Cap. 7 – Abraço gelado

- Perigoso, Weasley? Uma vez na vida, você tem razão... – um coro de risos se seguiu ao comentário. Virgínia ficou petrificada ao ouvir aquela voz. Era a mesma voz – a mesma maldita voz – que ela ouvira em uma livraria há muitos anos atrás. Lúcio Malfoy saiu das sombras da floresta. Atrás dele surgiram outras formas envoltas na mesma capa negra. Ao contrário de Lúcio, estas estavam com os rostos cobertos por máscaras.

Antes que pudessem fazer qualquer coisa, Lúcio retirou-lhes as varinhas.

- Olá, Pai. – disse Draco, com a voz carregada de ironia.

- Ora, Draco, achei que tivesse te educado melhor. Como pode deixar uma dama num lugar assim tão frio? Mas não se preocupe – disse Lúcio, virando-se para Virgínia – eu não serei da mesma descortesia. Você ficará bem aquecida em minha cama esta noite. Vamos nos divertir bastante antes do seu fim. – seguiu-se um novo coro de risadas.

O olhar de Gina transbordava ódio. Aquele homem... fora ele que a entregara a Tom. Fora aquele maldito que a fizera sofrer tanto. Colin Creevey, Madame Norra, Nick quase-sem-cabeça, MIONE! Todas essas pessoas petrificadas e a culpa era dele! DELE!

De repente, ela obrigou-se a se controlar. Utilizando-se de um truque que aprendera com Dumbledore, que era usado pelas sacerdotisas, ela esperou até que pudesse confiar em sua voz. E foi com aparente calma que ela disse:

- Olá, Lúcio. Como vai? Não nos vemos desde do dia em que você deixou um brinde em meu caldeirão alguns anos atrás... – sua voz era baixa, calma e surpreendentemente assassina. Ela iria enrolar Malfoy. Precisavam de tempo para que alguém viesse salvá-los. Draco a encarava com surpresa. Que história era aquela de brinde em caldeirão?

- Olha só... A pequena Weasley andou praticando... – disse ele, baixinho, como se falasse consigo mesmo. - Meus parabéns. Você me surpreendeu. Achei que fosse gritar e espernear como uma garotinha. Weasley, Weasley, você está me deixando excitado.

- Cala essa boca suja, Lúcio! – Draco disse, tomando a defesa de Gina. – E você sabe que não poderia fazer nada com ela, Pai... correm boatos entre os elfos lá de casa: boatos muito interessantes, que aposto que seus amiguinhos gostariam de tomar conhecimento. – Lúcio empalideceu.

- Ora, deixe de blefes, Draco! Não há nada para ser comentado sobre mim. – disse ele, mas parecia ligeiramente temeroso.

- Ah, não? Então o que seria melhor assunto para fofocas do que os garotões que aquecem suas noites? - Lúcio calou as gargalhadas dos homens atrás dele com um olhar. – Virgínia não estava nem de longe espantada com a revelação. De Lúcio Malfoy ela esperava qualquer coisa.

- Cale-se, Draco. Você não respeita mais seu próprio pai?

- Ele nunca respeitou! Respeito é algo que se conquista, algo que se merece, e não medo, ou interesse, ou qualquer coisa que você pense que é! Respeito, Lucius Malfoy, é algo que você nunca vai ter de ninguém, porque respeito é, acima de tudo, uma forma de amor! – e foi com veneno na voz que ela acrescentou – A verdade dói, não é mesmo?

Lúcio apontou sua varinha para Gina.

- Petrificus Totalus! – Gina caiu dura no chão, imóvel como uma pedra. – Você sabe por que eu apenas a paralisei, Draco? Eu vou torturá-la na sua frente antes de matá-la. Em você não será apenas a tortura física, Draco! Eu vou destroçar a sua mente até que não haja mais resquícios de sanidade! Sabe, eu a compreendo. Ela é menos culpada que você. Ser amante de trouxas está no sangue dela, nesse sangue Weasley nojento. Já você, Draco, tem o sangue mais puro do mundo bruxo e, ainda assim, você me traiu.

