Capítulo 08
Invasão Demoníaca
"Amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre,
ou nunca se amou verdadeiramente".
(Guimarães Rosa)
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"No começo eu não queria ouvir o que você tinha a me dizer. Você me magoou tanto que meu coração pegou aversão a você, mas mesmo assim eu continuo a te amar... Portanto, não me deixe". (Shura)
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As pálpebras pesadas de Milo foram se abrindo lentamente, ele olhou ao redor, vendo que não reconhecia o cômodo aonde se encontrava. Ele vasculhou a área procurando por alguém, quando a porta de madeira do quarto se abre.
- Milo!
- Aioros?
- Que bom que você acordou, estava ficando preocupado – disse, aproximando-se.
- Mas... Mas... Camus! Cadê o Camus? – indagou, olhando desesperadamente para os lados – onde? Onde?
Aioros respirou fundo e então, começou a falar pausadamente, tentando buscar forças para explicar toda a situação.
- Eu acho que você não deveria mais procurá-lo.
- O que? Como assim? Aioros! – gritou, sentando-se de repente na cama, sentindo todo seu corpo tremer levemente e uma dor latejante preencher sua cabeça.
Aioros fechou os olhos. Estava sendo difícil ter que explicar para um coração apaixonado, que o outro coração que ele amava estava longe demais de suas mãos. Ele mesmo não queria acreditar nas palavras de Camus até agora, pois o olhar do francês era muito suspeito. No entanto, havia visto com seus próprios olhos que Milo foi encontrado quase morto ao seu lado.
Um momento de silêncio e Aioros foi agarrado por Milo, que agora se levantou da cama e começou a lhe encher de perguntas.
- O Camus disse que não te quer mais. Ele disse que é esse o motivo, e disse que até foi bom conhecer Radamanthys – disse finalmente.
O corpo de Milo parou de se mover, ele deu um passo cambaleante para trás e sentou-se na cama, com um olhar arrasado num misto de decepção e incredulidade. Ele olhou para Aioros, mas este fechou os olhos e fez um "não" com a cabeça.
- Ele... ele não me disse nada – disse Milo.
- Nós o encontramos quase morto ao seu lado! Milo! Ele quase te matou! – disse preocupado.
- Matar... eu... eu não... o Camus não me atacou – disse, olhando para os olhos de Aioros, que ficaram surpresos.
- Acho que você não se lembra – comentou – Milo! Você está dormindo há uma semana e dois dias!
O mundo caiu de repente para Milo, ele ficou um tempo em silêncio, sua alma parecia ter morrido, pois seu corpo caiu para trás, ficando deitado naquela cama vazia. Seus olhos estavam sem foco algum, ele ouvia a voz de Aioros de longe, mas não respondia, não tinha vontade de fazer mais nada.
Sua mente o levou para um lugar onde ele sentiu-se feliz finalmente. Ele perdeu a consciência, lembrando-se de um dia qualquer, mas para ele, aquele dia era importante, pois Camus estava lá, com ele, sorrindo como antes.
Aioros arrumou Milo na cama e passou a mão por sua testa, vendo que ele ainda estava com febre, que por sorte havia baixado no dia anterior, ou então teriam que levar Milo para um hospital.
A porta do quarto abriu, nela entraram Mu e Kanon, e ambos possuíam uma face preocupada.
- Ele acordou – comentou Aioros.
- Verdade? – ambos indagaram em uníssono, felizes.
- Sim, mas quando lhe contei... ele não acreditou e caiu – disse, entristecido.
Mu se aproximou e sentou-se na beira da cama, tocando na face de Milo, vendo como ele suava. Ele ficou olhando-o com carinho e uma atenção demasiada, nesse momento, Aioria entra no quarto, carregando uma bacia de água.
Ele foi se aproximando, vendo que Milo ainda estava desacordado. Ele colocou a bacia em cima da cômoda e ficou a olhar para o ariano, que tinha um olhar perdido. Não pôde evitar, sentiu ciúmes.
Aioros, que conhecia seu irmão melhor que ninguém, percebeu o seu incômodo. Sagitário, colocou as mãos nos ombros de Mu e disse:
- Vamos deixá-lo descansar.
- Hum... – Mu se levantou a contra gosto e saiu do quarto, com um olhar cabisbaixo.
Aioria acompanhou o ariano com o olhar e foi atrás dele rapidamente. Quando saiu do quarto, viu que Mu havia se deparado com seiya, que atravessava agora a casa de sagitário.
- Bom dia – disse seiya, sorridente.
- Bom dia.
- Como Milo está? – indagou.
- Mal, mas já acordou.
- Mesmo? Que bom. Qual foi a reação dele?
- Hum... te interessa?
Seiya deu duas piscadas a mais, para ver se era realmente o ariano que estava na sua frente, e então tornou a perguntar:
- Qual foi à reação dele?
- Você é surdo?
Vendo que era mesmo o ariano na sua frente, seiya apenas deu de ombros e saiu andando, comentando baixinho:
- Povo estressado.
Aioria foi se aproximando lentamente, tocando levemente na mão de Mu que o encarou sem nada no olhar, ele parecia estar aborrecido.
- O que foi, Mu? – indagou – parece triste.
- E não era para estar? Milo... ele está acabado. Camus está matando-o aos poucos.
- Pelo que meu irmão disse, Camus não quer mesmo voltar para ele. Não podemos fazer nada.
O ariano fechou os olhos e respirou bem fundo, e então tornou a dizer:
- Por que isso de repente?
- Pensando bem, não foi de repente. Faz tempo que os dois se separaram, vai ver que Camus realmente viu que não gostava mais dele e...
- Cala boca Aioria! – gritou Mu.
- Mu? – o chamou, dando algumas piscadas a mais, vendo se era realmente o gentil ariano que estava na sua frente.
- Você não sabe... eu conversava muito com Camus. Sempre estava no meio deles... enquanto você treinava, enquanto você se isolava dos outros pensando que seu irmão era um traidor, enquanto isso... nós três tínhamos uma relação agradável – desabafou – alguém que vê por fora deve pensar que nem vocês! Oras, Kanon sempre esteve fora, Aioros estava morto e você longe demais. O que vocês acham que sabem? Como puderam deixar Camus sozinho? Como não tentaram ver a verdade?
- Mu, eu...
- Não diga mais nada Aioria, sairá besteira com certeza – disse, revoltado – estou cansado de vocês ficaram prendendo Milo, tentando esconder-lhe as coisas. Eu quero ajudar os dois, e eu sei quem pode me responder as cosias.
Mu ia falar novamente, mas atrás deles, ele ouve um som de alguém batendo palmas. Os dois cavaleiros viram que era Dohko descendo, e ele tinha um sorriso aberto no rosto.
- Isso mesmo, Mu. Eu concordo com você.
- Dohko? – Aioria, franziu o cenho intrigado – o que faz aqui?
- Isso não vem ao caso. Mas eu estou ficando doente dessa história. Eu preciso falar com Milo.
- Ele está desacordado – disse Mu.
- Sem problema. Venham comigo, também.
Os três entraram na casa de sagitário. Aioria estava pensando nas palavras de Mu, vendo se realmente tinha alguma verdade encoberta naquela situação, mas Aioros havia lhe dito com todas as palavras, que Camus não o queria mais.
