1Título: Por Trás de Olhos Azuis
Autor: Draco Malfoy-Potter

Resumo: Quando Draco recusa a Marca Negra, seu pai o cega. Um certo moreno Grifinório o salva. Slash.
Classificação: Tragedy/Romance, M/R

Tradutora: Paula Lírio
Beta da Tradução: Lilibeth

ooo

Capítulo 1 – Não, suponho que você esteja certo.

ooo

"Muito bem, se é isso que você quer, Draco" Lucius Malfoy disse, com a mão no queixo e seus olhos prateados fixados no filho. "Mas você sabe que se você não vê as coisas do meu jeito, você não vê de forma nenhuma, não é?"

Draco cruzou as pernas e fez um aceno com a cabeça. "Eu entendo, pai, faça o que tem que fazer"

O loiro mais velho levantou a sobrancelha e sacudiu a cabeça. "Estou desapontado com você, Draco. O Lorde das Trevas e eu estávamos esperando que você se aliasse. Por que exatamente você desistiu?"

Draco apertou os lábios e descansou as mãos no colo. "Eu já te disse, pai, eu não concordo com a forma dele de agir."

"Então agora você está do lado daquele amante de trouxas, você está do lado de Dumbledore?"

"Não, eu prefiro me manter neutro." Ao ouvir isso, Lucius pegou a varinha no bolso e encarou o filho.

"Eu sinto muito por isso, filho," ele disse de forma quase alegre, levantando-se e caminhando até o filho.

Draco continuou encarando o pai, sem sequer recuar. "Não, você não sente muito." Ele disse desafiadoramente, antes de voltar os olhos para onde o pai havia parado; bem em sua frente.

Lucius agachou e inclinou a cabeça. "Sim, suponho que você esteja certo. Eu não sinto muito." Ele sorriu e levantou a varinha. "Pupilus Destructo," ele disse friamente, fazendo um pequeno 'x' no ar com a ponta da varinha.

Uma dor aguda atravessou as pupilas de Draco, e ele fechou os olhos com força, segurando as lágrimas e a dor. Ele não deixaria seu pai vê-lo chorar. Mas quando ele abriu os olhos de novo, foi recebido pela escuridão completa.

"Vá embora, Draco. Nunca mais quero te ver. Não me importa para onde você vai, nem o que você vai fazer, nem me importo com você. Você está oficialmente renegado. Fui claro?" Ele ouviu o pai dizer.

"Feito cristal, Lucius," Draco falou entre dentes, sem querer deixar que o pai visse uma expressão de dor. Ele levantou o mais graciosamente que pôde e caminhou até a porta do escritório. Fora do cômodo, ele sentiu as mãos da mãe lhe entregarem uma sacola. "Mãe?"

"Aqui tem algumas roupas. Caminhe em linha reta e você vai encontrar a porta. Use os ouvidos. Boa sorte." Ela falou, sem emoção

Draco acenou e caminhou cuidadosamente até a porta, fechando-a depois de passar. Ele piscava furiosamente, tentando diminuir a dor. Lágrimas começaram a correr por seu rosto enquanto ele tentava se concentrar em pensar em um lugar para ir. "Beco Diagonal" ele sussurrou apontando a varinha para a própria têmpora, e sumindo numa nuvem de fumaça.

Quando ele sentiu o mundo parar de girar e os pés alcançarem o chão, caminhou até alcançar uma superfície imunda e dura; uma parede. Ele se abaixou e sentou no chão, colocando a bolsa do lado.

Levando ao rosto, ele tocou a bochecha molhada. Não eram lágrimas que molhavam seu rosto, era sangue.

Ao perceber o que era, Draco acabou desmaiando, sem sequer perceber que alguém havia pegado sua bolsa. Ele não se importava.

Ele estava sozinho.

ooo

"Sr. Potter, uma palavrinha?" Albus Dumbledore apareceu na lareira da sala de estar do Lago Grimmauld, número doze. Harry levantou os olhos do dever de casa e acenou.

"Claro, professor, qual o problema? A Ordem precisa se encontrar aqui de novo? Por mim tudo bem, tenho certeza que Remus adoraria uma desculpa para limpar tudo."

