Título: Por Trás de Olhos Azuis
Autor: Draco Malfoy-Potter
Resumo: Quando Draco recusa a Marca Negra, seu pai o cega. Um certo moreno Grifinório o salva. Slash.
Classificação: Tragedy/Romance, M/R
Tradutora: Paula Lírio
Beta da Tradução: Bela-Chan
ooo
Capítulo Seis - Você acha que está à salvo?
ooo
Escuridão. A escuridão completa e absoluta vinda de todas as direções esmagava o jovem loiro caído no chão. Ele nem podia enxergar mesmo. O medo corria por suas veias e um arrepio violento descia por sua espinha.
Lágrimas desciam pelos olhos inúteis. Ele podia ouvir alguém o rodeando, a respiração dissonante em seus ouvidos. Ele não ousou falar e, além dos constantes arrepios, não ousou de mover.
Doía, mais do que é possível imaginar, poder ouvir a presença daquela pessoa, poder sentir quem quer que o estivesse rodeando, mas não poder ver. Além disso, suas lágrimas salgadas faziam as feridas recentes dos olhos arderem mais do que deviam.
"Você acha que está a salvo? Você acha que ficar com Potter vai te proteger?" a voz sibilou no seu ouvidor, fazendo o loiro se erguer.
Ele se manteve silencioso, ouvindo o som da capa do estranho contra o chão enquanto caminhava em círculos em volta do loiro.
"Acha mesmo que não iremos atrás de você? Vamos pegar você, Draco. Sua cegueira é apenas uma punição até que você mude de idéia."
A última palavra ecoou de leve e Draco sentiu um calafrio.
"E se você se recusar a mudar de idéia," a voz sibilou, Draco de repente sentindo a presença ao lado dele, "Você vai morrer. Você vai morrer só, inútil e destruído. Fui claro?"
Draco sentiu uma lamina fria contra sua garganta, e um fio do próprio sangue descendo por seu pescoço.
"Você vai se juntar a nós. Você vai seguir a mim."
ooo
"Malfoy!"
Draco acordou, ou pelo menos assim achava. Ele não tinha certeza, não sabia diferenciar o mundo dos sonhos do mundo real.
"Malfoy, acorde!"
Uma voz familiar de novo, assegurando a Draco que ele estava, de fato, acordado. Ele sentiu uma umidade morna nas bochechas, pescoço e peito. Também sentiu uma mão sacudindo seu ombro de leve e uma mão acariciando seu cabelo.
"Draco, por favor, acorde, você está sangrando."
Draco finalmente abriu os olhos, deixando as lágrimas fluindo de seus olhos. Ele levou uma mão à garganta e sentiu a textura pegajosa do sangue nos dedos.
"Ele me cortou, Harry. Me ajuda." Ele soluçou, sentando e agarrando a própria garganta.
Harry fez menção de pegar a varinha mas parou, sibilando, "Droga, não posso usar minha varinha. Voldemort vai poder me localizar, mesmo que não possa me encontrar." Ele pensou por um momento e disse, "Vamos, tenho certeza de que há um pouco de gaze trouxa em algum lugar no banheiro."
Puxou uma das mãos do pescoço de Draco e disse, "Apenas me siga."
Draco assentiu e limpou as lágrimas, espalhando o próprio sangue pelas bochechas. Ele se permitiu ser guiado até o banheiro, o leve queimar nos olhos diminuir enquanto ele se acostumava ao ardor.
"O que aconteceu, Malfoy? Foi… Você teve um sonho?" Ele perguntou, limpando o sangue das mãos e pescoço de Draco.
Draco assentiu, tentando acalmar o coração acelerado. "Ele me ameaçou. Disse que me mataria se não me juntasse a ele. Ele me mataria. Eu não quero morrer."
Harry enxaguou o pano cheio de sangue e disse, "Quem? Seu pai?"
Draco sacudiu a cabeça e disse, "Não, o Lorde das Trevas. Meu pai deve ter dito a ele. Ele vai me seguir, ele vai seguir qualquer um que esteja comigo. Não posso ficar aqui."
Harry vasculhou em volta, à procura de gaze e esparadrapo antes de pegar o pouco que achou e voltandr sua atenção para o machucado do loiro.