Quando entraram no quarto, Kanon e Aioros miraram seus olhares em Dohko, que entrou, cumprimentando-os com um aceno na cabeça, para logo depois ir até Milo.
- Ele ainda está desacordado – comentou Aioros – E o que você faz aqui?
- Er... Nada!
Dohko sorriu de canto e tocou na testa de Milo, chamando-o mentalmente. Ele ficou um bom tempo assim, até que os olhos de Milo foram abertos lentamente.
- Olá, bela adormecida – disse Dohko – vamos, acorde. Camus está te esperando.
- Dohko! – Aioros gritou, enfurecido – pare de brincar!
Dohko virou-se para Aioros, com um semblante sério e indagou:
- Alguém por acaso está brincando aqui, cavaleiro? Pois eu não estou.
Milo sentou-se de repente na cama, mas logo caiu para trás, sentindo sua cabeça latejar, além de perder as forças por lembrar das palavras de Aioros. Ele mirou seu olhar em Dohko, não entendendo o motivo dele estar ali.
- O que você faz aqui? – indagou, Milo.
- Ai! Que coisa. Vim ver Shion, satisfeitos? – disse, contrariado.
Todos se olharam e sorriram de canto, menos Aioros que estava revoltado com a atitude dele. Era inadmissível ficar brincando com os sentimentos do outros daquela maneira, não podia iludir Milo.
- O que faz deitado? Sabia que o Camus te espera? – indagou Dohko.
- Me... me espera? – indagou, hesitante – onde?
- Não sei, ele sumiu de Asgard. Você não o prendeu direito e ele fugiu – sorriu em seguida – vai lá, atrás dele.
- O Camus... não quer me ver – disse entristecido, afundando a cabeça no travesseiro.
Uma risada alta preencheu o quarto, assustando a todos. Então Dohko parou, retirando algumas gotas de lágrimas que formaram no canto de seus olhos.
- Quem disse? O Camus? Não me faça rir, Milo.
- Ele me disse! – disse Aioros – ele disse com todas as palavras. Meu irmão estava lá também para confirmar.
- É verdade – reforçou Aioria – eu ouvi também.
- Vocês... definitivamente julgam um livro pela capa – disse.
- Hum? – indagou Aioria, não entendendo.
O mestre ancião que agora não tinha absolutamente nada de ancião, apenas respirou fundo e voltou a olhar para Milo, que tinha um olhar perdido. Ele havia perdido as esperanças.
- Shion finalmente desistiu ao ver o que tinha acontecido com você – começou – ele está infeliz por não ter conseguido proteger ninguém. Além de vocês dois, Shura está com o coração destruído.
- Shura? – indagou Milo, sem entender – o que ele tem haver?
- Com Camus, nada. Mas ambos sofreram bastante, digo que Shura deve ter morrido e seu corpo se esqueceu de parar de se movimentar. Já o viu Milo? Ele parece um zumbi – disse, entristecido – Shion, sente-se culpado por não conseguir protegê-los, mas ele foi preso e ficou longe deles.
- Sim, Shura parece uma casca vazia – comentou Kanon.
- E quanto a Afrodite, este não deveria continuar vivo, convivendo conosco. Eu acho isso, pelo menos – disse Dohko.
- Eu também! Acho que deveríamos expulsá-lo – disse Kanon, sentindo seu sangue ferver.
- E quando a Máscara da Morte, ele tem muita culpa, mas é um infeliz. E acho que ele está desejando morrer agora – sorriu de canto – finalmente alguém derreteu aquele coração, e agora ele está sofrendo.
- O Máscara da Morte? – Kanon riu alto – ele não se importa com ninguém, não viu o que ele fez?
Dohko respirou fundo e disse:
- Definitivamente vocês julgam um livro pela capa!
- Como assim mestre? – indagou Mu.
- Vocês só vêem a imagem que lhe és fácil e favorável. Não vêem o olhar morto de Shura, até agora, ninguém foi consolá-lo. Vocês não vêem a face perversa de Afrodite. Vocês não vêem a tristeza no olhar de Máscara da Morte. Vocês não vêem a força descomunal no olhar de Camus e vocês... também não vêem a tristeza que abrange Saga, que ninguém sabe o que aconteceu com ele, apenas Shion – disse, entristecido – resumindo, vocês não têm capacidade de ver corações. Se vir isso, perceberão que todos estão no desespero.
Todos ficaram em silêncio por um tempo, pensando na chegada dos cavaleiros que haviam ido ao inferno. Lembrando-se do dia que tudo foi esclarecido e Atena os ressuscitou, para que pudessem viver com eles novamente.
Nenhum cavaleiro estava com um sorriso no rosto. Todos estavam mudados e com olhares vagos e vazios, e seus cosmos, antes tão fortes e orgulhosos, agora estava trancafiados em seus peitos.
- Eu quero vê-lo – disse Milo finalmente.
- Eu vou lhe contar tudo Milo, mas prometa-me antes – começou – que você não irá sair desse quarto como um louco.
- O que? – indagou sem entender.
- Prometa-me... ah! Deixa quieto, você vai sair correndo daqui que nem um louco e ninguém vai te segurar – disse, assustando a todos.
Milo com muita dificuldade sentou-se na cama e ficou a olhar para Dohko com tanta curiosidade, que estava se segurando para não agarrá-lo e obrigá-lo a falar rapidamente. Seu peito parecia que iria explodir de ansiedade.
- Radamanthys... – começou, chamando a atenção de todos – não sei como, mas ele lançou uma maldição em Camus, ao ver que Camus não iria ficar com ele – tossiu levemente e continuou – e essa maldição diz o seguinte: se a pessoa que você ama o tocar, ela irá morrer. Então Milo, o fato de você ter sido encontrado desacordado ao lado de Camus, foi porque você o tocou, não foi?
Todos ficaram em silêncio, Milo quase teve um ataque de nervos, ele estava tão abobado que nem conseguiu se mexer. Aioros foi se aproximando lentamente, até perguntar:
- Por que Camus disse...
- Ele disse aquilo para afastar Milo dele – disse, contando Aioros – e conseguiu!
Todos ficaram em silêncio. Milo por sua vez estava ficando cada vez mais revoltado, ele tentou se levantar da cama, pensando em ir encontrar Camus, mas seu corpo estava fraco demais. Ele apenas caiu para trás novamente, exibindo um olhar medonho.
Um grito alto e carregado de ira invadiu todo aquele quarto, onde as paredes não foram fortes o suficiente para segurá-lo, fazendo assim o grito preencher o santuário inteiro. Era Milo que mostrava toda sua fúria, ele se debatia enquanto gritava de tanto ódio.
- EU VOU MATAR AQUELE FILHO DA PUTA!
- Milo... calma – pediu Aioros, um pouco hesitante, pois ele mesmo sentia-se mal com tudo aquilo. Por ele não ter percebido toda a verdade por trás daquele olhar carregado de desespero.
- EU VOU DESCER ATÉ AQUELE INFERNO E ACABAR COM ELE!
- Para... – Dohko começou a falar, fazendo Milo prestar a atenção nele – quebrar a maldição. Radamanthys tem que morrer realmente.
