Capítulo 13 – Como um casal

"House... Eu quero te mostrar algo". Cuddy puxou assunto em um domingo. "Eu selecionei duas casas pra vermos".

"Duas?".

"Sim, veja o que você acha delas". Cuddy estava empolgada e pegou o laptop. Em seguida ela começou a mostrar e falar das casas tão eloquentemente que House sentiu-se mal por não estar tão empolgado quanto ela.

"Olha só essa banheiro. E essa piscina... Teremos uma piscina na casa para os dias de verão".

House só acenava com a cabeça.

"Olha o tamanho desse quarto e teremos um porão. Você poderá fazer um espaço seu lá para assistir televisão, jogar vídeo game, sei lá...".

"Você não me deixará assistir televisão na sala?".

"Sim, claro que sim, mas você terá essa opção quando levar seus amigos... amigo".

"Então isso é pra mim e pra Wilson?".

"Não... É pra você".

House riu.

"O que foi?".

"Nada...".

"Diga!".

"Lembra quando estávamos namorando há seis meses e decidimos que deveríamos ter as terças-feiras livre pra fazer o que quiséssemos longe um do outro?".

"Sim".

"Parece isso novamente...".

"Não, é bem diferente. Você estará dentro de nossa casa e pode subir as escadas do porão para me ver. Ou... Eu posso fazer uma visita surpresa". Ela disse maliciosa.

"Ah é?".

"Sim".

"Podemos começar a praticar agora como serão essas visitas particulares?".

"Logo Rachel irá acordar".

"Vem cá!". Ele a puxou e Cuddy gritou.

"Mãe!".

"Ah não...".

"Eu te disse".

"Você gritou!".

"Eu assustei". Ela respondeu rindo.

Quando eles fizeram esse acordo foi House quem sugeriu e Cuddy aceitou. Terças-feiras livres seria o máximo! Eles se divertiram de fato nas primeiras três semanas, depois notaram que era um saco ficarem longe as terças-feiras, todas as terças-feiras. As vezes eles só queriam ficar juntos e nenhum deles puxava o assunto. Até que em uma terça-feira eles se encontraram em um bar perto da casa de Cuddy por acaso, ambos estavam solitários e depressivos e foram beber alguma coisa no primeiro bar que encontraram. Desde então as terças-feiras de "folga" foram canceladas.

Voltando aos tempos atuais, a conversa iniciada por Cuddy não pode terminar em sexo por conta de Rachel. Mas ela convenceu House a visitar as casas.

"Ótimo, eu tenho dinheiro exato pra comprar qualquer uma das duas, vamos nos apertar, mas...".

"Você vai pagar sozinha por elas?". House perguntou surpreso.

"Foi minha ideia...".

"Qual parte do "estamos juntos nisso" você não entendeu?".

"Você tem dinheiro guardado?".

"Você acha que eu torrei tudo em bebidas, drogas e prostitutas?".

Cuddy corou. Ela pensava realmente algo assim...

"Saiba que eu tenho dinheiro guardado e acabei de vender meu apartamento. Então...".

"Posso saber quanto você tem?".

Quando House falou, ela se espantou. "House, isso é muito dinheiro".

"Não é como se você me pagasse muito, mas...".

"Podemos dividir o valor. Metade para cada um".

"Podemos fazer isso".

Cuddy sorriu orgulhosa. Eles fariam isso. Eles comprariam uma casa juntos.

De fato ela e House foram até as propriedades selecionadas nos dias seguintes. House gostou especialmente de uma e Cuddy não podia concordar mais. Fizeram a proposta do valor, um pouco abaixo do anunciado. Cuddy falou sobre a gestação de gêmeos, que eles eram antigos namorados que se reencontraram anos depois, isso pareceu tocar o coração da família que aceitou a oferta.

"Você tem realmente jeito pra coisa toda da negociação. Eu já teria mandado irem a merda". House disse e ela riu triunfante.

"Alguém tem que ser bom argumentador nessa família".

"Eu sou ótimo com argumentações". Ele contestou.

"Mas não com empatia, tolerância, flexibilidade, educação e simpatia".

"Wow, você acabou de descrever o demônio?".

Ela riu e se jogou no pescoço dele. "Eu te amo, meu diabão!".

"Ok, ser o diabo é bem mais sexy do que ser um anjinho chato".

"Concordo plenamente".

