NO BAR

Carter chega e encontra Luka no balcão olhando para um copo de bebida. Eu sabia que encontraria com ele aqui. Pensa Carter. Olha para o amigo e se assusta com seu estado deplorável. Barba por fazer, olheiras profundas. É evidente que está sofrendo.

Carter – Precisamos conversar...

Luka levanta os olhos e olha com raiva pra Carter. Carter pode perceber que ele bebeu muito.

Luka – Não temos nada pra conversar.

Carter – Sim! Nós temos!

Luka olha pra ele e sai. Carter vai atrás

Luka caminha pela calçada embaixo da chuva fina. Em seu estado alterado consegue ouvir Carter chamando-o, mas continua caminhando. Sente a mão de alguém em seu ombro. Vira-se e é atirado ao chão por um soco.

Luka olha pra Carter atônito.

Carter (grita) – Você é um idiota! Está sofrendo e fazendo a mulher que ama sofrer! Até quando? Até que ela decida que não quer mais você?

A reação de Luka deixa Carter perplexo. Ele senta-se no meio fio. Coloca as mãos entre a cabeça e chora como uma criança.

Carter – Você vem comigo (Luka levanta a cabeça e olha pra ele) – Não está em condições de ficar aqui e muito menos de dirigir

NO APARTAMENTO DE CARTER

Luka está totalmente alcoolizado. Não fala coisa com coisa. Carter o agarra pela camisa e joga debaixo do chuveiro com roupa e tudo – Fique aí ate melhorar. Vou preparar um café e depois conversamos.

Uma hora depois Luka sai do banheiro um pouco envergonhado. Carter olha pra ele. Ninguém fala nada por um bom tempo...

Luka quebra o silencio – Você está apaixonado por ela...

Carter fica em silencio por um momento. Olha para Luka e fala – Talvez esteja... Não por ela... Mas pela vida que ela tem e eu não consegui ter. Vejo-a casada, com um filho e fico pensando em tudo que sonhei e não consegui realizar.

Luka – E ela...

Carter (gritando) – Você é cego ou o que? Qualquer pessoa percebe que ela te ama! Há muito tempo! Acho que desde que estávamos juntos... Quando voltei da África você foi a primeira pessoa por quem ela perguntou!

Luka (alterado) – Mas vocês estão sempre juntos! Cheio de segredinhos! É claro que está acontecendo alguma coisa. Espera que alguém acredite que é só amizade?(senta-se)

Carter senta-se em frente à Luka nenhum dos dois se encara durante um tempo. Carter levanta-se em silencio.

Olha pra Luka que espera uma resposta

Carter - Eu... Eu voltei a me drogar. Diz ele.

Luka fica atônito.

Carter continua (cabisbaixo, meio envergonhado) – Começou quando me separei... Estava sozinho em Paris, me sentindo a última das criaturas... E depois, foi ficando cada vez pior... Quando minha mãe faleceu, eu estava no fundo do poço. Olha pra Luka que ouve calado. – Depois dos funerais (continua Carter) – Vi que, se não tomasse uma atitude, não teria volta. Então procurei a Weaver e contei o que estava acontecendo. Falei que iria começar a terapia... Iria procurar o Narcóticos Anônimos e faria o impossível pra sair dessa... Implorei que ela me desse um emprego. É mais fácil quando se mantem a mente ocupada

Luka – E ela deu...

Carter – Com restrições... Eu não poderia me aproximar dos medicamentos...

Luka – E a Abby...

Carter – Sim... Ela ficou responsável por mim. Controlando os medicamentos que ministrava aos pacientes. Não queria que mais ninguém soubesse. Não podia confiar em outra pessoa. Ela me ajudou muito...

Luka (levantando-se – Você não me contou...

Carter – É difícil admitir que fui fraco... Com ela foi mais fácil. Ela já teve problemas com a bebida, sabe como estas coisas funcionam. (fica em silencio por um minuto) Eu não queria que todos no hospital me olhassem como se eu fosse um viciado, um fracassado.

Luka senta-se novamente. Está atônito. Sente se culpado por tantas desconfianças – Sou um idiota. Diz ele

Carter – Sim... Um idiota!

Luka – Ela nunca vai me perdoar...

Carter – E você vai aceitar isso assim? Sem lutar? Vai perder a oportunidade de ver seus filhos crescerem. Se você for, realmente não a merece (Carter sorri)

Luka (sorri) – É... Me empresta seu carro?

Carter – Claro! Olha pra Luka que sai apressado – Luka!

Luka olha pra ele

Carter – Desculpe pelo soco...

Luka – Tudo bem. Eu mereci