- Nem precisa me dizer... mesmo que não precisasse, eu iria matá-lo! – disse, tremendo violentamente, cerrando seus dentes com força, trincando-os.
Enquanto Milo estava tendo um ataque de raiva, surpreendendo a todos, que no final das contas também estavam revoltados com toda aquela situação. Na casa de capricórnio, Shura havia acabado de acordar de um pesadelo.
Ele sentou-se na cama de repente e olhou para sua janela, levantando-se rapidamente, indo até ela para ver o que acontecia naquele santuário. Ele podia ouvir ao longe a voz de Milo, gritando que iria matar alguém.
"RADAMANTHYS EU VOU TE MATAR POR TER TOCADO NELE".
Ouviu novamente, fazendo seus olhos ficarem tristes. As lembranças estavam presas em sua cabeça, ele não conseguia pensar em mais nada a não ser na dor daquele inferno. Foi inevitável, pois logo se lembrou dos toques de Máscara da Morte.
- Que ódio, que ódio, que ódio! – gritou, puxando seus cabelos com força, enquanto batia sua cabeça contra a parede, com certa força – maldito! Como eu te odeio!
Depois do seu acesso de raiva, Shura saiu do quarto, batendo a porta com tanta força, que algum pedaço de madeira acabou se partindo. Ele andava pelo salão, vendo que sua casa estava vazia. Era noite, e seus empregados haviam sido dispensados apesar da relutância, pois eles se preocupavam com Shura.
Capricórnio saiu de sua casa, ele começou a descer a escadaria, indo até a casa de sagitário. Ele queria saber o que acontecia, queria ver pessoas diferentes, não agüentava mais ficar pensando na mesma coisa todos os dias. Precisava de novos ares, ou então iria morrer.
Quando ele entrou na casa de sagitário, sentiu vários cosmos ali. Ele foi se aproximando até que entrou no quarto, recebendo os olhares de todos. E acabou se surpreendendo ao ver Dohko ali.
- Dohko, o que faz aqui? – indagou. Sua voz saiu fraca e baixa, fazia muito tempo que não falava com ninguém.
- Ah! Por Atena, não é óbvio? Parem de ficar perguntando – disse contrariado.
Shura não disse mais nada, ele viu o olhar atento de Aldebaran na sua direção, sentindo-se incomodado. E vendo o olhar dos outros cavaleiros, ele acabou ficando tímido, e aos poucos foi dando uns passos para trás, afastando-se.
- Não pense em sair daqui, Shura – disse Dohko – chega de isolamento.
- Eu... não – Shura começou, mas não conseguiu terminar.
- Shura... – a voz fraca de Milo o chamou, fazendo todos prestarem atenção – o Camus, me diga... Diga-me tudo que você sabe.
- Eu... não sei de nada realmente. Mas essa história que o Camus não gosta de você é mentira – disse – Camus nunca diria isso, nem fugiria do santuário se isso fosse verdade. É uma mentira.
- Já sabemos – disse Mu.
Os cavaleiros estavam todos reunidos, faltavam apenas quatro deles: Afrodite, Máscara da Morte, Saga e Camus para terminar tudo bem. No entanto, o primeiro não era muito desejado.
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Uma semana havia se passado. Milo estava melhorando numa velocidade extraordinária. Tudo isso era sede de vingança misturada com muita ansiedade. Ele queria botar um fim naquela história.
Era uma noite fria e chuvosa. Milo saiu sorrateiro da casa de sagitário, pegando sua armadura e sumindo de repente, indo para longe dos olhos de seus amigos. Ele queria ir até o inferno, queria ficar frente-a-frente com Radamanthys, queria subjugá-lo, destruí-lo e no fim matá-lo.
Milo estava num ponto longe do santuário. Ele sabia como abrir o portal para o mundo inferior. Ele foi elevando seu cosmo a um grau onde ele pensou que seu corpo fosse explodir de tanta energia. No entanto, era uma sensação prazerosa apesar da dor latejante que sentia na cabeça. Ele elevava seu cosmo até o oitavo sentido, vendo que tudo a sua volta começava a ser sugado para um buraco, onde uma atmosfera horrível o puxava. Seu corpo foi para dentro dele, saindo daquele espaço, indo para outro mundo.
Seu corpo caiu de repente. Ele abriu os olhos, tentando ver onde estava e percebeu que estava em cima de esqueletos. Seu corpo foi se levantando aos poucos, vendo um enorme campo onde havia vários corpos jogados no chão e alguns ainda não haviam entrado em decomposição. Havia um sangue seco no chão e nas paredes de pedra. Alguns corpos estavam jogados em cima de pedras pontudas, os dividindo no meio, mostrando a carne podre.
Milo foi andando pelo campo, tentando não pisar nos corpos, mas não tinha como, pois o chão era feito de corpos. Ele ouvia os ossos se quebrarem em seus pés. Seus olhos miraram o corpo de uma criança jogada no chão, vendo que seus membros inferiores haviam sido arrancados, deixando alguns vasos escorrendo para fora. Aquela visão o deixou enojado, mas ele estava perplexo com a idade da criança, pensando em como podiam permitir tal crueldade. Mais a frente, haviam corpos jogados em alguns pilares, com expressões carregadas de desespero na suas faces.
Um grande castelo estava à frente, era a morada do falecido Hades, entretanto, as coisas pareciam ter piorado com sua morte. Ele foi andando, sentindo seu corpo ficar cada vez mais pesado, seu próprio cosmo estava deixando-o, pedindo por socorro, não agüentando ficar mais naquele lugar.
O céu era escuro como a noite da Terra, mas não tinha sua beleza e cumplicidade com as estrelas. Era um céu negro, sem brilho ou expressão alguma, tendo algumas manchas vermelhas no centro, parecendo formar um rodamoinho.
Milo passou pelo arco de pedras, vendo que as pedras estavam soltas. Ele adentrou no castelo, vendo que parte dele estava completamente destruído. Ele sentia um calor anormal emanando pelo local, seu corpo inteiro estremeceu; e ele continuou a andar, olhando para os lados, deparando-se com outros corpos, que lhe eram muito grotescos. Não eram corpos de humanos, mas sim de demônios. Eles não tinham pele e muito menos uma face humana, eles eram amarelados, cor de mel e seu corpo era envolvido por uma gosma verde, que parecia ser bastante pegajosa.
Com passos lentos, Milo se aproximou de um deles com curiosidade, vendo que ele não tinha olhos, no lugar havia dois buracos fundos e escuros. Milo ficou olhando-o, vendo que ele não se parecia com nenhum quadro de demônios feito por humanos. Realmente, humanos não tinham idéia de como os demônios poderiam ser tão feios, nenhuma mão humana seria capaz de reproduzi-los em uma tela.
- "Camus... você ficou nesse lugar" – pensou Milo, entristecido.
De repente, cortando o silêncio daquele lugar, uma rocha que estava no teto acaba se desprendendo, caindo no chão. Milo se assustou, mas ficou quieto, tentando ouvir algo e não demorou muito a acontecer. Sussurros podiam ser ouvidos de todas as partes, eram vozes carregadas de terror e obstinação.
- Ali... ali... comida... é minha...
- Estou vendo... é meu... é meu...
- Não... não é de nenhum de vocês... é meu... é meu...
