APENAS LEMBRANÇAS
Capítulo
13 - Mensagens sem nome
-Boa tarde, amigão. -Duo se levantou da cama, cumprimentado o amigo que estava sentado em uma cadeira, lendo um jornal. – Madrugou?
-Seu celular me acordou.
-Sério? Nem ouvi. Era Hilde?
-É. Ela pediu pra você ligar de volta.
Duo se trocou rapidamente e pegou as chaves do carro.
-Ligo pra ela no caminho... Estou de saída e não devo demorar, só vou dar uma olhada no lugar.
-Ok.
Duo voltou para o hotel apenas no fim da tarde, ao contrário do que tinha dito. Quando entrou no quarto, a impressão que teve era de que o tempo não havia passado uma vez que Heero não se mexera um milímetro sequer. Continuava sentado na cadeira, com a diferença de não estar mais segurando o jornal, mas uma folha de papel.
-E então? – perguntou ele assim que o amigo fechou a porta.
-Pra todos os efeitos é um laboratório normal. – disse Duo, entrando e tirando o casaco. – O lugar é realmente grande, e como fingi ser apenas um cliente, não pude entrar muito. Mas já sei como fazer isso.
Como Heero nada falou, apenas o mirou em silêncio, Duo continuou:
-Me candidatei a um emprego de auxiliar, eles pareciam realmente desesperados pra achar alguém. É pra fazer coisas do tipo limpar os lugares e etiquetar exames, mas a vantagem é que eu teria acesso à maioria das salas do prédio.
Heero apenas fez um aceno com a cabeça. Duo achou que ele devia estar realmente irritado por não poder sair ou fazer algo concreto, por isso achou melhor não importunar o amigo. Tomou um banho rápido e quando saiu, Heero o chamou, para mostra-lhe algo.
-É a caixa de e-mails de um dos responsáveis por aquela empresa de segurança que invadimos. Tem várias mensagens do tal do Willem Hanka, acertando alguns detalhes e perguntando o porquê da demora em realizar o serviço. Mas tem algumas realmente estranhas, que têm o mesmo endereço, mas não são assinadas por ele... – dizendo isso, Heero abriu um dos e-mails, para que Duo pudesse lê-lo.
Sei que Willem pediu a vocês que acabassem com o soldado, mas isso foi antes de falar comigo. Este caso está sob minha jurisdição, por isso peço que tirem o corpo fora. Eu cuido dele daqui para frente, isso é algo que já foi discutido e aprovado em nosso conselho.
-Sem assinatura? – perguntou Duo, depois de ler o pequeno parágrafo
-É. Acho que é de alguém que não quer ser descoberto, mas tem certa importância uma vez que consegue usar o e-mail de Willem Hanka e sabe sobre o caso, que pelo que li, é ultra-secreto.
A linha de pensamento dos dois foi interrompida pelo celular de Duo. O garoto afastou-se para atender o telefone.
-Parece que por lá está tudo bem. – disse ele ao amigo, assim que desligou. – Relena pediu pra você se cuidar...
-Sei fazer isso, não precisa pedir.
-Você gosta de cortar o barato dos outros, né? Ela é sua mulher, é lógico que tá preocupada.
Duo deitou-se na cama, já cansado. Heero ficou em silêncio por algum tempo, então murmurou, quase que para si mesmo:
-Gostaria de lembrar como a conheci.
Duo deu um sorriso, mas fingiu não ouvir o amigo. Naquele momento, não poderia ajudá-lo.
Eram quase duas horas da tarde, e Heero havia acabado de chegar ao hotel. Fora até um mercadinho próximo, mais para se distrair do que para comprar qualquer coisa. Sem muita opção, ligou o lap-top para checar os e-mails. Quando passou os olhos pelos endereços, surpreendeu-se com um.
