APENAS LEMBRANÇAS
CAPÍTULO 5 - O hotel na estrada
Heero abriu os olhos assim que tudo parou de girar.
-Tudo bem?
-Tudo. - disse o garoto, tirando o cinto. - Mas é melhor a gente sair daqui. Caso não se lembre, o carro é roubado e duvido que funcione agora.
Ele não respondeu, mas pegou a mochila no banco de trás e saiu. Estavam em uma estrada totalmente desabitada, sem nenhum sinal de casas ou pessoas. Heero começou a caminhar afastando-se do carro. Eiji o seguiu.
-O que vamos fazer? Caminhar? Não vamos chegar a lugar nenhum e cedo ou tarde vão encontrar aquele carro roubado!
Heero não respondeu, continuou a andar indiferente.
-Logo vai escurecer. Não é perigoso caminhar em uma estrada à noite? E eu tô ficando com fome...
Eiji estava decidido a continuar a importunar o pai, mas ouviu um ruído de caminhão que lhe chamou a atenção e virou-se.
Heero parou de andar e olhou para trás. Um caminhão estava parando no acostamento, e Eiji acenava. Ele fez um sinal com as mãos, indicando reprovação, mas era tarde demais. O homem abaixara o vidro.
-É de vocês aquele carro ali atrás?
Ele chegou mais perto do caminhão, seria melhor improvisar uma situação.
-É, mas parece que o seguro vai demorar para enviar um guincho, por isso pensamos em ir andando e procurar um hotel. Sabe de algum nessa região?
-Tem um a uns dois quilômetros, se quiserem posso levá-los.
O homem abriu a porta e os dois subiram. Ele arrancou novamente.
-Vocês estão bem? Parece que foi um acidente feio...
-Não foi nada demais. Só uma derrapada.
Heero não estava disposto a conversar, mas o caminhoneiro estava, e muito. Falou sobre o estado das estradas, a lerdeza dos guinchos e citou uns três colegas que já haviam tido o mesmo problema. Ele falava praticamente sozinho, pois os outros dois não davam sinais de estarem ouvindo. Por fim, quando o assunto se esgotou, ele se virou para Eiji.
-Sabe que o meu garoto mais velho deve ter a sua idade? É um pestinha... Mas ainda assim, gostaria de ver ele mais vezes. Vocês estavam viajando?
-É. – disse o garoto desinteressado.
O homem ligou o rádio em uma estação qualquer e continuou a falar.
-Você cria o garoto sozinho?
-Ahan. – Heero mal havia ouvido a pergunta. Estava olhando para a estrada, agora totalmente escura, e se perguntando quanto tempo levariam para achar o carro e o que deveria fazer a seguir.
-Eu sei como é difícil. Tinha um amigo que teve que parar de trabalhar para cuidar das crianças que a mulher largou...
O homem continuou a contar a história por dez infindáveis minutos. Quando parou, tudo que se ouvia era a terrível música do rádio. Eiji já pensava em abrir a porta e saltar para fora, e Heero tinha idéias parecidas... então o caminhoneiro disse:
-É aqui.
Um hotelzinho de beira de estrada, pequeno e mal-iluminado surgiu do lado direito. O homem parou o caminhão derrapando no cascalho e os dois desceram. Heero deu alguns trocados ao homem. Não muito, pois o dinheiro que tinha não iria durar muito. O outro agradeceu e foi embora.
Os dois caminharam para a recepção do hotel, que era a primeira de uma fila de portas. Todos os quartos tinham as portas e janelas para o pátio da frente, um grande espaço coberto de cascalho com poucos carros estacionados. Logo que chegaram à recepção perceberam que não deviam esperar muito do quarto. O balcão onde o atendente estava sentado parecia ser mais velho do que a construção, e por todo lado do aposento bagunçado viam-se bolas de pó e teias de aranha.
Heero pediu um quarto e usou o único nome que conhecia além do próprio, Duo Maxwell. Pagou adiantado por uma pernoite e avisou que sairia no outro dia bem cedo. Não muito animados, os dois foram para o quarto.
-Não é tão mal. – falou o garoto, abrindo a porta. – Mas o carro tinha ar condicionado...
-Pelo menos achamos um lugar pra passar a noite – disse Heero, largando a mochila na primeira cama. O quarto era pequeno, e tinha apenas duas camas velhas e um balcão. O banheiro, como o homem dissera, era do lado externo.
-Será que tem baratas?
-Pelo preço que pagamos não me espantaria. – ele começou a sacudir os lençóis de uma das camas.
-Podemos ligar para a mamãe?
-Melhor não arriscar, alguém pode rastrear a linha.