"Nós vamos voltar para a escola daqui a um mês e esse lugar só pode ser encontrado por alguém se eu disser onde é." Harry falou de forma racional. "E, devo dizer, não pretendo dizer a Voldemort onde moro."
Draco piscou em surpresa quando sentiu a gaze cheia de merthiolate tocar seu pescoço. "É seguro aqui, mas e Hogwarts? Ficarei num quarto cheio de seguidores do Lorde das Trevas, esperando como um pato. Nem vou poder dizer se tem ou não alguém no quarto." Ele parou, limpando os olhos. "Eu não vou estar seguro lá. O único lugar em que já me senti seguro vai ser minha destruição."
Harry limpou todo o sangue e segurou as mãos de Draco, levando-o para o quarto. Ele fez Draco sentar no que parecia ser uma poltrona.
"Vamos fazer o seguinte," Harry disse depois de ter certeza de que Draco estava bem, tirando o medo óbvio. "Antes de voltarmos, vou conversar com Professor Dumbledore para que você consiga um quarto só para você, ou algo do tipo. Talvez não seja uma boa idéia..."
"O que?"
Harry ofegou, enquanto se esforçava para tirar os lençóis cheios de sangue. "Você voltar ao Beco Diagonal. Voldemort pode ter alguém para te vigiar. Eu te ajudarei a fazer uma lista e compro suas coisas."
Draco levantou as pernas na cadeira e apoiou a cabeça nos joelhos. Notou que a calça do pijama que Harry havia emprestado estava começando a ficar molhado do lugar de onde sua cabeça estava encostada.
"Ok, então. Eu quero que Lupin fique comigo, se não for incomodo. Ele... Eu não..." o loiro parou, tentando pensar na palavra certa. "Eu não torturei muito ele, torturei? Ele tem boas razões para tentar me matar às escondidas."
Harry jogou um lençol em cima do colchão e arrancou de uma vez o que ainda estava na cama. "Só para constar, nem Ron nem Hermione iriam tentar te matar às escondidas."
"E você?"
Harry parou depois de colocar os travesseiros na cama. "Co...como assim?"
Draco tirou a parte de cima do pijama e disse, "Você tentaria me matar às escondidas?"
Harry caminhou até Draco e tocou seu rosto de leve. "É claro que não. Para ser bem honesto, não tenho certeza de que conseguirei matar Voldemort. Não vejo muitas razões para fazê-lo. Eu sei que ele matou meus pais, mas eu não entendo como é que matá-lo vai fazer alguma diferença. Não vai trazê-los de volta. Então para quê matar? De que adiantaria?"
No momento em que Harry baixou a mão para segurar a sua, os dedos de Harry acariciaram de leve sua bochecha e Draco estremeceu.
"Vamos, você deveria voltar a dormir."
"Não, Harry, eu não quero..."
Harry guiou o loiro até a cama e disse:
"Você vai ter que dormir em algum momento. Eu posso te dar uma poção por alguns dias, mas depois de um tempo ela não funciona mais. Acredite, eu sei..."
Draco deitou apreensivo na cama e suspirou. "Eu não quero uma poção, mas..."
Harry deitou ao seu lado, fechando os olhos. "Sim?"
O loiro virou a cabeça para o lado, sentindo a casquinha da ferida em seu pescoço partir.
"Pode soar estranho, mas..."
"Fala logo, Malfoy."
Draco hesitou. "Eu... Eu não gosto de você nem nada, mas..."
Harry sorriu e disse, "Sim?"
Draco fez uma careta e disse, "Não gosto de homens nem nada do tipo..."
"Sempre há como mudar isso.."
Draco arregalou os olhos e Harry riu.
"Harry..."
"Desculpe... você dizia?"
Draco mordeu o lábio e murmurou, "Você me abraçaria? Só... sei lá... me faça me senti seguro, acho."
Harry sorriu e disse, "Claro, não me importo de fazer isso."
Draco tentou segurar um suspiro de alivio e disse, "Ok."
O Grifinório colocou os braços em volta dos ombros de Draco, tocando de leve o cabelo liso. Draco respirou fundo, o cheiro de Harry fazendo com que o momento se tornasse ainda mais concreto, mais real. Ele podia até sentir o sono chegando.
"Boa noite, Draco."
O loiro se aconchegou no peito de Harry e suspirou, "Noite, Potter."