Milo conseguiu ouvir finalmente, ele olhou para os lados, vendo vultos escuros andarem como aranhas pela parede. Eles se rastejavam e iam aos poucos se aproximando de Milo, vendo que eram demônios.
Escorpião ficou olhando para a criatura que se aproximava, ele não tinha olhos, eram dois buracos fundos e escuros, e caso você prestasse atenção, podia algumas imagens rápidas, passando por eles, deixando qualquer um confuso. Milo prestou mais atenção, perdendo-se naquelas imagens, vendo uma família humana, ora via um homem, ora via uma mulher; e de tanto pensar, Milo disse:
- Então. Você já foi um humano... essas são suas lembranças.
O demônio não entendeu, mas abriu um sorriso, exibindo uma boca repleta de dentes podres e aparentemente frágeis. A sua mão, magra, onde os ossos saiam ligeiramente foi erguida, mostrando suas garras para Milo, avançando nele. No entanto, Milo se moveu, saindo do alcance da criatura para logo depois chutá-la.
Os outros dois demônios tremeram, mas logo avançaram tendo o mesmo destino do outro. Quando os três estavam no chão, ele olhou para os lados, vendo que cada tijolinho daquela parede havia um casal de demônios olhando para ele. Alguns sussurravam algo, outros babavam de fome, outros mexiam seus ombros para trás e para frente, como se fosse uma onça se preparando para atacar.
- "Droga. São muitos!" – pensou Milo, vendo-se dentro de um filme de terror.
Do chão, alguns apareciam, como se desmaterializassem. O demônio que estava perto de Milo ao chão, de repente se mexeu. Eles não estavam mortos, e até mesmo os três que ele havia abatido estavam olhando para ele no momento. E de repente, num grito mútuo, todos avançam nele.
O castelo explodiu logo em seguida. Milo elevou seu cosmo o máximo que podia, estraçalhando aquelas criaturas demoníacas, que tiveram seus restos jogados longe. Quando terminou, Milo olhou em volta, vendo que uma forte névoa o envolvia, ele prestou atenção nos demônios que ficaram vivos, vendo que eles estavam ao seu redor, mas não via mais seus corpos, apenas seus vultos.
- Sumam! – gritou Milo, irritado. Aquelas criaturas lhe traziam tristeza, ele podia ver a vida passada deles em seus olhos que foram arrancados. Podia sentir a dor e tristeza nas suas vozes, sentia o cheiro forte da morte em suas mãos podres. E suas feridas fétidas, mostravam que ainda continuavam a sofrer.
- Eles não podem sumir, pois moram aqui.
Uma voz invadiu os ouvidos de Milo, ele vira-se na direção dela, vendo um vulto muito maior se aproximando lentamente. Ele estreitou seu olhar, vendo um homem da sua altura se aproximar, ele tinha cabelos no comprimento de seus ombros, além de uma aparência pálida e apática. Seus cabelos eram loiros e seus olhos eram claros e estreitos. Não havia dúvida, era Radamanthys.
- Finalmente um ser com consciência nesse lugar – comentou o antigo juiz – um prato cheio para eles – continuou, apontando para a criatura que se agarrou em sua perna, que agora tentava mordê-lo para comer sua carne. No entanto, Radamanthys o chutou, fazendo-o cair longe.
- Radamanthys! – Milo gritou, trincando seus dentes com ódio – eu vim aqui... para acabar com você.
- Demorou – disse, calmamente – estava com medo de vir antes?
- Maldito. Como ousou tocar nele? – gritou, enraivecido.
As pálpebras de Radamanthys se fecharam rapidamente, lembrando-se da face do francês, do seu rosto, do seu sorriso e por fim, da sua dor que ele havia causado. Depois abriu seus olhos novamente, vendo Milo a sua frente, invejando de certa forma o escorpião.
- No final ele voltou, mas não foi para você, não é? – indagou, sorrindo de canto – eu disse para ele, que não iriam ficar juntos novamente.
- Invejoso. Maldito! Vai pagar por tudo que fez a nós.
- Acha mesmo que pode me matar?
- Olhe para você! Está caindo aos pedaços, sua armadura se foi e seu Deus também. Não sei o motivo de ainda estar vivo, mas irei dar um fim a isso agora.
Sem demorar, Milo acabou avançando até Radamanthys, fechando o seu punho direto no seu rosto. No entanto, Radamanthys desviou-se rapidamente e golpeou Milo pelas costas, fazendo escorpião cair no chão. Milo olhou para cima, vendo o olhar assassino de Radamanthys, sem entender o motivo dele ser mais forte que ele. Mas não ficou muito tempo parado, pois Radamanthys elevou seu cosmo, jogando Milo longe.
O corpo de Milo caiu no meio de ossos, fazendo-os virarem pó. Ele se levantou, e apontou seu dedo indicador na direção de Radamanthys, fazendo sua unha crescer ligeiramente. Ele avançou, almejando acertar uma de suas agulhas naquele corpo, mas não foi rápido o suficiente e logo foi parar no chão novamente, com um ferimento gravo no abdome.
- Eu realmente gostei dele. Eu senti que era o único que podia me livrar da tristeza, da solidão – começou Radamanthys – mas, ele veio aqui com você na cabeça e mesmo que eu tentasse, ele nunca parava de pensar em você. Sempre você, você e você! Eu te invejei tanto... mas isso terá um fim. Eu pensei que você viria até mim, e agora, posso derramar minha frustração em você.
Milo tentava se levantar com esforço, vendo aquele homem se aproximar aos poucos. Quando conseguiu ficar de pé, Radamanthys começou a golpeá-lo com facilidade, fazendo-o tornar a beijar a terra fétida.
- Quando eu te matar... eu vou até ele... a adivinha o que vou fazer? – indagou, abaixando-se ao lado de Milo, puxando-o pelos cabelos – vou tomar aquele corpo de novo.
- Não... vai... mesmo – disse Milo, tentando se soltar.
- Você é tão fraco – comentou – eu teria pena. Acho que meus amiguinhos vão adorar devorar você – disse, olhando para os demônios que estavam a suas espreita.
O corpo de Milo foi jogado, batendo contra um amontoado de pedras, que acabaram por cair em cima do seu corpo. Radamanthys estava pronto para explodir toda a área com seu golpe fatal, mas de repente, uma luz invade o lugar, fazendo-o cobrir o rosto. Os demônios acabaram correndo de medo e alguns foram queimados vivos, pois entraram em contato com aquela energia. E no segundo seguinte, tudo se apagou, voltando ao normal. Radamanthys olha para frente, vendo que Milo havia sumido.
- "Bons amigos, escorpião" – pensou Radamanthys, olhando atentamente para o chão – "Nada esperto, você" – pensou em seguida, com um sorriso suspeito.
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Milo abre os olhos de repente, sentando-se logo em seguida, vendo um par de olhos lhe mirarem.
- Que bom que acordou, Milo – disse Shaka – ficamos preocupados.
- Você é louco? – gritou Aioros, aproximando-se.
- O que aconteceu? – indagou, olhando para eles – o... o... ah! Aquele maldito!
Shaka ergue a mão pedindo para ele se acalmar e Milo logo o fez, vendo que todos estavam com um olhar zangado para cima dele.
