Um Estranho no Paraíso
2. Invasão
O sol da manhã atingia Gina sem clemência enquanto ela conduzia a lancha para longe de Jambi. Graças aos céus conseguira uma semana de descanso. Não agüentaria ficar presa ali, depois das surpresas que enfrentou.
Acordara cedo para falar com Alfred, ele dissera que não tinha a menor chance de desistir daquilo, mesmo tendo ela relutando muito. A única coisa que falava era meu amigo para lá, meu amigo precisa disso para cá, e lógico que teria de agüentar Draco Malfoy por um mês. Merlin que a fizesse não ter um treco. Ainda bem que depois de muito insistido havia conseguido uma semana para preparação de sua viagem. E essa semana com certeza não passaria ao lado daquele loiro aguado e aquela metida de nariz empinado aporrinhando sua paz. Iria para Suya.
A cabana não estava lá muito no seu estado perfeito já que seu dono não curtia muito o local. Mas para Gina era o melhor lugar do mundo. A paz que aquela ilha afrodisíaca instaurava, era quase soporífero. Bastava respirar que a tranqüilidade a envolvia.
Draco Malfoy, aquele nome custava sair de sua cabeça. Ele perturbava sua paz interior. Por que tudo que ela tentara esquecer durante anos tinha de voltar à tona com uma figura tão repugnante! Precisava não lembrar, nem que fosse nessa semaninha. Afinal, ele só estava ali para trabalho. Nada que pudesse constrangê-la. E ela nem devia se preocupar tanto, talvez ele realmente nem se lembrasse dela. Eles mal se cruzaram quando estavam na escola.
Subiu os degraus da varandinha e apoiou a cabeça contra o pilar. Não gostava de relembrar o passado, mas ele teimava em reaparecer.
Será que Malfoy tinha conhecimento do escândalo que ocorreu? De todos os detalhes? Será que alguém sabia como tudo havia começado? Da forma como Harry mostrava querê-la tanto, enchendo-a de carinho. Fazendo com que realmente pensasse que ele a amava. E com a queda que tinha por ele desde sempre foi impossível resistir e aceitar o pedido de casamento foi um passo fácil a ser dado. A sua família havia ficado deslumbrada. Ela ainda mais, ou não teria sofrido tanto quando descobriu a verdade, exatamente na véspera do casamento.
Ele insistia tanto para que ela fosse dele. O jeito como a tratava, as carícias. E ela sempre se contendo. Mas ao ver aquela camisola branca na vitrine, pensou no presente de casamento que poderia dar. Finalmente se entregaria ao seu amor. Essa seria a maior prova de estava pronta para estarem juntos sempre. Comprou-a e foi toda radiante para o apartamento esperá-lo. Sabia que ele chegaria tarde. Então daria tempo de tomar um banho e acender algumas velas aromatizantes.
Sorridente e cheia de pacotes, subiu de elevador até a cobertura onde Harry morava. Assim que entrou na sala, desembrulhou as velas posicionando-as estrategicamente.
Ouviu um som. Um som baixo e abafado que não pôde identificar. Sentiu-se eufórica. Será que ele estava em casa? Adoraria ver a cara dele quando a visse naquela camisola. Correu até o banheiro e vestiu-se rapidamente. Pegou a champanha que também havia comprado e duas taças. Caminhou até o quarto devagar.
Abriu a porta e o mundo parou. Seu noivo estava nu, acariciando o corpo de uma mulher de cabelos muito loiros e compridos.
Ele ria, como nunca havia rido para ela. Nenhum dos dois notou sua presença.
Voltou para sala exasperada, pálida, cega. Não saberia dizer como vestiu seu sobretudo e encontrou a porta. Queria fugir dali o mais rápido possível.
Harry a surpreendeu quando tentava inutilmente girar a maçaneta. A aprisionou, e desabafou com uma voz irreconhecível:
- Você não esta entendendo nada. Não é o que você esta pensando. Todos fazem isso hoje. E além do mais, você também não colaborava, sempre puritana. Apenas uma despedida de solteiro. Nada mais. – ela o encarou com um ódio desmedido nos olhos chocolate.
Ele havia cometido um grande erro. Nada de pedido de desculpas. Nem um gesto de arrependimento. Nada além do que a sociedade pensaria sobre o grande Harry Potter.
- Esqueça que veio aqui. – ele ordenou como se ela fosse um de seus empregados.
Foi assim que ela descobriu que nunca o havia conhecido de verdade.
- Pare de me olhar assim. Como se isso fosse algo anormal... Você não sabe da pressão que sofro todos os dias. – Nada do que ela queria ouvir. – Dará tudo certo, Gina. Nada aconteceu de importante. Foi só um deslize natural. Eu lhe prometo, te farei feliz.
