APENAS LEMBRANÇAS

CAPÍTULO 8 – Notícia preocupante

No hospital da cidade, dois médicos conversavam enquanto esperavam uma ambulância que chegava.

-Daí você faz uma insição paralela à tuberosidade da tíbia, afasta o músculo tibial cranial, luxa a patela medialmente e...

-Tá, depois você continua, a ambulância tá vindo. – Respondeu a médica, saindo do caminho e puxando o homem, que estava tão entretido explicando um acesso cirúrgico que acabaria atropelado pelos paramédicos.

-Fala sério, Walter! Saia do caminho, sabe como esses paramédicos são barbeiros...

A ambulância parou e as portas foram abertas com violência, como se tivessem sido chutadas. Os paramédicos desceram com a maca e outro homem, que não usava uniforme algum, veio atrás.

-Garoto de 7 anos, baleado no ombro! Batimento cardíaco normal, pressão 9 por 7, oxigenação 97, bala atravessou e atingiu o osso da escápula! Recebeu Dopamina e a pressão deve subir! – Gritou uma mulher, que puxava a maca.

-Quem é o cara? – Perguntou Walter discretamente, apontando Heero com a cabeça.

-É pai do garoto. – Respondeu outro paramédico.

-Ele veio junto? Devia ter mandado ele pegar um táxi, não pode trazer outras pessoas junto!

-Se você tivesse visto o olhar de psicopata deste cara... Eu disse que era contra as regras, mas ele me olhou de um jeito que eu fiquei com medo...

O grupo entrou no hospital rapidamente, lançando-se contra a porta. Esta bateu contra a parede, fazendo muito barulho. Um funcionário da limpeza reclamou do barulho mas ninguém deu atenção. Seguiram até uma sala de emergência e colocaram o garoto sobre a mesa.

Os paramédicos pegaram a maca e foram embora, deixando que os médicos do hospital trabalhassem sozinhos, auxiliados pelas enfermeiras, que passavam correndo de um lado pro outro. Uma delas tropeçou em Heero, que estava observando tudo de perto.

- Senhor, não pode ficar aqui na sala, vai ter que esperar lá fora.

A mulher conseguiu convencer ele a sair e deixar os médicos trabalharem. Ela o levou até uma sala de espera e ofereceu um café. Heero recusou e se sentou numa cadeira, apoiando a cabeça sobre as mãos, quieto e com uma expressão preocupada. A enfermeira disse que quando tivessem mais notícicas os médicos viriam falar com ele. Queria ficar ali mais um pouco para tentar acalmar o homem, mas o chefe da emergência passou gritando que ela tinha de ir trocar um catéter de um paciente qualquer e ameaçando escalá-la para o turno da noite do final de semana. Diante da idéia, a moça deixou a sala rapidamente e desapareceu pelo corredor.

Duo estava no parque central da Cidade do Oeste, dividindo a atenção entre procurar uma vaga pra estacionar e observar as pessoas que passavam. Devia ter marcado em um lugar mais fácil... mas como eu ia saber que ele ia desligar o telefone na minha cara? Ele não havia avisado ninguém que viria, tinha achado a história muito estranha, e queria ter certeza de que encontraria Heero e Eiji sãos e salvos antes de contar qualquer coisa às garotas.

Ele finalmente estacionou o carro. É melhor eu tentar ligar pra ele, com um pouco de sorte...

-Heero? Aqui é o Duo, onde você tá?

-No hospital da cidade.

-O QUÊ? Quê que aconteceu?

-Eu não sei... acho que alguém atirou...o tiro era para mim, não pro garoto! Eu não pude...

Duo percebeu que a voz do amigo estava confusa e hesitante, o que não era nada normal nele.

-Agüenta um pouco aí, cara. Eu tô indo.

Como... como isso foi acontecer? O garoto é meu filho, eu deveria protegê-lo e não o contrário... se algo acontecer... não, não vou pensar nisso.

Ele passou a mão pelos cabelos e levantou a cabeça, observando a movimentação do corredor à frente da sala onde estava. A toda hora a cena do parque voltava-lhe à memória. Memória... sim, havia recuperado mais algumas memórias. Será que aquilo continuaria a acontecer? Será que sempre que visse um rosto conhecido ou passasse por emoções fortes lembraria de algo? Aquilo não o preocupava no momento. Apesar de não ter pensado em mais nada nos últimos três dias, naquele momento aquilo não tinha a mínima importância. Ele baixou os olhos para as mãos, cruzadas à frente.