- Milo. No mundo inferior, todos os seguidores de Hades ou demônios são evidentemente mais fortes. A força de um humano como nós é reduzida, enquanto a deles é aumentada – disse Mu – o seu poder deveria ser de uns 30, enquanto de Radamanthys seria de 170, entende? Até mesmo aquelas criaturas demoníacas poderiam te matar se insistissem. Você tinha que ver quantas delas havia mais abaixo.
- Então... por isso era tão forte... – disse consigo mesmo.
- Sim. Não tente ir lá novamente – disse Aioria em seguida – quase o perdemos.
- MAS SE EU NÃO O MATAR, EU NÃO VOU MAIS PODER FICAR COM O CAMUS – gritou, enraivecido.
Todos se olharam de canto, e Kanon começou a falar.
- Vamos arrumar outro jeito, caso realmente não haja alternativa, todos nós vamos com você. Acho que assim podemos derrotá-lo.
Milo não disse nada, ele ficou olhando para suas mãos que agora estavam enfaixadas, logo em seguida olhou para o ariano, agradecendo pelos curativos.
- Co... Como sabe que foi o Mu? – indagou Aioria.
- Ele sempre fez curativos em mim quando o Camus se recusava. Aliás, muito obrigada por tudo – disse.
- De nada – disse o ariano, sorridente.
- Hum... – Aioria não disse mais nada, mas ficou se moendo de ciúmes.
Aioria aproximou-se lentamente de Kanon, que estava encostado na parede, dizendo baixinho:
- Parece que meu irmão está gostando do Mu.
- Que bom. Eles nem poder desconfiar "daquilo" que você pôs na sala. – comentou, baixinho.
- Sim, sim. Estou tão feliz com isso – disse – não suportava vê-lo com aquele fedelho.
- Sim – sorriu, aproximando-se lentamente de sagitário, para lhe roubar um beijo discreto e rápido.
A madrugada passou rápido, fazendo o sol aparecer no meio do céu. Milo havia ficado na casa de Shaka, que com a ajuda de Mu conseguiram socorrê-lo.
O sono tomou o corpo de Milo, e foi bom para curar suas feridas que foram amenizadas com o poder de cura de Aioria. Agora, nos seus sonhos ele se imaginava abraçando Camus, vendo seu sorriso e ouvindo sua voz carregada do forte sotaque francês que ele tinha.
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Na casa de Áries, alguns cavaleiros estavam reunidos. Eles estavam sentados nas fofas almofadas que se encontravam jogadas pelo chão do quarto. Os cavaleiros presentes eram: Aioria, Aioros, Kanon, Shaka, Ikki (que havia obrigado Shaka a levá-lo), Dohko e Aldebaran.
- Temos que tomar alguma providência – comentou Aldebaran – eu irei atrás de Camus.
- Sim, tem razão – disse Aioros – Camus precisa saber o que está acontecendo.
- Mas lembrem-se – começou Dohko – ele não quer ser encontrado. Não será tão fácil assim. Creio que Shaka poderia ir atrás dele... – disse, olhando para virgem, recebendo um olhar penetrante de Ikki – er... e o Ikki pode ir junto também.
- Assim está melhor – disse fênix, cruzando os braços e fazendo um "sim" com a cabeça.
Shaka apenas olhou seu namorado de canto e abriu um sorriso carinhoso, surpreendendo a todos, que estavam acostumados com a postura dura e fria de virgem, mas acabaram relevando. No amor, todos ficavam bobos e faziam coisas que jamais pensariam em fazer em toda a vida.
Todos ficaram boa parte da manhã conversando sobre o que poderiam fazer. Até que chegaram a um plano decente. Shaka e Ikki iriam procurar Camus, por causa dos poderes de Shaka. Aldebaran, Aioros e Mu iriam vigiar Milo, para que ele não cometesse mais nenhuma idiotice.
Shaka se levantou, arrumando suas roupas que ficaram amassadas e saiu do quarto, acompanhado por Ikki. Os outros cavaleiros foram se levantando também.
Kanon e Aioros foram os últimos a saírem, eles pareciam estar contentes, pois logo o santuário iria voltar ao normal, pelo menos era o que eles pensavam. Ambos subiam as doze casas.
- Kanon, vamos até minha casa – disse sagitário.
- Hum... tudo bem – sorriu.
Os dois continuaram, passando reto por gêmeos, indo até sagitário. Quando entraram na casa, Aioros não esperou chegar no quarto, ele puxou a mão de Kanon e o jogou na parede, prendendo seu corpo e começando a beijá-lo no pescoço.
Suas mãos desciam pelo corpo do outro, sentindo a respiração pesada e descompassada de Kanon, que tentava achar uma posição confortável, pois estava sendo esmagado naquela parede dura e fria. No entanto, Aioros não lhe deu espaço e começou a apalpá-lo, sentindo suas curvas como se há muito tempo não tivesse tocado-o.
- Aioros... vamos para o quarto – sussurrou Kanon, tentando manter-se são no meio daquele ataque.
- Hum... – Aioros não disse nada, apenas foi arrastando seu amado pelos corredores, subindo uma pequena escada de mármore até chegar ao seu quarto, abrindo a porta com um chute.
Kanon achou que Aioros havia enlouquecido, pois este havia jogado-o de qualquer jeito na cama, fazendo quase cair do outro lado, para encontrar o chão. Quando ele sentou-se na cama, meio desajeitado, Aioros pulou nela e o derrubou para trás novamente.
- O que deu em você? – indagou Kanon, mas não ouve resposta, e não poderia reclamar, pois sua boca foi calada com um beijo carregado de desejo.
- Hoje você é meu! – disse Aioros, sussurrante – todo meu.
- Por que isso?
- Eu... pensei muito em nós quando vi Camus e Milo – disse, dando beijos na pele de Kanon – e vi que eu tenho que te amar todos os dias.
Kanon parou de repente, puxou a cabeça de Aioros para que ele lhe encarasse.
- Aioros, prometa-me que não importa o que aconteça, você me contará. Mesmo que lhe lancem uma maldição, mesmo que eu possa morrer, mesmo assim.. você não irá fugir, você irá me contar! Prometa-me.
- Eu prometo. Se você também me prometer o mesmo – disse seriamente.
- Eu prometo, Aioros – disse, com um sorriso doce.
- Então, eu também! Para sempre... nós... juntos...
- Sim...
0o0
Dois dias passaram-se rapidamente. Shaka e Ikki não haviam dado notícias desde que saíram do santuário. Todos estavam apreensivos, pois Milo mostrava-se cada vez mais impaciente.
Atena havia voltado para o santuário finalmente, convocando uma reunião de emergência para com os cavaleiros de ouro. Agora todos estavam no templo do grande mestre, inclusive Shion e Dohko.
A deusa sentou-se na cadeira do centro, exibindo toda sua classe. Então ela começou a falar.
- Eu sou o que está acontecendo, e digo que estou horrorizada com tudo isso. Eu sei que Shaka e Ikki estão fora para tentar encontrar Camus e estou dando todo meu apoio – disse, olhando para Milo, que tinha um olhar cabisbaixo – eu quero o melhor para vocês. Quando eu os revivi, eu queria que vocês vivessem como pessoas normais. Shura, Máscara da Morte, Saga, Afrodite e Shion, por favor, eu quero que vocês voltem a suas vidas de antes. Agora precisamos de Camus conosco.