Ele a pressionou pelos ombros. Olhando-a. Ambos sabiam que nada mais poderia dar certo entre eles. O fim.
Ela não respondeu. Tirou as mãos dele de si. Saiu. Enquanto ele saia atrás aos gritos:
- Se você contar para alguém, juro que irei ao inferno para acabar com você.
A cena continuava tão viva em sua mente. Desde quando deixou Londres para trabalhar em Jambi nunca havia sentido tudo tão real. Nunca contou nada a ninguém da família, o medo a impedira. Apenas disse a seu pai que queria ir embora. Que estava farta.
Então, estourou na mídia toda a historia e ela hoje era descrita como a mulher mais mediocremente vulgar e interesseira de toda Londres. Mas não se importava com isso. Sua família sabia que ela tinha ido embora para trabalhar e não atrás de um casamento multimilionário. E isso bastava. Apensar de eles não entenderem o porquê de ela não querer mais o Príncipe Harry.
Estava preparando um chá quando ouviu ruídos de motores. Com certeza seria Josh com algo que ela havia esquecido. Correu para a praia a fim de ajudá-lo. O sol estava tão forte que não pode notar quem era de longe, te que o barco se aproximou.
- Não acredito! – o sangue fervendo nas veias.
- Dá trabalho chegar aqui. – Malfoy comentou enquanto desligava o motor. – Me avisaram que era perigoso, mas vim mesmo assim.
Ele sorria. E a única vontade que tinha era de lhe enfiar um belo tapa na cara.
- E então porque veio?
Ele estava despenteado, a camiseta molhada com respingos do mar.
- Não pude suportar a idéia de não conhecer isso aqui. Alfred me falou maravilhas do lugar. E como minha futura guia está aqui, achei uma boa oportunidade para nos conhecermos melhor.
- Bem, pois acho que você está redondamente enganado. Não acho que seja uma boa coisa nos conhecermos melhor.
- Por quê? Medo de alguma coisa? - ele perguntou sarcástico.
- Sim. Medo de cometer um homicídio.
Ele sorriu de forma enigmática, como se soubesse algo que ela não conhecia. Um sorriso que lhe provocou um arrepio.
- E por que você me mataria? Te incomodo tanto assim? – provocou.
- Olha Senhor Malfoy, não sei qual seu interesse, mas gostaria de avisá-lo que eu não sou brinquedo para um garotinho mimado, ok?
- E quem é o garotinho mimado aqui?
- Ora, não me venha com essa. Todos sabem que você é um ser medíocre, filho de papai, cheio de vontades. Não passa de um riquinho procurando o brinquedinho da vez. Se você ficou chateado, como sua amiguinha, por eu não tê-los reconhecido e mandei-os para uma espelunca, como ela fez questão de frisar, eu já me desculpei. Não foi por maldade. – disse virando as costas e seguindo para a cabana.
- Hum, interessante isso. Você sabe muito ao meu respeito. Andou investigando? Senhorita Virginia.. hum como é mesmo seu sobrenome?
- Creio que o senhor já esteja bem informado sobre meu sobrenome. – disse entrando em casa.
- Sinto em desapontá-la, porém a minha curiosidade não chegou a tanto.
- Não te interessa. Mas já que você insiste tanto é Virginia Langens.
"Meu Deus! De onde eu tirei esse nome? Se o Alfred já disse para ele meu sobrenome, ora que não precisava nem ele dizer, ele com certeza sabe quem sou eu, ah, que medíocre. Ele deve achar que e sou maluca. Na verdade maluco é ele em fingir que não me conhece. O que será que ele ta querendo? Que tipo de brincadeira será essa?"
- Muito prazer, senhorita Langens – disse roubando-lhe a mão e beijando-a. – Você não me oferece uma água fresca, foi muito cansativo chegar até aqui.
Não poderia negar um copo de água a ninguém. Nem que esse "ninguém fosse Draco Malfoy". Foi até a geladeira e serviu um copo de água. Ele não parava de encará-la como se estivesse se divertindo muito com a situação.
- Tome cuidado quando atravessar de volta. – disse esperando que ele tivesse entendido a deixa. – Você teve sorte de chegar inteiro. Talvez não se saia tão bem na volta.
- Vou ficar. – ele declarou sem a mínima sutileza.
Gina se enraiveceu. Será que não tinha sido bastante clara que não queria a companhia dele.
- Se você ficar, eu vou embora. – retorquiu.
- Por que você é tão arisca?
- Por que você é tão inconveniente?
- Eu estou sendo inconveniente?
