando com Shura, que parecia estar contente. O que era um milagre.

- Boa noite – disse, jogando o balde do chão, fazendo um barulho alto. Ele foi se aproximando e sentou-se de frente a eles dois, numa pedra.

- Hum... – Shura não disse nada, apenas virou a cara para o outro lado.

- O que faz aqui? – indagou Máscara da Morte, não gostando de ser interrompido.

- Eu sempre venho aqui – disse – e vocês?

- Conversando – disse Máscara da Morte, secamente.

- Posso entrar na conversa? – indagou, timidamente.

- Ué, entre! Que diferença faz? – indagou Shura, irritado. Ele se levantou e continuou a dizer – Já entrou na minha intimidade, na minha relação com Máscara da Morte.

- Shura... – Máscara da Morte o chamou, tentando puxar sua mão para que se sentasse novamente, mas ele se esquivou e partiu.

Os dois cavaleiros restantes ficaram olhando para capricórnio que se afastava rapidamente. E quando partiu, Máscara da Morte olha com raiva para Afrodite.

- Está fazendo de propósito! Não posso ficar um tempo a sós com ele, que você já aparece. Esqueceu-se do que combinamos?

- Ah! Eu não resisti. E realmente, eu sempre venho aqui – disse Afrodite, não se importando – E eu não estou a fim de ficar olhando vocês. Se for uma relação a três, assim que será!

Máscara da Morte levantou-se, irritado, ele se aproximou de Afrodite, tocando em seu rosto, que estava um pouco marcado. Suas mãos fecharam-se com força ali, fazendo-o gemer baixinho.

- Está dando seu corpo para todos os homens desse lugar e ainda acha que tem moral para criticar Shura? Escute aqui, não quero que se aproxime dele, entendeu? Estou me cansando de você!

- O que... quer dizer? – indagou inseguro, tentando puxar aquela mão que o feria para longe.

- Que você não está me agradando mais, só isso! Então é melhor ficar na sua se não quiser que eu fique irritado – disse, soltando-o.

- Está me deixando?

- Não, mas se você continuar assim, não vejo saída.

- Prefere a ele? Ele? – indagou, gritando.

- Talvez – disse, com um sorriso divertido.

Afrodite se levantou irado, fechando seus punhos com força, segurando-se para não atacar aquele homem, mas parou, pois seria suicídio.

- Prefere a ele que sempre está triste e lhe trazendo problemas? Prefere a ele que te xinga e te bate? Prefere a ele que sempre fica reclamando de tudo e de todos? Prefere? – desabafou, gesticulando nervosamente – e quanto a mim? Eu sempre faço o que você quer. Não te trago problemas. Faço-te rir algo e sempre te acompanho!

Máscara da Morte ficou um tempo em silêncio, e disse:

- Nossa! Eu não tinha pensado nessas coisas antes, a diferença entre vocês!

- Não pensou? Como pode estar com duas pessoas e não notar.

- Óbvio que eu noto, mas eu não ficou comparando – disse, secamente – Shura é humano, simples e apaixonante de uma forma que você não vai descobrir, pois eu não vou deixar. E quanto a você... – riu alto – ah! Você... belo, puto e vadio. Claro que faz tudo que eu quero, pois só quer agradar para ter um fã clube maior, e te digo, que seu corpo é tão usado que ele começa a ficar disforme com o tempo.

Os olhos de Afrodite estreitaram, seu cenho ficou franzido junto com seu rosto que se contorcia de ódio, um ódio que ele nunca sentiu antes. Seus azuis claros ficaram vermelhos, e algumas lágrimas seguravam-se para não sair, mas não eram lágrimas de tristezas, mas sim de ódio, muito ódio.

Tudo aconteceu muito rápido. Afrodite tentou golpeá-lo, mas Máscara da Morte foi mais rápido e o jogou no chão, fazendo-o ficar de barriga para baixo, tendo o pé pesado de Máscara da Morte em suas costas, para impedi-lo de se levantar.