E eles fizeram sexo de comemoração. Aliás, nos últimos dias eles faziam sexo pra tudo. Os hormônios fora de controle de Cuddy estavam terrivelmente agradáveis aos olhos e... outras partes de House.


Naquele final de semana Arlene se juntou a eles para o almoço de domingo. Ela e House ficaram mais próximos depois das primeiras três sessões de quimioterapia, mas ainda assim gostavam de implicar um com o outro.

"Sua barriga já está bem visível Lisa. Você vai contar pra Rachel quando? Assim que os dois saírem pela sua vagina?".

Cuddy corou.

"Mamãe!".

"Oh, ela não está aqui. Relaxe!".

"Eu ouvi isso!". House gritou do outro cômodo.

"Você é um enxerido".

"É terrivelmente perturbador ouvir essa palavra tão linda que retrata as partes femininas perfeitas vindo da boca de Arlene". Ele disse.

"Ok, vamos mudar de assunto". Cuddy pediu.

"E falar sobre o que? Sobre o meu câncer? Chato!". Arlene disse.

"Eu concordo!". House gritou.

"Vocês dois parem de gritar e de... concordar". Cuddy pediu perturbada. "É estranho quando vocês concordam".

"Sua filha é estranha". House disse se aproximando.

"Totalmente de acordo".

E o jantar transcorreu bem. Incrivelmente bem.


"Ok. Nós vamos dar a noticia para Rachel e em seguida para a sua mãe". Cuddy disse.

"Por quê? Uma coisa não tem nada a ver com a outra".

"Eu quero falar com a sua mãe pessoalmente".

"E você sugere o quê? Ir até Nova Iorque?".

"Não é longe...".

Blythe estava morando em Nova Iorque desde que John morreu. Na verdade ela se mudou pra lá um ano após a morte do marido. Ela dizia que gostava da vida na cidade grande. Dos restaurantes, museus, galerias de arte, concertos musicais, teatros. Ela era uma mulher bastante culta, mas House e ela não se falavam há algum tempo.

"Pra que você quer ir ver minha mãe?".

"Oh será que é devido ao fato de que eu estou grávida do filho dela?".

"Você será a minha mãe? O meu pai? Estou confuso!".

"Você me entendeu. O filho dela me engravidou e eu quero conhecê-la".

"Isso não diz grande coisa, muita gente engravida...".

"House, assim que contarmos para Rachel ligaremos para a senhora House e diremos que vamos encontrá-la nesse final de semana".

"Ela vai estranhar. Será como se a diretora da escola fosse pra casa comigo".

"O quê?". Cuddy não havia entendido. Até que... "Oh Deus, você não disse a ela que estamos juntos?".

"Era cedo...".

"House!". Ela estava mais chocada do que brava.

"Ela não faz parte da minha vida".

"Nós vamos resolver isso hoje. Ou pelo menos parte disso".

"Cuddy...".

"Sem discussão, você perdeu a razão aqui".

...

Durante o jantar...

"Rachel, você se lembra de que me pediu um irmãozinho ou irmãzinha?".

"SIM!".

House tampou o ouvido com o grito da menina.

"Então... Mamãe vai te dar um deles. Aliás... Dois deles".

Os olhos de Rachel se arregalaram. "Dois?".

"É, eu falo que sua mãe é exagerada". House comentou e ganhou um olhar surpreso de Cuddy.

"Eu não tenho culpa se o seu óvulo se dividiu e se multiplicou além da conta". Ele disse com tom de voz natural.

"Você tem um ovo mamãe?". Rachel perguntou.

"Não é bem um ovo, filha...".

"Significa que sua mãe tem dois bebês dentro da barriga dela".

"Dois bebês dentro da barriga?". Rachel estava abismada. "Como a senhora Prudell?".

"Isso mesmo, querida?".

"Quem é a senhora Prudell?". House perguntou confuso.

"A mãe de uma coleguinha da escola de Rachel que teve gêmeos".

"Oh...".

"Eles vão ser igualzinho também?".

"Sim filha. Os bebês serão idênticos".

"Que estranho".

"Concordo". House disse. "Será como ter um xerox".

"House! Nenhum de nossos filhos será um xerox".

"Dois bebês iguais. Será como a minha boneca Frida?".

"Sim". Cuddy respondeu rindo. Rachel tinha duas bonecas Fridas. Uma ela ganhou da mãe e a outra da tia Julia. Elas eram idênticas e Rachel colocou o mesmo nome.