- Sim, Athena – disse Shion – logo o acharemos.
- Eu soube dessa maldição – comentou – precisamos arranjar um jeito de desfazê-la sem termos que descer ao mundo inferior, onde o meu poder também é reduzido.
- Não se preocupe Atena, todos nós estamos trabalhando nisso – disse Aldebaran – logo, a paz irá retornar a esse santuário.
- Eu queria estar presente, mas tenho assunto a tratar com Ártemis – disse entristecida – não posso faltar às reuniões que os deuses estão propondo. Parece que Zeus está pensando em algo.
- Está tudo bem? – indagou Dohko.
- Por enquanto sim e espero que continue assim. Eu vou estar fora junto com os cavaleiros de bronze, e gostaria que algum de vocês me acompanhasse – disse, olhando em seus olhos.
Aldebaran e Mu levantaram a mão. Atena sorriu para eles, com um doce olhar, encantando a todos, que se lembraram novamente o motivo de quererem tanto protegê-la.
- Partiremos a noite, tudo bem? – ela indagou.
- Sim – disseram Mu e Aldebaran em uníssono.
Aioria que estava de frente para o ariano, exibiu um olhar irritado. Ele não entendia o motivo de Mu fazer as coisas sozinho, de sempre estar ajudando os outros e aos poucos sem perceber se afastava dele. Não queria que ele fosse.
- "Por que tem que ser tão independente?" – pensava Aioria.
A reunião acabou e todos os cavaleiros foram saindo lentamente. Shura estava andando mais apressado, tentando não olhar para Afrodite e Máscara da Morte, que viviam lhe encarando.
No entanto, a sua fuga não teve sucesso. Kanon agarrou seu braço e começou a conversar com ele, assuntos banais. Máscara da Morte que andava logo atrás deles, observava capricórnio com muito pesar. E atrás de todos estava Afrodite, que se remoia de ódio.
- Passe em casa hoje. Nós iremos beber um pouco – convidou Kanon.
- Não, obrigado – disse Shura rapidamente.
- Ah! Larga de ser isolado, e vamos lá. Sabemos que você gosta de beber e jogar.
- Não gosto mais – disse secamente.
- Pare com isso... vamos lá. Acho que eu vou ter que lhe buscar – disse, olhando para Aioros, pedindo apoio, que logo veio.
- Sim. Quero sua presença, ouviu? – intimou Aioros – até o Milo vai!
Milo ergueu uma sobrancelha e indagou:
- Eu vou?
- VAI SIM! – disseram os dois em uníssono.
- Ah! Ta... eu vou! – disse, com certo receio.
- Viu, só? Até o Milo – disse Kanon, passando o abraço por cima dos ombros de capricórnio.
- Hum... eu não sei.
- Eu te pego na sua casa então! – disse Kanon, dando uma leve piscada.
Kanon ficou um tempo na casa de capricórnio conversando com Shura, tentando fazer aquele homem parar de pensar em coisas ruins por um tempo.
0o0
Máscara da Morte continuou a descer, mas ele não foi para sua casa, ele continuou até que alcançou o solo exterior das doze casas. Ele foi andando pelas árvores, sabendo que estava sendo seguido, irritando-se com isso.
- Chega de me seguir – disse, olhando para trás.
- Pensei que nunca iria pedir para eu sair – disse Afrodite, aparecendo na sua frente, com um sorriso cínico nos lábios.
- O que quer demônio?
- Queria falar com você.
- Sabe que eu só não te mato por causas das regras desse santuário – disse.
- Que asneira está dizendo, você nunca seguiu regras. Não me mata porque não tem coragem. Aliás, não ache que sou fraco. Claro que quando nos deitávamos, eu deixava você comandar, mas não sou fraco – disse, provocante.
- Está pedindo para morrer? – indagou, dando um passo na sua direção.
- Ainda está atrás de Shura?
- O que quer saber? Diga logo.
- Eu não vou aceitar que vocês fiquem juntos – disse.
- Por que? – indagou, curioso – por que tanto ódio.
- Você é tão egoísta. Eu gostava realmente de você, e eu quero que você sofra por ter me feito sofrer. Vocês nunca ficarão juntos, eu lanço essa praga em vocês! – disse, ferozmente.
- Você adoraria ter lançado a maldição que Radamanthys lançou em Camus, em nós, não é?
- Sim – disse sorridente – até tenho vontade de ir até Radamanthys e pedir para ele me ensinar. Mas não é preciso, pois Shura te odeia, por tudo que você disse naquele dia.
- Não. Ele me disse que não é exatamente por isso, mas sim pelo fato de eu ter ficado com você – disse, mostrando um olhar arrependido – como fui idiota.
- Você não foi idiota, pois ainda continua sendo – disse – Máscara da Morte, fique comigo!
O mundo parou de repente, Máscara da Morte arregalou os olhos sem entender o que aquele homem queria. Ele deu duas piscadas para ver se não estava sonhando.
- O que? Ficar com você?
- Sim. Sabe... eu gosto de você – disse, meio hesitante – me aceite novamente. Só nós dois, como antes.
- Nunca tivemos nada mesmo. Sempre foi pura carne – disse – eu tenho nojo de você.
Máscara da Morte virou-se de costas e postou-se a caminhar novamente, ele mesmo não queria mais olhar para peixes ou então poderia fazer coisas insensatas.
Como estava de costas, Máscara da Morte não pode ver os olhos carregados de ódio de Afrodite. Uma aura maligna havia se formado em volta daquele cavaleiro, e quem fosse sensitivo poderia ver que apenas espíritos ruins o rodeavam, alimentando-se do seu coração podre.
- Foi um erro ter dito isso. Meu amor e meu ódio por você são tão grandes – disse baixinho, vendo o dorso de Máscara da Morte se afastando – eu juro por tudo, que você não irá viver mais. E assim, nunca mais irá ver Shura ou qualquer coisa que lhe deixe feliz novamente.
Afrodite foi se afastando, indo em direção das doze casas. No entanto, algo lhe chama a atenção e o desvia do caminho, fazendo ele adentrar mais afundo no núcleo do santuário onde uma floresta grossa o protegia. Ele continuou a andar, até que encontrou o que lhe chamava inconscientemente.
- Radamanthys?
O juiz apenas lhe exibiu um sorriso divertido, mostrando seus olhos carregados de ódio e excitação.
- Só você poderá me ajudar, Afrodite – disse o juiz.
- E por que acha isso? – indagou, cruzando os braços – posso acabar com você aqui, ou então chamar os outros, que estão doidos para colocarem as mãos em você.
- Pelo pouco que sei, creio que os seus amigos te odeiam. Também vi que você pretende acabar com um dos cavaleiros de ouro, portanto, temos algo em comum.
- Hum... qual sua proposta?
- Me traga aquele cavaleiro de escorpião que eu irei acabar com quem você quiser.
Afrodite exibiu um sorriso divertido, ele aproximou-se de Radamanthys e disse baixinho:
- Interessante. Mas eu quero que você mate Shura de capricórnio, e eu lhe darei Milo de escorpião, afinal, nunca tive companheirismo com nenhum deles.