- Tsc, tsc, tsc... Que atitude esperada – disse – se quiser, apareça no meu quarto mais tarde, estou a fim de me divertir.

E Máscara da Morte se afastou com as mãos no bolso de sua calça. Ele assobiava alguma canção popular de sua terra natal, ignorando os xingamentos que Afrodite lhe fazia.

Quando chegou ao seu quarto, Máscara da Morte desviou-se dele e bateu na porta de Shura, sabendo que ele estava ali, pois podia sentir sua presença. Como não ouviu resposta, ele entrou e fechou a porta atrás dele.

- Quem o deixou entrar? – indagou Shura, contrariado, sentando-se na cama.

- Você não disse nada, então entrei.

- Ah! – exclamou – então se eu não digo nada você entra? Muito conveniente.

- Da próxima vez diga "não entre" – disse, com um sorriso cínico no rosto – mas duvido que irei obedecer.

Máscara da Morte sentou-se ao lado de Shura, ficando bem próximo ao seu corpo, sentindo suas coxas encostarem-se a dele. Uma mão subiu até seu rosto, sentindo sua pele macia e lisa, tão diferente da de Afrodite, que estava sempre marcada por dedos ou alguma maquiagem.

A pálpebras de Shura caíram e seus olhos sumiram, ele abaixou sua cabeça, fazendo seus cabelos esverdeados caírem para frente, cobrindo sua face. No entanto, Máscara da Morte não permitiu, ele puxou seu rosto para cima, fazendo Shura abrir os olhos novamente.

A outra mão de Máscara da Morte foi parar na cintura do outro, puxando para mais perto dele para depois descer até sua coxa, puxando sua perna para ficar em cima na da dele. Shura se remexeu um pouco, não estava conseguindo ficar sentado direito, mas tudo se resolveu quando foi empurrado para trás, caindo deitado no colchão.

A respiração de Shura ficou mais pesada, pois o corpo de Máscara da Morte estava em cima do dele, fazendo pressão para baixo. E tudo piorou, quando seus lábios foram tomados sem aviso algum.

A boca de Shura foi se abrindo lentamente, deixando a língua de Máscara da Morte invadir sua intimidade como das outras vezes. O gosto de Máscara da Morte invadia os sentidos de Shura, deixando-o cada vez mais atordoado, pois na verdade era um grande apaixonado.

- Você sabe que eu...Te amo – disse Shura, baixinho no ouvido do outro, que apenas continuou a beijar seu pescoço, sem emitir nenhum som.

No entanto, Shura estava acostumado a não ouvir nada do outro, e ele também não dizia "eu te amo", porque esperava algo em troca, ele simplesmente dizia por sentir isso e tinha vontade de se expressar. Mas o que ele não sabia, era que mentalmente, Máscara da Morte, pensava:

- "E eu acho que estou começando".

O beijo foi ficando cada vez mais forte. Shura ofegava enquanto sentia a mão de Máscara da Morte, fechando-se no seu membro por dentro da calça. E suas mãos estavam nas costas dele, beliscando-as, fazendo uma forte pressão, mostrando as sensações que passavam por seu corpo.

Máscara da Morte sorriu ao ver a cabeça de Shura ser jogada para trás por ele mesmo. Ficou observando o suor em seu rosto e seus fios esverdeados grudados em seu rosto, que agora estava ficando corado.

- Aahhh! – gemeu alto, ao sentir um choque correr por seu corpo, concentrando-se no seu baixo ventre.

A calça de Máscara da Morte foi retirada por ele mesmo, enquanto continuava a massagear o membro de Shura, que estava quase todo para fora de sua calça. E depois, sua camiseta foi retirada e jogada para trás, caindo de qualquer jeito no chão empoeirado.

Quando Shura abriu os seus olhos, viu o peito desnudo de Máscara da Morte a sua frente, e então olhou para todo seu corpo, vendo que ele já estava sem vestes alguma. Ele puxou o rosto de Máscara da Morte com a mão e beijou sua bochecha ternamente, para depois dar um longo selo em seus lábios, num gesto muito carinhoso.

