APENAS LEMBRANÇAS
CAPÍTULO 4 – Encontro inusitado
-Ele está aqui!
Heero se virou. De dentro do shopping vinham não dois, mas três homens de sobretudo. Um deles levou a mão à cintura. Vendo o que viria a seguir, Heero se levantou, rápido como um raio. Agarrou o garoto pela cintura e fugiu para o estacionamento, no máximo de sua força. Ouviu os tiros ricochetearem na parede assim que passaram.
Escondeu-se atrás de uma caminhonete e colocou o menino no chão.
-O quê q...
-Fique quieto. Não saia daí. - ele meteu o pé no vidro e abriu o carro – Entre, rápido.
O garoto obedeceu. Ele sentou-se no banco de motorista e puxou os fios do painel, fazendo uma ligação direta.
-Aqu... aqueles caras tão vindo...
-Se segure do jeito que der... - o motor ligou e Heero deu a ré. Haviam dois homens armados perto da entrada do shopping, que começaram a atirar assim que o viram.
-EIJI, SE ABAIXA!
Ele acelerou e saiu do estacionamento pelo outro lado, quase atropelando o cara que recolhia os cartões. Entrou na avenida e aumentou a velocidade.
-Pai, o quê tá acontecendo?
-Não sei. Coloca o cinto. - ele desviou de alguns carros que andavam mais devagar e viu a pista desimpedida. Olhou para o garoto. Lembrara o nome dele, em um segundo de necessidade o nome simplesmente viera à sua cabeça, como se fosse algo natural.
-Como não sabe? - ele havia colocado o cinto, mas ainda não se convencera. - Por que aqueles homens estavam te perseguindo? Onde você teve este tempo todo? Você ... roubou um carro! Por que está usando meu boné?
-Pare com isso! - disse ele sem tirar a atenção da pista. - Já e suficientemente ruim eu não me lembrar de nada, você ainda precisa ficar me perseguindo com perguntas que não sei responder?
-Não se lembrar de nada? Do que está falando? Você se lembra de mim, não é?
Ele não respondeu. Tirou do bolso a foto que havia encontrado no apartamento e estendeu-a a ele. O garoto segurou a foto, e então olhou para Heero.
-O quê aconteceu?
-Eu... não sei. - disse ele confuso. Andava mais devagar agora, apesar de estar numa espécie de estrada. - Só me lembro de ter acordado alguns dias atrás em um lugar estranho, não tenho qualquer memória anterior.
Ele continuou a olhar para o homem ao seu lado por algum tempo, então virou-se para a frente.
-Pra onde estamos indo?
-Eu não sei.
Os dois ficaram em silêncio. Eiji encostou-se na janela, observando a paisagem.
-Pai?
Heero deu um grunhido, o que significava, o garoto sabia, que ele estava ouvindo.
-Se não se lembra de nada, como sabia meu nome?
-Me veio à mente.
-Então isto é um bom sinal, não é? Talvez sua memória volte aos poucos...
-Não sei.
O garoto silenciou novamente, balançando os pés. Então virou-se para ele novamente.
-Pai?
Outro grunhido. Eiji adorava fazer aquilo, testar a paciência dele até não poder mais.
-Você não se lembra de nada mesmo? Nem da mamãe? Nem da Aiko?
-Não.
-Nem do Duo e da Hilde? De nossa casa em Sank?
Heero soltou um ruído ininteligível, mas Eiji continuou.
-Do tio Milliardo? Daqueles seus amigos... como eram mesmo os nomes? Quatre, Trowa e Wufei?
-Escute bem. - ele disse, agora mirando o garoto com um olhar mortífero. - Só porque lembrei seu nome não quer dizer que tudo vai voltar à minha mente somente se você ficar citando pessoas. Isso não vai adiantar! Só está me desconcentrando! - o tom de voz e a expressão de Heero eram assustadores, fariam qualquer um pensar duas vezes antes de se dirigir a ele novamente. No entanto, Eiji parecia não ligar. Respondeu calmamente, como se estivesse discutindo com um garoto de sua idade.
-Também não precisa ficar zangado. Estava tentando ajudar, se isso não adiantou podemos pensar em outra coisa.
-Não tem nós. - disse Heero em voz baixa. - Vou deixar você em um lugar seguro, onde alguém possa pegá-lo.
-Me o quê? Estamos há quase um mês te procurando e quando eu te acho me diz isso? Vai fugir?
-Eu não sei porque estão me perseguindo, mas estão. Quer que eu volte com você, como se nada estranho tivesse acontecido? Não é o que vou fazer. VOCÊ vai voltar para casa e EU vou descobrir porque estão me perseguindo. Fim da história.
Eiji se virou para a janela, emburrado. Queria ficar junto com ele, passara tanto tempo sem ter sequer uma notícia que mal se lembrava o quanto gostava de ficar ao seu lado, nem que fosse só para provocá-lo. E se voltasse para casa o que diria à mãe? Que encontrara o pai mas ele estava com amnésia e sendo perseguido por alguns assassinos malucos? Com certeza ela só ficaria mais preocupada do que já estava...
-Nós viemos passar as férias nessa cidade porque fazia tempo que não vínhamos ver nosso apartamento. - Eiji começou a falar subitamente, em voz baixa e encarando a pista à frente. - Ficamos uns três dias, até que o Duo, um amigo seu ligou. Naquele mesmo dia estávamos andando por uma rua com várias lojas, quando me perdi. Andei por algun minutos até que consegui encontrar mamãe, mas não você. As lojas começaram a esvaziar, e nós olhamos por todos os lados e perguntamos a todas as pessoas.
Heero agora encarava a pista, mas não a enxergava realmente. Toda sua concentração estava no que o garoto dizia.
-Alguns vendedores nos falaram sobre uns homens estranhos que tinha visto rondando a loja. Mamãe ficou nervosa. Ela ligou para Duo e nós três fomos até a casa dele. Ficamos lá, todos diziam para mim que era mais seguro, mas eu não sabia o que estava acontecendo. Porque precisávamos de um lugar seguro? Um dia me escondi pra ouvir a conversa deles. Duo contava à mamãe sobre um grupo de cientistas, que provavelmente tinham te seqüestrado.
-Cientistas? - Heero virou-se, para poder prestar mais atenção.
-É. Parece que eles estavam fazendo estudos sobre reações, reflexos e emoções em soldados. Queriam chegar ao soldado perfeito.
-Soldado?
-É logico que você não se lembra, mas você foi um soldado. Lutava em um mobile suit que chamavam de gundam. Foi você mesmo quem me contou essa história.
-Eu...
-PAI! CUIDADO!
Heero olhou para frente e havia uma árvore caída na pista. Esteve tão concentrado no que o menino dizia que distraíra-se da direção. O carro derrapou e deu um giro, batendo de lado na árvore.
N/a: Oie people! Esse cap tá com bastante diálogo, mas acho que dá pra perceber um pouco a personalidade do Eiji. Já o Heero, eu me esforcei para que não ficasse OC, espero que tenha dado certo!
Quanto à perguntas da
Has-Has e da Tina-chan... acho que algumas foram respondidas, né? Mas
como essa história tem uma narração linear, não tem nehuma
referência externa... ou seja, você só vai descobrir que o Heero
descobrir. Num sei se deu pra entender minha teoria...
Enfim, continuem acompanhando a história, nesse mesmo site, toda
semana... e não esqueçam de deixar a opinião antes de sair! Participe
da campanha: Faça um ficwriter feliz!
hauahahauhauhahaahuahauahua Tá, já parei...
bjos!
Poly-chan