- Sim. E eu tenho uns amiguinhos – disse.
Afrodite prestou atenção a sua volta vendo um monte de criaturas demoníacas que estavam agarradas às árvores, outras mais ousadas saíam do seu esconderijo, revelando-se.
- De... demônios? – indagou, abobado – como conseguiram passar?
- Aquele cavaleiro abriu o portal para o mundo inferior, mas ele se esqueceu de fechar – riu baixinho – agora me esconda, preciso descansar, pois a atmosfera desse lugar está acabando comigo, mas logo me recuperarei.
0o0
A semana passou lentamente para os cavaleiros de ouro, que estavam aguardando notícias de Shaka, enquanto tentavam segurar Milo, que a cada dia mostrava-se mais irritado.
Todos os cavaleiros, inclusive Milo estavam na arena. Eram ordens de Athena que eles saíssem um pouco e observassem os treinamento dos novos guerreiros. Na verdade, era um pedido sem fundamento ou significado, mas Atena sabia que seria bom que eles se unissem de vez em quando.
No entanto, os cavaleiros estavam afastados um do outro, cada um sentado num canto. Máscara da Morte estava terrivelmente longe de Shura, que fazia questão de ficar de costas para ele, enquanto Afrodite apenas observava os jovens lutadores sem o menor interesse. Saga estava conversando com seu irmão que tentava animá-lo, pois o outro parecia estar entristecido. E os outros cavaleiros tentavam conversar com Milo, que parecia estar mal humorado, como sempre.
- O que acham de irem mostrar o santuário para os jovens guerreiros? – a voz de Shion invadiu o lugar, fazendo todos encará-lo, inclusive os novos guerreiros.
- Ahhh – reclamou Aioros, exibindo um olhar cansado – eles já conhecem o santuário.
- Mas não o conhecem como vocês o conhecem! Vamos, tratem de pegar uma turma e irem andando. Logo irá escurecer – disse, com um sorriso divertido.
Eles olharam para Shion, tentando entender o que se passava na sua cabeça, mas acabaram desistindo. Mesmo que fossem amigos, Shion era o mestre do santuário e todos deveriam obedecer.
Aioros e Kanon pegaram dois garotos e uma menina e foram andando com eles para um canto, enquanto respondiam sem entusiasmo algum o que eles lhe perguntavam. Aldebaran e Milo pegaram três meninas, que vieram correndo até eles, com olhos entusiasmados, os dois apenas se olharam de canto e respiraram fundo para agüentar o trem que vinha. Mu e Aioria foram até um menino risonho. Shura pegou dois garotos. Afrodite ficou com apenas uma garota. E Máscara da Morte pegou dois moleques que pareciam ser bastante arteiros.
Eles se separaram rapidamente sob o olhar atento e cheio de esperança de Shion.
- Quer que eles façam algo, não?
Shion olhou para trás, reconhecendo aquela voz e aquele jeito controlado e maroto de falar.
- Sim, Dohko. Tenho esperança.
- Vamos subir. Quero ter... uma conversa com você.
- Conversa? – sorriu de canto.
- Hum... sim, bem longa! – disse, puxando a mão de Shion com rapidez.
Shion foi levado por Dohko sem protestar. Enquanto subia as escadas, um sorriso divertido estava estampado em seus lábios. Sua atenção estava voltada para Dohko, impossibilitando que ele pudesse ver a aura negra que cobria todo o santuário.
0o0
Milo caminhava olhando para os lados, perdido em seus pensamentos. Uma vez ou outra ele respondia algumas perguntas daquelas meninas afoitas, pois Aldebaran não estava conseguindo conter aquelas pequenas tagarelas.
- Aldebaran, eu não estou me sentindo muito bem – disse, parando – vou voltar.
- Ah! Milo, por favor – disse, olhando desesperado para o seu redor, vendo que as garotas cresceram os seus olhinhos assanhados no corpo do taurino.
Milo sorriu de canto e disse baixinho:
- Não tente fazer nada errado.
- Ora, seu!
E com um riso abafado, Milo foi se afastando lentamente, vendo que nuvens escuras estavam cobrindo o céu. Ele acabou por achar estranho a mudança repentina do clima, mas não queria pensar muito em outras coisas, pois ele mesmo não conseguia fazê-lo, pelo fato de saber que Camus não podia estar ali para compartilhar as coisas com ele.
De repente os passos de Milo foram ficando mais lentos até ele parar e olhar para os lados, sentindo um cheiro forte de carne queimada. Ele achou bastante familiar e sem pensar muito foi se afastando do seu caminho inicial, perseguindo aquele cheiro forte.
A vegetação estava ficando cada vez mais escura, e em algumas áreas o mato estava cortado e queimado. Algumas árvores estavam com o tronco machucado, fazendo um líquido esverdeado escorrer, ela sagrava. E o cheiro, este impregnava o local, fazendo um ambiente cada vez mais intrigante.
- "Mas o que será isto?" – pensou, olhando para os lados, levando sua mão até seu nariz, tentando não inalar aquele cheiro, que estava começando a lhe dar náuseas. E quanto mais andava, mais forte ficava o cheiro, até que finalmente seus olhos puderam constatar de onde vinha tudo aquilo.
- Por Atena! – disse alto, olhando alguns cadáveres de demônios espalhados pelo chão, vendo como de decompunham rapidamente com a ajuda de muitos insetos, que caminhavam por sua pele podre e gosmenta. Ficou olhando para os mosquitos que estavam dentro dos dois buracos aonde deveriam estar seus olhos.
Milo olhou para os lados, vendo que não estava mais sozinho naquele lugar. Em cima das árvores, pequenos corpos o olhavam com bastante interesse, mostrando seus dentes podres, onde os restos da carne que faltava nos cadáveres da sua frente estavam no momento. Além de tudo, eram canibais.
- Mas como... como... como vieram parar aqui?
Antes mesmo de esperar uma resposta que Milo tinha a certeza de que não ouviria, ele começou a correr, usando todo seu cosmo, deixando aquelas criaturas para trás, entretanto, elas não paravam de persegui-lo e ainda por cima, havia muitas que estava na sua frente, tentando bloquear seu caminho.
- "Tenho que avisar os outros" – pensava.
No entanto, pouco sabia que os outros já estavam dentro daquela situação. As pessoas da vila estavam com problemas, pois os demônios estavam muito famintos e acabaram desobedecendo Radamanthys e indo ao ataque o quanto antes. Porque eles mesmos não estavam mais se alimentando direito com os corpos dos seus irmãos, e a carne humana era muito mais atrativa.
Quando Milo estava próximo de chegar as doze casas, ele acaba encontrando Aioros e Kanon, que estavam assustados com toda aquela situação, pois eram muitos demônios e eles estavam matando muitas pessoas inocentes.
- Milo! – gritou Kanon.
- Como eles conseguiram sair do mundo inferior? – indagou Aioros, aproximando-se de escorpião.
- Eu não sei! Eles conseguiram abrir o portal. Mas como? Eles não têm cosmo suficiente para ir até o oitavo sentido! – disse Milo – temos que avisar a todos.
- Todos já sabem. Eles estão atacando a vila – informou Kanon – vamos! Precisamos ajudar.