E essa era uma diferença gritante entre Shura e Afrodite. Diferentemente de Shura, Afrodite estaria gritando e gemendo algo, para depois morder todo seu corpo e arrancar beijos violentos de seus lábios. Ele não tinha respeito por si mesmo e não teria orgulho algum, deixando Máscara da Morte fazer o que bem entendesse com seu corpo.

Máscara da Morte se afastou das mãos carinhosas de Shura para descer seus lábios por sua pele, irritando-se com a fina camada de roupa que ele usava, mas ela não ficou ali por muito tempo. Junto com a ajuda de Shura, as suas vestes foram jogadas longe, fazendo-o ficar nu.

As pernas de Shura fecharam-se na cintura de Máscara da Morte, prendendo-o com força. E agora ele atacava os lábios do outro, sentindo seu gosto novamente, adorava beijá-lo, podia ficar horas e mais horas assim, mas seu companheiro era demasiado impaciente.

Outra diferença, Shura era muito mais forte que Afrodite. E até podia tomar a posição de Máscara da Morte sem muitos problemas, e era isso que Máscara da Morte gostava, ser dominado também.

As posições foram invertidas por Shura, que agora estava em cima de câncer. As mãos de Máscara da Morte foram colocadas lado-a-lado no alto de sua cabeça, enquanto tinha seus lábios atacados carinhosamente pelos de Shura. E a boca de Shura foi descendo e ele foi soltando os braços de Máscara da Morte, fazendo suas mãos deslizarem espalmadas por seu corpo, até o momento que ele parou no seu alvo.

Um carinho gostoso foi dado a Shura pela mão que parou em sua cabeça. Máscara da Morte acariciava seu couro cabeludo e brincava com algumas pequenas mechas, que deslizavam por seus dedos.

A boca de Shura abriu-se e se fechou sobre o membro de Máscara da Morte, que se apoiou nos cotovelos para ver o trabalho que Shura fazia logo a baixo. Seus olhos foram se estreitaram com o desejo e prazer que sentia, e seu corpo começou a tremer levemente em leves espasmos.

- Shura... vem aqui – pediu, puxando-o pelos cabelos lentamente.

Eles beijaram-se e Máscara da Morte foi se virando, ficando por cima novamente.

O corpo de Shura foi virado, ele agora estava de barriga para baixo. Ele se apoiou nos seus cotovelos se erguendo um pouco e olhando para trás, recebendo um beijo rápido de seu amante.

Shura gemeu alto ao sentir o membro de Máscara da Morte romper sua passagem, entrando lentamente em seu corpo. Suas mãos fecharam-se no lençol escuro, e seus dentes foram cerrados para não emitir nenhum som, pois ele mesmo não gostava de ficar gritando.

Quando o membro de Máscara da Morte entrou, ele parou um pouco e tocou mas costas de Shura e começou a beijá-las, sentindo o gosto salgado de seu suor ali. Depois foi indo mais para frente, para beijar sua nuca, fazendo cócegas no corpo do outro, que se arrepiou. Máscara da Morte ouviu uma risada baixinha de Shura, e então continuou a beijar seu pescoço, até que sentiu urgência em se mover.

Um lento vai e vem foi iniciado então. Máscara da Morte fechou sua mão na mão de Shura que estava logo à frente, sentindo os dedos de Shura se entrelaçarem com os seus. E agora, seus corpos moviam-se em uníssono, numa cadência lenta e prazerosa.

Minutos depois, o corpo de Shura foi virado para cima novamente, e agora ambos podiam se olhar abertamente, vendo o prazer nos olhos do outro.

As pernas de Shura fecharam-se nas costas de Máscara da Morte novamente, e ele sentiu aquele membro lhe penetrar novamente, adorando senti-lo. E os dois continuaram a se mover, sentindo o corpo do corpo do outro, ouvindo seus gemidos tão secretos e íntimos que ninguém mais poderia ouvir.