"Mas como os bebês vão se chamar?".

"Não sabemos ainda, filha. Mas eles terão nomes diferentes". Cuddy disse.

"Mesmo sendo iguais?".

"Bom ponto!". House disse e Cuddy balançou a cabeça.

"Mesmo sendo iguais. Eles ou elas serão pessoas diferentes, só vão parecer fisicamente, mas não podemos tratá-los como se fossem uma pessoa só".

"Por quê?". Rachel perguntou.

"É... por quê?". House entrou na brincadeira.

"Porque eles serão dois seres humanos, com desejo, gostos e características diferentes".

"Você não vai vesti-los iguais?". House perguntou.

"Não!". Cuddy respondeu rapidamente.

"Mas é tão fofo!". House a provocou.

"É tão brega". Cuddy respondeu.

Apesar de Cuddy e Julia não serem gêmeas, Arlene sempre as vestia iguais quando eram crianças, Cuddy tinha trauma disso.

"Eu vou comprar roupas de super herói pra um deles e de vilão para o outro". House anunciou e Rachel riu.

"Nunca!". Cuddy respondeu.

"Por que não?".

"Porque não".

"Você será uma mãe chata".

"Mamãe não é chata!". Rachel a defendeu.

"Obrigada, filha".

"Puxa saco!".

Rachel riu.

"E se forem meninas? Duas meninas?".

"Não serão...". House respondeu confiante.

"Como você tem tanta certeza disso?".

"Porque seria cruel demais e eu estaria ferrado".

"Eu não entendo...".

"Uma casa com quatro mulheres e só eu de macho? Não, obrigado!".

Ela riu alto. "Eu pensei que você preferisse estar rodeado por mulheres do que... homens".

"Isso não é a mesma coisa".

"Oh não?".

"Não!".

"Ei, quando os bebês vão sair?". Rachel chamou a atenção deles.

"Vai demorar um pouco". House respondeu.

"Por quê?".

"Porque eles estão crescendo. Eles precisam ficar maiores e mais fortes pra sair".

"Eles são pequenos?".

"Sim. Assim ó!". House mostrou o tamanho deles.

Rachel riu. "Mentiroso!".

"É verdade, filha".

"Nenhum bebê é desse tamanho".

"Na barriga da mãe sim. Eles precisam crescer pra sair". Cuddy explicou.

"Eu também era assim na sua barriga, mamãe? Desse tamanho?".

Cuddy olhou para House que decidiu mudar de assunto. "Ok, quem quer sorvete?".

O fato é que a psicóloga infantil começou a abordar o assunto da adoção com Rachel e Cuddy nas próximas semanas.


A noite House ligou para Blythe e pediu para vê-la na semana seguinte.

"O que aconteceu Greg? O que você fez?".

"Ok, eu não tenho mais dez anos antes de seguirmos com a conversa".

"Eu sei disso, mas você nunca me liga".

"Eu estarei em Nova Iorque e só queria jantar, talvez...".

"Eu adoraria".


Aos poucos Cuddy acostumava-se a ideia de que a gestação não seria interrompida pela natureza. O medo do aborto espontâneo diminuía enquanto surgia o medo de má formação.

"Você acha que devemos fazer exames cromossômicos?".

"Sério?".

"Sério House, eu estou falando muito sério".

"Mas é invasivo".

"Pouco invasivo".

"Já não está suficiente você estar grávida de gêmeos? Pra que isso?".

"Eu quero saber se meus bebês terão algum problema".

"E se tiverem? Você vai interromper a gestação? Comê-los quando eles nascerem?".

"NÃO!". Ela respondeu em choque.

"Então qual é o ponto?".

"Saber é sempre melhor do que não saber. Pelo menos é esse o seu lema, não?".

"Não sei mais...".

"O que você quer dizer?". Ela estava confusa.

"Olha Cuddy... Vamos esperar o próximo ultrassom pra decidir, ok?".

Cuddy estava assustada com a postura madura e controlada do namorado.

"Realmente?".

"Sim".

Mas a última coisa que House estava era controlado e amadurecido, ele estava em pânico. E o fato de Cuddy querer mexer ainda mais no vespeiro o deixava imensamente incomodado. Ele estava contando com os meses seguintes para lidar com o que viesse, por que Cuddy queria adiantar as coisas?