- O que? A vila? Por Atena! – exclamou.
Os três saíram correndo em direção da vila, enquanto mentalmente chamavam suas armaduras de ouro, que saíram disparadas de suas casa zodiacais, indo até seus mestres, vestindo-os com rapidez.
0o0
Há alguns quilômetros do santuário, três homens olhavam ao longe a nuvens negra que cobria toda a região. Seus olhos eram de puro espanto e desespero, que ia se alastrando em seus corpos, criando uma vontade louca de vingança. Seus instintos animais nunca foram tão aguçados, tudo isso por causa do sangue inocente que estava sendo derramado debaixo de seus olhos.
- Acho que está na hora de voltarmos – disse Ikki, baixinho – não é mesmo, Camus?
O francês apenas lhe olhou de canto, exibindo seu olhar frio. Ele não disse nada, apenas deixou o vento bater contra seu rosto, trazendo consigo o cheiro de morte e dor.
- Sim – disse finalmente, passando a mão por seus cabelos, que agora estavam curtos, jogando as duas mechas compridas que ficavam lado-a-lado de sua cabeça para trás – vamos voltar!
Os três desceram a montanha com velocidade rumo ao santuário. Nenhum deles parecia estar calmo com a situação, e principalmente Camus, que podia sentir o cosmo daquele que destruiu seu coração: Radamanthys.
0o0
Shura estava caminhando por um gramado perto de algumas rochas grandes que impediam uma visão limpa do local. Ele havia matado alguns demônios com sua excalibur sem nenhuma dificuldade, entretanto, tinha que estar atento, pois essas criaturinhas apareciam de todos os lugares.
Shura vira-se de repente ao sentir um cosmo forte atrás dele. Ele olhou para os lados, fixando seu olhar num ponto escuro, perto das rochas. No entanto, não sentiu mais nada. Ele ficou um tempo parado olhando para o local, até que se afasta, andando em direção ao vilarejo aonde sua ajuda seria mais apreciada.
No entanto, a calma daquele lugar foi quebrada de repente. Shura olha para trás vendo uma luz forte vindo na sua direção, ele não teve tempo de desviar, fazendo toda aquela energia atingi-lo em cheio. Seu corpo não conseguiu ficar ereto, obrigando suas pernas se flexionarem e seu tronco tombar para trás.
Seus olhos abriram-se lentamente vendo um homem parado ao seu lado, ele olhou-o nos olhos surpreendendo-se logo em seguida.
- Afrodite?
- Não, não fui eu que lhe atacou! – disse baixinho – foi ele.
Shura ergueu seu olhar a tempo de ver o vulto de Radamanthys. Afrodite riu baixinho e num piscar de olhos sumiu dali, deixando Shura sozinho junto de Radamanthys que o observava ao longe.
- O que... quer aqui? – indagou.
- Eu queria acertas minhas contas com dois cavaleiros. E, além disso, não agüentava mais ficar lá embaixo – disse baixinho – adeus! – disse, virando-se de costas e fazendo outra luz forte e carregada de energia ir à direção de Shura.
Shura por sua vez tentava se mover, mas seu corpo estava bastante pesado e seus movimentos pareciam estar pela metade. Em um momento seu corpo travou, pois a luz estava mais próximo e seu corpo não conseguia mais reagir. Ele apenas fechou os olhos e deixou seu corpo cair para trás, desistindo.
Uma explosão acontece, Shura foi jogado longe. Quando seu corpo caiu no gramado, há alguns metros de distância, ele acabou por notar que ainda continuava vivo. Ele foi se levantando lentamente, olhando para os lados.
- "Será que o golpe não me atingiu em cheio?" – pensou, olhando para as rochas espatifadas no chão.
Seus olhos correram pelo campo, até que algo lhe chamou a atenção. Meio cambaleante ele foi se aproximando do local, vendo um corpo sendo amassado por rochas largas e pesadas que se soltaram das maiores.
Shura finalmente aproximou-se o suficiente para ver o que estava acontecendo. Então, seus olhos se arregalaram de um modo que parecia que suas pálpebras iriam ser engolidas para trás. Ele correu até o corpo, retirando algumas rochas que estavam em cima dele.
- Por... por que você fez isso? – indagou, com as mãos tremulas, tocando no rosto ensangüentado de Máscara da Morte, que apenas o observava em silêncio.
O tempo pareceu parar de repente, Shura tocou na mão fria e fraca de Máscara da Morte, sentindo sua vida sair rapidamente de seu corpo. Ele deu uma olhada por cada pedaço de sua carne, vendo que estava totalmente acabado, era uma visão terrível.
- POR QUE FEZ ISSO, SEU IDIOTA? – indagou, desesperado, vendo que ele abriu a boca. Shura se aproximou para tentar ouvir o que ele iria dizer.
- Porque eu... – Máscara da Morte sussurrou – te... te...
- O que? Diga... diga... eu quero ouvir – disse, com a voz chorosa. Seus olhos não conseguiam mais segurar as lágrimas.
Porém, Máscara da Morte não disse mais nada, seus olhos se fecharam tão rápido que Shura nem se deu conta que sua alma não estava mais ali e que o calor daquele corpo não existia mais. Sem pensar muito, ele deitou-se em cima de Máscara da Morte, chorando baixinho, enquanto murmurava:
- Por que você não me diz? Por que? Agora... agora que eu estava preparado para ouvir. Diga-me... vamos... me diga, por favor, abra os olhos e me diga...
Shura continuou agarrado ao corpo de Máscara da Morte sem se importar com mais nada. Ele se culpava pelo fato de não ter ficado ao seu lado durante esse tempo, por não ter aceitado suas desculpas.
"Eu quero tanto... ouvir... quero tanto".
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"Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos".
(Shakespeare)
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Radamanthys continuava seu caminho, ele sentiu o cosmo de Máscara da Morte, mas mesmo assim não voltou, pois tinha confiança plena em sua força e acreditava que os dois iriam morrer com o ataque que ele lançara. E agora que havia cumprido seu trato com Afrodite, ele iria acertar suas contas com escorpião, e também sentia o cosmo de Camus por perto.
- "Eu não vou deixar que as coisas dêem certo para vocês. Não depois de vocês terem matado meu Deus e meus companheiros" – pensou, cerrando seus punhos com força.
0o0
"Amor eterno não é aquele que dura para sempre,
mas aquele que foi verdadeiro nos momentos em que foi vivido".
(Emily Dickinson)
0o0
Continua...
Hello!
Eu peço desculpas por não ter publicado esse capítulo logo, é que eu estou trabalhando agora e estou com um grande problema. Estou com tendinite, e acho que eu não podia estar digitando essa fanfiction. Mas eu fiz isso por vocês, meus leitores.
Máscara da Morte se foi, mas espero que ninguém me mate, pois eu tenho muitas idéias ainda. Um final clichê? Humm... eu não sei se faço um final clichê, portanto, não vão tirando conclusões precipitadas, tudo bem? Não pensem que saberão o final.
Obrigada a todos que comentaram. Eu vou me despedindo por aqui, pois meus braços estão doendo muito. Espero que sejam pacientes e sejam razoáveis comigo, por favor. Comentário são bem-vindos.
Ah! E obrigada por lerem.