O momento era único, ninguém podia se meter ali ou mesmo repetir tal ato na mesma intensidade. Seus olhos estavam injetados de prazer e felicidade, e isso era algo que ambos não mostravam interesse em dividir com ninguém além deles mesmos.

E nesse momento, ambos chegaram ao seu prazer máximo, sentindo seus corpos agradecerem por esse momento de paz. E suas mentes tão atordoadas com os problemas daquele inferno, nesse momento relaxaram, ficando em brumas. Um só pensava no outro e foi assim, que caíram exaustos no colchão.

Eles estavam pegando no sono, sentindo o corpo do outro. Não era necessário nenhum cobertor para aquecê-los nesse momento. No entanto, a paz que reinava foi quebrada sem esforço algum. A porta do quarto foi aberta e Afrodite entrou.

- Sai, sai e sai! – disse Shura, sentando-se na cama, fazendo Máscara da Morte ter que se sentar, ou ele iria ser jogado no chão.

- Não, não e não! – disse, irritado.

- Afrodite, eu não disse para ir no meu quarto? O que faz aqui? – indagou Máscara da Morte, bocejando.

Shura olhou irritado para Máscara da Morte, mas infelizmente ele estava acostumado a essa divisão ridícula.

- Não estou interessado em você – disse Afrodite – eu quero você, Shura!

- O que? – Shura e Máscara da Morte indagaram em uníssono.

- Algum problema? – indagou, com a maior cara de pau.

- Eu não vou deixar – disse Máscara da Morte.

- O que? Agora vai me dizer que eu não posso me envolver com outro homem? E você Shura, vai deixar isso assim? Afinal, não é um relação a três? Então...

Shura ficou em silêncio pensativo, não entendendo o motivo de Máscara da Morte não aceitar isso. Devia ser puro egoísmo, pois ele não queria dividir, mas não se importava nenhum pouco com os sentimentos dele ou de Afrodite.

A fim de sentir o ciúme e provocação do outro, Shura sorriu de canto, mesmo detestando Afrodite, e disse:

- Tudo bem, você me tem hoje.

Máscara da Morte olhou desesperado para Shura, não acreditando no que acabara de ouvir, e nem mesmo Afrodite acreditou que ele iria aceitar de boa, mas aquilo havia sido muito satisfatório.

- Então, Máscara da Morte, nos dá licença? Vou levar Shura a um lugar interessante.

Shura se levantou e começou a se vestir, pegando as roupas jogadas. E quando se vestiu, Máscara da Morte continuava sentado na cama sem conseguir processar o que estava acontecendo.

- Shura... – Máscara da Morte o chamou, mas ele já havia saído do quarto.

Shura e Afrodite andavam lentamente por um corredor de pedras, era uma região que Shura nunca havia ido, mas Afrodite mostrava saber para onde estava indo.

- Então, quer mesmo meu corpo? – indagou Afrodite, sabendo a resposta.

- Óbvio que não. E por que não me deixa em paz?

- Eu irei lhe deixar em paz, hoje mesmo. Afinal, Máscara da Morte que me pediu para ir chamar você, por isso mesmo que ele nem se moveu.

Shura arregalou os olhos, indignado, ele sentiu-se mal de repente por estar caindo no joguinho sujo deles.

- Ele pediu para você? – indagou, mas falava mais consigo mesmo do que com o outro.

- Óbvio! – disse, rindo alto – afinal, ele não está nem aí para nós dois.

- Nem aí... – repetiu as palavras, sem sentimento algum.

- Exato. Quanto mais ele se divertir melhor, eu até acho que ele está arrastando as asinhas para o Saga.

- Saga? – indagou, indignado e se assustando também.

- Sim, mas o saga está de olho em outra pessoa há muito tempo.

- Outra pessoa? Quem?

- Segredo! Isso não vou lhe dizer. No entanto, eu gosto do Máscara da Morte e ele de mim, mas você está sendo tão inconveniente.