- Muito. Demais. A noite passada apoiou Alfred quando estava na cara que eu não gostaria de ser sua guia. E esta manhã invadiu meu espaço.
- Esse seu gênio é hereditário? – ele zombou.
"Então ele sabia! Estava só jogando. Mas ele não sabia como ela era boa em xadrez."
- Creio que não. Por que você não procura outro guia, vai cuidar dos seus negócios e me deixa em paz de uma vez por todas?
- Meu negocio no momento é você, e como, teremos de passar muito tempo juntos acho que você deveria ser um pouco mais amável.
Ele realmente não havia entendido.
- Escuta aqui, Sr. Malfoy. Não me sinto nada lisonjeada por querer passar seu tempo comigo. Não estou interessada como já deixei bem claro.
- Bem, creio que infelizmente vou ter que desapontá-la.
- Sr. Malfoy, não acha que já perdemos muito tempo com isso? Por que não me deixa logo em paz de vez?
- Tem razão. Está ficando tarde. Preciso apanhar minhas coisas.
- Pode me dizer para que?
- Para passar essa semana aqui com você.
- Olhe Sr. Malfoy...
- Draco. Não Drake, Nem Draquinho. Draco. É como gosto de ser chamado.
- Bem, Draco – ela disse sarcástica – também sou uma garota a moda antiga. Portanto, esqueça. Não quero que volte. Não preciso de sua presença. Nem conhecê-lo melhor. Não preciso de sua companhia em minha cama. Deu pra entender?
- Acho que é você quem não está entendendo.
Gina sentiu imediatamente a mudança.
- Não estou a fim de lavá-la para cama, e já me cansei de suas maneiras rudes e de sua certeza de que estou interessado em você de uma forma sabe-se lá como. Voltarei mais tarde, com ou sem sua permissão, com ou sem sua aprovação. É melhor se acostumar com a idéia. Fui claro?
- Bastante. Percebo que suas intenções não admitem mudanças. Tudo bem. Acontece o mesmo com as minhas. Dessa forma, faça o que quiser, e volte quantas vezes julgar necessário. Explore a ilha, desfrute da praia, nade entre os golfinhos, relaxe, mas não se aproxime de minha casa.
- Sua casa? – ele ergueu uma sobrancelha.
- Posso não ser dona da casa, mas tenho direito à minha privacidade. – tentou se defender.
- Alfred, é meu amigo, e é dono dessa propriedade. Sou seu hóspede.
- E o que significa isso?
- Significa que vim pra ficar. Durante as próximas semanas ficarei hospedado por aqui. Bem agora tenho que ir pegar minhas coisas restantes. Quer que eu te traga algo? – disse enquanto rumava para praia.
- Não. – a raiva era tanta. – Não adianta trazer nada porque quando você voltar eu não estarei mais aqui. Pode ficar com a casa inteirinha pra você.
- Como disse?
A satisfação de Gina quase a fez rir.
- Eu disse que não estaria aqui. Vou voltar para meu quarto em Jambi.
- Sinto desapontá-la. Mas você não dispõe mais de nenhum quarto em Jambi. Aliás, você não tem mais sequer um emprego.
Ingrid a detestou à primeira vista. Teria usado sua influência para demiti-la? Ou pior, Draco havia dito horrores a Alfred sobre ela, e estaria fazendo de propósito?
- Não se preocupe. Explicarei quando voltar.
Sozinha na praia, Gina gritou e esperneou. Gostaria de ser uma mulher das cavernas e de quebrar com um porrete a cabeça daquele loiro aguado assim que tornasse a vê-lo.
Continua?
N/A: Bem pessoal! Devo dizer que estou lisonjeada por todas as reviews! Não pensei que vocês fosse gostar! E espero que continuem acompanhando!
Segundo, quero me desculpar pela demora, mas estou um pouco atribulada com provas.. Fim de semestre eh um caos.. Me desculpem, mas postarei sempre que puder!
Os comments foram uma graça.. E 10 reviews..para uma estréia.. uaaauuu ... Tô sem palavras!
Um beijo especial para Mirelle, Fran, Maria.. e a Nah.. fofuras q eu adoro muito! E lógico minha beta Rafinha..
E não esqueçam de apetar em "go".. Não dói.. :o) E faz autora feliz!
N/B: O que foi isso? O que será que Draco quis dizer quando falou q ela já não tinha mais emprego? O que será que ele vai aprontar com ela? Para saber, não perca os próximos capítulos! E mande bastante reviews, porque uma autora feliz é igual a uma fic rapidamente atualizada! Você não tem idéia dos planos dela pra essa fic, será demais! Bjinhos, Rafinha M. Potter.