Naquele dia, após o expediente, ela e House foram para Nova Iorque. Eles passariam o final de semana por lá e Rachel ficaria com Julia. Finalmente House iria ter a conversa com a mãe e ele estava muito nervoso por isso.

"Não fique tão nervoso".

"Eu não estou nervoso".

Cuddy sabia que era mentira, ela o conhecia tão bem. Era raro vê-lo nervoso assim, com as palmas da mão suando e inquieto.

"Você acha que sua mãe não vai gostar da notícia?".

"Acho que ela vai gostar demais da notícia, esse é o problema".

Cuddy olhou pra ele confusa.

"Ela vai gostar tanto que vai querer virar a sua melhor amiga, comprar roupas para os bebês, acompanhar os ultrassons, ligar diariamente e contar pra todos os amigos dela que será avó".

"E isso é um problema?".

"Claro que sim! Eu... Minha mãe não é uma pessoa ruim, mas eu a tenho distante por uma razão...".

Cuddy ficou quieta para dar o tempo dele, tantas revelações de uma vez não era habitual para o seu namorado.

"Eu nunca me senti em casa quando estive na casa dela e de... John. Afastar-me foi o melhor a fazer. Não quero voltar lá...".

Cuddy pegou a mão dele. "Os tempos são outros e as coisas são diferentes. Você mora comigo agora e não vai voltar lá".

"Eu sei, me refiro a... emocionalmente".

"Você era uma criança, um adolescente. Agora você é um homem. Você é o meu homem!".

Ele sorriu levemente.

"Sua mãe pode fazer parte de sua vida, de nossa vida. Mas será sempre a NOSSA vida, entende?".

"Espero que sim".

"E eu te amo!".

"Eu também".

Eles trocaram um breve beijo dentro do táxi antes de chegarem ao hotel onde ficariam hospedados.

Naquela noite House e Cuddy foram a um restaurante italiano onde encontrariam Blythe. Ela foi sozinha, House podia jurar que ela levaria companhia.

"Oh, Lisa. Que surpresa!".

"Olá senhora House, é um prazer vê-la!".

"Você parece ótima, querida. E me chame de Blythe, por favor".

"Você também está ótima, Blythe".

"Filho...". Então ela foi abraçar e beijar House. "Finalmente você veio me ver".

"Não fale assim mãe".

"Mas é verdade, eu não vou pra Jersey porque sei que eu te incomodo".

"Você não me incomoda".

"Oh não minta pra mim".

House corou.

"Você parece ótimo, Greg. Mas o que os trouxe aqui?". Blythe estava surpresa e tentando entender o que os dois poderiam fazer ali.

"Eu...". Ele olhou pra Cuddy que sorriu o encorajando, depois pegou na mão dele por baixo da mesa. "Eu não acho que você sabe que Cuddy é minha namorada".

O olhar de Blythe deixou claro o tamanho da surpresa que ela havia recebido. "Oh...".

"Nós estamos juntos há um pouco mais de um ano".

"Um ano? Greg!".

"Um ano e dois meses". Cuddy esclareceu.

"Como você nunca me contou sobre isso?". Blythe sentia um misto de alegria, surpresa e decepção por não saber de nada até agora.

"Eu estava esperando um tempo pra ver se... se daria certo".

"Eu entendo esperar alguns meses, mas... Um ano?".

"House... Greg não é muito comunicativo". Cuddy tentou contornar a situação.

"Oh Lisa, eu sei bem que meu filho tem suas dificuldades em compartilhar qualquer coisa de sua vida. Isso começou na infância, eu tinha que usar meus artifícios para descobrir simples acontecimentos que diziam respeito a meu filho".

"Ok, talvez esses comentários sejam uma das razões que me deixem desconfortáveis". House falou incomodado.

"E como vocês estão? Como um casal? Bem?".

"Sim". Cuddy respondeu sorrindo. "Estamos muito felizes".

"Oh, que maravilha! Fico tão feliz por vocês! Greg, ela é ótima, e linda".

House corou.

"Obrigada". Cuddy respondeu educada. "Mas há mais uma coisa".

"O quê? Vocês irão se casar?".

House fuzilou a mãe com os olhos. "Não!".

"Oh, desculpe. Eu imaginei...".

"Ela está grávida". House simplesmente disparou.

"O quê?". Blythe pensou que o filho estava brincando.

"Sim mãe, desculpe eu engravidei minha namorada do ensino médio". Ele fez uma voz e rosto dramáticos.