- Não tente me envenenar, Afrodite – disse, conhecendo muito bem o seu jogo.

- Sim, não vou tentar. Mas vou levar você num lugar, que eu e Máscara da Morte escolhemos... – disse, rindo alto.

Nesse momento, Shura não conseguiu entender o que aconteceu, mas tudo ficou muito escuro de repente e ele sentiu uma forte pancada na cabeça. Quando abriu os olhos, viu-se num quarto claro e cheio de cortinas avermelhadas.

- Onde... estou? – indagou, vendo que tudo estava muito difuso.

Quando finalmente recobrou por completo a consciência, Shura viu que estava preso numa cama com correntes de ferro muito grossas, que estavam envolvidas por cosmos fortes.

Olhando mais à frente, Shura viu Máscara da Morte sentado numa cadeira de ferro e ele também estava amarrado e com uma cara assassina.

- Máscara da Morte... – chamou por ele, e o outro lhe olhou com desespero.

- Shura, eu... – Máscara da Morte ia dizer algo, mas Afrodite entrou no quarto com 3 espectros que pareciam ser de um cargo mais alto, por seu modo de se vestir, sua postura e jeito de falar.

Um espectro colocou uma coleira no pescoço de Máscara da Morte, mas não era um objeto comum, pois ele tinha um brilho negro muito enigmático.

- O que é isso? – indagou, sentindo suas energias esvaírem.

- Isso é um detector de mentira – disse Afrodite – agora vamos brincar, junto com meus amigos.

Os outros espectros se aproximaram de Shura, que estava sem roupa alguma, e quando se aproximaram, começaram a tocar em seu corpo.

- Se afastem... tirem as mãos de mim – gritou, tentando se soltar, mas logo foi golpeado.

Afrodite sentou-se em uma poltrona ao lado de Máscara da Morte e começou a conversar com ele.

- Se você não me responder, esse negócio em seu pescoço lhe dará um forte choque... isso é por você ter me tratado daquele jeito, isso é por você pisar em mim e até mesmo por pisar em Shura, que coitado, é um bobo apaixonado, mas eu não sou mais apaixonado por você!

- Mesmo? Então nos solte!

- Você ficaria no lugar de Shura?

- Hum?

- Ficaria? – indagou mais uma vez.

Máscara da Morte não respondeu e recebeu um choque, fazendo responder obrigatoriamente, como se seus lábios movem-se por vontade própria.

- Não – disse finalmente, chamando a atenção de Shura, que ficou entristecido.

- Hum... claro, você não gosta dele realmente. Agora vamos ver, você gostaria de estar no lugar daqueles homens?

- Sim – respondeu novamente, sendo forçado por aqueles choques.

- Você me amou alguma vez?

- Não.

- Me desejou?

- Sim.

Afrodite riu alto, e então perguntou:

- Você gosta de Shura?

- Sim.

- O ama?

- Ahh... eu... Não! – disse finalmente.

- Está brincando conosco?

- Mais ou menos...

Shura tinha seu coração destruído a cada palavra de Máscara da Morte, ele nem prestava atenção no seu corpo que estava sendo rasgado e invadido por aqueles bestas.

- Você morreria por Shura ou por mim?

- Não.

- Por quem morreria?

- Ninguém – disse, sentindo pela primeira vez uma lágrima escorrer por seu rosto, então ele disse – eu gosto de você Shura... te adoro, não sei o que sinto, mas isso são coisas que eu...

- Cala a boca! – gritou Afrodite, fazendo uma corrente elétrica passar por seu corpo – as suas palavras superficiais não tem efeito sobre o que está no seu coração, senhor crueldade.

- Se for conveniente para você ficar com Shura na Terra, você ficaria?

- Sim – disse, até mesmo por vontade própria.

- Ah! E se não fosse conveniente?

- Não.

- Claro, nada que te faça mover um dedo não presta.

- Mas eu quero ficar com ele, não penso no futuro – disse – eu o quero e...

- Shhhh! Mas se algo acontecer logo você o jogará fora, como eu.