- Você não entende! Isso é maior que o sangue, Lúcio. É maior e mais antigo e mais forte! Eu amo esta mulher desde antes que o primeiro Malfoy aprendesse a dizer "sangue-ruim"!

- Amor? Deixe de asneiras, Draco. Malfoys não amam. – a expressão de seu rosto estava impassível, indecifrável. Seus longos cabelos loiros voavam, a varinha apontada para o peito de Draco. Os outros comensais tinham as varinhas displicentemente apontadas. Eles eram apenas um apoio, a festa hoje pertencia a Lúcio. Mais atrás, a neve cobria o chão e o vento rugia ao bater nas folhas das árvores.

- Eu não sou um Malfoy. Sou o Pendragon.

- Você nega o seu sangue? – sua voz era fria e imperiosa. Era óbvio que ele estava contendo uma avalanche de fúria que poderia em um segundo desabar sobre Draco.

- Nego!

- Então você vai morrer! – Lúcio lançou um feitiço mas um segundo antes Draco já havia pulado. O feitiço pegou sua cabeça de raspão, e ele caiu, rolando na neve. Estava desacordado.

De dentro de seu corpo inútil, Virgínia ouviu tudo. Ouviu que Draco a amava. Ouviu que ele iria morrer. Ela reuniu toda a força de sua fúria e a lançou para os músculos de seu corpo. Eles não responderam. Ao contrário, tentar mexer seu corpo fez com que sua força voltasse contra ela, e ela deu um urro de dor. Ela estava presa! Presa dentro do seu próprio corpo!

"- Deusa! Oh, Deusa, dê-me forças! Dê-me forças para salvar o homem que eu amo, o homem que escolheu para mim!". O pânico de estar presa se esvaiu. Novamente ela sentiu a poderosa sensação de não ser mais ela quem estava no comando.Ela percebeu a neve nas pontas dos seus dedos. Virgínia relaxou completamente, e deixou-se esvair para a neve através dos seus dedos.

Lúcio olhou para cima começou a nevar. "Neve? Mas como? O tempo está seco demais!". Impossível ou não, estava nevando, e muito. Sem se preocupar com isso, Lúcio começou a vencer os metros que o separavam de seu filho caído.

Com um rodopio, a neve à sua frente tomou forma. Como quando você de repente passa a ver o camaleão entre as folhas ele subitamente pôde ver um corpo gigantesco de mulher. Ela era parte da nevasca, mas ao mesmo tempo diferente... Sem se importar em passar pelos ouvidos, uma voz chegou à sua mente. "Venha comigo, meu anjo... deixe-os... venha..." "Meu anjo" era como sua mãe lhe chamava. A única pessoa que o chamava assim. Era ela ali... era ela... sua mãe... a única pessoa... era ela na neve, ERA ELA!

Lúcio olhou para trás. Os comensais não estavam ali. Ele olhou novamente para a frente, e lá estava o corpo de mulher, os braços convidativamete abertos para recebê-lo. A voz dela ecoava em sua mente. "Venha, meu anjo, meu menino... venha com a sua mãe..." Lúcio estendeu seus braços cegamente à sua frente, e começou a andar em direção a ela, a única pessoa que o amara, a sua mãe. "Venha, meu anjo... venha..." se ele olhasse para o rosto da figura na neve, veria um sorriso zombeteiro. Ele finalmente abraçou-a e ela o conduziu pela mão cada vez mais para dento da nevasca.

Virgínia abriu os olhos lentamente. Estava na Enfermaria. Era o lugar certo para ela no momento... ela sentia como se toda a sua energia tivesse sido sugada. Apenas segurar as pestanas era um esforço imenso, então por que ela apenas não as deixava se fechar assim.......

Dentro de segundos, Virgínia dormia novamente.

Draco andava para lá e para cá na tão familiar sala de Dumbledore. O que tinha acontecido? Ele lembrava-se apenas da discussão com seu pai e tudo o mais era um enorme branco até o momento em que acordara na Enfermaria, horas antes. Desde então tinha recebido alta e sido mandado para cá, para esperar notícias. O ataque a Hogsmeade fora enorme e a enfermaria estava cheia demais para que pudessem permitir a estada de alguém com um simples corte feito por feitiço enquanto havia tantos outros em pior situação. Mil perguntas disparavam pela sua cabeça como tiros, vindas de todas as direções e em velocidade impossível. Mas a mais impertinente e incomodativa era sem dúvida "O que houve com Virgínia?"