Permaneceu muito tempo naquela angústia muda, até que ouviu alguém aproximar-se. Levantou os olhos, esperançoso de que fosse algum médico a lhe trazer notícias, mas era apenas um homem. Um homem de longos cabelos castanhos e trançados, entrando na sala com o olhar preocupado.

-Cara, o quê aconteceu?

Heero não se lembrava dele, mas não havia necessidade de perguntar. Só podia ser Duo Maxwell. Ao ver o homem sentar-se à sua frente e encará-lo, algo lhe disse que era uma pessoa em quem confiava totalmente.

-Estava fugindo com o garoto, parei no parque... algum atirador estava no topo de um edifício... acho que estava tentando me matar, mas acertou Eiji. Não sei como, se ele viu o homem...

-Como o garoto está?

-Iam fazer uma cirurgia pra tirar a bala, mas nenhuma notícia até agora.

-Onde pegou?

-No ombro.

-Então não é tão mal, cara. O quê uma bala no ombro pode fazer?

-É. – disse ele, tentando acreditar nas palavras do outro.

-Mas além disso, o quê aconteceu?

-Do quê está falando?

-Ora, deste tempo todo que você ficou sumido! A Relena ficou desesperada, eu comecei a investigar mas não descobri muita coisa. O quê você fez todo esse tempo?

-Eu... não lembro.

-Como não lembra?

-A primeira memória que tenho é de ter acordado em um quarto. Não me lembrava nem mesmo de quem era.

Duo tentou sorrir, querendo acreditar que era uma brincadeira.

-Ora, vamos cara. O Trowa ainda vai, mas você? E quanto ao menino, como foi parar com você?

-Eu tinha achado um endereço no bolso da minha calça. Acho que era meu apartamento, foi lá que vi uma foto dele. Foi lá também que achei seu endereço. Estava indo para sua casa quando começaram a me perseguir em um shopping, e por uma coincidência não muito feliz Eiji estava lá e me viu. Desde então passei a fugir com ele.

-Por isso que ele sumiu aquele dia que fomos no shopping, ele tinha ficado pra trás...

Duo parecia finalmente estar acreditando. Pôs a mão no ombro do amigo e não disse nada. Os dois ouviram alguém se aproximar. O médico entrava apressado. Heero se levantou rápido e perguntou como Eiji estava.

-Não corre risco de vida, está tudo bem. Já fechamos o ferimento mas... tem um único problema sobre o qual eu gostaria de falar com o senhor.

-O que houve?

-A bala passou por uma região onde existem nervos importantes. Às vezes, mesmo que o nervo não seja rompido, podem haver estragos.

-O que pode acontecer se algum nervo tiver sido atingido?

-Temo que possa ter atingido um determinado nervo, que poderia resultar em perda total ou parcial da mobilidade do braço. Mas não é certo que tenha atingido, só quero prevenir o senhor. Vamos esperar o menino acordar para saber. Talvez demore um pouco, pois ele está sedado. Mas sinta-se à vontade para ir até o quarto dele.

O médico saiu e Heero continuou parado, sem nada dizer. Duo disse, preocupado:

-Sei o que você está pensando, mas é melhor parar de se culpar. Não vai ajudar em nada voc...

Heero saiu da sala, sem deixar o outro terminar de falar.

-Sacanagem... já é a segunda vez hoje! – Duo sentou-se novamente e pegou o celular, ainda praguejando. Discou o número da própria casa e alegrou-se ao ouvir a voz de Hilde. Seria mais fácil falar com ela.


N/a: Oie people. Queria agradecer à Steph's, pela ajuda com a cena ER. Valeu, miga. Bom galera, eu sei que fui malvada no último capítulo, mas vamos com calma que tudo vai se acertar. A história estava vindo em um ritmo e eu meio que quebrei ele, mas muita coisa ainda está por vir! Estamos meio que entrando em uma nova fase, e eu estou aberta à opiniões e sugestões, é legal saber se a forma como eu estou conduzindo está agradando vocês. Porque idéias não faltam...

Has-has: Vlw pela participação! É sempre bom ouvir uma opinião, dá um gás pro ficwriter!
Isa Natsume: Sem comentários sua pergunta, guria. Esqueceu que a gente tá falando do Heero? Huahuahuahau

bjus e até semana que vem
Poly-chan