Shura gritou chamando atenção dos dois. Máscara da Morte começou a se remexer tentando se soltar, mas era inútil e logo recebeu uma forte descarga elétrica.

- "Shura... eu... eu não te amo, mas estou quase lá... não acredite nisso, não acredite. Eu sei que não sou uma pessoa boa como você, mas tente entender o que eu sinto. Maldito Afrodite, maldito..." – pensava Máscara da Morte, deixando escorrer algumas lágrimas.

- Que cena linda. Se aqui tivesse uma câmera, eu gravaria com muito prazer – disse, alegremente, batendo palmas.

E nesse ritmo, o corpo de Shura foi estraçalhado por aquelas mãos sujas e nojentas, mas sua mente felizmente estava longe, mas em um lugar cheio de mentiras e sentimentos arruinados. Ele sentia-se um idiota por confiar nas poucas palavras de Máscara da Morte, mas tinha que admitir que o outro nunca havia feito promessas, e que ele mesmo o havia idealizado de uma maneira muito fantasiosa.

E as horas passaram e Shura era o mais prejudicado. Ele sentia ódio por Afrodite fazer aquilo com ele, e sentia-se traído por Máscara da Morte apesar dele não estar fazendo nada.

- "Eu nunca vou te perdoar, nenhum de vocês!" – pensava Shura.

- "Não... isso não pode acontecer, não é verdade. Eu não quero te perder..." – pensava Máscara da Morte, aflito por não conseguir se expressar. Por que Afrodite não fazia as perguntas certas? Aí poderia mostrar que não era aquele monstro.

- E a noite só está começando... – disse Afrodite no final, fazendo Máscara da Morte arregalar os olhos, para ver Afrodite andar até a cama, onde Shura estava quase inconsciente.

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"Ame a quem te ama, não a quem te sorri, pois quem te sorri te engana,
e quem te ama, sofre por ti".
(Anne Frank)

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Continua...

Hello! Finalmente, terminei o capítulo, não que eu demore a fazê-lo, mas é porque eu esqueci completamente dessa fanfiction, sabe? Falta de comentários resultam nisso... pois eu tenho outros trabalhos.

Aí está o grande mistério que envolve o francês, espero que vocês entendam o sentimento dele. Além de ter sido violentado, também foi amaldiçoado. E não, radamanthys não morreu depois da batalha contra Hades, pelo menos não na minha fanfiction.

Não escrevi o dark lemon, pois eu não estou a fim de fazer essa história que para mim é bastante leve virar algo muito obscuro. Os meus darks lemons são pesados demais e acho que alguns leitores que começaram a ler um tipo de história, não deveriam se surpreender no meio e parar de lê-la. Portanto, estou mostrando mais os sentimentos das personagens. Caso queiram algo mais forte ou mais leve, mandem comentários. Apesar de que eu não mudarei o contexto.

Shura, Afrodite e Máscara da Morte, eles não se falam por causa do sofrimento que passaram e por terem descoberto tantos sentimentos ruins uns com os outros. Acho que o único que pode ser menos revoltado é o Máscara da Morte, pois foi ele que causou tudo.

E quanto ao Saga. Este simplesmente tem um amor não correspondido. Coitado!

Perguntaram-me os porquês de eu ter feito o Camus beijar o Saga no meio da fanfiction se ele ia se revelar para o Milo. Explicação: Ele iria contar realmente, mas sentiu que seria sofrimento demais e Milo podia fazer uma besteira (com certeza ele faria), então ele acabou usando saga ao lado dele. Foi um momento crítico.

É isso o que tenho a dizer. Espero receber comentários, isso é, se vocês realmente querem ver a fanfiction. Obs: eu não mordo.

Obrigada por todos aqueles que comentaram. Valeu mesmo, sem vocês eu não conseguiria fazê-la. Mando um beijo especial para Lily, que me incentiva bastante, apesar de não termos nos contatado mais.

Ah! E obrigada por lerem.

Leona-EBM