Dumbledore riu e sacudiu a cabeça. "Não, não é isso. Eu te chamei porque preciso que você faça algo para mim. Aparentemente, Draco Malfoy foi chamado para se juntar aos Comensais da Morte antes do seu sétimo e ultimo ano começar."

Harry franziu as sobrancelhas. Aquela informação não era exatamente uma surpresa. Ele sempre havia imaginado que Draco adoraria ser um Comensal. "Senhor?"

Dumbledore pigarreou e continuou, "No entanto, Severus me informou que Draco recusou a Marca e foi oficialmente renegado pelos pais."

Harry abriu e fechou a boca, completamente chocado. "M-Malfoy mudou de lado? Quer dizer que ele não é mau?"

Os olhos de Dumbledore cintilaram na luz do fogo. "Não temos certeza sobre em qual lado ele está, mas queremos que você vá ao Beco Diagonal busca-lo. IÉ o melhor lugar para começar a procurá-lo. Estou correto ao afirmar que você tem um quarto para acomodar o Sr. Malfoy durante o verão?"

Harry arregalou os olhos. "F-ficar aqui? Comigo? Posso convidar Ron e Hermione também?"

"É claro, é claro, ele vai precisar de novos amigos para mantê-lo longe dos filhos de Comensais da Morte. Vamos precisar arranjar também um novo lugar para ele dormir. Ouça, eu tenho uma reunião em alguns minutos e preciso ir. Eu preciso que você vá o mais rápido possível, essa tarde ainda. Severus me disse que ele sumiu da Mansão há dois dias."

Harry fechou o livro de História da Magia e levantou. "Ok. Eu vou assim que falar com Ron e Hermione."

"Ok, Harry. Ah, sim, mais um detalhe."

Harry parou de colocar os tênis e olhou para cima. "O que?"

Dumbledore ficou sério e suspirou. "O Sr. Malfoy está cego. Tenha um bom dia."

O velho desapareceu antes mesmo que Harry tivesse registrado a informação.

Cego? Malfoy estava cego. Quanto mais Harry pensava nisso, mais sentido fazia. Enquanto caminhava, ele tentava clarear a mente. É claro que o pai de Draco não iria deixar barato que o filho recusasse a Marca, mas quem imaginaria que ele faria algo tão... permanente. O Crucio era de se esperar, mas não algo tão primitivo! Tirando o fato de que Harry odiava Malfoy, ele realmente sentiu pena do loiro. Mesmo com tudo que os Dursleys já haviam feito com ele, eles nunca deixaram uma cicatriz! Nunca fizeram nada só por fazer.

Ele finalmente notou que não poderia ir andando até Caldeirão Furado. Quase no mesmo instante que ele levantou a varinha no ar, um ônibus roxo de três andares apareceu e ele entrou, aliviado que nem Stan nem Ernie estavam operando o ônibus. Ele murmurou o destino e sentou numa cadeira.

"Malfoy? Malfoy, é você?" Harry caminhou hesitante até o beco escuro entre o Beco Diagonal e a Travessa do Tranco. E lá estava, um amontoado imundo com cabelo loiro prateado.

Harry se aproximou e levantou o rosto do garoto com um dedo. Ele parecia estar inconsciente, as bochechas e os olhos cobertos de sangue seco. Harry sentiu a garganta arder ao ver o rival em tal estado de impotência. Draco sempre havia sido o tipo de pessoa que tinha ataques só de sujar as vestes de tinta, mesmo quando as vestes eram negras. Mas ainda assim, lá estava ele, o rosto coberto de sangue negro, o cabelo imundo até para os padrões de Harry.

O Grifinório levantou o Sonserino nos braços e se surpreendeu com o quão leve ele era. A cabeça de Draco estava encostada no peito de Harry, e o moreno pôde sentir que ele gemia de dor. Harry correu até o Caldeirão Furado, cortando a multidão para poder chegar até a lareira.

Com certa dificuldade ele jogou o pó no chão e falou, "Lago Grimmauld, número doze." Procurando ter certeza de que Draco ainda estava inconsciente, Harry olhou para baixo antes de fechar os olhos. Tudo começou a girar à sua volta enquanto eles partiam.