"Lisa?". Blythe pediu que a nora esclarecesse a situação.

"É verdade. Eu estou mesmo grávida".

"Oh meu Deus! Isso é maravilhoso!". A senhora se levantou e foi abraçar Cuddy. Em seguida abraçou o filho, todo o restaurante olhou pra eles. "Você me fez a mãe mais feliz do mundo!".

House corou.

Cuddy queria rir.

"Mãe, tudo bem".

"É verdade! Eu estou tão feliz!".

"Ok mãe".

A senhora sentou-se novamente. "Conte-me tudo! De quanto tempo é a gestação".

"Então...". Cuddy olhou para House e com os olhos fez sinal para que ele continuasse a dar as noticias que não haviam terminado.

"O quê? Oh, claro... Tem mais uma coisa mãe, na verdade duas. São gêmeos".

"Não!".

"Sim!".

"Oh Deus, você quer me matar do coração?".

"Não culpe a mim, mas ao óvulo dela". House apontou para Cuddy.

"Realmente?".

"Sim, Blythe. É real".

"Mas não precisa se levantar e nos abraçar novamente...". House se apressou em dizer.

"Eu não consigo me levantar de qualquer forma, minhas pernas estão moles como gelatina".

"Sério?". House perguntou com desdém.

"Claro que sim. Tantas noticias para um coração velho".

"Mas você está se sentindo bem?". Cuddy se preocupou.

"Oh querida, eu estou melhor do que bem, eu estou ótima".

"Então vou te dar as outras novidades: Nós comprarmos uma casa nova e vamos nos mudar pra lá na semana que vem. Cuddy tem uma filha chamada Rachel, ela tem quatro anos. A mãe de Cuddy tem câncer".

"House!". Cuddy chamou a atenção dele pelo disparate em dar tantas informações ao mesmo tempo.

"Wow!". Blythe tentava assimilar tantas novidades.

"Eu só estou tentando mantê-la informada". House se justificou.

"Sua mãe está bem?". Blythe quis saber.

"Ela está em tratamento. House tem sido muito atencioso com ela e a acompanhou em três sessões de quimioterapia, agora ela fará mais três antes de repetir os exames. Mas ela está reagindo bem ao tratamento".

"Arlene é tão ruim que nem a quimioterapia interrompe aquele coração de pedra". House disse.

"Você... Filho... Eu estou muito orgulhosa".

"Oh não, mãe. Sem mais abraços".

"Vocês vão se mudar para uma casa perto de onde moram atualmente?". Blythe perguntou para Cuddy.

"Sim, é uma casa maior por conta dos gêmeos. Será perto da minha casa atual. O bairro é muito bom, as escolas também".

"Oh, eu estou realmente nas nuvens com tudo isso. Eu estou muito animada para ser avó".

Cuddy sorriu. "Fico feliz em poder te dar essa alegria".

House sentia-se como um intruso no meio da conversa. Ainda era muito irreal toda essa coisa de gravidez e paternidade.

"Eu e House queremos que você faça parte de nossa vida". Ela falou pegando na mão dele.

"Queremos?". Ele sussurrou pra ela.

"Oh eu fico tão feliz por isso. Eu sempre quis estar mais presente na vida de Greg".

House franziu a testa muito incomodado com aquela conversa.

"Na época de Stacy eu não tinha muito acesso, ela era uma mulher que queria Greg só para si".

Nessa hora House tossiu.

"Oh me desculpe falar de outra mulher... Eu estava mesmo querendo te elogiar Lisa, eu e Stacy nunca fomos muito próximas".

"Tudo bem". Cuddy falou também um tanto desconfortável.

"No mais, ela nunca me deu nenhum neto, que dirá dois".

"Ok, eu preciso ir ao banheiro". House levantou-se e saiu. Ele precisava sair de lá por alguns minutos.

Cuddy e Blythe ficaram sozinhas e a mulher estava quase colocando a nora em um pedestal. "Você precisa ter paciência com Greg, ele vai cair em si e te pedir em casamento".

"Eu... Nós... Não temos esse plano".

"Oh Lisa, uma mulher conhece a outra e eu sei que ele é difícil, teimoso e irredutível, mas nada que o amor não transforme. Você o ama, não é mesmo?".

Agora era a vez de Cuddy ficar corada. "Sim, claro que sim".

"Então. Isso é o mais importante. Eu e John... Eu tenho que confessar que nunca fui apaixonada por John".