Ele andou lentamente até Minha Dama e começou a tocar.

O ataque fora menos devastador do que parecera a princípio. Havia poucos mortos e muitos feridos, e também baixas no lado oposto. O Trio Maravilha fora de grande ajuda no combate aos comensais, e embora Rony tivesse levado um corte feio no tórax e Hermione alguns arranhões não houveram mais ferimentos. Harry saiu da batalha surpreendentemente ileso. Dumbledore agora tinha um assunto delicado para tratar. Assim sendo, subiu até a sua sala.

- Olá, Draco. – o garoto assustou-se e parou de tocar. – Sente-se aqui, por favor. Creio que você tem muitas perguntas a fazer.

- Tenho sim, professor. – Draco sentou-se. Ele se sentia humilde: o professor ainda apresentava resquícios do enorme poder que emanara na batalha. – O que aconteceu?

- Houve um ataque dos comensais a Hogsmeade, Draco.

- Como estão as coisas?

- Melhores do que o esperado. Ainda não fizemos a contagem, mas há aparentemente mais feridos do que mortos, e também baixas entre os comensais. – Draco olhou ara Dumbledore profundamente. Se tivesse perguntado oralmente não teria se explicado melhor. – Draco... seu pai foi encontrado a alguns quilômetros da vila, congelado. Não pudemos salvá-lo.

Draco abaixou a cabeça. Não se podia ver seus olhos, e sua voz estava trêmula.

- E... e Virgínia? – ele levantou a cabeça, esperando o pior.

- Nós não sabemos direito o que aconteceu, mas temos uma idéia. Ao que parece Virgínia gastou todas as suas forças para salvá-los, e está esgotada. Ela estava por um fio quando os encontramos, e está se recuperando na Enfermaria. – Draco cerrou os punhos e abaixou novamente a cabeça.

- Ela vai ficar bem, não vai?

- Tenho certeza que...

- Ela quase morreu para me salvar! – ele ergueu a cabeça e seus olhos estavam azuis, transtornados e furiosos. – Ela estava ali para me proteger e era eu quem devia estar protegendo-a! É tudo culpa minha! Eu preciso vê-la! Imediatamente!

Uma voz fraca veio da porta da sala.

- Draco... estou aqui... – Virgínia estava ali na porta, vestida somente com uma camisola de uma rosa totalmente desbotado, tecido velho e confortável. Ela estava pálida, e seus cabelos contrastavam terrivelmente com sua pele. Seus joelhos mal a agüentavam, e ela segurava-se no batente procurando equilíbrio. Draco segurou-a antes que caísse e sentou-se com ela em seu colo na poltrona. Passava a mão trêmula em seu rosto e dava pequenos beijos, murmurando que estava tudo bem.

- Eu consegui, não foi? – Draco olhou fundo dentro daqueles olhos castanhos e brilhantes. Sim, sim ela conseguira. Quando ele assentiu, ela fechou os olhos e caiu no sono. Draco estava cansado. Suas emoções passaram em pouquíssimo tempo de transtornado para triste e então temeroso, culpado e então aliviado. Logo ele também adormeceu.

N/A: Eu devo estar louca! Eu estou colocando um cap. emocionante de 4 pags quando não recebi nem sequer uma review do cap. anterior! Eu quero reviews grandes e aos montes, hein, mocinhas? Comentários, opiniões, pedras (se quiserem entender leiam Cruel Intentions, da Píchi!), enfim, qualquer coisa!!! REVIEWS, REVIEWS, REVIEWS!

Rápido, doutor, ela entrou em surto! Enfermeira, passa a injeção de calmante! (depois que eu parei de me mecher, ele olha diretamente para a câmera e diz, com voz grave) Vocês sabem do que ela precisa. Só vocês podem salvá-la!. Beijoooos!!!!