Capítulo 4 – Que DIABOS foi que eu joguei?

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"É melhor você se cuidar, Oliver, Harry vai se interessar por aquele babaca logo, logo" Ron disse brincando antes de enfiar um enorme pedaço de costeleta na boca, deixando uma horrível quantidade de baba escorrer.

Oliver riu e cruzou as pernas, enquanto observava rapidamente o lugar por onde o namorado havia saído. "Não estou muito preocupado."

Remus sorriu gentilmente e levantou, pegando o prato quase vazio.

"Você já terminou, Hermione?" Ele perguntou pegando o prato dela ao vê-la confirmar. Depois ele deu a volta na mesa para pegar os pratos abandonados de Harry e Draco.

Oliver levantou com estranha vivacidade e disse, "Aqui, eu te ajudo, Remus. Me dê seu prato, Ron." Ron estendeu a louça fazendo cara feia, enquanto Oliver limpava os pratos que mal haviam sido tocados.

Depois Oliver seguiu o lobisomem até a cozinha, quase tropeçando ao carregar os pratos.

O Moreno de vinte anos depositou a louça na pia cheia de água e se posicionou ao lado de Remus, secando os pratos que já haviam sido lavados.

Eles ficaram calados até que Oliver limpou a garganta, tentando quebrar o silêncio desconfortável. "Você está saindo com alguém, Remus?" ele perguntou, tentando começar uma conversa civilizada.

Remus esfregou o prato e balançou a cabeça. "Não, eu não achei a pessoa certa ainda. Quando se é um lobisomem, você tem um companheiro escolhido e a hora de conhecê-lo é definida no momento em que é mordido. Não há como conhecer seu parceiro antes da hora certa e só aquela pessoa vai te completar e te deixar feliz."

Oliver pegou o prato das mãos do outro e colocou debaixo da torneira antes de secar com uma toalha limpa. "Eu queria que fosse assim na vida real também. Você encontraria alguém e saberia que ela é a pessoa certa pra passar o resto da vida."

Remus deu de ombros e disse, "É, mas preciso admitir que estou ficando preocupado. Tenho quase quarenta anos e não tenho idéia de quem seja meu companheiro. Eu já me conformei com a idéia de que vou passar o resto da vida sozinho."

Oliver balançou a cabeça. "Vai surgir alguém, Remy. Você é maduro e carinhoso e, se não se importa que eu diga, muito sexy. Você já encontrou alguém que era o certo?"

Remus limpou a pia e sorriu, perdido numa memória, "Um, apenas um. Ninguém mais. Pensei que ele seria o certo, mas..."

Oliver baixou os olhos e balançou a cabeça, entendendo. Pegou os pratos limpos e secos e colocou em seus respectivos armários. "Eu entendo o que é perder alguém, mas você não deve desistir. Você vai encontrar a pessoa certa. Você merece ser feliz."

Remus foi até o homem mais alto e colocou a mão na parte de trás da cabeça dele. "Não há dúvidas do porquê de Harry te amar. Você sabe o que dizer para fazer um homem se sentir querido."

Oliver sorriu e deu de ombros. "Eu tento" ele disse e deu um beijo na testa do lobisomem. "Então, será que eu deveria ver como Harry está?"

Remus baixou a mão e fez uma careta. "Melhor não, deixe-o lidar com isso sozinho."

Oliver suspirou e caminhou em direção à porta. "Eu espero que ele consiga, Remy."

Remus sorriu e seguiu Oliver de volta à sala.RRL1

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"Abra a porta, Malfoy" Harry chamou e sacudiu a maçaneta do quarto.

"Não. Vá embora."

"Malfoy..." Harry disse suavemente e bateu na porta de leve, tentando uma aproximação diferente.

Um barulho alto e uma fungada foram seguidos de uma voz um tanto quanto ríspida, "Vá embora, Potter, eu não quero falar com você."

Harry tirou a varinha do bolso e disse, "Você não tem escolha." Harry virou a maçaneta na direção oposta, um truque que havia descoberto quando se trancou sem querer certa vez, e a porta destrancou. Ele abriu a porta, revelando o loiro deitado na cama com um livro no colo e lágrimas escorrendo pelas bochechas.

"Você está ficando na minha casa, então vai falar comigo" Harry disse num tom mais calmo.

Draco jogou o livro na direção de Harry, batendo apenas a um metro de distância do moreno.

Draco rosnou e disse, "Eu não queria estar com você. A única razão para que eu esteja aqui é que você tinha que dar uma de nobre e me salvar..."

"Pra onde diabos você teria ido? Todos os seus amigos são Mini-Comensais, seus pais nem se importam. Encare a verdade, Malfoy, você estaria exatamente onde te encontrei.."