"Oh, eu sinto muito!". Cuddy sabia da história sobre House ser um filho bastardo de John, Wilson contou pra ela na época em que descobriu, mas House também contou pra ela no início do relacionamento. Ela fingiu surpresa, mas House sabia que Wilson havia aberto a boca.

"Eu amava John a sua maneira, mas... É tão bom quando existe paixão, não é?".

Cuddy foi salva pela volta de House.

"Falaram muito mal de mim?".

"Pelo contrário". Blythe informou feliz.

Ao final da refeição eles voltaram para o hotel e Blythe foi pra casa com o coração cheio de alegria.

"Sua mãe é muito simpática e atenciosa".

"Você está ferrada agora!".

"Por quê?".

"Ela vai fazer de sua vida um inferno. Vai ligar todos os dias, te perseguir, querer as imagens de ultrassons, comprar presentes para os bebês".

"E o que tem de mais? Não é o que as avós fazem?".

"Arlene não fará essas coisas".

"E você prefere assim?".

"Talvez".

"Então... Fique você com a minha mãe e eu com a sua".

House pensou. "Ok".


O final de semana foi ótimo. Eles puderam ficar juntos e sozinhos pela primeira vez em meses. Acabou sendo um ótimo descanso, pois quando voltaram tiveram que lidar com a mudança para a nova casa. Apesar de Cuddy contratar uma equipe especializada houveram alguns transtornos.

"O meu piano foi arranhado".

"Isso já estava aí antes, senhor". O responsável pelo transporte dos móveis argumentou.

"Não, não estava".

"Nós não fizemos isso, senhor".

"E então vamos ficar aqui discutindo e você não vai fazer nada a respeito?".

"House". Cuddy o chamou. "Fica atrás, ninguém vê...".

"Eu vejo".

"Por favor!".

"Eu tive o meu piano açoitado".

"Não exagere, é um risco de dois centímetros".

"Ali são pelo menos quatro centímetros".

Cuddy bufou.

"Você sabe quanto custou esse piano?".

"Menos do que a minha paciência custa, nós daremos um jeito nisso".

"Que jeito? Você pagou caro pelo serviço, portanto, tem direito a reclamar".

"Eu não vou reclamar por conta de um risco superficial de dois centímetros".

"Quatro!".

"Ok House, fique e reclame o quanto quiser, eu tenho coisas mais úteis pra fazer...".

"E a culpa é minha agora? Não fui eu quem riscou". Ele gritou enquanto ela se afastava.

As vezes não era fácil lidar com House, mas eles estavam bem, muito bem. Nos últimos tempos não discutiam, não havia retaliação, nada... Só amor, companheirismo e amizade. Cuddy sabia que House tentava ainda fugir dos afazeres domésticos, mas até nisso ele havia melhorado e ajudava mais, pelo menos se esforçava por isso. No mais, ela passou a valorizar menos e menos algumas coisas, e a olhar com carinho para outras. Cuddy sentia que eles estavam progredindo e que finalmente haveria futuro em um relacionamento amoroso de sua vida, e o mais importante e relevante de todos os relacionamentos, pois era House, o homem que ela amava desde... Muitos anos.


"Eu estou bem, não sei porque preciso me justificar todos os dias". Cuddy reclamava para House.

"Você mesma disse para o conselho que reduziria o ritmo, mas até agora você só falou isso, nada fez a respeito".

"Eu ainda estou no princípio da gestação".

"Exatamente! É uma fase crítica. Você não tem mais vinte anos e está grávida de gêmeos".

Ela respirou fundo, Cuddy sabia no fundo que ele tinha razão, tanto que avisou para o conselho e para a presidência que precisaria de mais tempo pra ela.

Duas semanas atrás...

"Eu quero aproveitar essa reunião para falar sobre um assunto pessoal". Cuddy começou. "Eu tive um call com a presidência hoje e os informei oficialmente sobre minha gestação gemelar e a necessidade de reduzir minha carga de trabalho e buscar um substituto para o período de minha licença maternidade".

Todos já sabiam da noticia desde que House tornou isso público, mas Cuddy nunca havia se pronunciado oficialmente.

"Muitas coisas têm acontecido em minha vida além da gestação, e precisarei me cuidar. Cuidar dos meus filhos, cuidar da minha família, organizar minha vida. Não pretendo deixar o hospital a deriva, por isso desde já vou começar a passar as atividades para o Dr. Jones, todos sabem da competência dele e da plena confiança que tenho em seu caráter e postura profissional".