Enviado
por: desconhecido
Olá Heero. Você pode não saber quem é seu interlocutor, mas saiba que o conheço muito bem. Sei que está hospedado em um hotel na rua 37. Sei que seu amigo está trabalhando em meu laboratório de análises clínicas. Quero que saiba que não há mais com o que se preocupar. Não será mais perseguido. Hanka parece finalmente ter dado ouvidos a meus conselhos. Sua existência é garantida, por enquanto. Eu sou esperto, mas não vou conseguir enrolar Hanka por muito tempo. Preciso falar com você. Cara a cara, o mais rápido possível. Preciso lhe esclarecer a situação, preciso lhe ajudar a sair ileso dessa. Você tem que confiar em mim. Como já disse, trabalho no laboratório de análises clínicas. Mas aqui não é seguro para um encontro. Vou lhe passar um endereço, é de outro laboratório onde trabalho. Venha até ele, hoje. Seis horas da tarde. Não haverá quase ninguém. Peça para falar com o doutor Tyler . Se sentir que está correndo algum risco, pode trazer seu amigo, Duo Maxwell. Mas apenas ele. Não traga mais ninguém. Mandarei uma mensagem em seu celular, às cinco e meia para confirmar o encontro. Não se atrase.
Heero ficou meia hora à frente do computador. Releu algumas vezes a mensagem, e encontrava-se totalmente concentrado, a mente trabalhando, quando ouviu um alarme. Fez um movimento brusco na cadeira, virou-se e encontrou o celular tocando sobre a mesa. Leu o nome da ligação no visor e atendeu, um pouco ansioso.
-Heero? Está no hotel?
-Sim, estou. Aconteceu alguma coisa, Relena?
-Não, nada... achei que talvez estivesse se sentindo sozinho, mas se quiser posso ligar depois...
-Não há problema. Como estão vocês?
-Bem. Aiko dormiu a noite inteira pela primeira vez em semanas.
-Isto é bom.
-Seria ótimo, se eu tivesse conseguido aproveitar.
-Porque?
-O Eiji, que teve uma febre. Nada demais, talvez esteja ficando resfriado... mas acabei ficando acordada a noite inteira.
-Como ele está?
-Agora está no quarto, vendo tv.
-Posso falar com ele?
-Claro. Ele vai gostar, chamou por você ontem...
Heero ouviu o ruído de passos, enquanto o telefone era passado para o garoto.
-Pai? Achei que não ia ligar! E aí, falta muito pra voltar pra casa?
-Só mais um pouco agora.
-Que bom. Não sei o que a mamãe te disse, mas eu estou bem, viu? Aquilo ontem não foi nada.
-Está bem. – era o tipo de atitude dele mesmo, pensou o ex-piloto, divertindo-se. – Então não a assuste mais.
-Tá... – ele fez uma pausa, como que se preparando - queria te ver, pai.
Heero parou por um momento. Era aquilo que queria também. Era estranho ter passado tão pouco tempo com aquelas pessoas, e sentir tanta falta deles. Sem mais pensar no assunto ele falou, em um impulso:
-Porque não fazemos isso? Daqui a uma hora, na pequena praça que tem perto do shopping.
-Você tá falando sério? – o garoto não conteve a felicidade. – Vou falar com mamãe agora mesmo!
Heero não esperou o garoto falar com Relena, desligou o telefone. Esperava que ela ligasse novamente, para lhe repreender ou mesmo perguntar se era seguro. Mas o telefone não tocou. Tomando isso como uma resposta positiva, ele vestiu o casaco e saiu, o lugar não ficava muito longe dali, poderia ir a pé.
N/a: Oiiieeeeee! Pessoas, esse capítulo foi um problema, porque o Heero não pode fazer muita coisa por medo de ser reconhecido, então não tive muita opção senão enrolar um pouco. Espero que tenham gostado, e qualquer sugestão ou mesmo crítica construtiva é bem-vinda!
Tina-chan: Olá! Não tinha percebido a semelhança de nomes, mas dei muita risada quando notei. Ah, e prometo deixar o Eiji em paz um pouco... só um pouco.
bjos e até o próximo!
Poly-chan