-Ela deve estar preocupada. O que vamos fazer amanhã?
-Não sei.
Eiji revirou os olhos.
-Às vezes você me irrita.
-Que bom que temos sentimentos mútuos... Essa cama parece mais forte, vê se dorme um pouco.
-E você?
-Não estou com sono.
-Você que sabe... – o garoto tirou o moleton e os sapatos e se enfiou embaixo do cobertor, depois de dar uma boa olhada se era seguro.
Heero andava de um lado para outro do quarto, examinando as janelas e pequenas frestas. Havia uma grande janela na frente, coberta com uma cortina de tecido empoeirada. Atrás havia mais uma , só que era bem pequena. Lá fora haviam várias árvores, o que serviria caso uma fuga fosse necessária. Ele voltou para o outro lado do quarto, examinando agora o pequeno balcão. Eiji o observava, deitado.
-Deve ser ruim não se lembrar de nada, mas acho que por mais que você estivesse bem não me contaria uma história...
-Agora você quer dizer que não estou bem?
-Acho que não está.
-Só porque não lembro de uma coisa ou outra... – disse ele, afastando o móvel da parede e puxando alguma coisa de trás – não quer dizer que esteja louco ou coisa parecida. Eu estou bem. – ele finalmente levantou o que estivera puxando. Era um pedaço de madeira, grande e pesado, com algumas lascas na ponta.
-Se eu não te conhecesse, estaria assustado.
-Devo me alegrar com isso? – disse ele, puxando uma cadeira que estava no canto e arrastando-a pra perto da janela.
-Não sei. Mas acho que posso dormir tranqüilo... mamãe te mataria se fizesse alguma coisa comigo.
-Você foi a única pessoa que me trouxe alguma lembrança... – disse o homem para si mesmo, enquanto encostava o pedaço de madeira na parede – não ousaria lhe fazer mal, por mais que estivesse fora de mim.
O garoto logo adormeceu, mas Heero permaneceu sentado próximo à janela, imóvel. Os ouvidos estavam atentos a qualquer ruído que pudesse vir de fora; a mente pensando em algo para fazer...
Eiji acordou com o tremor da cama. Olhou para a cadeira onde o pai estivera sentado mas ele não estava mais lá. Então ouviu uma respiração sufocada não muito longe, perto do chão. Sentou-se na cama e olhou para baixo. Heero estava estendido no chão, vez ou outra soltando um gemido. Eiji correu até ele.
-Pai! O quê você tem? O que aconteceu?
Ele levou a mão aos ouvidos, mas não disse nada. Eiji começou a se impacientar.
-Não tem nada aí! O quê tá acontecendo? O quê você tá sentindo?
Ele se revirou subitamente, ainda com as mãos na cabeça, o rosto encostado no chão.
-Peraí. Fique quieto. – ele passou as mãos por trás da orelha dele, afastando os cabelos. Havia visto alguma coisa... – O quê é isso?
Ele levantou, entre o polegar e o indicador, um aparelho minúsculo. Heero levantou a cabeça, finalmente conseguindo ouvir normalmente. Tirou o objeto da mão do garoto.
-O qué isso?
-Não sei. Mas estava enchendo o saco. - ele olhou o pequeno objeto interessado, curioso para abrí-lo.
-Mas porque você estava se contorcendo?
-Esse treco tava fazendo um barulho dos infernos. E parece que só afetava a mim.
-Não pode ter sido uma forma de te rastrearem? - disse o garoto, agora mais calmo, sentando-se na cama.
-Talvez. - ele colocou o aparelho na mesa e ficou a examiná-lo por um longo tempo. O garoto olhou pela janela.
-Está amanhecendo.
-É, e é melhor irmos andando. Arrume suas coisas.
N/a: Oie people! Descula pelo meu atraso pra colocar no ar esse cap, mas é q tava com 500 mil coisas pra fazer, e qndo arranjei um tempinho pra postar, não tava logando... Meu, é incrível como os professores têm o dom de marcar tudo quanto é prova e trabalho pra mesma época...
bom, deixando isso de lado... esse capítulo ficou bem parado, mas não se preocupem que eu dou um jeito de agitar as coisas! Huahauhauahuahauhau
Has-has: Você só descobre o que
o Heero descobre porque é a regra do jogo! Senão qual é a graça?
Hahahaha. Quanto às suas perguntas, o que posso garantir é que não há
uma nova guerra se iniciando, blz?
Tinha-chan: Olá! Que bom que você gostou do cap. Valeu pelo review.
Bjos e até semana que vem (se eu sobreviver ¬¬')
Poly-chan