Draco sentou, piscando os olhos furiosamente, "Seria bem melhor do que ter que estar aqui e ter você gostando de mim de repente, só porque estou cego! Eu não quero você como amigo, Potter. Eu não quero que as pessoas sintam pena de mim. Eu não quero que você faça tudo por mim. Como você já disse, você não vai poder estar do meu lado toda vez que eu precisar de algo. Eu tenho que aprender a me cuidar, ou então estarei fodido. Que diabos, Potter, como é que você vai me ensinar a ler Braille? Você nem sabe ler Braille!"

Harry se sentou perto dos pés de Draco, a julgar pelo peso no colchão. "Como é que você sabe sobre Braille?"

Draco deu de ombros e disse, "Meu pai colecionava muitas coisas, incluindo livros trouxas escritos em Braille. Eu sei de algumas coisas sobre trouxas, Potter. Mas o que importa é que eu quero saber."

Harry mordeu os lábios antes de dizer, "Eu vou aprender com você. Vai ser interessante, eu te garanto. Você não pode fazer tudo sozinho, não importa o que diga. Por favor, entenda que eu quero e vou te ajudar."

Draco fechou os olhos e limpou as lágrimas o mais discretamente possível. "Contanto que você não sinta pena de mim."

Harry sorriu e disse, "Acredite, Malfoy, acho muito difícil sentir pena de você."

"Bom. Agora, que diabos eu joguei?" Draco perguntou, se aproximando de Harry, revelando um cheiro familiar.

"Um livro enorme…" Harry respondeu, "provavelmente 'Hogwarts: Uma História' já que Hermione sempre tem uma cópia." Ele se deitou e bocejou.

Draco afastou o cabelo do rosto e se deitou também. "Sabe, eu nunca li esse livro. Aposto que a Granger leu milhões de vezes."

Harry riu e balançou a cabeça, lembrando depois que Draco não podia enxergar. "É, ela está sempre reclamando comigo e Ron por nunca termos lido. Com ela por perto, você nem precisa ler."

Draco virou a cabeça para Harry e abriu os olhos. "Eu gostaria de poder ver seu rosto. Acho que deve ser chocante ver você me olhar sem aquele ódio."

"Isso foi frio. Você é quem sempre ficava me olhando cheio daquele ódio, Malfoy. Eu notei que você sorriu umas duas vezes desde que chegou. É bem assustador."

Draco sorriu e virou o corpo para ficar cara-a-cara com o Grifinório. "As pessoas dizem que fico lindo sorrindo."

Harry sentou-se na cama abruptamente, fazendo o loiro se assustar com o movimento rápido. Um quase inaudível "Você fica" escapou dos lábios de Harry antes que ele se apressasse em mudar de assunto.

"Eu estava pensando em ir ao Beco Diagonal amanhã. Você quer ir comigo? Podemos pegar um livro que ensine a ler em Braille... E acho bom comprar algumas roupas também, você vai precisar de uniforme para o ano escolar."

O sorriso do Sonserino sumiu, "Eu… Eu não posso. Não tenho dinheiro."

Harry levantou devagar, fazendo a cama ranger. "Por favor, não se preocupe com dinheiro. Vamos fazer compras juntos amanhã. A que horas você acorda?"

Draco deu de ombros. "Às cinco, mas eu acho que vou dormir um pouco mais."

O queixo de Harry caiu. "Cinco? Da manhã? De forma alguma! Eu acordo às dez, então iremos nesse horário."

Harry notou que Draco ainda girava os olhos da mesma maneira arrogante que antes.

"Potter, esse é o seu quarto, certo?"

Harry coçou o pescoço e bocejou. "É, por quê?"

"Bem, por que eu não vou para um quarto diferente e você volta para o seu?" Ele tateou à procura de um travesseiro e agarrou o primeiro que alcançou.

Harry se levantou, e começou a procurar cobertores e lençóis nas gavetas. "Não, você já conhece esse quarto. Além do mais, essa é a cama mais confortável e você precisa descansar. Fique aqui."

"Eu não quero roubar seu espaço e te deixar com uma cama desconfortável. Eu saio."

Harry girou os olhos e disse, "Não vou deixar você sair desse quarto só pra eu ficar com a cama."

Draco ficou em silêncio por um momento, tentando achar a solução. "Quem disse que preciso sair? Eu não me importo em dividir a cama, contanto que você fique do seu lado."

Harry riu. "Tem certeza? Vê se não fica me agarrando. Deixei alguns pijamas para você na cama, estão perto dos seus pés. Eu volto logo depois de me despedir do Oliver."

"Ooh...Ollie tem que ir? Eu planejava deixar espaço pra ele na cama."

Harry jogou um par de meias enroladas na cabeça do loiro. "Malfoy, você é exagerado… Sim, ele tem que ir. Agora troque de roupa."

Depois de muito tatear, ele encontrou os pijamas.

"Ei, Potter, posso saber a cor desse pijama?"

Harry segurou o riso. "Eles são pretos. Pode ficar tranqüilo, não são vermelhos nem dourados..."

Draco balançou a cabeça e começou a desabotoar a camisa.

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A autora me pediu para dizer que realmente fica feliz ao saber que tem tanta gente gostando. Ela agradece.

Eu também agradeço!