Dr. Jones corou. Ele era um senhor na faixa dos sessenta anos, médico reumatologista e vice-reitor.

"Dr. House fez mesmo isso hein?". Norman, um médico conhecido por não segurar a língua, falou.

Wilson olhou feio para ele.

"Dr. House e eu fizemos isso juntos!". Cuddy disse fazendo o homem corar e os demais rirem. "Alguém precisa que eu explique como funciona a reprodução humana?".

Todos se calaram.

"Ótimo! Caso contrário seria preocupante que os senhores tivessem se formado em medicina".

Wilson tentava controlar a risada, ele admirava demais Lisa Cuddy na postura de reitora de medicina que chuta bundas. Ele tinha que contar isso para House, Wilson mal conseguia se conter.

De volta aos tempos atuais...

"Eu sei, você tem toda a razão. Eu preciso diminuir o ritmo". Cuddy disse colocando a mão na barriga.

"Você sentiu algo?".

"Não, só uma contração natural".

"Natural? Como você sabe se é uma contração natural? Você já esteve grávida antes?".

"Não, mas eu sei".

"Ok, vamos para o ultrassom".

"House, não é necessário".

"Vamos para o ultrassom sem discussão".

"Eu não quero".

"São meus fetos também. Você só os está alojando".

Cuddy arregalou os olhos. "Eu só os estou alojando? Sério isso?".

"É um alojamento cinco estrelas, tenho que dizer".

Ela bufou. "Ok, agora eu tenho que trabalhar".

"Não! Você não acha que eu vou desistir tão rapidamente, acha?".

"Eu não preciso fazer ultrassom agora".

Mas ele a ignorou e ligou para a obstetra dela e contou sobre a contração.

"House, sério?".

Ele a ignorou enquanto falava com a médica.

"A sua obstetra disse para irmos agora até a sala dela".

"Não! Ela deve ter pacientes...".

"Quando você vai deixar de ser hipócrita e assumir o seu papel como reitora que chuta bundas nesse hospital? Vamos já pra lá!".

Não iria adiantar argumentar com House, então ela foi. No mais, Cuddy estava louca para ver os bebês e apavorada também. A cada ultrassom e exame o medo de que algo estivesse errado crescia exponencialmente.

"Você está grávida de 17 semanas, talvez possamos ver o sexo deles".

O rosto de Cuddy se transformou. "Será?".

"Pode ser que sim, pode ser que não... Se eles esconderem...".

Cuddy quase correu pelo corredor para chegar mais rápido.

"Olá Patrícia, House está exagerando".

"Pode ser, mas... Você está grávida de gêmeos e acima dos quarenta anos, precisamos checar tudo".

House olhou pra ela como quem dizia: 'Não te falei?'.

Cuddy vestiu o avental, respirou fundo e deitou-se na maca.

"Vamos ver...".

"Será que conseguimos ver os pênis dos meus filhos?". House perguntou.

"Uh... Você acha que serão dois garotos?".

"Eu rezo pra ser". House disse e Cuddy riu.

"E você?". Dra. Patrícia perguntou.

"Pra mim tanto faz...".

"Mentira!". House disse.

"Eu amo ser mãe de menina. Mas também seria um prazer ser mãe de menino".

"Oh Cuddy, deixe de ser tão mole e tome uma posição".

Dra. Patrícia riu.

"Olha... Está tudo ótimo. Os fetos estão muito bem posicionados, bolsa, placenta. Tudo parece bem!".

"Eu te disse". Cuddy falou para o namorado.

"Você só tem certeza disso porque fez o exame". Ele rebateu. "Senão você ficaria totalmente preocupada".

"Eu ou você?".

"Nós dois!".

Cuddy balançou a cabeça, mas sabia que ele tinha razão.

"Você está provavelmente sentindo a expansão do seu corpo. É muito cedo para Braxton Hicks...".

"Ok, tudo normal. Ótimo! Agora... Cadê os pênis dos bebês?". House perguntou.

Cuddy arregalou os olhos. "House, que grosseria!".

"Olha House, me desculpe, mas não vejo nada de pênis".

"Eles estão em uma posição ruim?". House perguntou.

"Não, estão em uma ótima posição, especialmente essa menininha com as pernas abertas. Suas filhas são lindas!".

Continua...